Águas Claras
ISABEL
Cheguei no fim da tarde à fazenda e trouxe Lucília comigo. Eu podia jurar que ela estava de andanças com Amanda por aí. Me deparei com a menina na minha casa algumas vezes quando chegava pela manhã. Nunca me fazia perguntas de onde estava, mas sempre com olhares suspeitos à Lucília e conversas sussurradas. Só me faltava agora ter problemas com a menina que nem minha esposa era. Não devia explicações a nenhuma das duas e deixei isso claro todas as vezes que chegava e passava direto para o meu quarto.
Lucília voltou calada a viagem toda, o que estranhei muito, já que ela era sempre falante.
– Tu estás bem? – Perguntei um pouco antes de chegarmos.
Ela se limitou a balançar a cabeça e sorrir.
Desci da carruagem e inspirei o ar puro da fazenda. Minha vontade era pegar meu cavalo e dar uma volta, mas já estava escurecendo e não gostava de me afastar tanto a noite. Teria que ter paciência e esperar o sol nascer.
Entramos em casa e sentei no sofá exausta. A viagem de carruagem da capital até aqui não era muito confortável, as estradas de terra sempre cheias de muito buracos, não me deixavam relaxar.
– Menina, vá preparar o banho da Baronesa! – Lucília deu a ordem a uma das empregadas da casa, que prontamente atendeu. Nunca gostei da forma como ela tratava os outros empregados da casa.
Quando a garota saiu do cômodo, chamei sua atenção.
– Deveria tratá–los melhor… – Disse fazendo ela se virar para mim.
– Como? – Se fingiu de desentendida. Odiava isso em Lucília, ela sabia muito bem do que estava falando.
Revirei os olhos.
– Falo dos empregados, tanto os daqui, quanto os da capital. Já reparei inúmeras vezes o quanto é grosseira com todos. – Falei tentando não ser rude.
– São só empregados, Isabel! – Disse com desdém.
Me irritei.
– Tu também e nem por isso lhe trato assim! – Disse já sem paciência.
Lucília tomou um susto com a minha resposta. Ela sempre foi tratada pelo meu pai e por mim como alguém da família, mas esse tipo de atitude dela já estava me incomodando fazia algum tempo.
– Espero não ver mais esse tipo de atitude com nenhum dos empregados da minha casa, por favor. – Saí da sala sem esperar uma resposta e fui direto para o meu quarto.
A menina estava acabando de encher a tina quando entrei.
– Já está quase pronto, senhora! – Falou se desculpando.
– Não tem problema! Qual o seu nome?
– Rita… – Disse mais tranquila.
– Obrigada por preparar o meu banho, Rita! Pode ir eu me viro com o restante… – Ela hesitou e eu sabia o porque. – Não se preocupe com Lucília, ela não irá repreendê–la por isso. – Sorri e ela me voltou um sorriso tímido.
– Obrigada, Baronesa. – Agradeceu e virou para se retirar, não pude deixar de olhar suas curvas, era uma menina bem bonita.
Eu sabia o porque Lucília fazia isso, ela era mais velha, do tempo em que ainda existiam escravos ali naquela fazenda. Lembro de ver algumas atrocidades quando criança, coisas horríveis contra seres humanos e jurei nunca ser e nem reproduzir isso. Quando meu pai faleceu e eu assumi a fazenda, uma das primeiras coisas que fiz foi libertá–los, não coloquei nenhum para fora da fazenda, a grande maioria tinha nascido ali e não tinha para onde ir. Meu pai, o antigo Barão não os tratava com crueldade, os horrores que vi foram nas fazendas vizinhas e dos outros Barões do Vale.
Fiz o que poucos faziam, eu os libertei e contratei cada um deles. Deixei que cada um escolhesse o seu rumo, se iriam embora ou ficariam para trabalhar comigo. A grande maioria ficou na fazenda e por esse motivo, além de não ser bem vista por ser uma Baronesa que gosta de mulheres, eu ainda era motivo de escândalos por ser abolicionista. Pouco me importava a opinião dos outros, eu faria o que era certo.
Tomei banho e em seguida fui deitar. Meus pensamentos eram somente dela. Carmen, apesar de distante estava comigo o tempo todo. Eu já estava cansada de reprimir o que sentia por ela, então acabei aos poucos me deixando levar por esse sentimento. Sonhei com ela e acordei sorrindo.
