• Home
  • Recentes
  • Finalizadas
  • Cadastro
  • Publicar história
Logo
Login
Cadastrar
  • Home
  • Histórias
    • Recentes
    • Finalizadas
    • Top Listas - Rankings
    • Desafios
    • Degustações
  • Comunidade
    • Autores
    • Membros
  • Promoções
  • Sobre o Lettera
    • Regras do site
    • Ajuda
    • Quem Somos
    • Revista Léssica
    • Wallpapers
    • Notícias
  • Como doar
  • Loja
  • Livros
  • Finalizadas
  • Contato
  • Home
  • Histórias
  • As rosas e os seus espinhos
  • Parte III

Info

Membros ativos: 9502
Membros inativos: 1631
Histórias: 1948
Capítulos: 20,235
Palavras: 51,302,523
Autores: 775
Comentários: 106,291
Comentaristas: 2559
Membro recente: jazzjess

Saiba como ajudar o Lettera

Ajude o Lettera

Notícias

  • 10 anos de Lettera
    Em 15/09/2025
  • Livro 2121 já à venda
    Em 30/07/2025

Categorias

  • Romances (849)
  • Contos (476)
  • Poemas (232)
  • Cronicas (224)
  • Desafios (183)
  • Degustações (30)
  • Natal (7)
  • Resenhas (1)

Recentes

  • RECOMEÇAR
    RECOMEÇAR
    Por EriOli
  • Horrores, delirios e delicias
    Horrores, delirios e delicias
    Por caribu

Redes Sociais

  • Página do Lettera

  • Grupo do Lettera

  • Site Schwinden

Finalizadas

  • Alem do olhar
    Alem do olhar
    Por CameliaA
  • As escolhas de Helena
    As escolhas de Helena
    Por escolhasdehelena

Saiba como ajudar o Lettera

Ajude o Lettera

Categorias

  • Romances (849)
  • Contos (476)
  • Poemas (232)
  • Cronicas (224)
  • Desafios (183)
  • Degustações (30)
  • Natal (7)
  • Resenhas (1)

As rosas e os seus espinhos por lelepontotxt

Ver comentários: 3

Ver lista de capítulos

Palavras: 1976
Acessos: 1018   |  Postado em: 16/06/2020

Parte III

Parte três: flor

 

 

 

Coimbra, Portugal — 18 de Agosto de 1899

 

 

 

— Há algumas horas atrás, a Srta. Elisabete Lopes, a rapariga dos Lopes... — A primeira voz, feminina, era forte e incisiva. Soava indignada e, visando a distância a qual Elis se encontrava daquele burburinho, ela devia estar bem alta. 

 

— Os Lopes que estão no Brasil? — A segunda, masculina, era frágil e medrosa mas, ainda assim, também parecia um tanto estressada. 

 

— Quais outros seriam, criatura estúpida? — Elis escutou uma gargalhada infame. Não soube identificar de qual voz ela vinha. Talvez de ambas...

 

— Então tu estás falando da garota da faculdade. Aquela esquisita, que usa roupas de homem, não é? 

 

Elis revirou os olhos.

 

— A própria. E como se não bastasse usar roupas de homem... a flagrei fazendo obscenidades na cama! Com uma mulher! 

 

O coração de Elis foi a mil por hora.

 

— Inferno! — a primeira voz continuou a dizer — Nunca vi nada tão... grotesco... e nojento! Como eu gostaria de ter provas o suficiente para expô-la para o diretor. Ela tem sorte de ter sido aceita numa universidade tão renomada! 

 

— Ora, Mercedes! És uma medrosa, é o que és. Se eu fosse tu, já teria contado àquele diretor há tempos sobre essa menina esquisita... uma jovem mulher, de calças, sem casório! 

 

Elis não conseguia ouvir mais nada. Estava com a sua cabeça girando, os olhos cheios de lágrimas, as mãos suadas. De trás do muro, não conseguia ver os rostos que diziam tais coisas, mas sabia perfeitamente que as vozes pertenciam à Mercedes Fernandes, sua vizinha e proprietária da mercearia, e ao marido da mesma, e que eles poderiam fazer de tudo para destruir a sua reputação dentro da Universidade.

 

As pessoas pareciam tentadas a acabar com a reputação de Elis, na realidade. Era algo bem comum. Ela já imaginava que causaria alguns atritos, mas estava fugindo do seu controle. 

