POV JULIA

    Eu não queria acreditar no que meus olhos estavam vendo. Luíza estava abraçada a ex noiva, a loira aguada que deixou ela em frangalhos quando foi embora. Luíza não podia estar fazendo aquilo comigo.

-QUE PORRA É ESSA LUÍZA? – As duas mulheres se assustaram eu desgrudaram rapidamente.

-Ju? Julia eu posso explicar. – Luíza me olhava espantada enquanto a outra mantinha a cara de sonsa. – Não é nada disse que você está pensando!

-Eu não estou pensando nada. –Ela falava a famosa frase. – EU ESTOU VENDO LUÍZA.

-Calma gente, vamos sair daqui e conversar em um lugar melhor. – Fernanda falou e só ai eu lembrei que ela estava presente na confusão.

-Calma é o caralh*. – Eu precisava esfriar minha cabeça, eu não sei o que estava acontecendo ali naquele banheiro, mas meu ciúme falou mais alto. – Eu não tenho nada pra conversar.

     Sai sem dar oportunidade de resposta, a raiva que eu estava sentindo me deixou cega, esbarrei em algumas garotas que estavam na fila e ouvi alguns palavrões.  Eu sentia raiva, ciúmes, medo tudo misturado, eu não daria conta de conversar com Luíza agora e eu só precisava sair dali.

-Julia, espera. – Ouvia a voz de Fernanda atrás de mim. – Você não pode sair assim.

      Eu apenas seguia em direção a porta sem me importa com o que ela dizia, eu não queria conversar com ninguém, apena queria sair dali. Meu carro estava estacionado na rua e não foi difícil acha-lo. Fernanda ainda continuava na minha cola, cheguei ao carro e ela ainda estava atrás de mim.

-Julia! Para, você não pode dirigir nesse estado. – Ela ficou de frente pra mim quando eu tentava abrir o carro.

-Eu só quero sair daqui. – Meus olhos ardiam com vontade chorar.

-Me dê aqui às chaves, não vou deixar você sozinha nervosa do jeito que está. – Ela entrou no carro depois que eu entrei do lado do carona.

    Minha cabeça doía a cena de Luíza com a loira não saia da minha mente, Fernanda tentava puxa assunto comigo mas eu só respondia o necessário, eu não queria ir pra casa, pois sabia que Luíza estaria lá e hoje eu não queria conversar. Podia estar sendo infantil, mas queria um momento pra organizar as ideias.

-Jú? Onde te deixo? – Fernanda me perguntou depois que demos voltas e mais voltas pelo quarteirão.

-Eu não quero ir pra casa, me deixa no escritório.

-Vamos fazer o seguinte, você vai lá pra minha casa e quando amanhecer você decide pra onde vai ok? – Fernanda se virou pra mim e sugeriu. – Não acho bom você ficar sozinha, e agora somos amigas, certo?

    Concordei com a cabeça e seguimos pra casa dela, nem em meus sonhos eu poderia imaginar que Fernanda e eu estaríamos em uma situação como essa. Eu sempre tive uma ideia fixa de que um dia reencontraria Fernanda, e não esperava que nossa reaproximação fosse tão leve, Fernanda se transformou em uma mulher magnifica.

-Chegamos. – ela me despertou do transe que eu estava, entramos na garagem e subimos ate o sexto andar.

-Não repara a bagunça que deixamos quando sai. – Ela me deu passagem e seguiu juntando alguns copos que estavam espalhados.

-Estraguei sua noite né? Me desculpe. – De certa forma estava envergonhada por tudo.

-Ei, relaxa tá? – Ela me olhou genuinamente. Apesar de ter amadurecido a doce Fernanda às vezes aparecia. – Fica a vontade, você quer algo pra beber?

-Um chá de sumiço, você tem ai?

-Você sabe que vocês precisam conversar né? – Ela tinha razão, mas não seria agora. – Não da pra fugir disso, acredite em mim.

-Eu sei. –Sabia que ela também se referia ao nosso passado. – Eu queria algo alcoólico, vi um bar aberto no caminho vindo pra cá.

-Tá me estranhando? Tenho vinho, cerveja, gin, vodka... – Ela tinha um sorriso sapeca. –O que vai ser?

-Eita! Você não brinca em serviço né? – Sorri de volta e ela foi buscar uma garrafa de vinho.

    Fernanda me arrancou boas risadas, me contou várias historias dela e Tito na faculdade, me contou sobre a mãe e os irmãos, e como ela estava doida pra trazer eles pra capital.  Meu copo não ficou vazio hora nenhuma, e com isso meu estado de embriaguez só ia aumentando. Fernanda tinha ligado pro Felipe avisando onde eu estava e o que tinha acontecido, Tito ia ficar por lá com ele e Cláudio tinha ido acompanhar Helen até em casa.

-Sua namorada deve estar me odiando agora. – Eu já falava meio embolado.

-Ela não é minha namorada, já disse isso. – Ela falou ficando irritadinha. – Não começa se não eu vou cortar o álcool, na verdade já está na hora de cortar.

-NÃO! Eu ainda não estou bêbada. – Já estava sim.

