Capitulo 19
--O que houve Leticia? Onde estão as coisas?
--Deixei no mercado – Ela disse sentando no sofá
--Como assim? Estavam caras?
--Não – Leticia apoiou os cotovelos nos joelhos e colocou as mãos na cabeça – Acho que ela não me ama mais – Disse chorando.
--Como assim? O que houve?
--A Cléo Beto, ela estava lá no mercado com aquela alunazinha, estavam com a Isa acredita? Uma linda família feliz. – Disse em meios as lagrimas.
--Ei calma, não fica assim -Beto o abraçou.
--Como não vou ficar Beto? Minha mulher, minha filha, eu nunca fui ao mercado com elas, nunca me importei em ir e agora ela arrumou alguém que se importe em fazer isso.
--Ei, calma – Beto a abraçou mais forte –Não fica assim – Leticia deitou no colo do amigo, aos poucos foi se acalmando.
-- Eu trouxe vinho – Bruna disse entrando na cozinha da amiga
--Otimo, estou precisando disso – Cléo disse pegando as taças no armário.
--Pode me explicar? – Sentou-se no banco próximo ao balcão.
--Claro que posso- Serviu o vinho – Hoje eu encontrei a Leticia no mercado.
--Serio? O que aconteceu?
--Nada demais, só pelo fato de minutos antes ter encontrado a Joana, na mesma hora que a Leticia chegou a Joana estava com a Isa comprando sorvete, mas o que me deixou mais encucada foi o fato de que eu tenha adorado ver o quanto aquilo mexeu com a Leticia, eu vi a raiva ou culpa nos olhos dela.
--Isso se chama espirito de vingança – Bruna disse sorrindo
--Não fica sorrindo, é sério.
--Eu sei, mas é engraçado, amiga, isso é mais que normal, ela te magoou, e mesmo você não querendo é normal sentir-se bem em fazer, nem que seja um pouco, sentir o mesmo que lhe causou.
--Ai eu odeio ter uma amiga psicóloga – Cléo disse bebendo o liquido da taça.
--Sei que você ama isso -Sorriu – Mas me diz, está rolando alguma coisa com a aluna gostosona?
--Não! Claro que não, ao menos da minha parte, faz uns dias que sinto ela bem mais soltinha pra meu lado.
--E você o que está fazendo?
--Nada, aliás não estou dando abertura alguma para ela.
--Entendi, mas o que você acha de em um futuro distante, quem sabe?
--Não sei, acho que não, infelizmente ainda amo aquela infeliz que me colocou um par de chifres.
--Vamos beber por isso – Bruna disse enchendo a taça da amiga.
-- Então você gostou?
--Nossa mãe é bem legal, mas não tem um quarto para mim
--Mas podemos montar um, nós tiramos essas coisas aqui desse quarto e colocamos uma cama aqui desse lado...- Leticia passou o resto do dia com a filha vendo os moveis que comprariam, a noite a levou para casa, ao chegar lá teve o desprazer de encontrar Joana saindo da casa, segurou as lagrimas para não chorar.
-- Tia, eu estava montando meu quarto com minha mãe Leticia. – Disse Isa assim que desceu da moto, correndo para junto da mulher que sorria ao abraçar a garota.
--Que legal, aposto que vai ficar lindo, agora vou ter que ir – Beijou o topo da cabeça da menina e entrou no seu carro.
--Vem mãe, deixa eu te mostrar a fase do jogo – Pegou na mão de Leticia que ainda estava na moto.
--Boa noite – Leticia estava com a cabeça baixa, não conseguia encarar Cléo .
--Boa noite – Cléo disse entrando em casa.
--Desculpa atrapalhar, na próxima vez eu ligo antes de vim – Leticia disse ainda na sala.
--Não pedir isso, aliás, nunca pediria isso.
--Mesmo assim, não tenho mais o direito de chegar na sua casa sem avisar, não queria atrapalhar vocês. – A menina não deixou Cléo responder, saiu puxando Leticia para o seu quarto, depois de jogar videogame e ler algumas histórias Isa acabou dormindo, Leticia saiu do quarto viu que a luz do quarto da frente estava apagada, deu um longo suspiro e caminhou até o quintal, sentou no degrau da porta e ficou ali olhando uma pequena horta que Cléo tinha ali, lembrou do dia que elas resolveram reformar a casa.
*******
--Let você acha que a família do seu avô não querer tomar a casa? Suas tias nem olharam na nossa cara no enterro dele.
