Florença por lorenamezza
Capitulo 2 A PRIMEIRA CONVERSA
Lorena ficou extremamente sem jeito, pois não conseguia
disfarçar que se sentia atraída por Marina e temia que ela percebesse.
Despediu-se de Giane, que seguiu rumo à Piazza del
Campo, enquanto elas seguiram em direção à saída da cidade,
onde os ônibus estacionavam. O carro de Lorena também estava
estacionado próximo. A viagem duraria um pouco mais
de trinta minutos. Os campos de girassóis deixavam a viagem ficasse estranho entre elas.
— Faz o que de bom, Marina? — perguntou sorrindo, para
quebrar o gelo. — Você disse que dá aula...
— Eu trabalho em um escritório de advocacia, eu sei, nada
a ver com a minha formação. Mas é um quebra-galho, sou formada
em História da Arte, faço pós-graduação nessa área também
e, às vezes, dou aula para estrangeiros.
— Que legal, gosto de arte também, mas não tanto quanto
você, tenho certeza. O mais próximo que cheguei de arte foi
arranhar o violão do meu pai, mas não toco bem, não — Lorena
riu.
— Seu pai toca?
— Tocava, ele morreu há alguns anos, mas eu guardo o seu
violão, era especial para ele, foi autografado por Pino Daniele.
Meu pai era muito fã.
— Desculpe, Lorena.
— Sem problemas.
Marina estava sentada no carro meio que de frente para Lorena
e ficava medindo-a. Lorena percebeu e procurava não encará-
la muito, sentia-se muito atraída por ela.
— Eu toco violão, Lorena, a música me relaxa.
— E Giane, como o conheceu?
— No escritório, seu advogado é de lá. Giane tem obras
pela Toscana, é engenheiro civil. Herdou um bom dinheiro depois
da morte de seu pai e é com esse dinheiro que ele ajuda
comerciantes como você. Ele não empresta para todo mundo,
faz o que fez com você, encontra-se com a pessoa e ela tem que mostrar que o dinheiro será bem empregado e que ele terá retorno
certo. É uma boa coisa para ambos. E você tem lábia, ganhou
ele rapidinho! — riu.
Toda vez que ela falava, olhava firme para Lorena, medindo-
a dos pés à cabeça. Lorena gelava e desviava o olhar para
não dar bandeira. Marina, por vezes, mordia os lábios suavemente
quando terminava alguma fala. Era extremamente sexy,
o que deixava Lorena respirando fundo.
— E há quanto tempo vocês estão juntos?
— Estamos juntos há cinco anos, ele quer casar, mas isso
ainda não está nos meus planos. E você? Conte algo que ainda
não sei, porque do seu trabalho já sei um pouco — Marina
mordeu os lábios novamente.
— Me formei em administração, sou representante comercial,
vendo alguns produtos em supermercados, algumas compotas
minhas também. Mas logo pedirei demissão para me
concentrar na minha loja.
— Como surgiu a ideia das compotas?
— Tenho uma boa propriedade com um bom pomar, não
queria deixar as frutas se perderem, aí comecei a fazer para
mim. Quando consegui vender algumas, vi que poderia ser
um bom negócio.
— E o coração? Ele tem alguém? — disse fitando Lorena fixamente.
— Bom, eu tinha um relacionamento de seis anos, fui
traída e estou só há dois anos, comprometida apenas com o
trabalho.
Lorena pensava se deveria dizer que era lésbica, isso talvez
pudesse assustá-la. Ao mesmo tempo, Marina parecia estar
olhando demais para Lorena, o que deixava certo ar de curiosidade
entre as duas.
A conversa foi muito boa, elas nem viram o tempo passar,
tamanho o entrosamento. Parecia que se conheciam há anos.
— Lorena, por favor, deixe-me na estação.
— Não quer que eu a leve em casa? Não me custa nada.
— Não precisa, moro ali perto. Adorei te conhecer, poderíamos
nos ver mais vezes, Giane fica fora a semana toda e eu não
sou muito de sair, quem sabe saímos juntas? Que tal? Quer dizer,
se você quiser claro — deu uma piscadinha.
— Tá bom, quero sim, anota aí meu telefone e marcamos
de nos ver, adorei te conhecer também.
Marina agradeceu com um leve beijo no rosto de Lorena e
desceu na estação Santa Maria Novella. Seguiu sentido Via Santa
Caterina D’Alessandria e logo sumiu no meio da multidão,
que se aglomerava perto do ponto de ônibus.
Fim do capítulo
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