POV JULIA

 

 

    Depois do almoço com Sarah pedi Fernanda pra ir até minha sala, eu estava adorando ela com ciúmes toda vez em que eu tocava o nome de Sarah ela fazia um cara de nojinho. O plano de Sarah não tinha cara de que ia dar certo, eu nem sei o que Fernanda estava sentindo na verdade, e mesmo Tito me dizendo que ela não tinha nada com a tal Elis eu não acreditei muito, pois as duas não se desgrudavam, eu topei pra pelo menos a gente conversar e não ficar um clima tão pesado, eu confesso que estava bem animada com a possível viagem. Informei Fernanda e ela não se opôs, porém era obvio o descontentamento quando pronuncie o nome de Sarah. O restante do dia fiquei concentrada meu trabalho, Luíza me ligou pra tratarmos de assuntos do escritório, e posso dizer que nossa convivência pelo menos pelo telefone estava mais a pacifica. Não vi a hora, mas creio que já estava tarde e não tinha mais ninguém no escritório, decidi ir pra casa descansar um pouco, mas antes fui zapear minhas redes sociais, e me deparei com uma foto de Helen, Cláudio, Elis e Fernanda em um bar da zona leste, por puro impulso desci e fui até o tal bar.

 

     Fiquei girando por arredores, minha vontade era de ir até lá, mas fiquei sem coragem então fique apenas observando no carro. Decidi ir embora já que eu não tive coragem de ir até lá, mas quando liguei o carro vi Fernanda se levantando e indo embora. Vi que ela não esperou o uber e foi andando por uma rua lateral que era escura pra ela andar sozinha aquele horário, Fernanda ia andando quando dois homens se aproximavam, eu apenas acelerei e mandei ela entrar no carro.

 

- Você está louca de ficar andando por aqui uma hora dessas Fernanda? –Meu coração estava acelerado, Dirigia rápido e brigando com ela. – Eu nem quero imaginar o que aconteceria.

 

-Eu estava indo atrás de um Taxi. – minhas mãos pressionavam o volante.

 

-Você não sabe que essa área aqui é perigosa? –Eu a questionava, e vi que ela estava encolhida no banco. – Por que você estava andando aqui sozinha uma hora dessas?

 

-Eu não estava sozinha, mas precisei ir pra casa. – A voz de Fernanda quase não saia.

 

-Fernanda por que não pediu pra sua namoradinha te deixar em casa? –Quando me lembrei que Elis a deixou sozinha naquele lugar, minha raiva aumentou. – Ou ela tinha algo melhor pra fazer?

 

-CHEGA! – Eu parei o carro em frente ao se prédio. – Agradeço muito por você ter aparecido por lá naquela hora, mas não da você o direito de me julgar, ou intrometer em minha vida.

 

-Eu só estava preocupada. –Suspirei tentando me acalmar. – Não precisa ficar nervosa!

 

-Eu só quero entrar e tentar esquecer isso. – Ela ia descer e eu a impedi.

 

-Espera! –Olhei dentro dos olhos de Fernanda e meu coração errou uma batida. – Me desculpe, não quis ser inconveniente, só achei estranho ela deixar você lá sozinha.

 

-Eu quem quis vir embora, e nós não temos nada. –Fernanda me olhei e disse algo que aqueceu meu coração. – Elis e eu não somos namoradas Julia.

 

-Não? – Dei o meu melhor sorriso. – Me desculpe por isso!

 

-Mas o que você estava fazendo na zona leste uma hora dessas? – Ela me perguntou curiosa. – Estava me seguindo?

 

-NÃO! – Fiquei nervosa, eu estava seguindo ela, mas ela não precisa saber. – Sarah mora por lá, e eu fui deixa-la em casa.

 

-A claro! Sarah. –Quase não me aguentei, ela estava emburrada e eu achei graça. – Luíza sabe de vocês duas?

 

-Luíza não tem nada pra saber. – Gargalhei alto. – Até porque nós duas já não estamos mais juntas.

 

- Entendi, eu preciso subir. – Estava com vontade de agarrar ela ali mesmo e desfazer aquele bico. – Tchau Julia.

 

-Não vai me convidar pra subir? –Queria subir e me acabar naquele corpo.

 

-Não, acho que Sarah deve ter convite melhor. – Mas o que recebi fui um não com todas as letras.

 

     Fui pra casa, precisava descansar e amanhã o dia seria bem longo, como eu queria ter subido até o apartamento de Fernanda, minha vontade era de passar a noite com a loirinha ciumenta. Acordei com uma preguicinha, mas me levantei e me arrumei pra trabalhar. Cheguei mais cedo e pra minha surpresa Sarah já estava lá me esperando.

