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Um passado no presente por moniquetayah

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Palavras: 5746
Acessos: 828   |  Postado em: 26/05/2020

Notas iniciais:

Boa leitura

Era ela

A noite estava agradável, o céu limpo e mesmo com a música alta e a gritaria vindo de dentro daquela casa de praia, os sons da natureza eram mais evidentes para Leo e Tari, duas jovens de 18 anos, que estavam deitadas lado a lado na grama olhando as estrelas.

- É... – Tari suspirou com o olhar fixo na imensidão.

- O que? – Leo virou com calma de lado para olha-la.

- Tudo... – olhou de canto, sorriu e voltou a olhar o céu. – olha esse céu, ele é... nem parece real... – suspirou novamente – é tanta coisa que eu nem sei... essa viagem nessa casa maravilhosa, a banda com o primeiro show marcado, você e eu aqui... – encarou a outra – é como se a imensidão do céu fosse o reflexo de tudo que eu to sentindo aqui dentro, toda essa euforia, todo esse amor... é como se a vida inteira eu tivesse esperando por esse momento...

- Tá bêbada? – perguntou sorrindo.

- Não... – Revirou os olhos com um sorriso de canto e virou de lado para encarar Leo – eu estou é apaixonada... – sorriu – apaixonada pela casa, pela banda, pela vida... por você – selou sua boca – apaixonada por estar apaixonada... é tudo intenso demais tá vivendo esse sonho com você, com eles... – olhou para as estrelas, mas voltou a outra - se eu tô feliz a beça com o que temos hoje imagina quando a banda tiver fazendo sucesso, quando tivermos nosso próprio CD, quando essa casa aqui for de nós cinco, porque sim... essa casa vai ser nossa... imagina quando a gente tiver casada, com filhos, e os outros também tiverem suas pessoas... e seus filhos... vai ser mágico...nós vamos viver como uma grande família feliz cheia de brigas idiotas e cafés da manhã às duas da tarde... – Tari brilhava como uma estrela, era impossível não entrar dentro daqueles olhos e encontrar todo o universo neles.

- Então nós vamos nos casar? – Leo tinha um tom irônico quase sedutor.

- Claro que vamos! – animada.

- E é assim que você me pede em casamento? – ainda irônica.

- Não estou pedindo... – desdenhou.

- Ah não? Então como vamos nos casar e ter esse monte de filhos?

- Você! – falou bem próxima a sua boca. – Você que vai pedir...

Leo molhou os lábios e sorriu, negou com a cabeça, olhou bem no fundo daqueles olhos tão brilhantes e beijou sua namorada.

- E como você tem tanta certeza disso? – Leo perguntou ainda com a boca colada em Tari.

- Leo... – afastou um pouco o rosto para lhe olhar e sorriu confiante – você não resiste a mim... – Leo revirou os olhos – Olha! Não revira os olhos pra mim! – brincou fazendo-a abrir o sorriso e segurar em seu rosto.

- Como eu te amo, garota! – selou sua boca algumas vezes antes de voltar a deitar de costas na grama e olhar para o céu.

- Tá vendo... eu sempre tenho razão.

- Shih... – colocou a mão em sua boca. – olha as estrelas olha...

Tari soltou uma risadinha abafada e se aconchegou ao lado de Leo.

- Eu também te amo muito... – a voz de Tari saio quase num sussurro, já Leo suspirou como resposta.

Naquele momento único e especial entre elas, uma estrela cadente passou no céu para dar a certeza que elas precisavam, aquele amor era mesmo magico.

- Você viu? – Ambas praticamente gritaram juntas ao se sentarem animadas.

- Faz um pedido! Faz um pedido! – Tari fechou os olhos sorrindo de orelha a orelha, em seguida os abriu encarando Leo que também tinha um sorriso estampado – O que você pediu?

- Se eu contar não realiza... mas quando realizar eu te conto. – segurou em seu rosto e lhe deu um beijo rápido.

- Cara – Tari voltou a olhar o céu - uma estrela cadente... eu nem acredito que vimos uma estrela cadente. – sorria feliz ao fazer carinho em Leo – É a confirmação... você sabe né?

- Mãe! – Madu já havia chamado por ela algumas vezes, mas teve que tocar em seu ombro para que lhe ouvisse.

