Caterine

O medico nos abordou sorridente, aquilo fez meu coração acelerar.. e ele disse satisfeito :

 - Olha mães, vocês tem um menino muito forte, a cirurgia do Ben foi incrivelmente tranquila. Ele se saiu muito bem!!! Dentro de algum tempo vocês pode ir visita-lo na uti ...

Megan abraçou o medico chorando e  agradecendo por tudo, eu apertei sua mão agradecendo também . Ele explicou calmamente como seria a recuperação, os risco de rejeição , mas estávamos felizes demais para pensar em algo ruim. Perguntei sobre o doador e o medico disso que ele estava bem que em pouco tempo poderia receber visitas.

Tia Rita e mãe Cecilia se juntaram a nós em busca de noticias e logo a alegria se multiplicou, Megan foi autorizada a entrar para ver nosso menino, tia Rita entrou com ela e eu fui em direção ao quarto de Markin... Eu não gostava dele, mas ele tinha salvo a vida de Ben e merecia respeito.

 Markin estava meio dopado pela medicação, estava acompanhado por um brutamontes que era seu capanga..segurança ou as duas coisas..O cara se levantou colocando a mão na arma escondida na cintura e veio em minha direção.. Markin apenas virou a cabeça dizendo para ele ,ainda  meio grogue :

 - Deixa ela entrar..é da família .

Me surpreendi com o gesto e me aproximei da cama, engoli todo meu orgulho e ciúmes ..segurei sua mão dizendo aos prantos :

- Deu certo Markin, nosso menino está bem, nosso menino está vivo e forte! Graças a você.

Markin limpou uma lagrima teimosa que escapou e esfregando o nariz respondeu tentando ser meio seco:

 - Cuida deles grandona, já pisei muito na bola e não tem jeito de arrumar. Até queria fazer mais parte da vida deles, mas o rumo que tomei só vai colocar eles em risco ..Amanhã quando medico passar eu vou sumir de novo, cuida deles por mim.

Prometi a Markin que cuidaria deles com a minha vida, desejei boa sorte para ele e o agradeci de novo. Não posso dizer que ali nasceu uma amizade, mas com certeza eu tinha por ele uma imensa gratidão.

Megan

Entrar naquela uti e ver meu pequeno ligado a aquelas maquinas não foi fácil , mas saber que tinha tudo dado certo acalmava meu coração. Eu e tia Rita ficamos um pouco com ele,  ainda não poderia ficar acompanhado até ir pro quarto. Quando saímos dona Cecilia e Cat nos esperávamos conversando, quando cheguei perto de Caterine não resisti , a abracei e beijei com um longo selinho, fiz carinho em seu rosto lindo, respirei fundo dizendo :

 - Ele está bem Cat...não vejo a hora de sair por aquela porta de mãos dadas com vocês dois

Caterine sorriu com a testa suavemente colada a minha e ficou me embalando em seus braços.

Falamos com o medico e ele explicou que Ben iria passar a noite na uti, que era o procedimento nesse tipo de cirurgia, mas eu não queria arredar o pé do hospital..depois depois de muito tentar Caterine me convenceu a dormirmos no hotel ao lado do hospital, parece bobeira, mas a sensação de estar “longe” do Ben naquele momento me deixava angustiada, então quando mais perto melhor.

Fomos para o hotel e Caterine deixou o quarto para tia Rita e eu ficarmos juntas, eu queria, precisava dormir nos braços dela, mas tia Rita estava mesmo muito ansiosa e nervosa. Foi a decisão certa ela dormir com a mãe Cecilia e eu com a tia Rita.. mas confesso que não gostei! Não por maldade, mas era saudade de me sentir segura em seus braços. A noite não foi muito boa, queria que amanhecesse logo para eu estar perto do meu filho. Era pouco mais de seis da manhã quando resolvi sair do quarto, o café da manhã seria servido as 7 e as visitas no hospital liberada as 8 , então iria dar uma volta para conseguir me distrair. Quando saí na porta, vi uma cena que me deixou curiosa, Caterine estava na porta do quarto de pijama abraçada a uma mulher. Me aproximei meio confusa, quando me dei conta de como elas se pareciam. A mulher era alta como Caterine, cabelos negros, pouco mais de 50 anos ,olhos expressivos e aquele sorriso..ahhh inconfundível , só poderia ser genético...rí do meu pensamento e  me aproximei ainda mais. Caterine me viu e estendeu os braços , eu a abracei com carinho e ela me beijou a testa dizendo:

 - Megan...essa é minha mãe Ana...Mãe, essa é minha namorada Megan..]

Eu sorri timidamente e a abracei dando boas vindas e agradecendo o apoio, e Ana respondeu :

 - Vocês são muito importantes pra Cat, ela fala de vocês com um amor imenso e eu não poderia deixar de vir apoia-los nesse momento.

Eu a abracei novamente agradecendo, realmente Cat tinha a quem puxar.!

Caterine

Ver minha mãe alí me deu uma felicidade tão grande, queria muito que Megan a conhecesse em outra situação , mas como estávamos a caminho de uma vitória com Ben, aquilo já me deixava feliz.

Ver minha mãe gostando de todos, se entrosando com tia Rita foi muito bom. Megan e eu deixamos elas no hotel e fomos ao hospital em busca de novidades, e nada poderia me deixar mais feliz quando o medico disse :

 - O paciente teve uma ótima noite, está sendo preparado para ir para o quarto. Mesmo assim as visitas serão restritas nos primeiros dias..e uma pessoa por vez no quarto.

Ouvimos tudo com atenção, nos abraçamos comemorando e agradecendo a Deus aquele momento tão bom de vitória . Megan avisou tia Rita e eu fui ao quarto de Markin para dar a noticia , ele merecia receber a boa noticia....ficaria feliz.

Quando cheguei ao quarto , não tinha ninguém . Chamei a enfermeira e a questionei sobre o paciente, ela sorriu dizendo que ele se deu alta e tirou do bolso um bilhete do bolso me entregando.

Comecei  a ler : “ Salve grandona. Quando você ler eu ter metido o pé na estrada, não posso ficar marcando bobeira aí. To deixando o numero do meu celular privado, só usa se for emergência das grandes. e pra me mandar noticias do pivete sempre que der. Cuida deles grandona..”

Terminei de ler, sorri de lado e guardei o papel no bolso, já digitando a mensagem. “ O Ben, já está no quarto. Logo irá pra casa! Mais uma vez obrigada e boa sorte” ... A mensagem foi recebida , mas não foi respondida. E eu balancei a cabeça sorrindo e pensando em como a vida era surpreendente.

Voltei para o quarto e finalmente fui ver meu pequeno,  entrei de mansinho e vi Megan contando uma historia para ele, o pequeno estava sonolento por causa da medicação e esticou a mãozinha para eu ficar pertinho dele, Megan sorriu de canto e continuou lendo . Me encostei ao ladinho dele fazendo cafuné e Megan do outro lado da cama lendo. Do mesmo jeito que aconteceu na primeira vez..nós duas e nosso pedacinho de amor deitado no meio.

Fim do capítulo