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As rosas e os seus espinhos por lelepontotxt

Ver comentários: 2

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Palavras: 1907
Acessos: 1214   |  Postado em: 16/06/2020

Parte I

Parte um: semente

 

 

 

Sexta-feira, logo pela manhã – 06 de Abril de 1901

 

 

 

— Quem é a Srta. Elisabete, mamãe?

 

Héloïse, naquele dia, havia escolhido um bonito vestido branco, liso, de corte reto. Usava sua corrente de contas mesclado a um colar de pérolas, pequenas pérolas disformes. Combinava com sua pulseira, que adornava um dos pulsos muitíssimo finos. Os cabelos, quase desgrenhados, compunham uma sinfonia com o vento. Era um dia de vento. Héloïse e a mãe, a Madame Fleur, estavam no quintal da residência da família. Madame Fleur gostava de cuidar das suas plantas todas as manhãs, e era aquilo que ambas faziam naquele instante.

 

Era um dia prestes a começar. Um dia de sol e de vento.

 

— É a filha do Sr. Lopes. Da padaria. Estava estudando no exterior, por isso você não a conhece.

 

Héloïse arregala os olhos.

 

— No exterior?! — questiona, elevando a voz.

 

Os Bordeaux, originalmente franceses, haviam se mudado para território brasileiro há três gerações. Parecia pouco, mas o sobrenome já havia se mesclado (e se tornado "Bordô", em situações extremas) milhares de vezes. Eram muitos Bordeaux pelo Brasil. Aqueles, em específico, moravam em São Paulo, na capital. Eram eles Armand Bordeaux, dono de uma tapeçaria, sua esposa Fleur Bordeaux (née Poulin) e a filha mais jovem, Héloïse. O primogênito, Jules, estava estudando Direito na França, a um oceano de distância. Héloïse sentia saudades do seu irmão. 

 

Héloïse sonhava com o dia em que ela e Jules se reencontrariam novamente. Viagens eram caríssimas e já fazia mais de dois anos desde que eles haviam se visto. Eram grudados, brincavam juntos o dia inteiro, dividiam a vida e os segredos mais obscuros. Eram confidentes, melhores amigos, parceiros de jornada, companheiros. Héloïse tinha outros amigos. Mas, depois que Jules partira, tudo havia se tornado cinza, sem graça. O mundo sem Jules parecia fora do lugar. 

 

Héloïse sonhava, também, com a universidade, sabendo que aquele era um sonho impossível, a quilômetros e quilômetros de distância das suas mãos. Héloïse era curiosa. Curiosa até demais. Aprendera a ler sozinha e, desde então, não largava os olhos de um livro. Estava sempre a distribuir informações aleatórias sobre o universo e seus fenômenos. As ciências a fascinavam.

 

Mas, infelizmente, financiar o estudo de dois filhos não era uma opção para a sua família. Não eram pobres, mas também não eram ricos. 

 

Mulheres não precisam estudar tanto, era o que seus pais a diziam. Cuidar da casa não requer conhecimento das leis da física, e parir crianças não exige profundo estudo da química. Madame Fleur penteava os cabelos de Héloïse, fios castanhos e ondulados, falando que a sua inteligência, um dia, assustaria os homens. Héloïse sorria. 

 

Por isso, naquele instante, ouvir da boca de sua mãe que uma mulher havia terminado os seus estudos no exterior era algo que a interessava. Muito. 

 

Estava sentada na cadeira de balanço que um dia pertencera a sua avó, Rosé. Sentia dela uma saudade que não cabia em seu peito. Lembrava-se dos chás de camomila, dos bolos complexos, das receitas francesas, do omelete. O cheiro de manteiga a permeava o cérebro, afetava todos os seus sentidos. Lembrar de sua avó Rosé era como um afago no peito. A tênue linha entre a tristeza e a mais profunda felicidade. 

 

Segurava, também, um livro. O deixou repousar sobre suas pernas cobertas por milhares de camadas de tecido branco. 

 

Olhou para a mãe, que colocava terra no vaso, exigindo mais informações. 

 

— A Srta. Elisabete é filha única do senhor Lopes. Ele optou por finalizar os estudos da filha no exterior, em Portugal. Ela já estudava em uma escola particular quando vivia aqui.

 

Héloïse apertou os olhos. 

 

— Se ela morava aqui, como eu nunca havia a visto antes? 