Era dia e Éli estava sentada em seu escritório na cobertura. Passou a manhã e a tarde toda tentando arrumar meio de entrar em contato a última integrante que ainda faltava. Sua cabeça chegava a doer de tanta coisa que acontecia ali.

- Oi? –  respondeu avoada como quem é acordada repentinamente.

- Porque tá chorando?

- Eu não estou... – limpou as lágrimas que haviam descido sem nem perceber. – eu só estava pensando... bocejei e lacrimejei...

- Tá estranha... é por causa do documentário da banda? Você já conseguiu achar todos eles?

- Não tô estranha... e não... tem uma integrante que ainda não consegui entrar em contato...

- Hum... – Madu analisou a mãe – e você já tentou nas redes sociais?

- Claro né? Mas parece que... sei lá, ela sumiu do mapa... A Ane, outra integrante da banda está me ajudando com isso, espero que ela consiga algo.

- Hum... é espero que sim... – suspirou fazendo Éli encara-la mais profundamente.

- O que você tem? Quer conversar?

- É... acho que sim... ou sei lá, talvez não... – deu de ombros, mas sentou em um banco a frente ficando em silêncio por um tempo. – Eu tava pensando em você e meu pai... eu lembro da infância que vocês eram muito amigos, mas eu hoje vendo o passado eu sei lá... parece que vocês eram real só amigos... não tinha emoção... – Éli ficou confusa então fez sinal para que ela continuasse. – Você era apaixonada pelo meu pai?

- Porque isso agora Madu?

- Responde...

- Ah... eu gostava dele...

- Mãe, você era  apaixonada pelo meu pai? – exigiu uma resposta concreta.

- Não.

Madu analisou-a a sua frente, levantou para tentar colocar sua cabeça no lugar, olhou ao redor, voltou a sentar e tentou ler Éli mais uma vez.

- Mãe... alguma vez na vida você se apaixonou?

- Porque?

- Fala!

- Uma vez... – Éli tentou entender tudo aquilo, mas não chegou a lugar nenhum - Maria Eduarda, você pode me dizer o que realmente quer dizer?

- E isso foi antes do meu pai?

- Porque essas perguntas agora?

- Só me responde...

- Mas não é isso exatamente que você quer saber eu sei que não.

- Mãe, por favor, só me responde...

- Sim foi antes do seu pai.

- E porque não ficou com ele? - Éli sorriu e revirou os olhos como resposta. – Vai mãe, para de bobeira e me conta!

- Porque fui traída.

- Hum... e você nunca mais se apaixonou por ninguém? – Éli negou – Você não acha isso triste?

- Madu... – suspirou como se tomasse coragem – você conhece sua vó e sabe o quanto ela é romântica... no passado ela era ainda pior, meu pai era tudo para ela, um príncipe encantado... me dava nervoso o jeito que ela via ele, chegava a ser patético... meu pai por sua vez fazia a linha em casa, mas eu sabia que ele tinha lá os casos dele.

- Meu avô traia minha vó? – Madu perguntou em choque.

- Qual homem que não trai, Madu? – respondeu com desdém – Continuando, eu via toda aquela relação deles e achava o cumulo, e desde criança sempre tive horror a essas coisas de paixões, romances e blábláblá... – Revirou os olhos novamente e soltou o ar com força. – Mas, quando se é adolescente as coisas ficam meio estranhas, a gente meio que não é a gente... e eu acabei me apaixonando, mas foi o suficiente para vida toda... para mim a vida é muito melhor sem toda essa baboseira de gente apaixonada.

- Mas você se apaixonou de verdade?

- Sim...

- E ele te traiu?

- É... fui traída...

- Mas... era bom... quero dizer quanto tempo vocês ficaram juntos?

- Dois anos.

- Uau... bastante coisa... e foi bom antes da traição? – Éli bufou com a pergunta fazendo Madu rir. – Para de reclamar e conversa comigo direito...

- Claro que era bom...

- E você não sente falta?

- De que? – perguntou mais assustada do que deveria, fazendo seu coração ir a boca com a própria reação.

- De estar apaixonada...

- Ah... – tentou se acalmar internamente com uma longa exalação – Não... não sinto... mas quando você vai realmente falar o que quer falar?

- Você é tão bonita mãe, tão incrível, não acho que você deveria se fechar assim para o amor, você já viveu ele uma vez e sabe o quanto é maravilhoso, mas você era nova e sei lá... talvez hoje em dia com todo o conhecimento que você tem... você consiga encontrar alguém que goste de você e que seja leal ao votos que fizerem... sei lá, cara... acho que você tá perdendo tempo não vivendo paixões sabe?

