POV FERNANDA

-Fê? Está tudo bem? – Tito se ajoelhou em minha frente e perguntou.

-Está sim, apenas acho que minha pressão caiu. – Todos os quatro me olhavam apreensivos principalmente Julia. – Tito acho que devíamos ir embora, não devíamos ter vindo sem avisar.

-Calma Fê! Você tem se estabilizar primeiro. – Felipe disse e olhou pra Julia em um olhar reprovativo. – Julia, suba e vá se vestir.

-Também vou, e qualquer coisa a levamos ao hospital. – Luíza disse assim que Julia saiu em direção à escada.

-Eu realmente acho que não devíamos ter vindo aqui. – Falei me levantando e indo em direção à porta. – Eu vou embora, já estou melhor.

-Fernanda vocês precisam conversar. – Tito me seguiu, mas eu não estava prestando muita atenção. – Não faça isso novamente.

-Tito, só me deixa ir, por favor. 

     Em minha cabeça tudo estava confuso, um lado eu pensava que Julia tinha me feito de otária e por outro eu pensava que apesar de tudo Luíza ainda morava lá, e óbvio que as duas estariam juntas. Eu desci, pois precisava respirar um pouco, as cenas do passado vieram à tona em mente, dei sinal pra um táxi que se aproximava, e quando ia entrando alguém puxou meu braço e fechou a porta do carro.

-Você não vai sair sem me escutar. – Julia deu sinal para o motorista seguir seu caminho. – Não viu deixar você fugir novamente.

-Julia eu quero ir embora. – Estamos frente a frente e Julia parecia nervosa.

-Eu vou te levar em casa, e você vai me escutar. – Ela falou e me guiou até a garagem do prédio, eu nada mais disse.

     O Trajeto foi feito em absoluto silêncio, Julia dirigia concentrada enquanto eu tentava organizar minhas ideias. Eu sou impulsiva, posso ter tirado conclusões precipitadas, mas Julia poderia ter me avisado que Luíza tinha voltado ao Brasil.

-Chegamos. – A voz rouca dela, quebrou o silêncio.

-Julia, eu não sei se quero conversar com você agora. – Respirei fundo.

-Fernanda, eu não vou deixar você escapar por uma segunda vez. – Ela tirou o cinto de segurança e se virou. – Eu não tenho nada mais com Luíza, eu não sabia que ela voltaria, quando cheguei ela já estava lá, me escuta, por favor.

-Eu não devia ter indo sem te avisar. – Ela passou a mão pelos cabelos.

-Olha pra mim! – Eu a encarei. – Eu não quero que isso aconteça novamente, nós duas somos adultas aqui, eu não faria algo assim com você e nem com Luíza. Tudo o que aconteceu nesse fim de semana foi importante pra mim, você é importante pra mim.

-Eu sei, pra mim também foi. – Eu estava um pouco envergonhada. – Mas eu não quero atrapalhar você e ela, eu nunca quis.

-Meu bem, você não atrapalhou nada. – Ela colocou uma mecha do meu cabelo pra trás. – Fê ela foi até minha casa pra resolvermos o que ficou inacabado, meu casamento chegou ao fim, e com certeza não foi por sua culpa.

-Me desculpa, eu agi de forma impensada. –Ela deu um sorrisinho de lado. – Eu não quero que ache que ainda sou aquela menina imatura.

-Eu não acho você imatura, pelo ao contrário. –Ela devia estar me achado a pessoa mais boba do universo. – Eu só te acho impulsiva, e ciumenta, e bravinha, e linda...

-Para! – Nós duas rimos e ela se aproximou.

-Deixa eu te mostrar como eu sou louca por você, deixa eu te mostrar que eu quero amar você. – Eu fiquei sem palavras e Julia entrelaçou seus dedos em meus cabelos e me puxou em um beijo.

    Nossas línguas dançam de forma intensa, o sabor da boca dela ela meu vicio e isso eu não teria com o que me preocupar. Julia repousava uma de suas mãos em minha coxa e eu a puxa pela nuca, meu coração se aqueceu quando ela praticamente se declarou pra mim, eu não tive reação pra mais nada que não fosse beijá-la intensamente.

-Acho melhor a gente subir. – Falei com a respiração entrecortada.

-Vamos antes que sejamos presas por atendado ao pudor. – Ela sorriu e entrou com o caro na garagem do meu prédio.

    No elevador trocamos mais alguns beijos quentes e eu estava rezando para que o porteiro não estivesse assistindo aquilo, Julia tinha total domínio sobre mim naquele momento. Nos desgrudamos quando entramos no meu apê, mas Julia logo protestou.

-Fernanda você me deixa maluca. – Ela ainda tentativa me agarrar.

-Você não consegue se controlar, isso sim! – Julia tinha um sorriso malicioso nos lábios.

-Você é minha perdição. – Disse isso e se prendeu em mim novamente.

    Não desgrudamos nossas bocas até chegarmos ao meu quarto, Julia arrancou a blusa que eu vestia com certa violência, ela em tomava pra si com uma força que eu desconhecia ainda, as mãos dela tinham vida própria, e passeavam pelo meu corpo livremente. Eu arfava e ela me deitou na cama se deitando por cima, minhas unhas cravavam suas costas de forma sensual e ousada, Julia passou a me torturar ainda mais quando passou a distribuir beijos pelo meu pescoço, e apertar meus seios por cima do sutiã.

    Minha campainha passou a tocar descompassadamente fazendo com que nós duas praguejássemos com quem quer que seja.

-Deixa tocar. – Eu tentava me levantar e ir ver quem estava fazendo tal algazarra.

-Pode ser importante. – Falava entre os beijos de Julia.

-Que saco! – Julia me deixou levantar e revirou os olhos. – Não demora ein, não são horas de receber visitas.

    Sorri e deixei um beijo no ar, vesti minha camiseta de qualquer jeito sobre os olhos felinos dela, Julia tinha o dom de me deixar excitada apenas com a forma de me olhar corri antes que ela tivesse a oportunidade de me agarrar novamente.

-Já vai, meu Deus o prédio está pegando fogo? – Abri a porta e me deparei com minha mãe e meus irmãos em pé lá parados. – Mamãe?

-Filha! Você estava certa, ele não presta. – Minha mãe chorava de cabeça baixa. 

-Me conta o que aconteceu mãe, eu não estou entendendo. – Ela me encarou e eu pude ver alguns hematomas em seu rosto. – Mãe, aquele canalha fez isso com você?

   Trouxe minha mãe e as crianças pra dentro e nessa hora já chorava junto com ela, Julia apareceu assustada e se juntou a nós ouvindo tudo que tinha acontecido, minha mãe estava muito abalada e Fernando permanecia estranhamente calado de um lado.

-Tome essa água dona Marta. – Julia estava ajoelhada no tapete tentando acalmar minha mãe. – A senhora precisa se acalmar, e depois vamos até a delegacia.

-Delegacia? Não eu não quero ir. – Minha mãe falou de forma assustada.

-Sim mãe, nós daremos queixa desse vagabundo. – Abracei minha mãe que chorava ainda.

Fim do capítulo