-Imagina se estivesse ein?

-A qual é Fernanda? Só mais um drink e eu prometo que paro.

-Você já disse isso a uns três drinks anteriores. – Ela já tinha parado de beber a um bom tempo. -Você quer que eu avise Luíza que você está aqui?

-Não, não faça isso. – Desfrutar da presença de Fernanda estava me fazendo bem, se ela avisasse Luíza ela bateria aqui pra me buscar. – Amanhã nós vamos conversar não se preocupe.

-Então tá, eu vou tomar um banho rapidinho, você me espera aqui? – Ela me perguntou e eu afirmei que sim com a cabeça.

     Fiquei sozinha com meus pensamentos, me peguei brincando com a aliança dourada que tinha na minha mão, o meu medo não era que Luíza tinha me triado, na verdade eu sei que ela não faria isso comigo, eu confiava nela, o meu medo era dela perceber que Silvia sempre foi a dona de seu coração e eu ficaria pra escanteio. Virei o copo de uma só vez e o enchi novamente, a imagem das duas se abraçando com tanta ternura vinha na minha cabeça como um gatilho fazendo cor que eu bebesse mais.

-Prontinho. – Fernanda apareceu na sala e eu sentia tudo rodar. –Você disse só mais um drinks, e acabou bebendo meu bar inteiro, vem vou te ajudar tomar banho.

     Eu já estava pra lá de Bagdá, Fernanda fez eu me apoiar em seu ombro e praticamente me arrastou até o banheiro, como eu era maior que ela certeza que a coitada teve dificuldade. Já no banheiro ela tentava me manter consciente, ligou o chuveiro e começou a me despir.

-Julia você precisa tomar banho, não devia ter deixado você sozinha com aquelas garrafas. – Fernanda tentava tirar minha blusa. – Você consegue sozinha?

    Não respondi e ela prosseguiu com a difícil tarefa de me colocar no chuveiro, ela me deixou apenas de calcinha e me deixou algum tempo em baixo da agua gelada, eu reclamei de inicio, mas depois me acostumei com a temperatura da agua.

-Vem vou tirar você dai. – Ela veio com uma toalha limpa pra me enrolar. – Não quero que você gripe.

    Fernanda não olhava meu corpo, não sei se por respeito ou por outro motivo, peguei a toalha e em certo momento eu escorreguei quando ia saindo do box, Fernanda teve um reflexo de gato e me segurou, nossos corpos ficaram grudados e nosso olhar se conectou em um só, era magnético e eu não consegui quebrar aquilo, e a vontade de beijar aqueles lábios rosados era imensa.

-Já arrumei a cama pra você. – Ela estava nervosa, seu corpo estava tremulo.

     Eu não sei o que tinha acontecido, eu fiquei presa naquele olhar que mal consegui responder, vesti um blusão que ela me entregou e ela me deitou em sua cama, rapidamente eu peguei no sono e não vi o que aconteceu depois disso.  

     Acordei e minha cabeça pesava uma tonelada, minha boca estava com um gosto amargo, abri os olhos e não reconheci onde eu estava de inicio, sentei na cama e olhei em volta eu estava vestida com uma que eu tinha certeza que não era minha, só ai eu me lembrei o que tinha acontecido ontem, me veio a cabeça todos os acontecimentos que me fizeram chegar até aqui. Me levantei e fui até o banheiro, na pia tinha um kit de higiene pessoal, lavei o rosto e prendi os cabelos. Havia barulho de conversa na cozinha e eu resolvi ir até lá.

-Fernanda você nem se preocupou em se despedi. – Bianca acusava Fernanda que estava encostada na pia. – Eu revirei aquela boate lhe procurando.

-Eu tive um problema e precisei resolver Bia. – Ela tinha os braços cruzados na altura do peito. – Eu não achei que você iria se importar.

-NÃO IA ME IMPORTAR? PORRA FERNANDA VOCÊ FOI COMIGO, ESTVAMOS JUNTAS LÁ. – Eu não queria atrapalhar as duas, mas precisava pegar minhas coisas e ir embora. –EU NÃO POSSO ACREDITAR NO QUE EU ESTOU VENDO, VOCÊ FOI PRA CAMA COM ELA FENANDA?

-Bianca para, você não pode vir a minha casa e ficar me acusando assim. – Fernanda mantinha o tom de voz normal. – Eu não fui pra cama com ninguém, e mesmo que eu tivesse ido eu sou solteira e não devo satisfações pra ninguém.

-Desculpa Fernanda eu não queria atrapalhar. – Bianca me olhou com ódio. – Eu preciso ir pra casa.

-Você não está atrapalhando nada, desculpe se te acordei. – Fernanda veio em minha direção segurando uma caneca de café. – Eu deixei algumas aspirinas aqui pra você.

-PELO VISTO EU QUEM ESTOU ATRAPALHANDO O CASAL NÉ. – Bianca falava alto e com raiva, minha cabeça já estava latejando. - Espero que quando ela cansar e voltar pra esposa você não me procure. – Ela bateu a porta e saiu, deixando Fernanda irritada com as palavras dela.

Fim do capítulo