FEVEREIRO

CAMILA POV

Nossa não aguento mais esperar, Dinah deve estar trans*ndo no carro no carro! Vou ligar pra ela apressa-la. -falo sozinha na porta do prédio de Simon.

- Dinah cadê você? Já estou na porta do prédio, não vou subir sozinha! – eu estava cansada de esperar, toda vez que saíamos, ela sempre se atrasava.

 - Nossa Mila! Sua empata foda. Já estou chegando! – ela fingiu estar brava.

- Não posso ficar marcando bobeira aqui Dinah, se o Shaw ou alguém descobre vai dar a maior merd*, você entende né. -falei com certo nervosismo.

- Desculpa to chegando mesmo. - ela parecia sentida.

 Dinah chega 10 minutos depois e já veio me dando um abraço carinhoso, tentando compensar pelo seu novo atraso.

- Quem é ele?- perguntei enquanto via o carro se distanciar.

- Aluno que estuda a noite. Falei que a festa só ia ter gay e ele não quis ficar. E outra, eu não levo comida em restaurante amor! – riu fazendo careta.

- Você disse que festa do arco íris? Eu não sabia! – disse ao entrar no elevador.

- Mila não te contei? Simon é gay, mora na cobertura com o namorado, babe! – ela riu e eu já fiquei mais tranquila se Shaw descobrisse.

Soltei um uau espantada assim que porta do elevador se abriu. De cara vimos um corredor amplo, a única porta no andar. Ela estava enfeitada com as cores do arco íris. No corredor havia duas esculturas de homens nus, denunciando o andar “colorido”.

Entramos no apartamento que era no estilo industrial, com uma classe que só os gays conseguem. Do lado direito dois sofás maravilhosos cor caramelo combinando com o estilo do local e também uma bela tv. Do outro dois barmen de gravata borboletas e sunga, tomavam conta do bar. Mais a frente também do lado direito quase como um comprimento da sala, uma varanda com alguns pufes. Luzes coloridas piscavam a todo instante na pista improvisada naquele local. Do lado esquerdo, outra varanda mais curta. Tudo muito organizado, quase tudo branco. A festa era pura ostentação. Assim que nos viu, Simon (de roupão e copo na mão) veio nos cumprimentar.

- Dinah meu amor, você veio! -estendeu a mão e puxou- a para um beijo no rosto. – E meu Deus quem é essa? – me olhou dos pés a cabeça.

- Simon, essa é a amiga que falei Camila, para os íntimos Mila. -apontou para mim. - Meu Deus garota! Se eu já não tivesse namorado, você estaria na minha mira. Dinah você é bonita, mas olha a bunda dessa garota. – ele ria. -Estou com inveja. -fiquei sem graça, enquanto ele me beijava as bochechas.

- Essa bunda é herança de sua terra natal Cuba. – Dinah apertou minha bunda.

 – Está explicado! – deu um leve tapa também. -Meninas o bar está ali, fiquem à vontade. –apontou.

- Gostei dele Dinah. -falei rindo indo em direção ao bar. – Vamos beber e dançar, fazer valer essa fuga. -esfreguei as mãos, ela riu.

O ambiente estava cheio de homens muitos bonitos, fazia calor nessa noite o que permitia alguns deles sem camisas. Aproveitamos os pufes que estavam esparramados e nos sentamos um pouco a festa ainda não tinha esquentado, estávamos nos guardando.

- Dinah me conte como você o conheceu mesmo? – mostrei Simon, que estava abraçado com um belo moreno musculoso, provavelmente o namorado.

- Ele faz administração a noite. Numa dessas reuniões no bar em frente à faculdade, eu acabei o conhecendo. Ele é ótimo. Vai herdar a empresa do pai, apesar desse jeito festeiro, é muito dedicado.

- Você parece que o admira?- tomei num gole só a tequila que restava em meu copo.

- Mila! Olha tudo isso. – mostrando a cobertura. – Ele tem muito dinheiro e nunca sequer se vangloria disso. Ele trata todos com educação e igualdade. Admiro mesmo esse “quase homem”. - gargalhou. – Você conheceria o povo que estuda a noite, se “aquele mala” de seu namorado não te brecasse. Ainda não acredito que você nunca foi à noite à faculdade, perdeu tanta coisa.

- Já te falei, é complicado, pelo menos agora, mas vamos mudar de assunto que não quero falar nele hoje, bora para pista dançar. – a puxei pela mão.

LAUREN POV

- Lucy! Vamos são 11 horas e você ainda não está pronta, Ally deve estar nos xingando lá embaixo. - eu já abria porta para sair.

- Estou indo Jau! – respondeu quase que grosseiro. - Você sabe que às vezes ela me irrita né, com seu jeito toda certinha. Que saco! – revirou os olhos

- Você cisma com ela hein! Depois vocês estão de boa. Vocês é que me irritam. – fui saindo.