- Tá apaixonada filha? – abriu o sorriso ao entender toda aquela conversa, fazendo Madu ficar sem reação.

- E-eu... não... é... não...

- Ta apaixonada! – sorriu ainda mais com o desespero da filha. – Me conta! – ela estava nervosa e com muita vergonha. – Respira e me conta – Éli tentou lhe passar segurança.

- Não tem o que contar... não é reciproco...

- Isso é uma suposição?

- Não...

- Então vocês conversaram sobre isso?

- Não nunca!

- E como sabe que não é?

- Ah... a gente sabe né?

- Não, não sabemos...

- Mas a gente sente, não sente?

- Depende...

- De que?

- De muitas coisas... mas pra não ficar no achismo você deveria era conversar com esse ser humano ai que tá mexendo com seu coração... – sorriu tentando passar segurança a filha – e a Navi?

- Que? O que tem ela? – seu coração foi a boca ao pensar que sua mãe estivesse suspeitando de algo.

Madu depois daquela pequena conversa teve a certeza que sua mãe tinha mesmo um bloqueio em ralação aos romances, mas uma outra coisa que por mais que ela fosse descontruída e que lhe ensinou a respeitar todos e tudo, de alguma forma Maria Eduarda acreditava que sua mãe era homofóbica... há tempos ela já havia reparado que Éli não curtia nada na temática lésbica, era como se ela tivesse alguma aversão a qualquer coisa desse assunto... então para Madu, a mãe saber que ela era apaixonada pela melhor amiga de infância seria o fim do mundo.

- Não sei, me diz você, vocês vão entrar na ultima semana de férias e ela não aparece aqui em casa há dias, vocês brigaram?

-  Não... – sua voz saiu dura e com raiva – ela deve tá ocupada com algo...

- Como assim?

- Ah... sei lá... tem dias que ela tá só de papinho naquele celular com alguém, fica rindo toda felizinha... como ela não queria me contar quem era mandei ela ir ficar de papinho em casa...

- Ai meu deus, ela também tá apaixonada por alguém? – Madu deu de ombros irritada – filha, a Navi sabe quem é essa pessoa que você tá gostando? – ela negou – Então em vez de ficar ai com raiva por ela não tá te contando algo, você deveria contar para ela tudo isso que você tá passando, que assim ela vai se sentir a vontade de contar o que ela tá passando também... vocês são estranhas, as vezes nem parece que são amigas desde crianças... eu hein... como que ela não sabe quem você tá afim, e como você não sabe quem ela tá afim?

- Ah mãe, sei lá...

- Estranhas, vocês são muito estranhas! – riu da careta que Madu fez.


ºººººº


Fazia uma semana que Navi estava conversando com sua mãe por mensagens de texto e até vídeos chamadas. A conversa nunca tinha fim e a compatibilidade em quase tudo em suas vidas era como um sonho se tornando real para ambas.

Navi contou sobre sua infância, sobre a escola, sobre a faculdade, sobre a melhor amiga Madu e sua família, sobre pequenas coisas como cor preferida, comida, música... passaram horas e horas conversando sobre filmes que mais gostavam... mas, a parte pesada onde Ana Vitoria perguntaria o motivo da abandono ainda não havia chegado. Era como um assunto meio proibido, um local difícil de ser acessado.

Em meio a uma vídeo chamada descontraída entre elas, onde Maria mostrava um pouco mais da fazenda, o assusto veio como uma onda inesperada.

- Eu queria que você me contasse porque me abandonou. – Navi falou de uma vez olhando para Maria através da tela.

Maria respirou fundo pega de surpresa e sentou para tentar manter a calma.

- Eu também quero te contar... na verdade tem muita coisa que eu quero te contar... mas não sei... parece que não me sinto muito a vontade em falar dessas coisas por aqui...

- Eu quero ir ai, quero te ver pessoalmente, quero que me conte tudo, eu preciso te ver pessoalmente... – Navi estava ansiosa, já Maria sorriu aliviada.

- Eu vou amar te receber aqui.

- Então você quer? Você quer me ver pessoalmente? – seu nervosismo mostrou toda sua insegurança.

- É claro que quero! – sorriu confiante – eu quero muito ver você... nossa! Como eu quero!

