Voltando para casa
Seus olhos esverdeados estavam em alerta como sempre, três disparos certeiros fizeram com que o homem que estava a poucos metros caísse desacordado para nunca mais levantar. Ao notar que estava a salvo sua protegida tentou levantar-se, mas a loira pressionou sua cabeça levemente e ordenou que a mesma permanecesse abaixada; ela olhou por alguns instantes na direção do corpo sem vida e depois virou rapidamente para trás ao escutar o som de passos se aproximando de forma lenta. Sua Beretta 92 apontou na direção do pobre motorista que estava no topo da pequena escada que dava acesso ao estacionamento, o mesmo apenas levantou as mãos com o rosto totalmente sem cor sem saber o que estava se passando.
Ela analisou milimetricamente novamente o local silencioso, mantendo a garota de no máximo vinte anos sobre os seus olhos extremamente atentos, tudo estava bem, aparentemente não existia mais sinal de perigo. Esse era o trabalho da ex-cheerio, Quinn Fabray, que vinha da esquecida Lima em Ohio. Um trabalho onde ela deveria estar sempre um passo a frente de qualquer outra pessoa e que errar não era uma das suas alternativas. Sua inteligência, perspicácia e até mesmo a frieza fizera com que a jovem loira chegasse a trabalhar no serviço secreto por um curto período, porém alguns motivos particulares fizeram-na olhar para um ramo menos arriscado, mas não menos comprometedor - a de ser um guarda-costas particular - e não um guarda-costas qualquer, uma de alto valor e extremamente requisitada.
***
Após aquele pequeno momento fora de rotina e agora completamente guardada pelas paredes de concreto, a herdeira de um casal milionário pegou um copo ainda com as mãos levemente trêmulas e preencheu o seu interior com o melhor whisky que possuía no recinto oferecendo-o a mais velha em seguida que educadamente recusou. A garota apenas sorriu e confirmou com a cabeça, como se tivesse acabado de lembrar-se de algo; não era do feitio da Fabray ingerir bebidas alcoólicas ou pelo menos não o fazia quando se encontrava em serviço.
- Como você sabia? - perguntou a garota de olhos azuis levemente curiosa, andando até a lareira e depois voltando o olhar para a mulher que era apenas alguns anos mais velha que ela, porém não era a primeira vez que demonstrava uma capacidade de dedução rápida e precisa.
A mesma se referia ao episódio de poucos momentos atrás no estacionamento, onde a Fabray baleara o suposto servente sem nenhuma culpa ou dúvida de quem era o seu alvo.
- Eu o vi lavando o carro mais cedo. - respondeu a mulher de forma direta e levemente entediada.
- Eu também. - confirmou a sua protegida não vendo a diferença que fez a loira agir no momento certo.
- Eles não lavam carros dentro do estacionamento. - completou Quinn com um sorriso quase imperceptível.
A jovem correspondeu com um pequeno sorriso e ergueu as sobrancelhas um tanto surpresa, esse pequeno e delicado detalhe havia lhe escapado, algo que teria feito perder sua vida se estivesse sozinha; mas graças às ótimas recomendações que seus pais haviam recebido a Fabray estava ao seu lado e fazendo um perfeito trabalho, sem espaço para erros de qualquer proporção.
- Suas mãos sempre tremeram Quinn? - perguntou dando um leve gole na bebida rejeitada anteriormente por sua guarda-costas. Seus olhos analisavam cuidadosamente a loira de olhos intensos.
- Às vezes. - disse dando levemente de ombros e se explicando em seguida, não queria que a mesma achasse que ela esteve com medo ou insegura. - é por conta da adrenalina.
-Eu gostaria que ficasse. - disse a mulher após encontrar o envelope que estava procurando no móvel do escritório e entregando-o nas mãos da loira.
-Não. Eu não gosto de trabalhos fixos. - respondeu de forma firme e pegando o seu pagamento. - meus pés ficam dormentes. - completou a Fabray se permitindo brincar um pouco, já que estava em clima de despedida.
A mais nova concordou com a cabeça e se deu por vencida, apesar de insistir com propostas mais que tentadoras ela bem sabia que a loira não voltaria mais a trabalhar para ela - pelo menos não por enquanto - o que era de fato uma pena, já que a mesma havia se mostrado uma profissional bem acima das suas expectativas.
- Espero lhe ver mais vezes... - sussurrou agora em tom sugestivo bastante sugestivo e se aproximando de forma bastante furtiva
Quinn acompanhou cautelosamente com os olhos, havia sido surpreendida pelos lábios da menor, porém sem sobressaltar-se com tal atitude, ela nunca fora de dar brecha aos seus clientes, nunca deixava se envolver seja ele homem ou mulher, pois além de completamente fora da sua ética era um fator de risco a mais; no entanto deixou-se render ao beijo delicado da jovem, sem aprofundá-lo, mas também sem recusá-lo.
