Peço desculpa pela demora, mas eu tive um mês bem dificil. Espero que ainda tenha alguém ai!
Boa leitura!
Conexão
Havia tanta coisa a ser dita e ao mesmo tempo nada a ser falado, que era confuso para ambas estarem ali lado a lado depois de tanto tempo.
O choque do encontro e das circunstâncias ainda eram latentes, os questionamentos rodando em suas cabeças, junto a toda a emoção que pareceu renascer como uma fênix e seus corações.
Chegava a ser engraçado em como a vida havia planejado tudo tão minuciosamente.
Em meio a um turbilhão de pensamentos, sem conseguirem organizar muito bem as palavras, foi Éli quem deu início a aquela conversa.
- É Tari... – respirou fundo antes de prosseguir – eu ainda não sei o que me deixou mais chocada com tudo isso... – sorriram sutilmente uma para outra - mas pelo menos encontrei você – foi nítido o espanto de Maria ao ouvir aquilo, o que fez Éli rapidamente se concertar – recebi uma proposta para participarmos de um documentário sobre a trevo... consegui falar com os outros, menos com você...
- Ah... vocês ainda mantem contato?
- Não... bem... de vez em nunca eu saio com a Nal, as vezes esbarro com a Ane em copa... já o Ônar?! Nossa faz tempo que não vejo o Ônar... inclusive quem falou com os meninos sobre a reunião foi a Ane já que eu estava que nem louca tentando entrar em encontrar você.
- Meninos... – riu de leve – os meninos de quarenta anos...
- É saiu... – sorriu de volta – bem... meu amigo e produtor Fábio está nesse projeto para fazer esse documentário sobre a banda... e para maiores informação você terá que comparecer à reunião na próxima sexta-feira.
- E se eu não quiser?
- Cara... o Fábio vai apenas apresentar a proposta... ir não quer dizer que você aceita participar.
- Mãe?! – Madu gritou ao longe.
- Tô aqui perto do lago. – Éli gritou de volta na sua direção, mas voltou a Maria. – Eu confesso que... neguei até mesmo ouvir a proposta dele... mas meus filhos e a Navi me ajudaram a seguir em frente e aceitar essa oportunidade que o universo estava me dando.
- O que isso quer dizer?
- Quer dizer exatamente isso, que eu estou aproveitando a chance que o universo está me dando.
Madu chegou batendo pé com cara que misturava raiva e tristeza, mas que ao ver Maria ali com sua mãe tentou disfarçar e sorriu para elas ao se apoiar a cadeira.
- O que aconteceu? – Éli não deixou passar.
- Nada...
Maria também percebeu que algo não estava certo, então decidiu deixar mãe e filha sozinhas.
- Bem... – levantou – eu vou indo...
- Não! Não precisa ir... – Madu a interrompeu dando passos para trás - eu só vim ver se você estava pronta – falou diretamente com sua mãe – e-eu vou lá ver o Miguel – se retirou as pressas.
Éli sorriu sem jeito para Maria que permanecia de pé próxima a ela, conversaram rapidamente com o olhar, uma conversa sutil e natural, algo que sempre fizeram desde o dia em que se conheceram, uma conexão divina e admirável... Por fim Maria sorriu, lhe dando forças.
- Bem... – olhou ao redor – eu vou indo vou ver se meus tios querem ajuda. Quando estiverem prontos podem ir que estaremos lá.
Aquela curta conversa entre Éli e Maria mesmo que sem grandes emoções e completamente superficial já foi o suficiente para seus corações baterem de uma forma que há tempos não batiam.
Éli tentou se conter e controlar todas as suas emoções que explodiam em seu ser. Ela acreditava com todas as suas forças que aquele palpitar de seu coração eram apenas reflexos de suas lembranças.... e que nada tinham a ver com sua atual realidade, não era nem mesmo possível para Éli se apaixonar novamente, daquilo ela tinha mais que certeza.
Maria por sua vez deixou Éli para trás sem conseguir identificar se seu coração batia por medo ou esperança.
Madu que apenas avisou ao seu irmão onde Éli os esperava ficou sentada por um tempo no balanço que tinha na grande árvore. A jovem estava com sua cabeça a mil e o coração apertado em seu peito. Ao mesmo tempo em que sentia alivio por ter dito a sua melhor amiga que gostava de menina, havia um medo de perder tudo aquilo que construíram por anos.
Maria Eduarda nunca achou que teria que contar a Navi sobre aquilo, sempre teve a certeza que conseguiria suportar e até mesmo esquecer todo aquele sentimento inoportuno.
