Florença por lorenamezza
Capitulo 12 O PEDIDO
Logo que Giane e Marina chegaram em casa, seus pais vieram
recebê-los com muita festa. Todos abraçaram muito Giane,
a casa estava lotada como sempre. Marina foi tomar banho
totalmente intrigada.
Durante o jantar, estavam todos festivos, falantes como
sempre, porém Marina não estava tão animada. De repente,
Giane se levantou:
— Marina, com você eu encontrei a felicidade, você é meu
porto seguro. Nos meus melhores e piores dias, você sempre
esteve comigo, você era o braço que me salvava. Eu não consigo
imaginar minha vida sem você. Por isso, senhor Gustavo
e senhora Sophia, eu queria pedir a mão de sua filha em casamento
— disse emocionado o quase noivo.
Na verdade, todos já sabiam que ele a pediria em casamento,
apenas oficializou o pedido. Todos fizeram festa, já começaram
a abraçar Marina e Giane, que rapidamente colocou a
aliança no dedo de Marina, que por sua vez, nem conseguiu
responder.
Neste momento, o celular de Marina mostrou uma mensagem:
“Parabéns, felicidades aos noivos. Lorena”. Marina se desesperou,
mas não quis deixar transparecer e passou o resto da
noite em silêncio.
Após a festividade, eles foram se deitar. Novamente, como
em um ato mecânico, fizeram amor. A cabeça de Marina estava
a mil, o sentimento por Lorena seria verdadeiro ou apenas
uma fase? Seria melhor aceitar o pedido e viver uma vida que
parecia mais coerente? Ela sabia que teria de tomar uma decisão,
será que teria coragem de assumir ser gay? E como terminar
com Giane? Ele sofreria, sua família também e não entenderia
jamais trocá-lo por uma mulher. O desespero tomava
conta de seus pensamentos. Entregue ao cansaço e ao choro silencioso,
ela dormiu.
Nos dias que se sucederam, Francesca ficou mais próxima
de Lorena para tentar ajudá-la a superar o acontecido.
A loja andava de vento em popa, estava dando bastante trabalho
e, por conta disso, Lorena saía pouco. Queria juntar um
dinheiro rápido e quitar logo a dívida com Giane, livrar-se de
tudo que a ligava à Marina, pois a mesma não aparecia desde o
dia do noivado.
Depois do pedido de casamento, Marina mudou da água
para o vinho, vivia calada pela casa, sua vida era trabalhar e
estudar. Já não tentava mais falar com Lorena. Também, falar
o quê, se a única forma de ficarem juntas seria terminar com
Giane? E ela nem sabia o que queria.
Setembro chegara e trazia consigo a festa de Rificolona, uma
celebração a respeito de devotos provenientes do campo e das
montanhas ao redor de Florença que percorriam quilômetros
a pé em direção à basílica Santissima Annunziata para vigiar a
noite que precede o nascimento de Maria, dia oito de setembro.
Para iluminar o caminho, carregavam lanternas penduradas
em varas. Embora seja uma festa religiosa, sua origem tem
uma explicação pouco católica. Os peregrinos levavam consigo
mercadorias para vender na cidade e a Piazza della Santissima
Annunziata virava uma verdadeira feira livre. Na realidade, os
camponeses viajavam de véspera para garantir um bom lugar
na praça. Os jovens da cidade florentina, por sua vez, zoavam
essas pessoas simples e deselegantes com musiquinhas que falavam
da fieruculone, uma contração jocosa das palavras fierucula
(feirinha) e culone (bundão), referindo-se às camponesas
com formas corporais abundantes. A brincadeira evoluiu e começaram a fazer lanternas de papel com o formato de fieruculone.
O termo também sofreu variações com o passar do tempo
até chegar à palavra rificolona, empregada nos dias atuais
para se referir às lanternas confeccionadas para a festa, bem
como, de modo pejorativo, a mulheres consideradas pouco refinadas
na maneira de se vestir ou maquilar.
Lorena sempre participava da festa, fazia sua própria lanterna
e saía pelas ruas de Florença em peregrinação. Este ano,
porém, ela não estava animada. Mas iria à Via dei Servi para
ver a multidão. Já Marina acompanhava sua família tradicionalmente
todos os anos, carregavam lanternas e participavam
animados.
Lorena foi acompanhada pela amiga Francesca e ficaram
vendo a multidão em uma das ruas perto do Duomo, as luzes
das lanternas deixavam tudo lindo ao redor. De repente,
no meio da massa, Lorena avistou Marina. Vestia calça branca,
bata preta, cabelos soltos, os olhos tristes. A visão de Marina cabisbaixa
deixou Lorena preocupada.
Lorena a acompanhou com os olhos, mas Marina não a viu.
A vontade de ir falar com ela era grande, mas não sabia com
seria recebida.
Marina não estava feliz com o noivado, já sabia que não
queria ficar com Giane, porém não sabia se queria Lorena,
nunca mais a vira, pensava se a encontraria na festa tradicional
da cidade.
Quando a procissão chegou à praça Santissima Annunziata,
Lorena ficou a certa distância de Marina e avisou a Francesca que iria falar com ela. Francesca não gostou da ideia, mas não
podia evitar.
Lorena encostou no braço de Marina em um gesto de cumprimento,
Marina se assustou, mas ficou feliz ao vê-la:
— Lorena, você! Que bom te ver! — a recebeu com um
belo sorriso e se abraçaram.
Fim do capítulo
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