Lucy e eu estamos juntas há 2 anos, somos o casal sensação da faculdade, eu nunca havia trans*do com outra mulher até conhecê-la. E nunca sequer dei atenção às pessoas que davam em cima de mim lá.  Ela foi à única que conseguiu me tirar do meu casulo de mulher fatal. Até me chamam de Lauren fucking Jauregui por conta disso. Mal sabem que não sou a mulher fatal que pensam, depois de uns acontecimentos, prefiro que nem me chamem assim. Lucy era a mulher linda à qual não resisti, mas ultimamente nosso relacionamento se alterna em bons e maus momentos, que acabo duvidando se ela é mesmo meu caminho. Mas ainda assim nos amamos, e fazemos tudo para nosso relacionamento dar certo. Dividimos um belo apartamento, que eu praticamente pago toda a despesa, antes ela até ajudava mais, porém com sua mãe internada em uma clínica psiquiátrica e só com um estágio, sua grana anda meio curta.

- Jau, vamos. -ela me puxou em direção ao taxi que nos esperava

- Desculpa a demora Allyzinha, Lucy está achando que está indo para um casamento– brinquei fazendo a garota rir.  - Mas amor você está linda! – fiz um carinho sem seu rosto.

E realmente estava, usava calça social preta de seda, frente única cor da pele. Meu Deus minha namorada era realmente muito linda, seus cabelos lisos até a cintura e seu rosto angelical me deixavam louca. Foi por isso que dei chances a ela. Também ao fato dela nunca ter se importado de eu ainda estar no armário para meus pais. Pena que o tempo estava desgastando nosso relacionamento. Hoje ela estava demasiadamente mal humorada, para quem ia numa festa tão badalada na casa de Simon.

 Demos o endereço ao motorista do uber e rumamos à grande cobertura que ficava no bairro mais caro de São Paulo.

-Ally, como você quebrou essa perna, você nem é desastrada. – Lucy perguntou meio que de um jeito debochado.

- Vai começar Vives? Você adora pegar no meu pé. – Ally virou-se para trás e fez cara de poucos amigos para Lucy.

- Parem as duas, senão eu largo vocês aqui e vou sozinha. - ri tentando tirar o clima.

- Jamais que você vai nessa festa sozinha Jau! – ela me deu um selinho.

 - Chegamos meninas! -Ally desceu do carro, apoiando em suas muletas. – Olhem lá em cima, as luzes e o barulho. Meu deus a festa deve estar bombando. – ela apontava para a cobertura.

- Esse Simon sabe dar uma festa! – falei enquanto olhava para as luzes. Senti um frio na barriga antes de entrar no elevador, uma sensação diferente de ansiedade.

CAMILA POV

Dançávamos e rebolávamos muito no ritmo do funk; o suor escorria por nossos corpos. Cubana de sangue quente e com toda bebida fazendo efeito, eu delirava e mostrava toda minha sexualidade ao som das músicas.

Eu rebolo até o chão, me esfrego nos meninos. Só fazia isso porque sabia que eles não ficariam excitados comigo. Não tenho coragem de me esfregar assim com quem não conheço.

Chamo Dinah de canto e saímos para pegar outra bebida. Enquanto preparavam nossa bebida, ficamos de frente para a porta de entrada. Quando a porta se abre, entra uma morena com cabelos encaracolados pretos quase até a cintura, corpo escultural, olhos extremamente verdes e marcantes, lábios carnudos. Fiquei sem ar. Ela usava calça social que marcava suas curvas, uma blusinha de alça com enorme decote na frente, fazendo seus seios quase saltarem. Soltei um puta que pariu quase inaudível, coloco a mão na boca, secando minha baba, pois eu podia jurar que havia babado vendo essa mulher.

Eu parecia ter levado um soco no estômago. Minhas mãos começaram a suar, as batidas de meu coração estavam descompassadas. Fiquei sem reação, coloco as mãos na nuca, tentando recuperar o fôlego. Quando sofro o segundo soco no estomago; atrás dela aparece outra mulher, muito bonita também. Ela deu a mão para “minha musa” e pude supor que era um casal.

Atrás dela Ally, amiga que fiz na faculdade, mas que por casualidades da vida, acabamos nos separamos.

Elas acenam em nossa direção e olho para Dinah que também acena e vai ao encontro delas, e logo volta para nos apresentar.

- Meninas, essa é minha amiga Camila, mais conhecida como Mila, ela estuda de manhã.

- Ally quanto tempo! Estava com saudade. – fui em direção a garota, evitando encarar a bela morena de olhos lindos e sua emburrada “namorada”.

Lucy com a maior cara de bunda estendeu a mão e me cumprimentou com secura.

Em seguida com a cabeça baixa, eu estendi a mão para dona dos mais belos olhos que já vi.

- Oi prazer Camila. - lentamente fui erguendo a cabeça e meus olhos pararam nos dela, que me encararam semi cerrados. Ela sorriu e senti o terceiro soco no estomago. Que sorriso maravilhoso ela tinha! Mordo os lábios, tentando não demonstrar o mar de emoções que me invade. Respiro fundo para me recuperar dos inúmeros “golpes” que recebi essa noite.

Eu nunca havia me sentido assim na vida, estava trêmula, coração aos pulos.