Em sua cabeça que girava e girava sobre em como seria dali para frente, depois de um tempo refletindo, algo voltou ao eixo com a voz de sua mãe que ecoou em sua mente. Aquela viagem não se tratava delas, ou de qualquer outra coisa ligada a elas... aquela viagem era para Navi e sua mãe se conhecerem e se Madu conseguiu engolir seus sentimentos por tanto tempo... se ela conseguiu passar por cima de tantas brigas, não seria aquela que destruiria o tal jantar da nova família de sua melhor amiga... aquele não era mesmo o momento nem lugar para aquilo.
ºººººº
Os três tios, Heitor, Antônio e Laura arrumaram tudo no jardim de trás da casa. A mesa de jantar estava na varanda... no gramado esteiras de palha com grandes almofadas em círculo e no meio uma mesinha, a luz era baixa e aconchegante, a noite estava agradável, o céu limpo cheio de estrelas e uma linda lua crescente.
Éli, Madu, Navi e Miguel foram bem recebidos e acomodados nas almofadas junto a Maria e Bento, os tios serviram uma entrada e vinho para tirar aquela rigidez que todos pareciam estar. Conversaram sobre coisas superficiais em relação a Navi e sua vida no Rio, fazendo Éli contar algumas boas histórias sobre Madu e Navi quando crianças.
Durante o jantar foi a vez dos tios contarem sobre a infância de Maria, o que despertou involuntariamente uma curiosidade em Éli, que mesmo tentando disfarçar ficou tão empolgada quanto Navi, o que de imediato fez Heitor e Laura perceberem que havia mais que uma banda naquele passado.
A conversa fluía bem, todos interagindo menos Madu que permaneceu quase todo o jantar calada com sorrisos forçados e respostas curtas, até Miguel estava mais falante que ela.
- Olha eu vou ter que confessar que eu tinha esperanças em ver Maria sorrir desse jeito novamente – Heitor começou fazendo Maria o encarar séria – mas não sabia se seria possível.
- Tio... – Maria o repreendeu em tom baixo, ele a ignorou.
- Navi minha querida, eu sou muito agradecido por ter trago de volta o sorriso verdadeiro de sua mãe – Navi sorriu feliz com aquilo – E você minha jovem – Ele encarou Éli – Grato por tudo que fez, não só pela Navi, mas pela Maria também. – Éli sorriu sem jeito, um silêncio de três segundos se estabeleceu, Maria o cortou.
- Eu vou pegar mais vinho – Maria levantou as pressas completamente constrangida querendo cortar o assunto pela raiz.
Madu esperou o jantar acabar e todos estarem bem entretidos para finalmente sair dali sem que sua fuga se tornasse um show. Ela já estava cansada de forçar sorrisos, precisava respirar e pensar melhor no que tinha feito, pensar no que diria a sua amiga quando ela questionasse quem era a garota, pensar em como ela tinha acabado de arruinar tudo.
- Bom gente... – Madu se pronunciou fazendo todos a olharem - o macarrão tava uma delícia... na real tava tudo uma delícia – ela falava diretamente com os tios que sorriam em resposta – foi tudo muito bom, mas eu vou ter que deixar vocês... – de imediato sentiu o olhar de sua mãe e amiga queimarem em sua pele.
- Mas já criança? – Laura questionou serena com um sorriso triste.
- É minha filha fica mais, ainda tá cedo! – Heitor a encorajou a ficar.
- É... é que eu to com dor de cabeça e tal.
- Dor de cabeça minha filha? – Laura se preocupou – Eu faço um chá agora mesmo para você. – Ameaçou levantar, mas Madu não deixou.
- Não! Não precisa, na real eu só tenho que deitar um pouco.
- O que foi filha?! Ta passando mal? – Éli levou sua mão até sua testa que de imediato Madu recusou.
- Não! Sai! – Madu disse com mais raiva do que deveria. – Eu só preciso deitar...
- Tudo bem meu amor, eu vou com você. – Éli sorriu preocupada sem entender o que estava acontecendo. Ela havia reparado que algo estava estranho entre Madu e Navi, mas não achou que era sério.
- Não mãe! Eu quero ficar sozinha, ok?! – seu olhar firme nos de sua mãe, desviou por um segundo para Navi, mas logo se fixaram aos tios e a Maria – Boa noite, obrigada por tudo. – Levantou com pressa e se foi antes que alguém pudesse dizer mais alguma coisa.
O clima ficou nitidamente estranho, Éli encarou Navi à espera de respostas, que por sua vez soltou o ar junto a uma revidara de olhos.
- Aff... – Navi encarou Éli que continuava a esperar em silêncio – Cara... a gente brigou... – Éli permaneceu calada, no aguardo por uma história completa.
- Ih... – Miguel sentiu que lá vinha bronca.
- Ah... tia... – Navi soltou o ar pronta para contar e ouvir o sermão. – A gente tava de boa se arrumando aí começamos a brigar... só que foi foda cara... falei umas merd*s para ela, ela falou umas paradas para mim... foi meio pesado...