- Então eu vou! – respirou fundo – Eu vou mesmo! Mas eu vou ter que conversar com meu pai...

- É... vai sim...

- Eu vou, eu vou agora! Nesse momento – levantou da cama com o celular na mão, fazendo Maria sorrir com tanta ansiedade – eu vou agora que tô com coragem pra falar com ele, depois te ligo, beijos! – desligou.



ºººººº



A campainha da cobertura tocou cheia de pressa, fazendo Éli abrir quase num pulo.

- Olha quem resolveu aparecer... – Éli ia brincar com sua ausência na última semana, mas seus olhos vermelhos mostravam o quanto ela havia chorado. – Meu deus, Navi o que aconteceu?

Ana Vitória não disse nada, largou a mochila no chão e abraçou Éli já chorando.

- Navi? – Madu chegou na sala e se assustou. – O que aconteceu?

Navi não respondeu de início, apenas chorou e chorou nos braços de sua tia Éli, que por sua vez tentou lhe acalmar com carinhos em seu cabelo e palavras motivadoras. Depois de um tempo ela se acalmou, separou do abraço, soltou o ar com força e sentou no sofá.

Éli pegou sua mochila, fechou a porta e sentou ao seu lado, já Madu sentou do outro.

- O que aconteceu? – Madu estava aflita.

- Eu... eu preciso... – prendeu o choro – eu tenho que contar uma coisa para vocês...

- Conta... – Madu incentivou.

- Eu... – respirou fundo algumas vezes – desculpa eu acho que tive uma crise...

- Tá tudo bem agora... – Madu segurou em seu braço e lhe fez um carinho – pode contar...

- Eu fiz uma coisa... e não quero que fiquem chateadas comigo por não ter falado antes... – por algum motivo Navi estava com medo de continuar a falar. – eu... – sua coragem se foi dando lugar ao silencio.

- Ana Vitoria! – Éli chamou sua atenção – conta logo antes que meu coração saia pela boca. – Navi sorriu de canto com seu nervosismo, suspirou mais para tentar se encontrar e falou de uma só vez.

- Eu encontrei minha mãe na internet e estou conversando direto com ela há uma semana. – falou tão rápido que teve que repetir – Eu encontrei minha mãe na internet e estou conversando com ela... tem uma semana...

Tanto Madu quanto Éli a encararam sem entender.

- Mas... ué... porque escondeu isso de mim? Eu...

- Madu... – olhou bem em seus olhos – não é pessoal... eu só não queria...  sei lá... eu acho que se eu me decepcionasse não queria que você, nem você tia Éli se decepcionassem juntas sabe? Não queria criar expectativas... nem nada...

- Mas você se decepcionou... – Éli mais afirmou do que perguntou.

- Com minha mãe? Não! – sorriu de leve – muito pelo contrário, ela é incrível!

- Mas qual o motivo do choro então? – Madu tirou as palavras da boca de sua mãe.

- Meu pai... – seu tom abaixou de imediato – ele... a gente brigou... eu contei que entrei em contato e que quero ir conhecer ela pessoalmente... ai ele surtou, gritamos um com o outro sabe? E no final ele só disse que não vai me impedir de nada, mas que não quer nenhum envolvimento com esse assunto, que para ele minha mãe morreu. – engoliu o choro – ai eu fiz minha mochila e vim para cá... e me deu uma angustia, sei lá... comecei a pensar que meu pai mentiu para mim a vida toda... que ele deveria ter me contado mais dela...

- Não pensa nessas coisas... – Éli sorriu confiante – pensa que seu pai tem as questões dele e que ele é ele... e que você é você... pensa que você encontrou sua mãe e que está gostando muito de conhece-la... seu pai é um homem bom, ele talvez não queria mesmo fazer parte disso diretamente, mas com o tempo ele vai amolecer.

- Eu tô tão confusa e dividida sabe?

- Como assim? – Éli tinha a voz calma e um leve sorriso para lhe passar tranquilidade.

- Eu já decidi, eu vou lá conhecer minha mãe... mas eu me sinto traindo meu pai... e isso dói... e ao mesmo tempo que eu quero ir lá, eu tenho medo de ir sozinha... e pensar em não ir... parece que eu tô traindo a mim, sabe...

- Onde sua mãe mora?

- Itatiaia, perto de Resende, sabe?