--Ele sabia que elas iriam querer me expulsar, elas nunca me suportaram, aliás desde que minha mãe me expulsou de casa porque me pegou beijando uma menina toda a família me olha atravessado, segundo eles o pastor disse que eu era uma amaldiçoada e todos que convivessem comigo iria para o inferno também, mas o “vô” colocou essa casa e o imóvel da oficina no meu nome desde que eu tinha dezesseis anos, acho que elas só vão ter direito ao dinheiro que ele tinha na poupança mesmo.
-- É muito?
-- Quando eu fui receber a aposentadoria dele mês passado tinha duzentos reais. – Cléo gargalhou
--Desculpas, sei que não é hora para sorrir, mas elas merecem isso, eu pensei que elas iriam me expulsar do velório, me olhavam com desprezo.
--Elas não seriam maluca, se falassem alguma coisa contigo iriam se ver comigo. – Abraçou a mulher mais apertado—Nós vamos juntar um dinheirinho e fazer uma pequena reforma, aos poucos quero que você deixe a nossa casa do nosso jeitinho
-- Aos poucos vamos arrumando tudo.
--Como ele sempre disse esse é e sempre será nosso lar- Leticia falou deixando uma lagrima escorrer.
--Não chora, amor lembra do que ele te fez prometer?
--Que eu não ficaria triste, por ele ir, e sim seguir de cabeça erguida, pois ele tinha orgulho do que eu me tornei – Leticia disse entre as lagrimas.
--Isso mesmo, agora tenta dormir um pouco, você está cansada. – Cléo começou a fazer carinho na mão que lhe abraçava.
*******
-- Er... oi, desculpa não te vi aqui – Cléo falou ao aproxima-se, viu a porta do quintal aberta e foi fecha-la, mas parou ao ver a mulher ali sentada, ficou alguns minutos observando a outra ali sentada.
--Não tem problemas, eu já estou de saída, pensei que você estivesse dormindo. – Ela levantou enxugando suas lagrimas ainda de costas, para a outra não perceber.
--Eu vim pegar uma agua, vi a porta aberta e vim fechar- Cléo percebeu os olhos vermelhos da outra.
-- Eu já estou de saída- Ao passar na porta olhou para o corpo da mulher que vestia uma pequena camisola azul claro, Leticia sempre adorou aquela peça.
--Não está muito tarde? – Cléo disse encarando a outra, não conseguia tirar os olhos da mulher que parou bem a sua frente
--Não se preocupe – Leticia disse dando um passo para frente, estava sendo guiada pelo cheiro que o corpo da outra emanava.
--Se você quiser ficar por aqui não tem problemas – Cléo disse e olhou para a boca da outra, que não conseguiu se segurar mais, segurou Cléo pelo pescoço e juntou as bocas, de início Cléo cedeu, mas as imagens que ela passou os últimos meses fantasiando, de Leticia trans*ndo com outra, vieram forte em sua cabeça e a fez romper o beijo – É melhor mesmo você ir- Cléo afastou-se e deu as costas a outra que apenas abaixou a cabeça e saiu sem nada falar.
--Então vocês e beijaram?
--Não Bruna ela me beijou – Disse sentando no grande sofá do consultório da amiga.
--E o que você sentiu?
--No começo até que me deixei levar, mas depois me veio na cabeça tudo que ela fez, dai me afastei
--Tudo que ela te fez? Desculpa amiga, mas falando assim parece que ela tentou destruir sua vida, não estou de acordo com o que ela fez, mas você a ama, não seria melhor pensar em dá uma chance?
--Novamente com essa história? Como eu vou dá uma chance se eu não a perdoei? Se em um beijo eu sentir todas aquelas coisas ruins que eu sinto ao lembrar de tudo que ela está me fazendo passar, imagina tendo que voltar com ela, eu não conseguiria.
--Tá bem, não vou falar mais nada, mas e a Joana?
--O que tem ela?
-- Vocês não jantaram juntas ontem?
--Não ela estava comendo uma pizza, postou a foto, daí eu comentei “que delicia”, ela perguntou se eu estava servida, eu disse que sim e ela foi lá em casa com a pizza, não foi um jantar.
--Mas não há possibilidades?
--Não, ao menos não agora, eu ainda não consigo.
--Ok então, mas deixa eu te falar, conheci um carinha ontem
--Você saiu ontem? Não disse que ia para casa?
--Não sair, eu conheci ele no aplicativo, ele é um gato, inteligente, marcamos de nos encontrar na sexta.
--Cuidado com esses encontros.
--Pode deixar que eu tenho cuidado, já fucei tudo dele, ele é um advogado, bem conhecido, deixa eu te mostrar – Pegou o celular mostrando a amiga o perfil do homem.
