Depois que o desejo foi saciado, as duas continuaram no sofá deitadas uma do lado da outra. Trocavam beijos carinhosos enquanto sentiam os suores se misturarem nos corpos ainda grudados. Quinn estava sorridente de uma forma boba, principalmente por perceber o olhar carinhoso de Sophie. Ela a olhava como se a estivesse analisando com admiração. Prestava atenção em cada detalhe, desvendando-a e descobrindo-a. Era intenso e delicioso. Quinn adorava a evolução de olhares de Sophie em relação a ela. Certamente eles não tinham mais apenas desejo, estavam repletos de admiração e carinho e Quinn ousava achar que até paixão. Estava nas nuvens!

– Você é tão linda – Sophie disse encantada, entre um beijo e outro.

– Eu estava pensando exatamente a mesma coisa sobre você!

Naquele momento, Sophie não mais se sentia nervosa. Parecia ter alcançado um patamar de intimidade com Quinn que a deixava leve e confortável.

– Você é incrível! – falou fazendo Quinn se arrepiar – Eu poderia passar o tempo inteiro do mundo aqui, assim, com você!

– Parece que alguém quer que eu fique mais apaixonada! – disse Quinn de forma boba.

– Exatamente o meu plano! Está dando certo?

– Com certeza! – falou e beijaram-se novamente, perdendo-se por mais alguns minutos infinitos.

– Estou ficando com fome de novo – falou Quinn.

– Gastamos muita energia! – brincou Sophie.

– Nada mais justo! Para eu não engordar com todas aquelas besteiras, preciso fazer exercício!

– Então, por favor, vamos comer mais besteiras! – brincou.

As duas se levantaram e vestiram apenas a blusa e a calcinha antes de irem até a cozinha.
Enquanto Quinn comia um pedaço de bolo, Sophie a abraçava por trás, beijando seu pescoço.

– Quer um pouco? – perguntou Quinn servindo Sophie na boca e virando-se para ficar de frente para ela.

Comeram abraçadas por alguns minutos e depois resolveram subir para o quarto de Sophie. Quinn nunca havia entrado naquele cômodo e sorriu ao perceber que ele tinha a cara dela. Haviam roupas jogadas pelos cantos, mas a bagunça nem era tanta quanto pensara que seria. As prateleiras estavam cheias de objetos esportivos autografados: bolas, mini capacetes, bandeiras de times... Quinn estranhou o fato de não haver nenhuma mesa de estudo e o material da escola estava na mesa de cabeceira.

Havia também uma cômoda com roupas, além do armário e alguns baús que continham diferentes equipamentos esportivos.

Como Sophie havia se mudado há pouco tempo, o quarto não estava totalmente decorado e a maior parte das paredes estavam vazias.

Sophie apresentou o quarto que era suíte e mostrou o banheiro que era mais organizado. Sentou-se na grande cama enquanto Quinn observava o ambiente com atenção.

– Nem acredito que estou aqui – comentou – Fiquei tanto tempo imaginando como seria seu quarto.

– Ainda preciso dar uma arrumada! Meu quarto em Philly é bem legal, mas não tive tempo de trazer tudo de lá.

– Você morou lá sua vida inteira? – perguntou Quinn interessada sentando-se ao lado de Sophie.

– Praticamente... Eu nasci em Philadelphia, quando meu pai jogava para o Eagles, mas depois que ele lesionou o joelho e ficou uma temporada inteira em reabilitação, foi trocado para o Chargers e moramos em San Diego por dois anos. Só que a casa de Philly sempre esteve lá e continuou sendo o meu lar! Só ficávamos em San Diego durante a temporada e na offseason* voltávamos para Philadelphia. Eventualmente meu pai acabou se aposentando e voltamos de vez para casa.

– Então você já até morou na costa oeste! Que legal – falou Quinn animada – Eu sempre quis conhecer algumas cidades de lá como San Francisco, Los Angeles...

– Nunca foi para lá? – perguntou Sophie.

– Eu nunca saí de Ohio para falar a verdade – confidenciou Quinn, deixando Sophie surpresa.

– Sério?

– Sério! Acho que o mais longe que eu fui foi Cincinnati!

– Bom... espero poder te apresentar Philadelphia um dia! Eu já conheci muitas cidades, mas nada é igual a Philly! A energia da cidade é fantástica e eu amo cada pedacinho dela!

– Eu adoraria! – sorriu Quinn e as duas se beijaram de forma doce.