- Indo para São Paulo?

- Isso... ela mora e trabalha num hotel fazenda lá...

- E ai Madu, o que acha de viajarmos em família esse final de semana? – Éli perguntou a filha que de imediato fez ambas as jovens abrirem o sorriso.

- Mentira tia?! – Navi fez cara de choro.

- Sem chorar!

- Mentira! – Navi sorriu com cara de choro e abraçou Éli rapidamente. – Eu nem sei o que dizer! Eu nem acredito que você faria isso por mim...

- É claro que eu faria! Eu amo muito você e quero que seja feliz! E se sua felicidade está no caminho de ir em busca de sua mãe, eu, Madu e Miguel vamos juntos com você.

- Ai tia, eu te amo tanto! – abraçou ela novamente – eu sou muito grata por ter você sabe? De verdade! – soltou do abraço – eu tô tão feliz que nem sei o que pensar direito! Obrigada por isso...

- De nada meu bem – lhe abraçou e beijou a testa – eu vou ligar para seu pai e acalmar ele ok?... já você, manda mensagem para sua mãe dizendo que vamos querer 2 quartos para o final de semana.


ºººººº


Fazia muito tempo que Maria não se sentia tão viva, fazia tanto tempo que ela nem sabia muito bem como lidar com todos aqueles sentimentos.

Ter sua filha de volta em sua vida, mesmo que on-line havia lhe acendido parte da luz que já tinha se apagado há tempos. Luz essa que fez Maria ficar em transe naqueles dias, chegou atrasada no trabalho, deixou seu filho Bento adotar um gatinho, beijou Gabriela como nunca havia beijado... e  ainda disse ao tio que ia cogitar em apenas pensar na possibilidade de ver o tal café e bar.

Maria estava feliz e todos ao seu redor conseguiam ver, mas de alguma forma, ela ainda não havia contado a ninguém sobre Ana Vitória... e após receber a mensagem de que ela iria mesmo ao seu encontro em poucos dias, seu coração foi a boca e a realidade lhe bateu forte... e se Ana não gostasse dela pessoalmente? E se Ana não quisesse mais vê-la depois de saber seu lado da história?... toda sua insegurança lhe fez correr até seu tio, ela precisava contar a ele.

Para sua sorte, seus três tios estavam juntos, Heitor, Antônio e Laura... ela só teria que fazer aquilo uma vez... na verdade ainda tinha Gabriela e Bento... mas isso ela resolveria depois, quem sabe no dia.

- Aceita um chá, querida? – Antônio já se levantou da mesa na varanda da casa deles.

- Não tio, obrigada... – sorriu sem jeito, apontou para a cadeira que o tia estava para ele voltar a sentar e sentou na última cadeira vaga.

- O que devemos a honra de sua presença? – Heitor sorriu.

- É... – tentou buscar coragem em sua respiração – nesse final de semana teremos mais 4 hospedes... mas são meus convidados...

- Tudo bem. – Heitor reparou no nervosismo da sobrinha – o que te aflige minha filha?

- É que... – engoliu a seco – é que...

- Pode falar querida, você tá segura aqui – Laura sorriu serena.

- Uma dessas hospedes é a Ana Vitória... – fez uma pausa e recebeu dos três tios olhares incentivadores para prosseguir – E a Ana ela... olha, eu não vou contar detalhes nem nada... então por favor não insistam... ok?

- Não prometo, mas vou tentar. – Heitor sorriu achando graça da revirada de olhos da sobrinha.

- A Ana... ela... ela é minha filha.

Falar aquilo em voz alto na frente dos tios fez um peso enorme sair de suas costas. Já eles, a olharam sem entender tal revelação.

- Sua filha? – Heitor estava em choque

- Sim.

- Filha de verdade. – Antônio teve que ter certeza.

- Quantos anos ela tem? – Heitor.

- Dezoito.

- Você tem uma filha de dezoito anos e nunca contou isso para gente, porquê? – Maria apenas negou fazendo Heitor respirar fundo para se manter paciente, aquela novidade lhe mostrou o quanto o buraco era mais fundo do que ele pensava. Diferente de todas as vezes em que a incentivou a falar, ele não o fez, a tal noticia lhe deu um estalo, não era aquele o caminho a seguir. – Ela vem com quem?

- Com a melhor amiga, a mãe da melhor amiga e o irmão da melhor amiga.

