Capitulo 5
Acordei com a luz do dia no meu rosto. Eu havia esquecido de fechar as cortinas daquela janela mas o que era mais um dia em quarentena quando já vivenciamos vários não é mesmo? O mesmo de ontem, repetindo as mesmas coisas, comendo nos mesmos horários. A mesma paisagem parada. Era só mais um dia.
Me sentei na cama e para minha surpresa escondida no meio dos lençóis do meu lado estava Rafa dormindo. Depois de ontem com aquele estranho sentimento que algo me rondava ver ela ali foi mais que uma surpresa. Não tinha sido coisa da minha cabeça?
Ela virou acordando já me entregando um belo sorriso com sua cara sonolenta.
--Bom dia.
--Bom dia.
--Ontem você parecia sentir algo enquanto dormia. Estava toda encolhida.eu pensei que estava com febre ou coisa assim quando vim para cá.
--Sério?
--Foi..me preocupou.
--Deve ter sido apenas um estresse.
--...você esta melhor?
--Vou ficar.—eu não conseguia mais sorrir perto dela lembrando daquela cena. Aos beijos com um cara nada haver.
--Você me parece com raiva. O que foi?
--Nada.—respondi e fui ate a lavanderia para checar suas roupas e por incrível que parecesse ainda estava úmida.
Eu não entendia porque de uma hora para outra eu recuperei essa necessidade de me importar se suas roupas estariam enxutas os não. Acordei com o desejo do meu silencioso apartamento de volta mas para surpresa minha dei de cara com Rafa ali me encarando.
--Esta com raiva porque desci?—perguntou ela e eu só queria enterrar aquela historia.
--Não! Não estou!—desviei e fui arrumar o quarto.
--É o que parece.—retrucou ela vindo me ajudar.
--Eu não tenho nada haver com sua vida ou com que quer ou com quem..beija.isso é problema seu.—falei mais séria do que queria ter dito aquilo mas minha preocupação agora era arrumar aqueles lençóis.
--Ela só não sabia onde eu tava. ficou preocupada.—ela respondeu e foram segundos para entender aquela frase.
Eu quase gelei. Ela?
--Ela?foguinho é..—olhei para Rafa e ela mordiscou a boca e apesar de ser a coisa mais linda que já vi ela sorria animadinha demais quando se tratava agora dessa tal de foguinho.
--Eu sei, todo mundo vê e pensa que é um garoto daquele jeito, com aquelas roupas mas por baixo daquela armadura existe uma grande mulher.(rs)—ela sentou no sofá e eu fiquei ali travada, olhando para ela enquanto terminava de ajeitar a cama. Não sei porque deu vontade de sorrir. O fato de não ser um cara já me deu esperanças.
--E vocês estão..juntas? Tipo namorando?—perguntei indo ate a sala e tentei ser discreta mas sei que não deu porque ela me olhou pensativa quanto a isto e logo riu. Por que meu coração batia tão rápido a espera dessa resposta?
--(rs) não!—para minha surpresa ela respondeu com o sorriso mais perfeito que já vi. Ela ajeitou o cabelo e não sei porque me enchi de grandes expectativas e curiosidade sobre sua vida em relação a essa tal de foguinho.—essas coisas acontecem quando ela ta meio bebinha.a gente se conhece tem um tempo e se diverte as vezes quando a gente bebe, dorme juntas e (rs) sei lá, confio nela.
--Certeza que ela estava preocupada com você.eu ficaria maluca.—falei e ela me olhou surpresa mas com um gentil sorriso no rosto. Acho que ela entendeu bem minhas palavras.
Segui para o quarto e tomei um banho. A agua fria foi necessária e quando ouvi ela entrando no quarto a cantarolar eu paralisei. Não era como estar protegida dentro do banheiro mas sim uma porta e isto me fez olhar para a a única coisa que nos separava. Por que eu estava paranoica com isso?
Meu celular tocou depois que fiquei pronta e vendo que ela preparava algo na cozinha aproveitei para atender reservadamente.
--Alô.
--Amanda. Menina do céu.—fiquei aliviada em ouvir uma voz amiga apesar de desesperado.
--O que foi Afonso. Logo cedo com seus estresse e isso nunca faz meu dia melhorar.
--A repórter chatinha da Juliana ficou doente e sumiu do mapa.
--Ela pegou corona?
--Ninguém fala, ninguém quer perguntar. As fofocas estão rolando soltas nos grupos do Job.Acho que todo mundo ta quase dando uma festa mas isso não importa agora porque eu quero te falar de outra coisa.
--Pode falar..—me sentei no sofá e pude ver Rafa me dando uma espiadinha enquanto fazia ovos mexidos.
--A vaga dela para repórter esta disponível!!muita gente já ta falando em enterro mas..
--Credo Afonso!
--Ela era chata, falsa e pelo que eu soube falava mal de todo mundo principalmente de você sabia.
--Eu não quero saber.
--Nem do posto dela? Vai Ama me ajuda a te ajudar! Você seria mil vezes melhor do que ela. Não é isso que você quer?
--...eu quero.
--Então, eu vou falar com a chefinha e ver se ela autoriza.
--Faria isso por mim?
--Quando eu te deixei na mão? Você é a malinha que eu gosto de carregar desde o primeiro ano do ensino médio.
--(rs) isso é verdade.de jeito algum largaria você por outro.
De repente um cheiro de queimado e quando olhei para a cozinha Rafa chacoalhava um pano que usava para segurar a frigideira e pelo visto ela tacou fogo sem querer.
--Você ta bem??
--Eu acho que só me queimei..nada demais.
--Afonso te ligo depois.
--Quem é essa?—perguntou ele todo interessado.
Tive que desligar antes de responder para verificar o que ela estava fazendo.
--Ta tudo bem mesmo?
--Eu me queimei...só. —ela mostrou a mão e a palma avermelhada me fez pegar sua mão e leva-la a pia onde abri a torneira e deixei molhar a palma e dedos..
Não sei porque fiquei anestesiada segurando sua mão enquanto a agua corria aliviando sua dor. Ela tinha dedos longos e uma mão macia e eu uma cara de pau de estar ali segurando sua mão. Ela me olhou e nesse silencio da gente com rostos próximos e ombros colados foi que percebi o quanto eu queria que ela ficasse. Por mais um dia, por mais uma noite em minha cama, por mais uma chance para que eu pudesse no mínimo tentar.
Ela tirou sua mão e se afastou.
--(rs)..eu sou uma desastrada mesmo.—ela falou com um sorriso desconcertado. A cozinha tinha sobrevivido depois do susto.
--Tudo bem, o que é um pano de cozinha comparado a sua mão.eu vou pegar algo para passar na queimadura.
--Você é a mina cheia das paradas né.
--Por que diz isso?—do quarto fui capaz de ouvir sua risadinha baixinho.
--Não tem nada nessa vida que você não saiba?
--Sou prevenida. Ainda mais agora com a quarentena.
--O namorado deve adorar né?—ela perguntou baixinho. Achei ate que foi mais um pensamento alto do que uma pergunta. O que ela estava pensando? Ela estava realmente ouvindo minha conversa com Afonso?
Meu sorriso quando peguei a pomada para queimadura no kit do banheiro se abriu glorioso, eu nem me controlava.
Fim do capítulo
Tô adorando os comentários de vcs kkkk amando ver que estou deixando todo mundo na vontade pelo proximo cap!!
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