Quinn entrou em seu carro e respirou fundo ainda sem acreditar no que tinha acabado de acontecer. Ela realmente havia seguido Sophie até a academia e a agarrado daquela forma? Não era um sonho?

Sorriu bobamente e ficou alguns segundos ainda elétrica com o acontecimento. Aproveitando o sentimento de leveza, dirigiu até a casa de Kevin e sua mãe a recebeu sorridente.

– Quinn! – falou surpresa – Quanto tempo!

– Tudo bem, senhora Benson? – cumprimentou sorridente.

– Melhor agora! – falou abraçando-a com carinho – Vem, entra! Kevin está lá em cima.

Quinn seguiu o caminho até o quarto dele que conhecia tão bem e não pode deixar de lembrar de sua infância dentro daquela casa.

– O que você está fazendo aqui? Está tudo bem? – assustou-se Kevin quando abriu a porta de seu quarto para a amiga.

– Eu fiz sex* com a Sophie! – ela falou rápido, não conseguindo mais se conter, deixando um sorriso despontar dos lábios.

O queixo de Kevin caiu e ele levantou-se da cadeira que estava em choque.

– Meu Deus! – quase gritou – Me conta tudo!

Quinn narrou rapidamente como haviam se provocado no vestiário e como não se aguentou e correu atrás dela na academia. Ainda estava elétrica e narrou andando de um lado para o outro do quarto, enquanto o amigo, sentado em uma cadeira, estava estático.

– Aí eu simplesmente empurrei ela na parede e quando percebi já estava pedindo para ela tirar a roupa!

– Não acredito! – falou ainda em choque – E como foi?

Nesse momento Quinn respirou fundo e se sentou na cama.

– Foi maravilhoso! – suspirou – Perfeito! Eu nunca senti nada igual! Com Matt o sex* era tão entediante, tão ruim... – então com um sorriso bobo revivendo a tarde em sua mente – Com a Sophie foi tão gostoso! Quando ela me ch*pou eu achei que ia desfalecer...

– Muita informação! – interrompeu Kevin e Quinn riu.

– Ela é maravilhosa! – falou sentindo-se arrepiar com a lembrança.

– E você acha que ela gostou também?

– Ah, ela gostou! – sorriu convencida – Dava para ver claramente quando eu estava rebol*ndo em cima...

– Muita informação de novo! – interrompeu novamente.

– Desculpa! – ela riu – Eu ainda estou nas nuvens!

– E o que aconteceu depois? O que você falou para ela? – perguntou ansioso.

Quinn olhou para ele com uma feição culpada.

– Eu fugi! – e então narrou como impediu Sophie de falar e saiu sem dizer nada.

– Eu não acredito, Quinn! Era a sua chance! Você devia ter se declarado! Por que você não falou nada?

– Eu fiquei com medo! – admitiu.

– Medo do que? Vocês dormiram juntas! E você mesma falou que tem certeza que ela também gostou!

– Ela gostou do sex*! Ela me deseja, claro. Mas e daí? Muitos me desejam – e então jogando seu corpo para trás, deitou na cama e olhando para o teto completou vulnerável – Eu quero que ela me ame.

Kevin levantou-se da cadeira e deitou em sua cama ao lado da amiga. Os dois ficaram em silêncio por alguns minutos e Quinn ficou observando as pequenas estrelas florescentes no teto do quarto. Elas estavam lá desde eles que eram crianças. Sorriu ao perceber que praticamente nada naquele quarto estava diferente daquela época. E ali, com Kevin ao seu lado, ela se perguntou o quanto eles haviam mudado. Quanto ainda restava daquelas crianças que brincavam de desfilar em cima daquela mesma cama?

– Eu não quero apenas que ela se sinta atraída por mim, Kevin. Eu quero que ela me olhe daquele jeito apaixonado como olhava para a Claire.

Kevin ia responder a amiga, mas foi interrompido pelo som de seu celular.

– É a Sophie! – anunciou.

– Atende – falou Quinn nervosa – E coloca no viva voz!

– Eu não sei se me sinto confortável com isso – falou incerto.

– Você vai me contar tudo que ela falar mesmo! – insistiu – Vamos lá! Atende!

Ele acabou concordando e os dois se viraram na cama um de frente para o outro, apoiados pelo cotovelo.

– Você não vai acreditar no que aconteceu! – disse Sophie do outro lado da linha.

– O que? Está tudo bem? – disfarçou.

– A Quinn acabou de me agarrar na academia da escola!

– O que? – fingiu e os dois precisaram segurar a risada – Ela te agarrou do nada?