- Ok.

- Ok? – Maria ficou surpresa com a falta de perguntas.

- Sim... você vai contar essa história para gente? – Maria negou – Então é isso... uma hora a gente cansa de tentar fazer você falar... sempre estivemos aqui... e vamos continuar estando, mas eu tô meio cansado de tentar fazer você se abrir, sabe?!... eu já te dei tudo que podia... então se quiser nos contar sua história estamos aqui, se não quiser... tudo bem...

Um misto de sentimentos lhe invadiu, uma vontade de contar tudo que aconteceu antes de chegar ali, mas ao mesmo tempo uma dor enorme só de pensar em colocar tudo aquilo em palavras. Talvez para uns sua história nem fosse tão dolorosa assim, mas para ela, era como reviver seus dias de trevas se externalizasse seu passado.

Maria deu de ombros tristonha aos tios, levantou e ficou ali parada de pé em frente a eles.

- Desculpa... eu só não consigo... – Heitor sorriu de canto e negou com a cabeça.

- Nós só queremos sua felicidade... e nós três concordamos que isso só vai acontecer se você conseguir lidar com tudo isso que está ai dentro.

- Querida... – Laura lhe chamou com carinho – Se não vai contar a gente, já passou da hora de você entrar em uma terapia. – ouvir aquilo fez Maria revirar os olhos. – É sério, Maria... você tem uma filha crescida... e nunca nem falou sobre isso... guardar tudo que sente faz mal, vira câncer... você precisa colocar suas dores do passado para fora... se com a gente não consegue, tente com um profissional... – fez uma pequena pausa – você tem uma filha, Maria... e nunca falou nada sobre isso antes... você precisa de ajuda!

- É difícil...

- Exatamente por isso! Você não quer nos contar, não quer nossa ajuda, não quer ir para o Rio enfrentar seus problemas... Então pelo menos precisa ir a uma terapia... – Maria negou levemente – Olha, você não é criança, é uma mulher 40 anos na cara, um filho pequeno, mil responsabilidades aqui na fazenda... é toda preocupada com a alimentação e com sua saúde física... então não me venha com essa cara de “adolescente eu sei de tudo” que isso não combina com você! – Laura dizia firma, com clareza e calma ao mesmo tempo – Então trate de procurar ajuda profissional para essa área da sua vida que tá uma bagunça, você precisa arrumar seu emocional!

- Ta... eu vou ver..

- Não! Você não vai ver, eu vou marcar amanhã mesmo uma consulta para te encaminharem para uma psicóloga, você vai querendo ou não, entendido?

- Sim senhora!

- Então perfeito! Estou ansiosa para conhecer a Ana Vitória! – Sorriu feliz com sua conquista, fazendo Antônio e Heitor sorrirem também.


ºººººº


Éli, Madu, Navi e Miguel chegaram sexta-feira a noite no Hotel Fazenda Três Amores. Um paraíso escondido no meio do nada, era grande, lindo, iluminado, com cara de fazenda antiga e para surpresa de todos, mesmo que nenhum tenha expressado algo, havia uma grande bandeira LGBTQI+ bem no portão de entrada.

Miguel dormiu a viagem inteira, porque mais uma vez havia virado a noite jogando.

Madu estava tão ansiosa quanto a amiga, animada com toda aquela história que mais parecia novela em sua cabeça.

Navi era a euforia em pessoa, mal conseguiu dormir na noite anterior de tão nervosa... sentia que a qualquer momento ia explodir de ansiedade... e mesmo que já tivesse imaginado inúmeras vezes em conhecer sua mãe, ela nem chegou perto do real furacão que estava dentro de si.

Éli estacionou junto aos outros carros e de cara já se apaixonou por tudo que viu, ia ser um final de semana bem agradável me meio a natureza, uma pausa para poder respirar e sair do caos que estava sua mente em relação ao documentário.

 Cada um pegou sua mala e foram juntos até a recepção, onde foram recebidos com muito carinho por Laura.

- Olha só! – Laura abriu seu sorriso ao ver Navi – Você é a Ana Vitória, né!?

- Sim! – respondeu com um sorriso de orelha a orelha.

- Não tinha como não ser, você é a cara da sua mãe! – Laura olhou um pouco mais fundo naquele rosto inédito em sua vida e logo encarou os outros – Eu sou a Laura e vocês?...

- Éli.

- Madu.