 

Colocou o seu casaco, o capuz e se distanciou do muro da mercearia. Tirou um cigarro e um isqueiro do bolso. O acendeu, tentando conter as lagrimas, que teimavam em cair em cascatas. Não queria voltar para casa, não naquele estado. 

 

Estava devastada.

 

 

 

— Acho que, de todas as coisas que eu já fiz na vida, nada se equipara à sua coragem — Héloïse murmurou.

 

Ainda estavam sentadas na cama. A mais jovem alisou suas calças que, apesar de compridas, haviam se ajustado muito bem no seu corpo enxuto. O tecido a encobria de uma maneira nova e ela gostava. Ali, dentro da casa de Elis, ela estava protegida. Mas usar calças na rua, como fazia aquela mulher tão misteriosa e vivida, exigia uma coragem que ela ainda não tinha certeza se a pertencia por completo. 

 

— Besteira — Elis respondeu no mesmo tom sussurrado — Coragem vai muito além disso. Eu fui obrigada a ter coragem, isso é um fato, mas... tenho certeza que você é uma mulher de muita coragem.

 

Héloïse riu, abaixando a cabeça. 

 

— O que foi? — De uma maneira sutil, Elis deu um jeito de ficar frente a frente com Héloïse. Vendo uma brecha, quis segurar a mão da outra, e então o fez. Héloïse não recusou o toque. Virou a mão e permitiu que elas segurassem a mão uma da outra, como num gesto de apoio mútuo. Elis sentiu-se completa. 

 

— Eu não sei — Héloïse desabou. A voz, antes firme, vacilou. Parecia tentar segurar a enxurrada de lágrimas, mas suas bochechas logo se umedeceram. Disfarçou tudo com um de seus belos sorrisos. — As pessoas nunca me consideraram corajosa. Eu sempre sou... uma mulher frágil e delicada, como a minha mãe, que é bela, mas intocável. Um cristal. Não estou acostumada a ver mulheres inspirarem coragem, pois nunca me incentivaram a querer ser corajosa. Enquanto meu irmão era encorajado a usar espadas de brinquedo, me davam bonecas de pano. Eu tenho que ser afável, doce, sorridente...

 

— Héloïse — Elis a interrompeu, sentida por aquele discurso. Céus, como ela queria tocar aquele rosto pequeno e limpar-lhe as lágrimas... — Você é uma mulher forte. Cientista, apaixonada pela Física. Inteligente. Agora mesmo disse-me que desejaria estar em Paris, fazendo faculdade. Pergunte a qualquer homem da nossa idade: ele quer estar nos cabarés, nos clubes noturnos, bebendo e fumando e morrendo com prostitutas no colo. Isso é ter coragem?

 

— Definitivamente não. 

 

— Pois então — a voz de Elis gradativamente mudava, tomando aquele tom empolgado e solene — Você talvez case-se um dia, tenha filhos, mas, no fim, terá valido à pena abdicar da sua felicidade para fazer aquilo que esperam de você?

 

— Não é tão simples assim...

 

— Eu sei — Elis apertou com força a mão de Héloïse, que era fria e tinha dedos longos, finos e angulados. O choque de temperatura de ambas as mãos fez com que um arrepio acometesse os dois corpos. Os pelos do pescoço de Elis se levantaram. — Todos os dias, quando eu acordo, eu sei que terei de sair na rua e escutar milhares e milhares de burburinhos que parecem inofensivos, mas não são. Os burburinhos desejam modificar-me. Fazer com que eu pareça uma mulher comum da minha idade. Talvez, assim, eu consiga arranjar um marido, algum homem piedoso que aceite uma mulher como eu... 

 

Héloïse abre a boca, mas nenhum som sai da mesma. Sua expressão é compreensiva. Ela suspira pesadamente, como se um fardo muitíssimo cansativo se alojasse em seus pulmões. 

 

— Mas eu estou feliz. Usando as minhas calças, estando solteira para sempre, morando sozinha nessa pequena casa no fim de uma pequena rua, sabendo que o nome da minha família morre comigo. É uma escolha minha. Eu estou permitindo que eu escolha algo por mim — Elis deu um pequeno sorriso. — Num...