O silencio prevaleceu por alguns segundos, os tios, Maria e Bento apreensivos com a situação, Miguel assistindo como apenas mais um capítulo de uma novela, Navi chateada e pronta para ouvir a bronca que fosse, por fim Éli começar depois de pensar um pouco.
- Ana Vitória... – suspirou tentando manter-se tranquila - vocês precisam parar de brigar desse jeito, nós viemos para cá para você conhecer sua mãe, para ser um final de semana agradável... em paz... tranquilo... eu não consigo entender porque vocês fazem isso com vocês... porque falar merd* uma para outra, machucar uma a outra desse jeito? – A voz de Éli era firme e ao mesmo tempo sutil - Quantas vezes eu falei para vocês que nenhum relacionamento vai para frente se não tiver um bom diálogo?! Porque gritar e falar porcaria não é dialogo, dialogo é ouvir... – Navi a cortou.
- E ser ouvido, é dar atenção ao que o outro diz, e dar atenção ao que sentimos... Eu já sei! Eu já sei... – revirou os olhos - mas cara... Madu me tirado sério!
- Não! Não sabe! Porque se soubesse... se ambas soubessem eu não estaria aqui falando sobre isso de novo. Poxa Navi... não faz isso com vocês, conversem direito, sejam claras com suas questões, sejam verdadeiras com seus sentimentos, sejam honestas uma com a outra... discordar é normal, vocês são diferentes e pensam diferente, mas o que não dá, é para ficar acontecendo isso, briga em cima de briga, merd* em cima de merd*... ai o que era ser um jantar incrível dedicado total a você e sua mãe, se tornou algo sobre você e a Madu... porque mesmo nenhuma tendo expressado nada diretamente durante todo o tempo que estivemos aqui, vocês estavam desconfortáveis, Madu mal abriu a boca, você agiu como se ela não existisse...
- Tá... – revirou os olhos a contragosto.
- Tá o que?
- Você tem razão... você sempre tem razão... – Navi suspirou, olhou ao redor suspirou mais uma vez e revezou o olhar entre seus tios e sua mãe – Eu vou ter que... – negou sutilmente com a cabeça - Gente eu amei demais tudo que vivemos hoje, foi tudo incrível, mágico, a tarde foi maravilhosa... – os tios e Maria sorriam em resposta - o jantar estava uma delícia, esse vinho é incrível... e eu tô mais que feliz com tudo... mas eu vou ter que ir lá resolver esse problema.
- Não, não precisa ir agora – Éli sentiu o desespero lhe consumir, por um lado se Navi também partisse ela ficaria a sós com Maria e seus tios, já que Miguel e Bento davam muito mais atenção aos jogos no celular, mas também tinha a opção de partir, o que insanamente ela também não queria, era um misto de querer sumir e querer ficar.
- Não tia, eu preciso sim, a parada foi séria e quanto mais eu esperar mais tempo temos para ficar pensando besteira... o dia foi longo e temos um outro dia amanhã... que eu sei que será ainda melhor, mas agora eu preciso ir lá conversar com a Madu.
- Bem o jantar foi mesmo incrível e eu estou muito agradecida pelo convite – Éli começou a se despedir.
- Não, ta doida? – Navi a repreendeu. – Você fica! Ta aí de boa com minha mãe e meus tios, faz sentido nenhum você ir agora! Fica ai!
- Não, já está ficando tarde e já incomodamos o bastante...
- Que isso menina! – Antônio – Fica, a criança vai lá se entender com a amiga, os meninos estão ali vidrados no joguinho e nós vamos continuar com o vinho e a conversa.
- Não precisa... – Éli estava nitidamente envergonhada, coisa que raramente acontecia.
- Que isso querida... – Laura sorriu para Éli - sem cerimonias... que você e minha sobrinha já se conhecem de longa data, então nem tem motivo para isso.
Éli encarou Maria por menos de um segundo que foi o suficiente para capitar em seu olhar que ela queria que ficasse.
- Fica... – Maria sorriu de leve fazendo borboletas voarem em seu estomago.
- É mãe, fica! – Miguel também incentivou. – Fica aí, que eu e o Bentinho aqui vamos lá pro quarto jogar na TV, pode ser?
Miguel mesmo com seus 12 anos era um pré-adolescente um pouco diferente dos outros, tinha muitos amigos, nunca teve grandes problemas na escola, mas o que o destacava era que ele sempre teve muita paciência com os mais novos e os mais velhos, coisa que nenhum menino da idade dele tinha. Miguel era capaz de passar horas conversando com um idoso, horas brincando com um bebê, do mesmo jeito e com a mesma empolgação que fazia com os amigos de sua idade.