Levantei e a mesa de café já estava pronta. Lucília se sentou comigo, como sempre.
– Bom dia, Baronesa! – Ela nunca me chamava pelo título.
– O que houve, Lucília?! – Disse revirando os olhos.
– Nada senhorita, apenas cumprimentando a dona da casa. – Continuou bebendo seu café.
– Por Deus, mulher! Eu só falei daquele jeito contigo, para ver se entendia de vez que não se trata as pessoas com grosseria.
– Mas ela é só uma empregada…
– De novo? – Bati de leve na mesa. Respirei fundo. – Não quero mais brigar por isso, por favor, só tente mudar um pouco esse teu jeito, está bem!? – Ela me olhou de rabo de olho e balançou a cabeça em concordância.
Mudamos o assunto e quando vi estava rindo de algumas bobagens que Lucília me contava da capital.
– Precisa parar de ser tão fofoqueira – Disse rindo
– Isabel! – Fingiu me repreender.
– Lucília, tu realmente conheces todos os detalhes sórdidos da capital – Falei ainda rindo.
– Só os que me contam… – Ela encolheu os ombros rindo. – Me falaram da senhorita também…
Eu tinha medo de onde ia chegar essa conversa, mas resolvi dar corda a ela.
– E o que falam de mim? – Perguntei curiosa.
Lucília pensou um pouco, acho que ponderando se deveria ou não contar.
– Dizem que a senhorita andava todas as noites pelo bordel da tal Madame Margot… – Eu quase engasguei com o café, mas não daria a ela esse gosto de me pegar de surpresa.
– Essas pessoas falam demais, deveriam olhar para a própria vida! – Disse limpando a boca com o guardanapo de pano.
Antes de me levantar ela soltou outra.
– Senhorita Amanda também já está sabendo!
Bufei.
– Não sou casada com Amanda, Lucília! Não tenho que me preocupar com isso! – Ela me encarou curiosa.
– O que essa mulher fez contigo que anda suspirando tanto pelos cantos? – Estreitou os olhos me analisando.
Caminho errado, Lucília. Carmen não é assunto teu.
– Não existe mulher nenhuma! – Me levantei para acabar de vez com aquela conversa.
– Existe sim… – Insistiu. – Eu já vi isso acontecer nessa casa uma vez e tudo está se repetindo agora…
Fiquei curiosa com o que ela falou, mas não quis perguntar para não prolongar a conversa indesejada. Apenas bufei.
– Tenha um bom dia, Lucília! – Falei e sai da sala.
Enfim peguei meu cavalo e com mais alguns empregados, sai rumo a fazenda Águas Claras. Como imaginei estava um tanto abandonada e cheia de escravos do antigo Barão. A fazendo foi vendida com tudo dentro e infelizmente essas pessoas eram vistas como propriedades ao olhos da lei.
– Reúna todos os escravos na frente da casa grande! – Pedi à um dos meus empregados. Ele concordou e saiu a cavalo.
O restante foi comigo até o casarão. Estava cheia de poeira e com todos os móveis cobertos por lençóis brancos. Fui tirando cada um deles e revelando, aos poucos, uma mobília de bom gosto e bonita. Os outros homens, me seguiram e foram tirando o restante dos lençóis. Ainda não sabia o que faria com a construção. As duas fazendas seriam uma só, não tinha motivos para manter duas casas.
Andei mais para dentro, era enorme. Ainda maior do que a minha. Ao caminhar pelos corredores senti pena de mandar derrubar. Não sei ainda o que faria com ela, mas manteria ali intacta.
Me encostei na grade da varanda e meu pensamento foi longe, mas precisamente a uma dama na capital. Me peguei tendo pensamentos impossíveis ao andar por essa enorme casa. Imaginei e por um momento cheguei a ter um vislumbre da imagem de Carmen ali sentada na sala. Essa casa combinava perfeitamente com seu ar elegante. Balancei a cabeça, afastando tais pensamentos.
– Pé no chão, Isabel! Por favor… – Disse em um suspiro.
Vi quando as pessoas começaram a chegar. Me coloquei em frente a escada e esperei que todos se aproximassem.