- Lauren Jauregui, tudo bem? – exibiu simpatia.

Não consegui responder, apenas sorri e a cumprimentei com a cabeça, tive medo da minha fala sair desconexa.

- Ally o que aconteceu? - precisei sair do transe em que me encontrava, e disfarçar minha cara de boba. Enquanto elas se viraram para conversar com Dinah.

- Ah sou desastrada você sabe, cai em casa, nada sério. Só vim hoje porque elas ficaram me enchendo. – deu um tapa na avantajada bunda de Lauren.

– E você? Como andam as coisas com Shaw? – ela me perguntava e eu disfarçava para olhar Lauren.

- Na mesma, somos bom um para o outro, isso é importante. Mas ele não sabe que estou aqui então sem fotos, por favor. – demonstrava certa preocupação.

- Camila eu preciso sentar, ficar com essas muletas é horrível. – fez cara de dor, enquanto chamava Lauren e Lucy para irem sentar.

Assim que elas saem Dinah que não é boba veio me questionar.

 - Que cara é essa? Você está vermelha e ofegante, estava correndo? –ela ri.

- Jura! Dá pra notar? Que merd*. - praguejo.

- Toma um gole. -colocou o copo em minha mão. –Me conta.

Tomei a bebida num shot só, pigarreei sentindo minha garganta queimar e abanei-me por uns segundos.

-Dinah, aquela mulher é linda, puta que pariu! – procuro com os olhos Lauren na pista.

-De quem você está falando? –acompanha meu olhar. – Tá falando da Lauren ou de Lucy.

- Da Lauren!  Me tirou o folego. -coloquei a mão na boca com a maior cara de espanto.

-Olha, quem está querendo voltar ao mundo das lésbicas- ergueu as sobrancelhas.

– Mas não quero te desanimar, elas são o casal perfeito! A Lauren também faz educação física assim como nós meu amor, só que a noite.  A Lucy faz administração. Você nunca as viu, porque nesses anos de faculdade estava namorando e não participou das festas. São conhecidíssimas lá, referem-se á elas como: A Lauren da Lucy e a Lucy da Lauren. Sinto muito amiga, alvo errado e além do mais você tem um riquíssimo namorado – franziu a testa.

- De certo que eu ligo para o dinheiro dele! – pedi outro copo de bebida ao barman.

- Eu sei que não, por isso e falo, só para te irritar. – colocou os braços sobre meu ombro.

- Quer dizer que ela esteve lá todo esse tempo, e agora que estou no ultimo ano venho a conhecê-la, sou muito azarada mesmo. -eu ri ainda a olhando de longe.

- Amiga de boa, eu não gosto muito da Lucy, quer dizer, até gosto, preferia ver Lauren com outra pessoa, mas, ela nunca deu bola para ninguém lá dentro. Todos a chamam de Lauren Fucking Jauregui.

- Deve ser Fucking mesmo, olha aquela carinha, sexy, mas ainda parece um anjo. – bufei.

- Já foi mais, hoje parece que a Lucy a doma. Gostava mais dela antes. Não sei o que aconteceu. –Dinah fitava Lucy.

Passo as mãos em meus cabelos e suspiro olhando para Lauren.

- Dinah bora dançar, porque é o que tem para hoje. -resolvo momentaneamente esquecê-la e lembrar que ainda namoro. –a puxei para a pista de dança.

 Pego Simon e seu namorado pela mão e deixo meu lado latino sair me esfrego neles fazendo um sanduíche, rebolo, seguro meus cabelos, faço caras e bocas. Dinah se aproxima, chega a meu ouvido e rindo me chama de filha da puta, dizendo que sabe o que estou fazendo.

Eu rio junto a seguro pela cintura, fazendo-a rebol*r comigo. Após algumas músicas e muito rebol*do, vejo Lauren e sua namorada, vindo para pista de dança. Elas estavam na minha frente, mas à certa distancia. Lauren de frente para mim abraçava e curtia sua namorada.

Lucy saiu por uns instantes, e Lauren voltou para o lado de Ally, ficando de frente para a pista, ou melhor, para mim. Meu lado abusado aumentou devido às bebidas.  A encarei sem vergonha nenhuma, enquanto rebol*va com as mãos em meus cabelos, mordia meus lábios, nossos olhares se cruzaram. Quase perdi o rebol*do com a luxúria que senti em seu olhar. Ela tomou sua bebida sem tirar os olhos de mim. Por Deus que vontade de rebol*r no colo dessa mulher. Que atração era essa que sentia assim tão repentinamente, imaginava essa mulher me beijando, meu corpo desejou estar com ela. Soltei um pequeno sorriso malicioso, vi Ally tocar em seu braço, fazendo-a quase engasgar com a bebida. Lucy voltou e eu preferi sair da vista delas.

Esqueci-me de tudo nessa noite, de Shaw, problemas com minha família eu só queria me sentir viva. Dancei e bebi sem moderação, rebolei, mas não traí, não fisicamente, porque mentalmente eu já havia o traído com Lauren a noite inteira.

Fim do capítulo