- E desde quando Bento sabe jogar esses jogos? – Maria questionou surpresa e animada.
- Desde hoje ué?! – Bento deu de ombros.
- O pequeno é bom! Ele aprendeu rapidinho. – Miguel.
- Não sou pequeno! – Bento revidou já Miguel riu ao bagunçar o cabelo dele.
- E aí mãe, podemos ir pro quarto? – Perguntou novamente ao não obter resposta.
- Não sei filho... – Éli estava confusa, mas olhou para Maria como se lhe pedisse ajuda – O que acha?
- Se você ficar... eu deixo. – a resposta de Maria fez o coração de Éli ir a boca, não era bem aquilo que ela estava esperando.
- Pronto, resolvido! – Navi disse – As crianças vão jogar no quarto, vocês ficam aí curtindo e conversando... enquanto eu vou lá tentar me resolver com a fera.
- Querida... – Maria a chamou antes de partir – Depois de se resolverem... se quiserem voltar, estaremos aqui.
Os que permaneceram, sentaram nas grandes almofadas no gramado, conversaram a princípio sobre a tal situação entre Madu e Navi.
Éli estava um pouco constrangida com a maneira que havia agido, para ela sempre foi normal dar bronca em Navi, até mesmo na frente do pai, mas ali na frente de Maria e de seus tios, onde a menina havia ido para se conectar com eles... ali não... ali não era o lugar. Algo dentro dela mesmo que sem sentido ficava ecoando algo como “ela não é sua filha, ela é filha da Tari” e ao mesmo tempo havia um medo surreal de perder a menina, como se Maria fosse tira-la a qualquer momento. Além daquilo havia também uma infinidade de confusões que rodava em sua cabeça.
- Eu queria me desculpar por ter brigado com a Navi... foi... foi impulsivo da minha parte... eu não queria que tivesse sido daquele jeito... não queria que ela tivesse partido. – Éli conseguiu finalmente externalizar o que estava sentindo para talvez conseguir deixar aquela culpa sem sentido de lado.
- Que isso menina!? – Antônio achou graça. – Não foi nada.
- Não... eu deveria ter deixado para depois, acabei estragando o momento de vocês.
- Léo! – Maria a chamou, seu olhar dizia “pare com isso” – Tá tudo bem... você agiu como tinha que agir... agiu como a mãe dela... – sorriu de canto - foi... – respirou fundo antes de prosseguir – confesso que foi difícil sentir que eu perdi tudo isso sabe?! Que eu... que eu não... não sou alguém com tamanha importância na vida dela... – sorriu triste para Éli que sorriu do mesmo jeito de volta - mas também foi lindo ver a conexão de vocês duas... a forma com que você fala com ela... o jeito que ela te respeita... os olhares cheios de sentimentos... – fez uma pequena pausa - ela tem sorte de ter você... eu sinceramente tenho é que te agradecer... te agradecer por ter estado com ela todo esse tempo, te agradecer por ser a mãe que eu não fui...
Éli não disse nada, sorriu de canto enquanto seus olhos tentavam passar algum conforto para Maria, que por sua vez deu de ombros, bebeu seu último gole de vinho e se virou para os tios.
Uma meia conversa se estabeleceu, algo superficial como quem não sabe o que dizer, até que Laura sorriu sozinha ao olhar para lua e depois para as duas mais novas.
- Nessa lua crescente linda que está no céu vamos plantar o que queremos que cresça... então nada de ficar remoendo as coisas ruins da vida! Xô depre! Vamos elevar essa energia! – levantou – eu vou buscar uma coisinha especial para gente, volto já!
- Ih! Lá vem... – Maria disse com o riso na voz.
Laura logo voltou com uma caixinha em mãos.
- Sabia! – Maria tinha um sorriso meio travesso nos lábios.
- O que é? – Éli estava curiosa.
Ninguém respondeu, eles apenas olharam para a caixinha enquanto Laura a abriu lentamente e tirou um perfeito baseado de dentro dela.
- Mentira?! – Éli ficou surpresa, mas achou graça. – Não acredito!
- É minha filha, a gente é do babado aqui. – Laura estava animada, Éli sorriu com o comentário.
- Estamos velhos, mas não mortos! – Heitor piscou para Éli. – Mas e você?! É careta como minha sobrinha ou vai fumar com a gente? – Éli negou com a cabeça e riu.
- É... eu meio que sou careta, mas já que eu sinto que vocês vão nos interrogar sobre o nosso passado... sobre a banda... – Éli sorria – Eu acho que cai muito bem eu ficar chapada. – Maria a olhou um pouco assustada e negou com a cabeça. – Não me olha assim que você também vai fumar!
- Vou?