– Baronesa, estão todos aqui! Alguns fugiram quando o Barão morreu… Um deles me contou.
– Obrigada, Getúlio! Compreensível que tenham fugido, não sabiam quem assumiria a fazenda.
O velho Barão não tinha uma das melhores famas quando se tratava de seus escravos.
Me posicionei no alto da escada para ficar na visão de todos.
– Bom dia! Me chamo Isabel, sou a nova dona da fazenda Águas Claras! – Os cochichos começaram. – Por favor, prestem atenção! Como alguns devem saber, sou a dona da fazenda ao lado.
– A sinhá é a Baronesa de Vassouras! – Escutei alguém gritar meu título.
– Isso mesmo! Apesar de não ser do meu interesse enfiar meu título goela abaixo de ninguém! – Alguns riram. – Estou aqui para informar a todos que a partir de hoje estão livres!
A falação começou.
– Isso é verdade, senhorita?! – Uma senhora me perguntou.
Fui até onde ela estava.
– A mais pura verdade… – Disse com calma e ela sorriu.
– A partir de hoje, cada mulher, homem, criança, idoso…. – Olhei para ela. – É livre!
Escutei muitos gritos e pessoas pulando ainda sem acreditar. Meus empregados que estavam ao meu lado, sorriam para mim. Um dia todos eles também passaram por isso e vi em seus rostos um agradecimento silencioso pelo gesto. Voltei para o alto da escada. Esperei todos se acalmarem.
– Eu, claro, vou precisar de toda ajuda necessária para manter agora as duas fazendas, que a partir de hoje serão uma só, então quem quiser ficar e trabalhar para mim, digo trabalhar e ser pago para isso…. Pode escolher ficar e eu serei muito grata, mas se for da vontade de vocês partirem, estarei totalmente de acordo.
Vi eles se entreolharam e algumas famílias se dividirem aos poucos.
– Nós ficaremos para ajudá–la, sinhazinha! – Uma mulher de meia idade disse abraçada ao marido e com dois meninos ao seu lado. – Eu trabalhava na cozinha da casa e meu marido cuidava dos cavalos do falecido Barão, queremos ficar!
Sorri para eles.
– Fico muito feliz que tenha decidido ficar. Sejam Bem–vindos!! – Eles sorriram e em seguida uma série de pessoas vieram ao meu encontro me agradecer e falar sobre sua decisão.
Chamei alguns empregos para uma pequena reunião na varanda da csa.
– Como todos vocês sabem, na antiga fazenda nos transformamos a antiga senzala em uma casa para todos que ficaram, vamos fazer o mesmo aqui em Água Claras. – Todos sorriram e concordaram. – Conto com a ajuda de todos vocês!
Assim como na minha fazenda, quase todos decidiram ficar. Aquelas que decidiram partir, pedi somente para aguardarem os papéis da alforria ficarem prontos, sabia que seria uma sentença de morte deixá–los partir sem que eles tivessem a prova que eram homens livres.
Passamos a tarde toda ali conhecendo a fazenda e rodando com os empregados antigos para avaliar sua extensão e todo o processo de produção que estavam habituados. Seria um trabalho árduo, mas eu conseguiria. Decidi passar a noite na nova fazenda. Seria mais fácil acordar por ali e partir para o trabalho. As pessoas que já eram responsáveis pela casa, fizeram toda a limpeza e comida. O lugar ganhou vida novamente.
Mandei alguns homens para a outra casa, avisar que eu não retornaria por alguns dias. Sabia que Lucília ficaria preocupada.
Na manhã seguinte, enquanto tomava café na varanda da casa, avistei de longe uma comitiva vindo em direção a casa. A governanta veio com algumas pessoas e trouxe uma porção de roupas minhas e outros utensílios pessoais. Agradeci mentalmente por tê–la em minha vida. Ela sabia como cuidar de mim.
Continuei meu café e novamente tive a ilusão de ver Carmen por ali sorrindo. A saudade dela estava me matando. Sai para o trabalho antes que meus pensamentos me consumissem o dia.
Quase um mês se passou, com muito trabalho, mas enfim tudo estava se encaminhando como eu queria. Levaria um pouco mais de tempo, mas aos poucos as coisas se ajeitariam.
– O que fará com a casa? – Lucília perguntou se aproximando.