-- Acho que a Isa vai pirar quando ver essas paredes assim, rosa.
--A ideia dos adesivos de borboletas foi ótima Beto, ela vai adorar.- Eles pintavam o quarto que iria ser da garota.
--Eu conheço o gosto da minha afilhada – Sorriu –Mudando de assunto, o que acha de ir comigo para a balada sábado?
--Eu não estou na vibe.
--Ai Leticia você tem que desencanar, ela já está seguindo a vida dela com a tal aluna lá, você vai ficar ai para sempre se culpando por um erro?
--Um erro que me custou muito.
--Eu sei que custou, mas vamos sair, não estou falando que é para você conhecer alguém e casar, apenas sair, dançar um pouco, curtir um pouco, sair dessa fossa. – Leticia parou um pouco e começou a ponderar tudo
--É você tem razão, eu tenho que começar a viver novamente.
--É assim que se fala, agora deixa esse pincel ai e vem me dá um abraço – Beto puxou a amigar para um abraço.
--Tá bem, agora vamos acabar com isso, amanhã chega a cama e o guarda roupa, vou chamar o tom pra nos ajudar.
--Ela ficou com a da Barbie mesmo?
--O guarda roupa da Barbie, a cômoda da Frozen e a cama de Dragoll Boll.
--Que mistura em.
--Pois é essa é sua afilhada – Leticia disse sorrindo, passaram grande parte daquela noite ali acabando de arrumar o quarto que a garota iria ficar, no outro dia após Beto fazer questão que Leticia se arrumasse, pois ele não sairia com ela usando camiseta regata, bermuda e sandálias crocs.
--Pronto? Satisfeito? – Leticia disse assim que chegou na sala mostrando as roupas para o amigo
--Agora sim tá mais apresentável – Ela vestia uma calça jeans não muito justa, um tênis, uma camisa de botão. – Vamos que o carro já está perto - Não demorou e estavam entrando em uma boate.
--Nossa isso está lotado – Leticia disse quase que gritando por causa do volume alto da música eletrônica
--Logico né em pleno sábado o que você quer? Vamos para o bar pegar uma bebida – Foram para o bar e depois de alguns drinks Leticia acompanhou o amigo que estava interessado em uma garota, mas como ela estava com uma amiga, fez companhia a garota que a todo instante quis algo a mais, porem Leticia não estava afim e escapava.
-- Nossa tia a senhora não sabe jogar nada mesmo – Isa sorria da mulher que tentava jogar vídeo game para agradar.
--Isa agora vai dormir, a Joana só veio me dá uma carona e você a arrastou para cá.
--Não tem problemas Cléo , e sim eu sou péssima nisso – Joana disse entregando o controle a garota.
--Agora banho e cama mocinha, vou acompanhar a Joana. – A mulher levantou da cama da garota, não estava de todo feliz, pois percebeu que Cléo estava querendo a dispensar, quando foi para o cursinho com a desculpa de entregar uns livros, ficou esperando Cléo sair para oferecer uma carona.
-- Eu sou horrível com esses jogos – Joana falou enquanto andava ao lado da outra, já estavam na sala.
--Mas ela gosta de você, isso que importa – Cléo disse sorrindo
--E a mãe dela? Gosta? – Criou coragem, tentou algo mais ousado, parou de andar ficando de frente para a outra.
--Claro né, que pergunta – Cléo respondeu sem jeito. –Você é uma ótima pessoa Joana, uma ótima amiga. - Não soube como agir ao notar que a garota aproximou-se dela.
--E se eu quiser ser mais que amiga? será que tenho chance? – Não deixou Cléo responder, apenas a puxou pela nuca a beijando, Cléo não teve tempo de reagir, pois foi interrompida por Isa que entrou na sala.
--Mãe! – A menina falou encarando as duas mulheres ali parada.
--OI filha? – Cléo disse afastando-se e indo para junto da filha.
--Não achei minha toalha – A menina disse encarando Joana.
--Vai lá que eu já te mostro meu amor – A menina apenas afirmou com a cabeça e voltou para o quarto
--Me desculpa por isso – Joana disse de cabeça baixa.
--Joana, você é uma pessoa maravilhosa, mas eu não tenho condições para entrar em um novo relacionamento agora, acabei de me separar e não dá.
--Eu compreendo perfeitamente, eu fui muito precipitada, me perdoe, espero não ter acabado com nossa amizade.
--Não se preocupe com isso, agora preciso ir lá com a Isa.