***
Naquela mesma noite a jovem guarda costas de 27 anos recolheu suas poucas coisas em duas malas e retornou para a sua residência após chamar um taxi; ao chegar na pacata vizinhança a loira deixou as malas na calçada enquanto se espreguiçava, seus músculos estavam tensos e ainda demorariam um pouco para se livrar da tensão adquirida nos últimos meses. Era algo engraçado retornar para aquele local supostamente chamado de "lar". Quinn passava tanto tempo na casa dos seus clientes - quanto eram trabalhos longos - que mesmo retornando para o seu cantinho, ela não conseguia sentir-se verdadeiramente em casa.
Passar muito tempo fora sempre lhe dava trabalho redobrado, a loira não conhecia muitas pessoas na sua calma vizinhança devido a certa instabilidade que o seu trabalho reservava e como ela não possuía alguém de extrema confiança era difícil deixar a casa aos cuidados de alguém em especifico; resumindo, a grama precisava ser cortada e havia um mar de folhas secas por todo lado, quem passasse por ali com certeza acharia que era alguma casa abandonada. Ela seguiu pelo caminho feito com pedras e ao chegar à porta de entrada encontrou mais um monte de lixo, papéis de propaganda, algumas correspondências e o que parecia ser o jornal do dia; Quinn apanhou apenas o jornal e chutou o resto para os lados, era um monte de tralha sem importância, a única pessoa que sabia do seu paradeiro era sua mãe e a mesma só se comunicava por telefone.
Ao entrar a casa não estava na mesma zona que o lado de fora graças às visitas quinzenais que Helena fazia, agradeceu mentalmente por isso e subiu direto para o seu quarto, precisava de um banho urgente e uma roupa leve para sentir-se revigorada novamente ou pelo menos parcialmente; deixou as malas na sala e retirou o blazer enquanto subia as escadas, desabotoou a camisa branca e suspirou cansada. Sua casa precisava de alguns retoques antes que os vizinhos começassem a lhe olhar com reprovação, mas ela deixaria isso para o dia seguinte, era só dar alguns telefonemas e tudo estaria em ordem. A loira passou um bom tempo na banheira, pensando em coisas aleatórias e alguns assuntos inacabados, quando achou que deveria ocupar a sua cabeça com outra coisa ela deixou a banheira e vestiu o roupão, descendo as escadas e indo em direção à cozinha. Quinn até pensou na possibilidade de cozinhar algo, mas lembrou que não deveria ter muita coisa dentro da geladeira. "Ok! Mais algo para a longa lista de amanhã... Grama, folhas, casa e compras" pensou massageando a fronte e se dirigindo até o telefone que ficava perto da entrada da cozinha, o jeito era se render a uma boa pizza.
A ex-cheerio consultou a sua listinha de telefones para emergências e lá estava o atrativo número ao qual ela raramente se rendia; após fazer o seu pedido ela sentou-se em um dos bancos que ficava junto ao balcão central da cozinha e resolveu ler o jornal enquanto esperava.
A entrega não demorou e o estômago da loira agradeceu por isso.
-Srta. Fabray! - o entregador olhou naqueles olhos profundos e corou.
Quinn deu um pequeno sorriso e confirmou com a cabeça, o rapaz da entrega deveria ter no máximo os seus 17 anos, cabelos negros bagunçados e olhos extremamente azuis. Era engraçado, das raras vezes em que pedia pizza o mesmo entregador fazia questão de trazer com urgência o seu pedido. Quinn pagou um valor generoso ao rapaz que ficou bastante feliz com a gorjeta - para a loira era apenas um pequeno agrado pelo bom atendimento, ela bem sabia o que era ter que se esforçar para ganhar alguns trocados a mais no final do mês com aquela idade.
Sem trocarem muitas palavras o jovem sorriu, cheio de suas incertezas e partiu acenando para a loira, esperando ansioso pela próxima entrega para ver novamente aqueles belos olhos que transitavam entre o castanho e o verde. Quinn sorriu mais uma vez ao vê-lo partir, mas toda vez que se encontravam lembrava-se de o quanto sua vida sentimental era uma droga; seu último relacionamento havia terminado há seis meses - se é que ver uma pessoa algumas vezes e trans*r com ela poderia ser considerado algo. A verdade era que o seu trabalho também lhe restringia a área afetiva, por mais que tentasse nunca dava certo por vários motivos, resumindo os relacionamentos - que também não foram muitos, no máximo três - a breves encontros irregulares e sex*.