 

-Bom dia! – Nos cumprimentamos com dois beijinhos. – Que surpresa!

 

-Vim trazer boas novas! –Entramos no prédio e fomos em direção a minha sala.

 

     Sarah e eu engatamos em uma conversa, apesar de tudo nós duas sempre nos entendemos bem então o papo fluía fácil e nem vimos o tempo passando, e nos assustamos quando Fernanda entrou na minha sala.

 

-Bom dia Julia, preciso falar com você. – Fernanda Olhou Sarah de cima abaixo e fechou a cara. – Me desculpe, não sabia que você estava acompanhada.

 

-Não está atrapalhando, pode entrar. – Eu a chamei, mas ela continuou lá parada.

 

-Se junte a nós Fernandinha, afinal você faz parte desse retorno. – Sarah provocava, e vi ela ficando vermelha.

 

-Não é nada demais, já vou indo Julia. – Quando ela ia saindo Sarah foi mais rápida.

 

-Pode ficar garota. – Ela veio até mim e segurou meu rosto com as duas mãos e deixou um beijo na bochecha. – Espero encontrar vocês na conferencia, até breve Fernandinha.

 

    Sarah saiu e Fernanda faltou explodi de raiva, dava pra notar o descontentamento a quilômetros. Minha vontade era de rir, mas não queria piorar as coisas com ela.

 

-Então, o que precisa falar comigo? – Questionei quebrando o silencio.

 

-Apenas queria agradecer por ontem, e saber detalhes da viagem. – Ela não me olhava.

 

-Você está bem? Eu fiquei preocupada de verdade. – Me levantei e escorei na mesa.

 

-Estou bem Julia, e obrigada por ontem. – Fernanda abraçou o próprio corpo. – Vou pra minha sala, qualquer coisa só chamar.

 

-Fernanda? – Chamei quando ela estava se retirando. – Você está linda hoje!

 

-Obrigada! – Vi suas bochechas ficarem ruborizadas e ela saiu.

 

     O resto dos dias passou correndo, quando vi já estava no dia de irmos a Brasília. Sarah tinha tramado tudo e só me restaria executar o plano dela, iriamos sexta e voltaríamos domingo de manhã. Era sexta à tarde quando Felipe e Tito foram nos deixar no aeroporto.

 

-Cuida bem da minha irmãzinha viu Fê! – Felipe estava abraçado com Fernanda. – Ela precisa de carinhos especiais.

 

-Hahaha, até parece né. – Fernanda riu de nervoso com o comentário de Felipe. – Ela sabe se virar sozinha, ou ela já tenha alguém pra cuidar dela.

 

-Isso é algum tipo de indireta? – Perguntei arqueando a sobrancelha.

 

-Entenda como quiser, vamos? – Ela foi se despedir dos meninos.

 

-Tenha paciência, ela está morrendo de ciúmes da Sarah e não está conseguindo controlar isso. – Tito sussurrou pra mim.

 

-Pode deixar! Eu vou cuidar muito bem dela. – Falei baixo só pra ele ouvir.

 

     Demos tchau e seguimos pro portão de embarque sem falar mais nada, Fernanda falou apenas o necessário, e só dentro a aeronave pude notar que ela estava nervosa.

 

-Está tudo bem? – Perguntei a ela que segurava firma na cadeira.

 

-Sim, só estou um pouco tensa. – Ela olhava pela mini janela do avião. – É a minha primeira vez.

 

-Hey, fique tranquila. – Puxei sua mão e deixei um leve beijo. – Estou aqui ao seu lado e nada vai nos acontecer.

 

-Obrigada! – Ela não desfez o contato e aquilo me deixou feliz.

 

     Era um voo muito rápido e logo já estávamos aterrissando em Brasília. Fernanda estava mais calma e ficamos no aeroporto esperando o motorista de Sarah, aproveitamos e fizemos um lanche e conversamos sobre trabalho. Nossa carona chegou e seguimos ao hotel que nos hospedaríamos.

 

-Julia, Fernanda que bom que chegaram. – Sarah estava na recepção do hotel e Fernanda não gostou muito. – Estou tentando resolver um pequeno problema com a reserva de vocês duas.

 

- O que houve? – Fernanda perguntou. E eu tinha que dar um presente pela atuação de Sarah.

 

-Como quem viria com Julia seria Luíza a reserva foi feita pra um quarto de casal. – Eu estava afim de rir, mas entrei no personagem. – E agora a recepcionista me informou de que todos os quartos estão cheios e não temos como trocar.