Aos poucos o beijo passou a ficar cada vez mais intenso e as mãos voltaram a explorar os corpos uma da outra de forma possessiva e confiante. As duas se deitaram na cama, uma de frente para a outra e continuaram a exploração deliciosa até eventualmente compartilharem mais algumas horas de sex*.

Sophie estava em êxtase e não apenas por conta do prazer dos inúmeros orgasmos. Ela estava realizada porque nunca havia divido com alguém momentos tão especiais. As duas inegavelmente tinham uma enorme química e aquele encontro permitia que desenvolvessem uma intimidade diferente de tudo que Sophie conhecia até então. Parecia não terem nenhum tipo de pudor ou vergonha e ela não mais sentia-se insegura ou nervosa perto de Quinn. Parecia que naquelas horas as duas haviam vivido anos de relacionamento e haviam alcançado um grau de cumplicidade imenso.

Já era madrugada e as duas estavam suadas e cansadas fisicamente, mas não sentiam nenhuma vontade de dormir. Queriam continuar alongando aqueles momentos infinitamente e continuaram deitadas, grudadas e abraçadas, porém ainda de frente uma para outra pois queriam poder se olhar, como que para ter certeza que aquele momento era real.

Trocavam beijos e carícias ao mesmo tempo inocentes e íntimas e compartilhavam suas vidas. Não queriam apenas um momento de intimidade e cumplicidade corporal, mas também emocional.

– Com quantas pessoas você já dormiu? – perguntou Quinn interessada em saber mais sobre o passado de Sophie.

– Vamos mesmo fazer isso? – perguntou ressabiada.

– Vamos! Eu quero saber tudo sobre você!

Sophie assentiu e começou o seu relato.

– Além de você eu dormi com duas meninas.

– E como foi sua primeira vez?

– Foi com a minha primeira namorada, Julie, e sinceramente não foi muito bom... – disse Sophie lembrando-se daquela época.

– Por que não?

– Bom... éramos muito novas! Tínhamos 15 anos e namorávamos há poucos meses, éramos do mesmo time de flag. Foi bem estranho, acho que não estávamos preparadas para tanta intimidade e acabamos nos afastando depois disso. Aí ela acabou terminando comigo para ficar com uma menina da escola dela.

– E a outra?

– Ela se chama Kara e era da minha escola, mas era hétero, ou pelo menos se passava por hétero, sei lá... Ela tinha um namorado, mas ficava comigo escondido... Foi bem diferente da minha primeira experiência porque com ela já começamos de uma forma bem física. Acho que ela queria experimentar, ou tinha curiosidade, sei lá...

– Então ela te usava, mas continuava com o namorado – resumiu Quinn.

– Exatamente... e eu acabei me apaixonando por ela, foi bem ruim. A gente ficava terminando e voltando o tempo todo. A última vez foi logo antes de me mudar.

– Foi no banheiro da escola? – disse Quinn lembrando-se de seu relato no dia em que se conheceram – Que fez você ser expulsa?

– Isso mesmo. A gente já tinha terminado e passamos o verão todo sem nos falarmos. Mas aí no primeiro dia de aula bateu uma saudade, foi uma coisa bem louca e quando vi estávamos no banheiro da escola e você sabe o resto.

– Ela foi expulsa também?

– Ah, não! Ela era uma aluna exemplar! Eu já era conhecida como a rebelde da escola, tinha muita nota baixa e já estavam de saco cheio de mim! Ela recebeu mais uma chance, mas sinceramente, não sei se quis ficar na escola. A família dela é muito tradicional e ficaram envergonhadíssimos! É capaz de terem mudado ela de escola para evitar vergonha, provavelmente até em outra cidade. Mas eu não sei porque não nos falamos mais depois daquele dia.

– E por isso então que você veio para cá?

– Foi em parte. Eu nunca gostei muito daquela escola particular e minha mãe e eu nunca tivemos a melhor das relações. Eu já estava pensando na possibilidade de morar com meu pai há alguns meses, mas quando isso aconteceu eu tive a certeza. Até porque seria impossível continuar vivendo com a minha mãe depois do que aconteceu! Ela ficou possessa dizendo que a envergonhei...

– Que bom que pelo menos você tem um pai muito bacana que te aceita sem restrições!

– Ah sim, meu pai é o máximo! – sorriu Sophie.

– E que bom que tudo isso aconteceu porque agora eu tenho você aqui! – sorriu Quinn e as duas se beijaram mais uma vez.