 

— Ela morava no centro, com uma tia, para ficar mais perto do colégio. Um colégio caríssimo. 

 

Héloïse prendeu a respiração. Quase sentiu inveja. Quase.

 

— Eu entendi — disse, distraída por um momento. 

 

Prendeu o olhar no céu azul por alguns instantes.

 

— Que foi? — a mãe questionou, olhando de escanteio a filha. 

 

— Eu gostaria de poder fazer uma universidade. Em Paris, como Jules. 

 

A mãe deu risada.

 

— E o que você gostaria de cursar? 

 

— Física — respondeu, despretenciosa. Fleur arqueou uma sobrancelha. 

 

— Não preferiria algo mais como... hum, deixe-me pensar... magistrado? — Deixou a pá encostada no vaso e bateu as mãos para limpá-las da terra. —  Seria uma boa professora de crianças. Leva jeito com os filhos dos Fernandes. 

 

Héloïse revirou os olhos.

 

— Não. Física. 

 

Fleur sorriu. Preferia não discutir com as ideias e sonhos da filha mais nova. Héloïse era um poço cheio deles. A cabeça vivia flutuante, nas nuvens, dançando entre seus mais profundos desejos. Fleur sentia-se, ao mesmo tempo, abençoada e amaldiçoada por ter uma filha com uma mente daquelas. 

 

Héloïse tremeu, lembrando-se da imagem de Elisabete Lopes atravessando a rua. Sentia-se tentada, quase desafiada, a descobrir mais acerca daquela nova figura que caminhava todas as tardes de sua pequena casinha azul na esquina da rua até a padaria, no outro extremo dela, e voltava pela calçada contrária da casa de Heloise. Héloïse sempre estava lá, do lado de fora, observando. Jurava que, às vezes, Elisabete olhava de volta. A encarava por um breve instante. E seguia o seu rumo. 

 

— Por que quer saber sobre a garota, Héloïse? — sua mãe a tirou do transe. 

 

Héloïse  piscou.

 

Porque Elisabete parece ser interessante. Alguém com quem conversar. Porque ela mora sozinha numa casa azul pequenininha e adorável. Porque seus cabelos combinam perfeitamente com a capa do livro que Héloïse estava lendo naquele instante. Porque ela é uma mulher que usa calças. "Meu santo Deus", pensou, "como eu gostaria de poder usar calças."

 

— Por nada, não. 

 

 

 

Sexta-feira dos ventos – 06 de Abril de 1901 – um pouco mais tarde 

 

 

 

Elis calçou seus sapatos pretos de couro. Meia, sapato, meia, sapato. Suspirou brevemente, olhando os calçados novos, que ainda pareciam desconfortáveis o suficiente para que se formasse pequenos calos nas suas joanetes.

 

Elisabete, apesar disso, não se importava. Não se importava com um tanto de coisas.

 

Era uma mulher jovem, no auge dos vinte e cinco anos. Havia retornado há poucos dias de Portugal, o país onde os seus avós, maternos e paternos, haviam nascido. O gosto do vinho português ainda podia ser sentido por seus lábios. Portugal tinha aromas e sabores característicos. Paisagens características. Se diferenciava em muitos aspectos do Brasil. As cores, os barulhos. Se fechasse os olhos, conseguiria sentir-se lá, pois ainda era recente. Mas, de qualquer maneira, gostava do Brasil. Gostava de estar no Brasil. Havia sentido falta. 

 

Na sua infância, Elis costumava idealizar Portugal como a terra perfeita. Sentava no tapete da sala de estar, de frente para a poltrona do avô, Seu Manoel, e sonhava com as suas histórias, as memórias distantes de um país místico do outro lado do oceano. Era necessário um navio e muitos dias para chegar até lá. O tempo, longo, derivado da distância, longa, parecia mágico. 

 

Havia, desde cedo, se interessado pelo seu idioma materno. Era uma exímia estudiosa da língua portuguesa. Lia sem parar para extrair das palavras os seus mais profundos segredos. Quando concentrada, jurava poder ouvir o passado delas, os seus enlameados destinos, e o que o mundo esperava de suas forças. As palavras têm poder, todos dizem. Mas elas mesmas não tinham ideia daquilo. 