 

-O que faremos agora? Fernanda precisa de um quarto! – Eu disse coçando a cabeça.

 

-Bom! Meu marido não chega hoje. – Sarah veio pra mais próximo a mim. – Fernanda pode ficar no quarto e você dorme lá comigo, ai amanhã a gente resolve isso.

 

-Não. – Fernanda faltou pular no pescoço de Sarah. – Nós duas podemos ficar no mesmo quarto, isso é problema pra você Maria Julia?

 

-Problema nenhum senhorita Bernard. – Ela saiu trombando em Sarah e nem pediu desculpas, Sarah deu um sorrisinho e piscou.

 

     Concluímos a reserva e subimos e Fernanda poderia me matar com as próprias mãos se eu dissesse algo relacionado à Sarah. Fiquei em total silêncio até chegar ao nosso quarto.

 

-Eu posso dormir naquele sofá e você fica na cama. – Fernanda disse deixando a mala em um cantinho.  

 

-A cama é grande Fernanda, você não precisa ficar nesse sofá minúsculo. – Realmente a cama era grande.

 

-Tudo bem Julia, vou tomar um banho e descansar um pouco. – Ela foi em direção à mala extremamente organizada e pegou algo lá.

 

-Eu preciso acertar alguns detalhes com Sarah. – Eu precisava mesmo, mas era algo sobre trabalho. – Qualquer coisa estou no celular.

 

-Tanto faz Julia. – Escutei ela bufar de raiva e foi pro banheiro.

 

     Dei uma volta pelo hotel e me encontrei com Sarah no bar, ela riu até de como Fernanda estava com ciúmes. Sarah estava se saindo melhor que encomenda, ela havia planejado tudinho e até envolveu a pobre da recepcionista no meio.  Haveria um coquetel mais tarde e precisa estar presente então resolvi ir buscar minha roupa e me arrumaria no quarto de Sarah, ela não estaria lá e me ofereceu para que eu ficasse mais á vontade. Fui até o quarto e Fernanda dormia tranquilamente, deixei um bilhete na mesinha ao lado dizendo que a encontraria no bar às 19h30min, deixei ela lá e segui pro quarto de Sarah.

 

    Eram exatamente 19h28min quando vi Fernanda entrando pelo salão de eventos do Hotel, ela estava um espetáculo dentro de um vestido azul escuro, seus cabelos estavam soltos e perfeitamente alinhados, sorri e fui até ela.

 

-Você quer me matar? – Foi o que eu consegui dizer. – Você está maravilhosa.

 

-Obrigada, você também está muito bonita. – Eu podia estar bonita, mas ela estava magnífica.

 

-Posso te oferecer uma bebida? – Ela colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha e me acompanhou.

 

     Era incrível como Fernanda era inteligente, conversamos sobre quase tudo, ela entedia de todos os assuntos que foram mencionados, apresentei a ela algumas pessoas e nossa noite fluía em um clima gostoso.

 

-Para! – Ela me disse enquanto tomava um gole da sua bebida.

 

-O que? – Fingi de desentendida.

 

-Você está me encarando. – Fernanda estava desconcertada na cadeira do bar.

 

-Desculpa, não consigo parar de admirar você. – Dei um sorriso malicioso, e coloquei a mão em sua coxa. – Eu estou me segurando pra não agarrar você aqui mesmo.

 

-- Julia, aqui não, pare com isso! --Fernanda se remexeu na cadeira e fechou os olhos quando sentiu minha mão subir mais um pouco.

 

-Não estou fazendo nada ainda. – Não ia ser tão difícil quanto e pensei, estava me aproximando dos lábios de Fernanda, quando ela se afastou de repente.

 

-Julia, pra essas pessoas você ainda está casada! – Ela se levantou e estava pronta pra sair

 

-Vamos pro quarto? – Fomos interrompidas por um antigo cliente do escritório e Fernanda saiu em direção ao elevador.

 

    Praguejei mentalmente e fiz questão de me livrar do velho o mais rápido possível. Fernanda entrava no elevador me despedi do homem e fui atrás dela. Cheguei em poucos segundos depois e não perdi mais tempo.

 

-Dessa vez não temos pra onde correr. – Fechei a porta e pressionei seu corpo contra a mesma.

 

   Me aproximei e a essa altura nossas respirações estavam alteradas, eu estava tremendo em um misto de puro desejo e com um pouco de medo. Fiz o que meu corpo pedia, colei minha boca na dela e não pensei em mais nada.

Fim do capítulo