– Bom... na verdade eu provoquei ela antes – disse e narrou rapidamente o incidente do vestiário – Eu sabia que ela ia me beijar, mas aquela fofoqueira da Leslie interrompeu na hora! Eu fui treinar, dei umas voltas no campo para aquecer e fui para academia. Aí do nada ela entra, tranca a porta, me joga contra a parede e bom...

– O que? Me conta! – insistiu Kevin.

– A gente fez sex*!

– Não acredito! – fingiu novamente e precisou colocar as mãos na boca para o som da risada não sair. Quinn deu-lhe um pequeno tapinha para que ele focasse.

– Nem eu!

– E como foi? Você gostou? – perguntou e percebeu a feição tensa de Quinn com a resposta.

– Foi incrível! Com certeza o melhor sex* da minha vida!

Quinn não conseguiu deixar de abrir um enorme sorriso bobo.

– Ela é tão gostosa! Eu ainda estou sentindo o gosto dela na minha boca...

– Muita informação! – interrompeu Kevin.

– Foi uma loucura! – falou Sophie ainda desacreditada – Eu nem sei o que pensar...

– E o que aconteceu depois? – repetiu a mesma pergunta que fizera para a amiga minutos antes.

– Ela levantou, começou a se vestir e eu fiquei toda abobalhada sem saber o que dizer... Ela saiu e eu tentei ir atrás, mas quando consegui me vestir ela já tinha sumido!

– E o que você ia falar para ela?

– Eu não sei... Eu só queria entender! Primeiro ela me beija e agora isso... O que está acontecendo?

– Você já pensou que ela pode estar gostando de você? – ele falou e levou um tapa de Quinn.

– A Rainha de Gelo gostar de mim? – perguntou Sophie sem levar à sério – Claro, que óbvio, por isso que ela fica implicando comigo todo dia – disse irônica e ao ouvir isso, Quinn colocou a mão na testa se culpando.

– Eu não acho que seja um pensamento absurdo! Acho possível – ele insistiu – Você devia tentar conversar com ela!

– Eu tentei falar com ela depois do dia que ela me beijou e foi horrível! Ela olhou para mim como se eu fosse nada e nem se deu ao trabalho de negar ou fingir. Simplesmente me ignorou completamente como se eu nem fosse relevante o suficiente para ela me dar um fora – lembrou Sophie e Quinn sentiu-se tão idiota que pegou um dos travesseiros e colocou sobre o rosto.

– Mas se você não fosse relevante ela não teria te agarrado hoje! Por que você acha que ela fez isso?

– Sei lá... desejo, curiosidade... Eu já passei por algo assim antes...

Sophie não conseguiu evitar de pensar em Kara. Ela definitivamente não queria passar por uma situação daquelas novamente.

– Vamos pensar em uma suposição – falou retirando o travesseiro do rosto da amiga – E se ela gostar mesmo de você? O que você acharia disso?

Quinn arregalou os olhos e sentiu que o coração iria sair de si. O segundo que Sophie demorou a responder parecia infinito.

– Eu não sei... – falou sincera – Eu estou muito confusa!

– Você acha que gosta dela? – ele perguntou.

– Eu não posso pensar nisso, Kevin – falou tentando afastar esses pensamentos – Não quero me machucar de novo me apaixonando por uma menina hétero que nunca vai ficar comigo de verdade! Lá em Philly eu fiquei super a fim de uma menina que tinha namorado e ficava me usando. Eu não quero entrar nessa de novo!

Quinn cutucou Kevin e sussurrou para que ele perguntasse sobre Claire.

– Você ainda está apaixonada pela Claire? – perguntou e ouviu Sophie suspirar do outro lado da linha.

– Acho que não... Eu ainda acho ela linda – falou e Quinn revirou os olhos – Mas ela gosta mesmo do Fred e os dois estão bem juntos... Eu nunca tive chance.

– Então talvez você devesse dar uma chance para Quinn... Ela pode te surpreender. Tenta conversar com ela.

– Não – falou Sophie com certeza – Eu já tentei e foi horrível! Não vou fazer isso de novo. Se ela quiser, ela fala comigo... – e então suspirando – Mas ela não vai fazer isso... Ela vai fingir que nada aconteceu e ignorar tudo de novo – ficaram em silêncio por um segundo antes de Sophie declarar – Eu tenho que ir, meu pai acabou de chegar e vamos assistir algumas fitas de treino.

Despediram-se.

– Ela não disse que não gosta de você – falou Kevin tentando animar a amiga.

– Mas ela não disse que gosta! – Quinn rebateu.

– Hora do jantar, crianças – anunciou a mãe de Kevin entrando no quarto – Quinn, você vai comer com a gente! Fiz o seu prato preferido!

– Obrigada, senhora Benson, não precisava – disse Quinn sorrindo.