A loira não tinha muito do que reclamar, pois sabia bem no que estava se metendo quando entrou nesse mundo, mas ela era apenas uma jovem bastante imatura e perdida demais, procurando desesperadamente por algo em que se apoiar. Quinn construiu uma carreira sólida em pouco tempo, mas tudo graças ao seu medo e incertezas na época; ela ganhava muito bem, o suficiente para se manter, ter algum luxo e sustentar sua mãe que ainda residia em Lima. Isso era o suficiente, ou pelo menos era no início, mas o tempo ia passando, a maturidade chegando, e como qualquer outro mortal ela sentia desejos e acima de tudo vontade de ter alguém por perto.
***
Naquela mesma noite na badalada New York a cidade que nunca dorme a estrela Rachel Berry se preparava para mais uma de suas aparições. Não importava onde a diva fosse sempre havia milhares de fãs a sua espera, cada um com a esperança de chegar o mais perto possível da judia que a todos encantava.
Esta noite ela daria entrevista e faria uma pequena apresentação em um programa; ao chegar pessoas gritavam, choravam e milhares de flash's disparavam sem cessar. Mesmo com todo o tumulto a pequena fazia questão de sorrir, acenar e dar autógrafos para todos; a simpatia era a marca oficial de Rachel Berry e o que fazia com que a morena conseguisse uma legião de fãs ainda maior a cada dia.
-Rachel... Precisamos ir agora. - Informou Santana enquanto discutia com alguém no celular e ao mesmo tempo se posicionando ao lado direito da diva, evitando que a multidão se aproximasse demais.
-Tudo bem. - respondeu a cantora confirmando com a cabeça e seguindo o seu caminho, acompanhada da latina e de outras pessoas que trabalhavam com ela.
A vida da morena era assim quase todos os dias, mas nem sempre a judia teve dias gloriosos como agora. Rachel foi para New York com Kurt e um sonho em mente, ser uma grande estrela da Broadway. No começo a morena chorou muito e pensou em desistir várias vezes, o mundo estava longe de ser aquele conto de fadas que ela sonhava, havia pessoas com o mesmo sonho que a pequena e igualmente talentosos ou ainda melhores, mas mesmo nos piores momentos Kurt, Finn e os seus pais lhe deram forças para seguir em frente... E foi o que ela fez. NYADA ficou em seu passado, assim como o McKinley, então ela conquistou os palcos da Broadway. Críticas e mais críticas surgiram, mas serviam apenar para aumentar ainda mais o brilho de Rachel; que aos poucos conseguiu se tornar mais do que uma estrela, o futuro lhe reservava mais, muito mais... Quem diria que algum dia a Broadway viraria algo "pequeno", a judia começou a conquistar novos palcos, novos fãs, estava trabalhando arduamente no seu primeiro cd e havia rumores de que brevemente chegaria uma indicação ao Oscar.
Apesar de ter apenas 27 anos, Rachel se tornou uma mulher forte e determinada, deixou para trás a insegurança e o jeito de se vestir do interior - nada de suéter de bichinhos ou meias ¾ - agora ela era uma mulher, ainda mais radiante e incrivelmente bela.
Uma de suas assistentes levou alguns dos presentes enviados pelos fãs até o camarim da morena. Flores, bombons, ursinhos de pelúcia e mais uma infinidade de mimos para a grande diva que estava dominando o mundo; tudo foi muito bem arrumado antes que a judia se fizesse presente. Por ironia do destino um dos presentes destinado a Rachel tinha uma bomba oculta em seu interior, que ao ser detonada não deixou vitimas, mas destruiu completamente tudo na sala.
Talvez a bomba tivesse o destino de matar a estrela, ou quem sabe aquilo servisse apenas como um "aviso", indicando que algo pior estava a sua espera... Mas quem iria querer matar a diva? E qual motivo teria para tal ato?
Fim do capítulo
Espero que tenham gostado! Vejo vocês em breve.
Comentar este capítulo:
wandicleide
Em: 23/03/2021
Acabei de ler o primeiro capítulo e já me apaixonei pela história! Já favoritei o romance e a autora também! Vamos em frente com muita expectativa e com certeza muitos capítulos cheios de muita adrenalina e trechos emocionantes! Você escreve muito bem! Continue as postagens e fará muita gente aqui bem feliz ????! Beijos...........
suzy28
Em: 04/06/2020
Lá Rue....
Escreva e poste. Eu sei q tem mais histórias guardadas por aí...
Posta tudo mulher.
Amo Faberry de coração.
Agradeço.
Melhoras.
PS: P me senti bem... Eu leio.
Resposta do autor:
Kkkkkk... Aí quando acabar os capítulos vocês vão me cobrar pra postar que eu sei.
Ah eu adoro Faberry também, era o que eu mais escrevia antigamente.
Eu que agradeço por sempre comentar, um forte abraço!
Vou postar mais um pra você.
[Faça o login para poder comentar]
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]