- Miguel.

- Bem, sejam muito bem vindos, eu vou levar vocês até seus quartos. – Laura pegou as chaves que estavam penduradas e voltou a olhar para Navi – Meu deus, você é linda... eu estou chocada em como você se parece com ela! – sorriu ainda mais – Ah eu não disse, eu sou tia da sua mãe.

- É ela contou... tia Laura esposa do tio Heitor e do tio Antônio...

- Exatamente! – caminhou para fora da recepção - Venham...

Laura os levou até seus quartos.

Mesmo com muitos carros no estacionamento não havia pessoas ali, nem barulho, nem nada, Éli achou aquilo estranho e por um segundo sentiu medo.

- Onde está todo mundo?

- No Show... – Laura respondeu sem muitas respostas - As chaves estão aqui – entregou ambas para Éli – qualquer problema com o quarto podem me procurar – sorriu – E bem, acho que tem gente ai ansiosa para ver a mãe, né?! – Navi sorriu feliz - guardem suas coisas e vão até a nossa tenda da música que fica naquela direção – apontou – Maria está terminando o show e assim que ela acabar ela vai receber vocês... não contem que eu contei, mas ela também tá super ansiosa – piscou para Ana que sorriu ainda mais.

- Ela falou do show de hoje, ainda bem que chegamos para ver pelo menos o final! – Navi estava a agitação em pessoa, quase pulando enquanto falava. – Ai meu deus eu to muito nervosa! Me dá essa chave tia! – tomou as duas da mão de Éli – Vou ficar com esse aqui!

- Bem, vou deixar vocês se acomodarem e os encontro na tenda... estava esperando só vocês chegarem pra ir para lá também. – sorriu mais uma vez.

Miguel e Éli ficaram em um quarto, Navi e Madu em outro.

Miguel estava morrendo de sono, mas a curiosidade em ver a mãe de Navi foi maior, então jogou sua mala num canto e já foi para porta esperar por sua mãe.

Navi e Madu nem ligaram a luz do quarto, jogaram as mochilas em cima da cama, trancaram a porta e foram em direção ao quarto de Éli.

- Vamos! – Navi apressou Éli que estava dentro do banheiro.

- Calma garotinha ansiosa, eu tô fazendo xixi!

Ao saírem do casarão dos quartos e olharem na direção que Laura indicou, eles viram uma grande tenda com várias mesas, um bar e um palco ao longe. O ambiente tinha uma luz baixa que pareciam velas ou pequenas luzes que dava um ar de aconchego.

O caminho até lá também era pouco iluminado.

A música mesmo que distante dava para ter uma noção de algo tranquilo em voz e violão.

O coração de Navi e a cada passo em que se aproximavam da tenda, ela soltava um gritinho diferente.

- Ai meu deus! Eu to ouvindo a voz dela! – apertou Miguel que estava próximo a ela - Vocês estão?

- Ai Navi, doeu!

- E a nossa última música da noite é um pedido da a aniversariante do dia, Mania de Você, Rita Lee.

Aquela voz soou tão familiar para Éli que de imediato fez seu coração martelar forte em seu peito, sua boca secou e a cada passo dando os ruídos externos ficavam mais baixos e a voz no palco mais alta e nítida.

Éli estava ouvindo aquela voz... aquela música... e mesmo com seu coração quase explodindo de uma ansiedade extrema, ela negou a si que aquilo pudesse ser real, não tinha como ser ela, não havia possibilidades daquilo.

Chegou a pensar que toda aquela coisa do documentário a havia afetado mentalmente, porque não era possível aquela voz estar mesmo ali, ainda mais naquelas circunstâncias.

A mulher que tinha um tornado em seu estômago tentou se acalmar lhe convencendo que estava mesmo muito estressada com o trabalho e que de fato ela estava com a cabeça abalada.

Aliviada em ter a certeza que estava louca, respirou fundo antes de ter uma nova avalanche de sentidos físicos e emocionais ao chegarem perto o bastante para verem Maria no palco.

Navi dava pequenos pulos de alegria ao ver sua mãe cantando no palco. Madu e Miguel apenas repetiam o quanto ela era bonita e o quanto ela cantava bem. Os três estavam ali em uma vibração cheia de entusiasmo, completamente diferente de Éli, que por sua vez havia perdido o controle do seu corpo, era como se ela não o pudesse sentir, como se aquilo não fosse real... um sonho... ou um pesadelo.