 

— ...mundo em que não podemos escolher o nosso destino. — Héloïse a interrompeu, falando alto. Endireitou a postura. Houve, ali, um consenso muito claro de que era exatamente aquilo que Elis também diria. Héloïse havia arrancado-lhe as palavras. Em súbita coragem, solta sua mão da mão de Elis e a leva até o pescoço da mesma. — Deus me perdoe. Eu preciso fazer isso.

 

Elis não conseguiu conter-se. Quando viu, seus braços abraçavam a cintura de Héloïse com uma pressa descomunal. Se olharam bem de perto por um único segundo e, no seguinte, os lábios se tocavam. Bagunçados, apressados, descontrolados. Uma perfeita desordem preencheu aquele cômodo. Héloïse arranhou a nuca de Elis, arrancando suspiros de ambas. 

 

Foi Elis quem quebrou o contato. Um beijo. Um beijo. 

 

Héloïse pareceu cair em si.

 

— Elis! — Quebrou  o contato visual, cobrindo seus olhos. — Per-dão... eu... eu não acredito que fiz isso! — Seu coração batia tão depressa que parecia querer escapar pela boca. — Ah, eu estraguei tudo... eu sempre...

 

— Não — Elis a interrompeu. Levou sua mão direita até o queixo de Héloïse, erguendo-o em sua direção. — Shh. Héloïse. — Os olhos se encontraram, verde no avelã em perfeita harmonia. — Muito obrigada por isso. 

 

Héloïse prendeu a respiração. Mais de perto, Elis conseguia sentir as batidas cardíacas dela, que se mesclavam às suas de forma ideal. Eram tantas histórias e tantos sentimentos que uma única tarde não seria capaz de fazer cessar aqueles corações acelerados. 

 

Elis aproximou ainda mais o queixo de Héloïse. Estavam a um centímetro de distância, talvez menos. Héloïse tinha os olhos fechados. Elis havia se apaixonado pelo contorno das suas sobrancelhas, as pálpebras pequenas, uma pinta miúda na têmpora esquerda. 

 

Mordeu com delicadeza o lábio inferior de Héloïse que, surpresa, abriu a sua boca avermelhada com suavidade. Ao contrário do primeiro, esse beijo começou gentil e delicado. Héloïse envolveu o pescoço de Elis com suas mãos frias. Elis desceu os braços para a cintura de Héloïse.

 

E tudo funcionava como uma dança lenta. Milhões e milhões de milésimos de segundo preenchidos todos com a mesma dose de devoção. Entregue, Héloïse permitiu cair o peso do seu corpo sobre o de Elis, que a segurava com firmeza. Era uma absurda sensação de proteção. Oh, Deus... o seu primeiro beijo havia sido divino. 

 

Se separaram com dificuldade. Héloïse, envergonhada, não conseguiu olhar diretamente nos olhos de Elis, que mordia o lábio sem acreditar que aquilo havia mesmo acontecido. 

 

— Eu... — Héloïse balançou a cabeça, mudando o ritmo da sua fala. — Desde a primeira vez que eu te vi, nunca mais consegui tirar meus olhos de você. Eu já não sabia se era por conta das calças ou dos seus cabelos ou do seu meio sorriso enviesado... 

 

Elis deu risada, balançando a cabeça. 

 

— Estou feliz que isso aconteceu. — continuou — Por favor, não se sinta culpada. Eu... eu realmente quis. E estou muito, muito, muito feliz por você ter... bem...

 

— Eu também queria — Elis respondeu, a voz grave e solene — Muito. Eu sempre percebi que você me observava. 

 

— Está brincando! — Héloïse deu risada. — Ah, eu não sei disfarçar absolutamente nada...

 

— Tudo bem. Héloïse... — Elis, agora, parecia preocupada. Segurou as duas mãos da outra mulher. — O mundo... é muito cruel comigo. Por ser dessa maneira. Ainda há tempo para você escapar disso tudo. Você é jovem e...

 

— Elis! Você me disse para ter coragem e não abdicar da minha felicidade para viver uma vida que esperam de mim...

 

Elis sorriu tristemente.

 

— Eu não imaginava que... isso aconteceria.

 

— Mas aconteceu — Héloïse cruzou os braços — E me faz feliz. 