Éli apenas levantou levemente uma de suas sobrancelhas como respostas, o que fez Maria revirar os olhos. Nada daquilo ia acabar dando certo, seus tios questionadores liberais loucos para saberem mais sobre elas, vinho, maconha e um passado explodindo em seus corações. Era literalmente uma sentença para dar merd*.
Chapados e alcoolizados, mas completamente sãos a conversa ia além do esperado. Diferente do que Éli e Maria acharam que seria, seus tios não perguntaram tanto assim, deixaram elas livres que vez ou outra falaram coisas dúbias dando a certeza que Laura precisava.
- Mas vem cá! Qual foi mesmo o motivo do termino? – Laura soltou naturalmente, fazendo-as travarem por um ou dois segundos, mas Éli tomou a frente.
- Ah, nós éramos jovens demais... houve uma briga, uns ficaram de um lado, outros de outro... aí vocês já sabem né?! Quando se é jovem tudo é muito intenso... foi o suficiente para banda acabar.
- Não querida, não a banda, o relacionamento de vocês duas.
Por aquela elas não esperavam, ambas travaram novamente. Os tios a frente estavam tranquilos com tudo aquilo, o que fez Éli ameaçar falar algo, mas foi Maria quem disse depois de um gole de vinho.
- Eu fiquei grávida.
Aquilo sim espantou os tios.
- Meu deus olha como o universo é incrível! Vocês tinham um relacionamento, Maria ficou grávida, vocês se separaram, anos depois Éli encontrou Navi... praticamente a criou e a trouxe de volta até a mãe. Pelas deusas! Isso sim é uma bela obra do destino! – Laura sorriu emocionada, já Maria revirou os olhos.
- Não é a Navi. – Éli afirmou baixinho.
- Não tia... a gravidez do termino... ela aconteceu dois anos antes de eu ter a Navi. O Universo não é tão magico assim como está dizendo, tia Laura. – Sorriu forçado – Eu vou pegar mais vinho.
- Xô deprê! – Laura espantou algo imaginário com as mãos – Assunto errado! Vamos minha querida Éli, me diga qual é seu signo?
- Touro.
- Oposto complementar da Maria – Laura piscou para Éli fazendo-a rir ao revirar os olhos.
- Agora sim, o melhor signo! – Antônio se animou.
O assunto sobre astrologia surgiu com tudo, Maria logo voltou como se nada tivesse acontecido, entrou no assunto e ainda ajudou a tia a ler o mapa de Navi, Madu e Miguel. Esse sim foi um assunto que levou tempo, tempo esse que passou voando.
- Meu deus olha a hora! – Éli se assustou ao ver que se passavam das três em seu celular.
- É... – Maria sorriu de canto para Éli – se você for na onda deles, vai dormir as cinco da manhã e ser obrigada a acordar as sete no máximo! Esse três ai?! Não são humanos eu juro! – Sorriu para os tios.
- Que exagero minha filha – Heitor.
- Bem gente! Eu amei a noite, fazia muito tempo que eu não me divertia tanto. – Éli pegou o celular ao lado – Mas amanhã é um novo dia, na verdade hoje daqui a pouco. – Levantou.
- É... eu vou também – levantou - preciso pegar o Bento.
- Nossa é verdade...
- E as meninas hiem?! Não voltaram... – Heitor.
- Tenho certeza que elas se resolveram, devem ter conversando até apagarem... – Éli tranquilizou-os.
- Bem... - Maria chamou a atenção dos tios - grata por tudo mais uma vez... – sorriu para eles - até amanhã!
- Não esquece as laranjas – Antônio-+
lembrou a Maria antes de ir.
- Nossa! Sim! Eu ia mesmo esquecer.
- Estão ao lado da geladeira.
ºººººº
Navi respirou fundo antes de entrar no quarto, mas ao abrir a porta não encontrou Madu lá dentro. Respirou fundo mais uma vez e foi em busca de sua amiga.
Ana Vitória saiu do casarão dos quartos e sem pensar foi em direção ao lago, sua intuição ou a conexão que elas tinham a levou diretamente até Madu que estava deitada no deck encarando as estrelas.
Ela caminhou com passos leves até a amiga, parou próxima o bastante para que a outra a visse, que revirou os olhos, soltou o ar e sentou sem pressa para encara-la.
- O que você tá fazendo aqui? – Madu perguntou a contragosto negando com a cabeça.
- A gente precisa conversar...
A cabeça de Navi rodava entre como começar aquela conversa e quem seria a tal menina que Maria Eduarda disse que gostava, será mesmo que ela gostava ou aquilo era apenas para ela parar de encher o saco? Ou será que ela foi tão cega com seus próprios sentimentos que nunca havia reparado que a garota que ela era apaixonada gostava de outra?