Éli estava sem acreditar no que estava bem a sua frente, era ela, em carne e osso, cantando aquela música... era ela a integrante da banda que faltava... era ela...

Tentando com todas as suas forças controlar seu corpo e sua mente, Éli viu os olhos de Maria passarem por Navi fazendo-a abrir o sorriso ao ver a filha que acenava animada, mas quando seu olhar parou nela... ali ela sentiu seu coração parar de bater.

Maria que cantava animada sua última música, sentiu toda sua felicidade transbordar em fortes batidas do coração ao ver finalmente Ana Vitória, ela era ainda mais linda pessoalmente e acenava feliz com um sorriso estampado... mas quando  olhou para a mulher ao lado de sua filha, um furação girou todas as suas emoções de pernas para o ar... seu sorriso de desfez, sua mão parou de tocar, sua voz sumiu por completo e por dois segundos ou três, que mais pareceram longos minutos, Maria encarou aqueles olhos que evitou até mesmo em lembranças.

A mulher estática no palco olhou novamente para a filha que permanecia animada, viu a tal amiga ao seu lado e o tal irmão da amiga, mas Maria mesmo vendo Éli ao lado deles não estava conseguindo acreditar que ela, logo ela era a tão especial tia que sua filha tanto falou.

Éli conseguiu desviar o olhar, levou a mão no peito e respirou fundo algumas vezes.

Maria que tinha parado a música no meio, sorriu sem graça para o público que olhava na direção onde sua filha estava... e sem dar nenhuma explicação apenas continuou de onde parou.

- Mãe você tá passando mal? – Madu perguntou ao reparar seu estado.

- Estou... – Éli virou de costas para o palco – eu acho que aquele lanche na estrada não me fez bem, preciso me deitar um pouco.

- O que foi? – Navi perguntou preocupada.

- Nada demais, eu só estou enjoada, acho que foi o lanche... – forçou um sorriso. – eu vou me deitar um pouco...

- Eu vou com você, to cheio de sono... – Miguel bocejou.

- Tá bem! Vamos ficar, ok? Mas se precisar de alguma coisa estamos aqui! – Navi sorriu animada, abraçou a tia e voltando seu olhar para o palco.

- Tudo bem se ficarmos? – Madu perguntou, Éli afirmou com outro sorriso forçado – Ok então... qualquer coisa pede para o Miguel chamar... descansa! – Madu sorriu de canto para ela e também voltou seu olhar para o palco.

Éli que ainda estava sentindo suas pernas bambas não teve nem coragem de olhar mais uma vez para aquele palco, ela precisava se recompor, ela tinha muito trabalho a fazer para poder lidar com toda aquela situação. O que ia ser um final de semana de paz já havia se transformado bruscamente... e Éli não sabia nem por onde começar para colocar suas emoções no lugar.

Fim do capítulo


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Comentários para 2 - Era ela:
patty-321
patty-321

Em: 02/07/2020

Caraca. 20 anos, já tenho algumas teorias. Teri e Leo. Amor único e verdadeiro.
Resposta do autor:

Aaaaaah <3 mulher! Grata por estar aqui! Grata pelo seu tempo e seu comentário.

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Anny Grazielly
Anny Grazielly

Em: 26/05/2020

Caracaaaa... amor verdadeiro eh isso.... agoraaaa... como assim foi traida?!?! Se as duas se amavam tanto?!?!?! Aiaiaiiai.... 

Autora... coloca pra longe essas namoradas delas e faz as duas se entender logo... pq ja senti que amor ainda ta tao vivo quanto antes... quero as duas logo ... pleaseeeeeeee... e queremos mais capítulos 


Resposta do autor:

AAAAH!! Bem, ainda há muito a ser revelado, espero que goste bastente do que há de vir!! Grata por comentar <3

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cris05
cris05

Em: 26/05/2020

Que bom que voltou, autora!

Eu já tinha lido os capítulos e depois a história sumiu.

Não desista de postar, por favor!

Eu estou adorando!


Resposta do autor:

Grata por estar aqui, grata pelo comentário e pelo tempo!! Estou animada para mais! Espero que continue gostando!

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Kamillacintra
Kamillacintra

Em: 26/05/2020

Estou adorando a história. Parabéns.


Resposta do autor:

Grata meu bem! Muito grata mesmo!!

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