 

Elis abriu a boca, mas preferiu calar-se. Estava sem palavras novamente. Olhou para Héloïse com muita ternura. A pele cor de ouro, os cabelos longos e ondulados, o rosto tão melancólico e tão precioso, a boca pequena, cheia e avermelhada. Aqueles olhos verdes. Seu jeito alegre, jovial, animoso. Queria protegê-la com todo o zelo que conseguisse. Um vislumbre de esperança a tocou a pele, mas logo se esvaiu. Se ela fosse um homem...

 

Não. Era uma mulher. Aquilo a enchia de felicidade. Lembrou-se das palavras de Héloïse: se mulheres fossem tomando atitudes como as dela, muito em breve todas poderiam fazer coisas extraordinárias. 

 

— Ao mesmo tempo que temo por você, Héloïse, me faz a mulher mais feliz do mundo me dizendo isso. 

 

Héloïse sorriu. Então, a sua expressão mudou completamente. Arregalou os olhos.

 

— O horário! — Olhou seu pequeno relógio de pulso. — Já está quase escurecendo! Eu preciso ir.

 

Elis murchou.

 

— Ah, sim, sim. — Levantou-se. Estendeu a mão para Héloïse, que pareceu gostar da atitude. — Obrigada por ter vindo e me introduzido à rotina da vizinhança, Srta. Bordeaux — disse, irônica e bem-humorada. 

 

Héloïse deu risada.

 

— Foi um prazer.

 

Descendo as escadas, nenhuma das duas se deu conta que Héloïse havia esquecido o seu vestido nos aposentos de Elis. 

 

Também não deram conta quando Héloïse puxou Elis para um último beijo, este ainda mais intenso que o segundo. Na ponta dos pés, Héloïse sugou os lábios da outra. Elis correspondeu com um bom aperto na cintura da mais baixa. 

 

Igualmente não perceberam no momento em que Héloïse saiu da casinha azul na esquina da rua e foi banhada com uma enxurrada de olhares e cochichos. 

 

Abriu o portão de sua casa e, ao entrar, recebeu um outro olhar indignadíssimo de Madame Fleur, que a esperava sentada no banquinho do jardim. 

 

— Héloïse! Que calças são essas?

 

“Ainda bem que sou criativa com histórias...”

 

 

 

 

Fim do capítulo

Notas finais:

E é isso.

E foi difícil de escrever. Mas eu adorei pesquisar sobre um tempo que não vivi. E escrever Hèloïse e Elisabete foi uma jornada incrível.

Até uma próxima! 


Comentar este capítulo:
[Faça o login para poder comentar]
  • Capítulo anterior

Comentários para 3 - Parte III:
flawer
flawer

Em: 25/10/2020

Aplaudindo aqui e tirando o chapéu pra vc!

Caso tenha continuação... CONTINUAREI a me deliciar com Elis e Helô. Kkkkk Senão usarei minha imaginação pra vislumbrar as dores e obstáculos que certamente enfrentarão; mas vibrarei feliz com o triunfo do amor das duas.

 

Beijinhos e parabéns autora

Responder

[Faça o login para poder comentar]

rhina
rhina

Em: 22/06/2020

 

Garota..

Vc foi demais.

Que extrema beleza, entrega e sincronia.

Rhina


Resposta do autor:

Muito obrigada!!! Agradeço pelos comentários!! 

Responder

[Faça o login para poder comentar]

Rosi
Rosi

Em: 16/06/2020

Adorei a história ficou com gosto de quero mais ja estava vendo as duas enfrentando o mundo para ficarem juntas na casinha azul do final da rua 


Resposta do autor:

Obrigada!!! <3 

Penso em escrever uma continuação, quem sabe eu consiga colocar no papel! 

Responder

[Faça o login para poder comentar]

Informar violação das regras

Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:

Logo

Lettera é um projeto de Cristiane Schwinden

E-mail: contato@projetolettera.com.br

Todas as histórias deste site e os comentários dos leitores sao de inteira responsabilidade de seus autores.

Sua conta

  • Login
  • Esqueci a senha
  • Cadastre-se
  • Logout

Navegue

  • Home
  • Recentes
  • Finalizadas
  • Ranking
  • Autores
  • Membros
  • Promoções
  • Regras
  • Ajuda
  • Quem Somos
  • Como doar
  • Loja / Livros
  • Notícias
  • Fale Conosco
© Desenvolvido por Cristiane Schwinden - Porttal Web