- Não! Você precisa voltar para o seu jantar e ficar com sua família.
Navi revirou os olhos para Madu, olhou para ao redor, respirou fundo e sentou a sua frente, o que fez a outra negar algumas vezes com a cabeça.
- Cara... – Navi pensou um pouco antes de prosseguir - me desculpa ter agido daquela forma mais cedo... desculpa ter te chamado de homofóbica... desculpa ter dito que... dito que eu não sabia como ainda era tua amiga... eu meio que... meio que fico cega com você com esse assunto... eu acho que sei lá... acho que eu fico puta por não ser como eu achei que seria... – fez uma pausa, olhou para o lago mas voltou a Madu – eu odeio me sentir desse jeito... odeio essa insegurança que tenho com você em relação a isso, sabe?! Eu só queria que fosse leve... queria que fosse como quando éramos crianças... a gente sempre dormia abraçadas e era tão natural sentir sua respiração na minha – Navi revirou os olhos e negou com a cabeça – mas hoje... na verdade depois que eu te contei sobre eu ser gay... além das brigas, tantas coisas mudaram... e você começou a agir estranho sempre me alfinetando, sempre revirando os olhos para as minhas amigas sapatão, sempre com seus comentários sarcásticos... ai agora você vem com essa de que é apaixonada por uma garota?! – Navi encarou em seus olhos por respostas, mas Madu permaneceu calada – Eu real quero que me perdoe pelas coisas que disse e pela forma que agi, eu assumo minha culpa por ser sensível demais com esse assunto quando é com você... e que talvez eu apenas deturpe tudo, mesmo que você esteja mesmo só querendo ser gentil... mas na moral você vai ter que explicar isso direito porque não tá fazendo sentido algum... como assim você gosta de uma garota? Isso é uma brincadeira? – Madu negou – Então me conta! – Navi ficou em silêncio a espera de alguma coisa, mas Madu apenas encarava a Lua. – Fala Maria Eduarda!
Madu encarou Navi a sua frente, respirou fundo, negou com a cabeça e sorriu meio triste.
- E-eu também quero te pedir desculpas... desculpa não só por hoje, mas por todas as vezes em que fui uma babaca com você... – Madu a encarando profundamente - eu quero que entenda uma cosia Navi... eu nunca fui homofóbica com você... eu só... eu na real sempre tive foi medo de perder você... medo de você se apaixonar por alguma garota por ai e simplesmente sumir da minha vida... -forçou o sorriso - desculpa todo meu ciúme idiota ter afetado tanto nossa amizade nos últimos dois anos...
- Você é minha melhor amiga não existe possibilidade alguma de eu sumir da sua vida.
- Eu sei, mas meu ciúme não sabe. – Sorriu sem jeito
- Pois eu tô dizendo que não há possibilidades de isso acontecer! Mas agora você precisa me conta essa história de estar afim de uma garota. Desde quando? Como? Porque? Quem é?
- Essa parte a gente deixa para lá.
- Deixar para lá? De jeito nenhum! Porque assim... eu não tô entendo nada em relação a isso... eu te contei sobre mim há dois anos e você... bem, você sabe como reagiu... e agora vem com essa? Madu, me ajuda a entender isso, porque para mim você tá é me zuando. Porque não faz sentido algum sermos melhores amigas e você omitir uma parada dessas para mim, sendo que eu mesma sou sapatão abertamente, não faz nenhum sentido! Ou você tá mentindo ou essa garota é sei lá... uma criança e você é uma maluca pedófila que eu vou denunciar para policia e por isso nunca me contou... ou sei lá... nada faz sentido.
- Cara... não... – revirou os olhos.
- Para de revirar os olhos para mim e me fala quem é, me conta isso direito.
- Não tem nada para contar, cara... não tem nada a ver eu e ela, é só isso...
- Me conta, Madu... – a encarou séria.
- Eu já falei... não tem nada a ver eu e ela, por isso nunca contei... e é isso, fim.
- Quem é ela? – Navi exigiu com o olhar, Madu negou. – Me fala quem é ela?!
- Eu não quero te contar!
- Porque Maria Eduarda? Porque? Me conta!
- Eu não quero, para!
- Me conta logo cara! Esse mistério só me faz pensar que é tudo uma mentira.
- Acredite no que quiser.
- Madu – Navi encarou em seus olhos meio brava – porque você não quer me contar quem é? – Madu apenas negou, Navi soltou o ar tentando se acalmar. – Cara... porque? Me conta quem né! – Madu continuou a negar, Navi se alterou – Cara! Porque você não quer me contar?! Que merd* Maria Eduarda! Qual o seu problema?
- O problema é que eu não quero te perder! – respondeu brava.