 

As palavras emanavam um significado romântico, gostava de pensar. E sorria ao aprender novas. As anotava em seu diário acompanhadas do significado. Às vezes, colava uma folha ao lado. A natureza sempre estivera conectada com Elis tal qual as palavras e, por isso, mantê-las unidas significava preservar e resguardar tudo aquilo que Elis era. A jardinagem havia sido uma paixão herdada da sua falecida mãe. 

 

Preservar o passado era, para Elis, como podar flores. Manter vivas as memórias requer cuidado, delicadeza, uma boa dose de paixão e muito esmero. Uma boa tesoura de jardim faz a diferença; mas quem mais importa é o jardineiro. E Elis cuidava do seu jardim com o mesmo amor que guardava suas doces memórias. 

 

Saiu de casa para ir à padaria como fazia todas as tardes. Era o horário que saía a segunda fornada de pães do dia. Gostava de tomar café olhando a janela do seu quarto, que dava para a avenida. Olhar a movimentação a inspirava. Enquanto Elis não arranjava qualquer emprego, o que seria uma batalha complexa, pois mulheres não arranjavam emprego com facilidade, se preocupava em manter a cabeça movimentada e em ordem. 

 

Elis era uma mulher diferente. Ela sabia disso. Ao caminhar pela calçada, sentia inúmeros olhares sobre ela. Calças pretas, feitas originalmente para homens, desenhavam seu corpo magro e sem curvas. Uma camisa branca, muito bem lavada e engomada, cobria a parte superior do seu corpo. Seus cabelos eram na altura dos ombros, lisos, negros e cheios. Gostava de usar um batom avermelhado e cremoso, que dava um aspecto molhado aos seus lábios. Quando Elis andava, era impossível passar despercebido. Quando digo que Elis não se importava com muitas coisas, digo que ela se treinara para não ligar. As pessoas julgariam. Todas as diferenças estão passíveis a julgamentos. 

 

Mas, há alguns dias, havia percebido um olhar em particular. Todos a olhavam e cochichavam com quem estivesse ao lado. Relembravam os tempos de vestidos rodados e sapatinhos de verniz, um passado remoto, quando Elis tinha menos de 1.40m de altura e falava enrolado. Às vezes, as caretas eram inevitáveis. Pareciam temer aquela figura feminina tão peculiar. Cobriam os olhos das garotinhas, pois não queriam que elas fossem como Elis. Tudo bem.

 

Mas aquele olhar era um tanto quanto diferente.

 

Elis tinha aquela mania de sensibilidade. Observar pessoas era o seu forte. Grande coincidência para alguém como ela, digna de tanta observação. Mas Elis havia aprendido a desvendar segundas intenções nos mais singelos olhares. E, de todas as certezas do mundo, Elis julgava ser diferente o olhar daquela moça jovem, miúda, sempre trajada em vestidos longos e claros, de belas mechas negras ondulando sobre o rosto delicado. 

 

Às vezes, muito discretamente, a olhava de volta. Havia decorado que ela usava uma corrente de contas vermelhas todos os dias, independente do vestido e do restante da joalheria. Às vezes, tirava os sapatos de saltinho e sentava na calçada da rua sem sem importar de sujar o vestido. Roía as unhas. E não desgrudava os olhos dela. 

 

Aquela segunda-feira dos ventos poderia ser um dia como todos os outros. Ir à padaria, cumprimentar o seu pai, pegar os seus pães, talvez até mesmo um sonho, voltar para casa, coar um café e seguir o curso da rotina. 

 

Mas Elis se surpreendeu muito quando viu, em sua direção, uma figura jovem, miúda, trajada em um vestido branco, de belas mechas negras ondulando sobre o rosto delicado. Ela sorria. Mais de perto, percebeu que os olhos eram verdes como um lago. 

 

— Srta. Elisabete? — disse, a voz doce como o canto de passarinhos. Elis sentiu a sua voz travar. Céus. Aqueles olhos eram absurdamente verdes. 

 

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Hey!

Espero que tenham gostado. É um conto razoavelmente antigo e achei que seria interessante publicar aqui. Ele tem duas outras partes.

Abraços!


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Comentários para 1 - Parte I:
flawer
flawer

Em: 25/10/2020

Olá autora!

Chegando agora e já amando!

Me picando pra o próximo cap.

Beijinhos no core

Responder

[Faça o login para poder comentar]

Pouca Sombra
Pouca Sombra

Em: 20/06/2020

Amei a história, linda e perfeita


Resposta do autor:

Muito obrigada!!!

Responder

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