--Tudo bem, boa noite – A mulher saiu com a cabeça baixa e Cléo foi até a filha que já estava no banho, resolveu deixar para falar com ela sobre o assunto no outro dia, acabou que não conseguiu falar com a filha sobre o que ela viu, logo cedo a menina saiu com a avó para passar o domingo em sua casa, na segunda Leticia foi busca-la na escola.
--Nossa mãe ficou muito legal, o quarto mais lindo que eu já vi.
--Eu também achei – Leticia disse deitando na cama com a menina que pulou no colo da mãe e começou uma serie de cocegas na criança.
--Mãe a senhora e a mãe Cléo não namoram mais, não é? – A menina perguntou após uns segundos de silencio.
--Não Isa, mas continuamos te amando.
--Eu sei, eu não queria que a tia Joana beijasse a mamãe, só gostava de ver quando era a você – Leticia sentiu um aperto no peito, uma enorme vontade de chorar ao saber que a ex mulher realmente estava com outra, agora não tinha apenas a desconfiança, tinha a certeza.
--Mas gatinha se sua mãe estiver feliz com ela é isso que vai importar. – Falou com um “nó na garganta”
--Eu sei, mas é estranho, eu acho. – Disse ficando em pé – Vou pegar um iogurte – A menina saiu do quarto, Leticia aproveitou para correr para o banheiro e deixar as lagrimas escorrerem, agora era definitivo, tinha perdido a mulher que ama.
-- Tudo pronto para o aniversário da Isa?
--Tá sim amiga, deu um trabalhão conciliar os enfeites da princesa Sofia com Naruto, mas demos um jeito – Bruna sorriu.
--Imagino mesmo, falando nela ela vem dormir aqui hoje? Estou com saudades da minha princesa.
--Vem sim, a Leticia mandou uma mensagem avisando que a traria. – Parou de falar ao escutar uma buzina que já era conhecida – Falando nela chegaram – Cléo caminhou até a porta e assim que abriu a porta a menina entrou correndo, falando que estava apertada
--A bolsa dela – Leticia entregou a bolsa para Cléo ainda na porta. –Oi Bruna – Acenou para ela. – Boa noite para vocês – Deu as costas e saiu.
--Ela estava com pressa?
--Não sei, ela está assim, há mais de três meses, não entra mais, só quando Isa insiste, e quando entra mal olha para mim – Cléo falou entristecida.
--O que será que houve amiga? Você sabe se ela está lá com a tal juvenil?
--Não sei, como eu te disse, não estamos conversando, ela só me liga para falar algo da Isa ou sobre algumas contas aqui de casa que ela insiste em pagar.
--Nossa que estranho, a Leticia sempre foi tão simpática.
--Acho que ela já me esqueceu- Cléo falou enxugando uma lagrima que caiu.
--Ai amiga, você ama tanto essa mulher, por que não dá uma chance?
--Não vou mentir que, já pensei nessa possibilidade, mas não sei se teria como voltar ao que éramos.
--Vocês estão separada a o que? Seis meses?
--Oito, exatamente oito meses hoje.
--Você só tem duas coisas a fazer, ou tentar seguir em frente, ou dá outra chance para vocês.
--Eu realmente não sei o que fazer.
--E a Joana? Parou de tentar alguma coisa?
--Parou sim, sabe que ela está se tornando uma ótima amiga? semana passada me apresentou uma garota que está ficando.
--Amiga é? Cuidado com isso que o posto já é meu. – Fez cara de ofendida
--Boba você é a minha melhor amiga, sempre será, minha irmã- Abraçou a amiga.
--Nossa eu estava apertada – A criança entrou na sala falando e as mulheres sorriram.
Fim do capítulo
ola minhas flores!!
Aquele capitulo para aquelas que estão sozinhas nos dias dos namorados, igual a autora kkkkk
BJS
Comentar este capítulo:
Lins_Tabosa
Em: 12/06/2020
Eita, que a Isa ajudou a mãe Letícia pensar que não tem mais chances. Cléo tem que pensar no que quer realmente.
Muito bom capítulo extra!
Abrs o/
Resposta do autor:
A Isa deu aquela certeza que a Letícia não queria ter... Ou não...
Bjs flor
Mille
Em: 12/06/2020
Oi Lili
Isa entregou a mãe Cléo kkkkl
Letícia está dando espaço, mais creio que poderia seguir com o psicólogo, iria ajudar ela a entender o que houve com o casamento e o porquê da Celina ter atiçando a sua atenção.
Joana levou um fora da Cléo.
Bjus e até o próximo capítulo
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