– No começo pensei em derrubá–la, já tenho a outra casa… – Pensei novamente em Carmen ali comigo. – Mas por fim decidi deixá–la intacta. Ficarei aqui alguns dias quando for preciso, é uma casa muito boa. – Disse somente.
Lucília ia responder, mas de longe avistamos uma carruagem. A minha carruagem. Estranhei. O cocheiro parou nos cumprimentando e Amanda desceu sorrindo. Eu fechei a cara na hora. Ela reparou que não gostei.
– Não gostou da minha visita, Querida?! – Disse subindo as escadas. Se ela soubesse que adoraria ver outra mulher ali, ao invés dela.
– O que faz aqui, Amanda? – Ela se aproximou esticando sua mão. Revirei os olhos, mas toquei de leve sua mão com um beijo.
– Podia pelo menos disfarçar, Isabel! – Disse decepcionada e na hora me senti mal.
– Me perdoe… Só não esperava a senhorita! – Pedi me afastando e vi de relance Lucília cumprimentando Amanda com um abraço. – Como sabia que estava aqui?
Ela riu.
– Quem nesse Império já não sabe que a Baronesa de Vassouras, agora é a maior fazendeira do Vale do Paraíba? – Comentou orgulhosa. – Cheguei até a outra fazenda e não encontrei vocês, até que me disseram que estavam aqui!
– Precisa de alguma coisa? – Perguntei.
– Somente da sua presença… – Falou se aproximando. – Estava com saudades, faz tempo que não vai a capital.
Ao pensar na capital, lembrei–me de Carmen e da saudade que estava dela e do seu corpo junto ao meu. Eu preciso vê–la.
– Vou deixar vocês a sós. – Lucília saiu sorridente. Eu revirei os olhos.
Amanda me seguiu até a sala da casa onde me servi de um licor, oferecendo também a ela.
– Que casa maravilhosa, Isabel! – Ela estava sonhadora demais e isso me preocupava.
– Sim… é realmente linda!
– Imagino uma família bem grande morando aqui, essa casa merece uma família feliz e risadas de crianças… – Falou me olhando, eu sabia que estava sendo bem direta sobre o que queria no futuro comigo.
– Quero saber como farei para ter crianças correndo aqui! – Disse áspera. Me servi novamente de licor.
Acabei entrando no sonho de Amanda, mas não era ela a pessoa que imaginava ali comigo.
– Existem muitas crianças para adoção, Isabel! Podemos adotar uma menina! – Ela tapou a boca e fingiu timidez. Me servi de algo mais forte dessa vez. – Digo, tu podes adotar uma criança, com a mulher que escolher para casar…
– E não se importaria nenhum um pouco de ser essa mulher?! – Disse rindo.
– Claro que não! Sabe que adoraria casar contigo, sempre foi a minha vontade…
– E do crápula do seu pai, por isso montaram aquele noivado ridículo na sua casa, sem eu sequer saber! – Amanda ficou séria.
– Achei que já tivesse me perdoado por isso…
– Pois ainda não – Disse olhando para ela com a garrafa de uísque na mão. – Amanhã cedo levarei a senhorita de volta para a capital… – Ela tentou argumentar mais não deixei. – Preciso resolver assuntos lá.
Ou seja, matar minha saudade de Carmen. Antes que ela me matasse.
E como se lesse pensamentos, Amanda fechou a cara.
– Se acomode e escolha um quarto, Lucília atenderá todos os seus pedidos, senhorita… – Fiz uma reverência simples. – Agora, se me der licença, preciso trabalhar!
Coloquei meu chapéu, bebi a última dose do Uísque em meu copo e sai sem olhar para trás. Quando voltei para casa já era noite, não queria muita conversa com Amanda e para minha sorte elas já haviam jantado.
– Não se preocupem… – Comentei assim que se desculparam por não me esperar. – Sei que está tarde, vou comer qualquer coisa e descansar. – Olhei para Amanda que ainda parecia irritada. – Melhor descansar também, saíremos assim que o sol nascer.
Ela ficou vermelha e eu ri por dentro, eu via que estava se mordendo de ciúmes, ela já sabia de Carmen, era notório.