– Eu estava com saudades de ter você conosco!

– Eu também – disse feliz.

Os três desceram e enquanto Quinn caminhava pela casa, tentava ver tudo que havia mudado nos anos que ficara ausente.

Sentiu o cheio do macarrão ao forno e sua memória afetiva a levou de volta a infância quando Judy Benson sempre cozinhava para ela. A mãe de Quinn não a deixava comer carboidratos ou doces para que não engordasse e Judy sempre aproveitava quando Quinn estava lá para lhe agradar o estômago.

– Que saudade da sua comida! – ela falou assim que deu a primeira garfada – Está uma delícia!

– Fico feliz que não tenha perdido o jeito. Não faço esse prato há anos! Vou separar um pouco para você levar!

Ela sempre insistia para a menina levar sobras para casa e Quinn quase nunca aceitava com medo que a mãe descobrisse. Uma vez quando tinha 6 anos chegou em casa com a boca ainda um pouco suja de chocolate e a mãe lhe puniu deixando-a 24 inteiras sem nada além de água.

Ate aquela lembrança ruim a fez sorrir naquele momento, porque sabia que sempre tivera um lar na casa dos Benson.

– A louça é de vocês! - anunciou Judy quando terminaram.

Ela cozinhava e eles limpavam, nada mais justo.

Quinn mais uma vez foi remetida a infância naquela casa quando ela e Kevin começaram brincar de se molharem enquanto lavavam os pratos e as panelas.

– Está ficando tarde, eu tenho que ir - anunciou quando terminaram a limpeza, mas rapidamente foi interrompida pelo amigo.

– Você devia ficar! Dorme aqui! Como nos velhos tempos!

Quinn não iria recusar. Ela nunca recusava. Desde pequena sempre gostou mais de dormir na casa de Kevin do que na própria. Quando era criança gostava de fingir que eram irmãos e que a mãe dele também era a sua. Ficava horas perdida em sua mente imaginando milhares de cenários no qual mudava de família. Depois passava várias outras horas sentindo-se culpada.

Kevin lhe emprestou uma roupa de dormir e enquanto tomava banho antes de deitar, lembrou novamente de Sophie. Se fechasse os olhos ainda podia sentir na própria pele o seu toque.

Quando retornou para o quarto, Kevin já estava deitado e ela se colocou ao seu lado. Dividiram aquela cama tantas e tantas noites antes, mas naquele dia parecia especial. Quinn achava que nunca mais teria aquela relação depois que ele se afastara e estar ali com sua família do coração novamente era mais que um sonho.

– Eu senti muita falta disso! - admitiu Quinn emocionada

– Eu também! A vida não era a mesma sem a minha melhor amiga!

Quinn não pode deixar de sorrir.

– Achei que tivesse me trocado pela Sophie - brincou.

– Nunca! - riu Kevin e depois sério - Ninguém pode te substituir!

– Você é a pessoa mais importante da minha vida! - ela disse emocionada, deixando algumas lágrimas escaparem.

– Nada de me trocar pela Sophie você também quando se casarem! - brincou e Quinn tornou a rir.

– Ate parece! - e então culpando-se - Eu sou tão idiota... Ela nunca vai amar!

Kevin olhou no fundo os olhos de Quinn antes de falar.

– Eu acho que você devia dar uma chance para Sophie te conhecer de verdade! Tudo que ela vê é a Rainha de Gelo.

Quinn respirou fundo e olhou para o teto pensativa antes de responder.

– Às vezes fico me perguntando se essa não é a pessoa que eu sou agora. Fiquei tanto tempo me fechando de tudo e de todos. E se eu me tornei mesmo a Rainha de Gelo? E se eu me tornei mesmo essa pessoa malvada que todos têm medo?

– Você não é malvada! - e então brincou - Insensível? Talvez...

Quinn riu e virou-se para Kevin, que voltou a falar sério.

– Malvada nunca! Você só precisa parar de fingir ser a pessoa que a sua mãe quer que você seja e deixar todo mundo ver quem você realmente é! Você é uma pessoa incrível! Deixa a Sophie ver isso! Eu tenho certeza que ela vai gostar de você quando te conhecer de verdade!

Quinn nem tentou evitar as pequenas lágrimas de descerem. Ela não precisava fingir perto de Kevin. Não precisava se segurar ou construir barreiras. Podia simplesmente ser a Quinn sem temer.
Ela aconchegou-se nos braços do amigo em paz. E antes de fechar os olhos para dormir, sentiu-se incrivelmente grata.

– Obrigada, Kevin!

– Pelo que?

– Por me amar incondicionalmente!

Apertando o abraço, Kevin respondeu também em paz. Finalmente.

– Sempre!

Fim do capítulo