- E o que tem isso a ver comigo? Por qual motivo você me perderia? – Madu continuava a negar – Me fala! – Pensou por alguns segundos – É a alguém que eu não gosto? A Bruna? A Luiza? A Mel? – Madu achou graça, mas permaneceu negando – Ou sei lá... é alguma amiga sapatão minha? – pensou por dois ou três segundos – Já sei é a Clara! – disse como se tivesse descoberto.
- Para de tentar adivinhar cara, você não vai acertar...
- Então me fala logo! – Navi estava nervosa e irritada, então respirou fundo fazendo seu semblante mudar de raiva para tristeza – Por favor me conta... eu sou sua amiga e sempre vou ser, você nunca vai me perder... você tem que saber que pode contar comigo, que eu quero estar ao seu lado sempre para qualquer situação... então me conta sobre isso, não guarda só pra você... compartilha sabe? Que mesmo você me dizendo que não tem nada a ver, ou que se você me contar você vai me perder... cara não faz isso... se abre comigo... vamos resolver isso juntas...
Madu ainda negava com a cabeça já em seu rosto só tristeza, ela estava dando seu máximo para segurar as lágrimas do desespero que estava sentindo em relação a tudo que estava passando, para ela, aquela era sua sentença, ela contaria a Navi, mas a perderia para sempre.
Navi a analisou a frente, reparou em suas lagrimas presas e tentou pensar em algo para fazer a amiga se sentir segura, para que pudesse compartilhar aquilo sem todo aquele medo.
- Eu amo você Maria Eduarda – pegou em sua mão - confia em mim, eu estou com você nessa... e sempre vou estar... não precisa ter medo... se abre... – beijou sua mão, sorriu e a soltou em seguida.
Mais calma, Navi resolveu que daria espaço a sua amiga, toda aquela pressão era apenas seu nervosismo sobre seus próprios sentimentos. Era seu ego gritando algo como “Quem é essa garota por qual a garota que eu sou apaixonada é apaixonada? O que essa garota tem que eu não tenho?!”
- Você... – Madu disse baixinho ao encarar o lago.
- O que? – Navi perguntou no mesmo tom.
- É você.
- Eu o que? – Navi ficou confusa, mas continuou a tentar passar confiança a amiga – Relaxa... eu te prometo que você não vai me perder...
- É você! – Madu a encarou com o olhar meio bravo meio assustado.
- O que Madu?! – A confusão estampada em Navi.
- É você a garota que eu sou apaixonada! – Sua voz saiu brava fazendo Navi arregalar os olhos em choque.
ºººººº
Éli e Maria caminharam em silêncio até o quarto onde Miguel e Bento estavam. Éli abriu a porta com cuidado, a luz e a tv ainda acesas, mas para sua surpresa deu de cara com os dois meninos apagados na cama de casal. As duas mais velhas se olharam e sorriram. Os dois meninos que haviam acabado de se conhecer pareciam mais irmãos do que meros conhecidos. Tal cena fez algo acontecer dentro delas, algo que nenhuma havia sentido antes, nem mesmo sonhado em sentir... era como uma necessidade repentina de ver aquilo todas as manhãs, não só os meninos, mas o sorriso, a satisfação, o companheirismo... ou na verdade todo aquele sentimento era apenas efeito da maconha com o vinho... bem, era exatamente aquele o caminho que elas preferiram tomar, tudo efeito de uma longa noite.
Maria apoiou a sacola com laranjas no chão, foi até Bento o pegou no colo que permaneceu apagado, voltou até Éli que estava na porta e lhe sorriu.
- Foi uma noite incrível – Maria disse sincera ao abaixar com o menino no colo para pegar a sacola com laranjas, mas Éli a pegou primeiro ao ver a outra tentar. – Obrigada – estendeu a mão para que a outra lhe desse a sacola.
- Vamos... – apontou para fora com a cabeça – eu levo para você.
- Não precisa eu consigo – ajeitou Bento em seu colo lhe mostrando que conseguia.
- Não duvido que consiga, mas não precisa – sorriu - eu vou com você... – Maria sorriu de volta meio sem jeito e deu de ombros como resposta.
E mais uma vez elas caminharam em silêncio, aquele silêncio perturbador cheio de coisas ditas mentalmente que não conseguiam sair em palavras.
- Onde eu deixo? – Éli perguntou ao subirem o degrau da varanda.
- Deixa ali naquela cadeira... – apontou com a cabeça ao ficar de frente para ela.
Éli deixou a sacola e encarou Maria que permanecia parada com Bento no colo.
- Você... – Maria começou, mas sorriu sem jeito antes de prosseguir – Você pode esperar eu por ele na cama? – Éli a analisou a frente por dois segundos e afirmou com a cabeça.