Deitei com a cortesã em meus pensamentos e passei a noite me virando na cama de ansiedade. Toquei meus lábios, lembrando do nosso beijo e sorri. Eu já tinha me rendido. Aquela guerra contra Carmen estava perdida e o que eu faria com esse sentimento ainda não sabia.
O dia logo amanheceu, eu não dormi nada. Quando cheguei na sala, Amanda já estava arrumada com Lucília do lado. Eu ia dizer que ela não precisava ir, mas não estava com cabeça para discussão. Seguimos as três para a capital, eu em silêncio e as duas falando sem parar. Dei graças a Deus quando chegamos ao Rio de Janeiro. Desci da carruagem e dei a mão para ajudar na descida de Amanda e Lucília.
– Sempre muito cortês! Obrigada, Isabel! – Disse Amanda suspirando.
– Me desculpe não entrar com vocês, mas preciso resolver algumas coisas… – Disse entrando novamente na carruagem. – Fique o tempo que quiser, Amanda! O cocheiro levará você para casa quando pedir.
Logo depois saímos dali e fui direto ao encontro de alguns investidores ingleses, que estavam interessados em safras de café e curiosos para me conhecer. Minha fama depois da compra da fazenda Águas Claras se estendeu por todo o Império, passei a receber constantemente cartas de outros fazendeiros e investidores estrangeiros interessados em uma sociedade nos meus negócios. Passei a tarde na rua e voltei para casa já anoitecendo. A minha noite seria toda dela. Foi um dos maiores motivos da minha volta para capital e para minha alegria, Amanda já não estava mais na minha casa e pelo jeito nem Lucília. Me arrumei o mais rápido possível e literalmente corri ao seu encontro.
A casa já estava bem cheia quando entrei. Corri meus olhos pelo salão a sua procura. Minha presença ali como sempre chamou atenção. Avistei seu cabelo preto de longe, mas meu sorriso logo morreu quando a vi sentada no colo de um homem. Andei com passos firmes e irritada até o local. Aos poucos reconheci, se tratava de um velho amigo. Um Duque Francês conhecido da família a bastante tempo.
Toquei de leve em seu braço e senti sua pele dela arrepiar quando ouviu minha voz. Devagar se virou olhando–me feliz. Era nítido que a saudade não era somente minha.
Cumprimentei o Duque para a surpresa de Carmen e delicadamente tirei ela do seu colo, afastando a mulher dali.
– ¡ARRIBA! – Exclamei irritada.
Carmen ficou em silêncio, vi seu sorriso de canto de boca e subiu comigo para seu quarto. Ela abriu a porta e se agarrou no meu pescoço. Minha vontade de beijá–la era imensa, mas meu ciúme estava maior.
– É só eu ficar ausente por um tempo, que logo já está no colo de outro!
Afastei–a de mim deixando a mulher irritada.
– Usted sumiu por um mês, sú hija de puta! – Disse me jogando uma de suas caixas de joias. Me esquivei surpresa com sua atitude.
– E logo tratou de arrumar outro? – Falei me aproximando dela.
– ¿Qué querías que hiciera? Ficasse aqui no quarto esperando que regreses?! – Carmen estava muito brava. – ¡Soy una PUTA, Isabel! No te esqueças disso! Preciso trabajar, no tengo una vida fácil! – Disse sem me olhar.
Eu via o quanto estava irritada, mas não só comigo, com ela também. Carmen, devia estar tão confusa quanto eu.
– E usted, não pode me cobrar nada! Ya que estás caminando con esa chica sem sal por aí! – Disse áspera.
Sorri e respirei fundo. Resolvi engolir meu ciúme diante da situação, eu realmente não podia cobrar nada, chegava a ser ridículo da minha parte e ela me lembrou disso do pior jeito possível.
¡Soy una PUTA, Isabel!
Estava de costas para mim. Me aproximei abraçando–a por trás e beijando seu pescoço, ela estava rígida, mas logo foi se entregando aos meus carinhos. Virei–a de frente e enfim beijei seus lábios como queria a muito tempo. Carmen estava entregue àquele beijo tanto quanto eu e minutos depois estávamos nuas na cama. A fiz minha como das outras vezes em que estive aqui, mas foi diferente naquela noite. Mais intenso. Não tinha só o corpo de Carmen. Senti que toda sua alma complexa me pertencia e a minha à ela também se rendeu.
Fim do capítulo
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