– E você? – perguntou Sophie – Como foi sua primeira vez? Foi com aquele idiota do Matt? – perguntou sem esconder a careta por mencioná-lo.

– Foi! A gente começou a namorar um pouco depois do início do meu segundo ano em King High.

– Nunca entendi o que você viu naquele cara – falou Sophie com desdém.

– Ele era junior e basicamente foi apenas um golpe de poder para nós dois. Eu já era popular desde caloura, mas cheguei mesmo no topo nesse segundo ano quando virei capitã das líderes de torcida. Matt era mais velho e estava começando na posição de QB titular, havia sido reserva nos anos anteriores. Fazia sentido namorar o Matt! Minha mãe praticamente me forçou a sair com ele...

– Ele é um babaca! – Sophie não aguentou e Quinn riu de seu comentário.

Ficaram em silêncio alguns segundos antes de Sophie voltar a questionar.

– Posso te fazer uma pergunta bem pessoal?

– Claro! – falou Quinn feliz.

Queria que Sophie conhecesse tudo sobre ela, queria que gostasse de tudo sobre ela.

– Você acha que é lésbica ou bi? Ou que é hétero ainda e está só... sei lá... curiosa ou abrindo uma exceção por mim...  – perguntou claramente nervosa.

– Eu sou lésbica, com certeza! – falou Quinn com firmeza e Sophie não pode deixar de ficar aliviada.

Ela não queria passar por mais nenhuma situação semelhante a que passara com Kara.

– Eu acho que eu sempre soube que era diferente! – Quinn continuou o relato – Mas nunca pensei muito no assunto até meu ano de caloura em King High.

– O que aconteceu para fazer você pensar sobre isso?

Quinn riu nervosa, por ter sido invadida por uma memória quase que perdida.

– Vou te contar, mas é um super segredo e você não pode nunca mais falar sobre isso, nem comigo nem com ninguém! Nem o Kevin sabe disso! – falou sem graça.

– Prometo não falar nada!

– Então – começou e deu um riso nervoso – Eu tive uma quedinha, muito pequeninha, pela Leslie...

– Leslie? – perguntou Sophie surpresa.

– Eu sei, eu sei, é estranho, ela é minha amiga e eu não a vejo mais dessa forma, mas eu era nova e vamos combinar que a Leslie é absolutamente maravilhosa!

– Ela com certeza é linda, mas é uma cobra! – falou Sophie.

– Ela não é tão ruim quando você a conhece, sério!

– Acho difícil de acreditar...

– Aposto que você achava isso de mim também... – lembrou Quinn.

– Na verdade não. O bullying dela é muito mais cruel!

– Acho que isso me atraía nela também... Essa aura de poder! Mas enfim, ela sempre foi hétero e namora o Spencer desde os treze anos!

– Eu realmente não esperava por essa! – disse ainda em choque.

– Foi só uma quedinha! Passou rápido! E eu sabia que precisava esconder isso de todos por causa da minha mãe. Ela era a rainha da escola na sua época e sempre teve essa obsessão para que eu fosse da mesma forma. Impossível sendo lésbica... Então eu coloquei isso bem lá no fundo de mim e investi todas as minhas energias para estudar e poder sair dessa cidade! Meu plano era deixar esse lado de mim aparecer apenas quando já estivesse longe e na faculdade. Mas obviamente isso não funcionou... Porque você chegou – e então fazendo um carinho no rosto de Sophie – E bagunçou minha vida para o melhor.

Beijaram-se e assim que se separaram Sophie sorriu feliz.

– Pode contar comigo para isso sempre! Adoro bagunçar a vida das pessoas – brincou.

– E você é muito boa nisso! – disse e voltaram a se beijar.

Ainda ficaram se tocando e se conhecendo por mais algum tempo antes do sono tomar conta das duas. Foram dormir tarde da madrugada, abraçadas e realizadas.

Ainda conseguiram aproveitar um pouco daquele sábado, antes do pai de Sophie voltar para casa. Comeram mais um pouco de besteiras e assistiram a um filme no sofá da sala, agarradas e dividindo carícias, beijos e momentos cúmplices.

Quinn foi embora pela hora do almoço e Brian chegou logo em seguida. Sophie passou o resto do dia em êxtase, com um sorriso bobo nos lábios toda vez que relembrava do perfeito segundo encontro que tiveram.

No domingo ela e o pai passaram o dia inteiro assistindo jogos da NFL e foram dormir já cansados depois do Sunday Night Football.

Fim do capítulo