Éli se apoiou ao pilar da varanda, cruzou os braços e encarou a lua, muitas coisas estavam se passando em sua cabeça, não tinha como não estar com sua mente a mil.
Logo ela que não sentia algo há tanto tempo, logo ela tão certa que estava isenta de sentir aquelas coisas novamente. Era quase como um desafio consigo mesma, onde havia uma batalha interna entre provar a si que era capaz de resistir e provar que também poderia até mesmo trans*r com Maria Cataria ali naquele chão que nada ela sentiria.
Entre a disputa interna em sua mente ela mesmo deu um basta a tal guerra e decidiu que naquele momento e naquele estagio onde estava alcoolizada e chapada tudo que ela faria era deixar fluir.
Maria que há tempo não se sentia tão livre e tão ela, voltou a varanda com uma garrafa de vinho pela metade e duas canecas em mãos. Não havia pretensões ali, havia apenas o desejo se continuar se sentindo ela mesma, sem amarras, sem culpa...
Éli sentiu a outra se aproximar, se virou para ela e sorriu ao ver o vinho em sua mão.
- Previsível? – Maria perguntou ao entregar uma caneca a ela.
- Felizmente sim. – Sorriu de canto olhando em seus olhos
Elas brindaram se encarando, sorriram ao beberem o primeiro gole e sentaram no degrau da varanda, cada uma encostada a um pilar.
- Esse lugar é muito mais bonito do que eu imaginava. – Éli se referiu a fazenda, Maria sorriu – Eu juro que não é nem metade do que eu achava, mesmo você tendo me contado com detalhes – tomou um gole do vinho - não sei, talvez seja a energia de tudo aqui que faz eu me sentir tão... conectada...
- Ah... talvez não seja parecido porque tudo aqui mudou muito nos últimos vinte anos...
- Não... eu não tô falando da casa ou das mudanças construídas... tô falando do lago, das arvores, das montanhas, na piscina natural... da natureza em si... é tudo... muito mais perfeito do que eu poderia construir em minha mente...
Maria olhou na direção de dentro da casa, tomou um gole do vinho e voltou a olhar para Éli.
- Vem! – Levantou com sua caneca de vinho animada – A vista da outra varanda é muito melhor que essa aqui.
Éli levantou já seguindo-a que entrou em casa, passou pela sala, corredor, cozinha e saiu pela porta de trás. Maria olhou sorridente para ela, nitidamente feliz.
Com o breu da noite apenas as estrelas eram visíveis, mas mesmo assim ali ainda era melhor que a varanda da frente.
- Confesso que de dia é muito mais lindo – deu de ombros meio chateada - mas você consegue ver que as estrelas aqui são mais brilhantes pela falta de luz do vale... – Maria olhava para a escuridão a frente.
- Linda... – Éli praticamente sussurrou encarando Maria.
- Demais... – Maria a olhou animada e satisfeita pela outra ter gostado da vista. – Essa é uma das vistas que mais amo no mundo...
- É mesmo... – Éli sorriu de canto sem parar de lhe encarar e deu um passo na direção de Maria, fazendo-a sorrir e revirar os olhos de leve ao perceber o que estava a caminho de acontecer, poderia sim ter passado tempo demais, porém nem mesmo o tempo era capaz de apagar a lembrança nítida de Éli se aproximando pronta para lhe beijar, aquilo sim não tinha como Maria esquecer, se ela não recuasse ela seria beijada.
Fim do capítulo
E ai, gostaram?!
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kasvattaja Forty-Nine
Em: 28/08/2020
Olá! Tudo bem?
Como assim, ''...se ela não recuasse...''? Não brinca, não, Autora... Volta logo... Essa espera é angustiante!
Please!!!
É isso!
Post Scriptum:
ESPERANÇA
Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— Oh delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...
Mario Quintana
Xone
Em: 30/06/2020
Olá!
Pensava que nos tinha abandonado.... que bom que voltou.
Estou a adorar a sua historia.
Mas como é possível acabar o capítulo desta maneira? Volta logo quero saber mais!
Resposta do autor:
Eu não vou deixar vocês! Essa história tem muito o que contar ainda!!
Espero que goste do que tem por vir!!
Grata pelo seu tempo e pelo comentário.
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kasvattaja Forty-Nine
Em: 30/06/2020
Ola! Tudo bem?
Boa história até aqui. Se a cada demora você entregar um capítulo tão belo como esse, demore o tempo que quiser. E quanto às meninas, torcendo por todas e que nenhuma se machuque muito... Ou nem se machuquem, o que seria melhor.
É isso!
Resposta do autor:
Eu demorei por conta de alguns problemas que tive e que juntou com meu TCC, mas espero escrever mais e postar logo para vocês, estou animada com o que tenho em mente !!
Grata pelo seu tempo e pelo seu comentário.
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