Capitulo 3
Acordei com a Margot me abraçando. Não fazia idéia de quantas horas eram. Mas adorava estar ali no seu abraço e eu tinha certeza de que se ela acordasse, iria dizer que foi eu quem estava aproveitando dela. Levei Sofie e Paige para suas casas na noite passada. Margot disse que pegaria um taxi antes do almoço.
Minha cabeça latej*v* de dor, não deveria ter bebido tanto. Sempre fui muito fraca para bebida, mas isso não me impedia de beber, porque eu tinha muito prazer nisso. Peguei meu celular e já se passava das 10 h, sorte a minha estar de folga naquele dia ou teria muita falação na cabeça por mais um dia de atraso. Dei um beijo na testa da Margot e me levantei com muito cuidado para não acordá-la. Fui para cozinha e preparei uma salada de frutas para mim com um copo cheio de leite. Eu era viciada nessa combinação, e quanto mais o leite estivesse gelado melhor ainda ficava. Enfiei uma colher cheia de fruta na boca e meu celular tocou.
- Ai não... – e cuspi toda fruta dentro da vasilha.
Isso sempre acontecia comigo.
- Oi... Ai meu Deus não acredito! Eu posso explicar tudo – mas nem sabia realmente por onde começar. – Primeiro quero te pedir desculpas por ter feito isso, nem mesmo coloquei o meu nome, sequer me apresentei, desculpa mesmo. Penso que deva estar passado mil coisas na sua cabeça, mas relaxa que eu sou do bem, pode acreditar! Não tenha medo de mim! Eu não tive coragem para chegar perto de você para conversar e então... tive essa idéia brilhante. Sim isso. Sim, foi no bar, eu sei que não é comum fazer esse tipo de coisa me perdoa. – corei de vergonha e sorri.
- Meu nome é Mel e o seu? Eu poderia saber pelo menos o seu nome? Vou entender se não voltarmos a falar, de não querer ver minha cara, mas me diz vai... Ai que lindo seu nome, Jesus! Eu quero almoçar com você, podemos? Sim, hoje, daqui a pouco né, já está quase na hora. Por favor, Por favor! Sim sei onde fica. Bem eu sou alta, tenho cabelos lisos castanho-claro, olhos da mesma cor e uma covinha no queixo – sou muito gostosa você vai gostar pensei. - Vou estar de jeans e uma blusa branca. Ok vou te esperar lá. Até mais então.
E desliguei não acreditando ter falado com a ruiva mais linda que já vi na vida.
- Puta que pariuuuu – gritei jogando a salada de frutas na parede de tanta alegria.
- Meu Deus, que isso! – Margot vinha do quarto correndo cobrindo os dois seios nus com as mãos e se apoiando nas paredes. – Tá louca! Quer me matar do coração?
- Ela ligou! Ela ligou – e sai pulando feito um carneirinho para fora da cozinha.
- Quem Mel?
- A garota ruiva, lembra?
- Gente, que sem noção, ela não tem medo do perigo?
- Me acha perigosa? – olhei muito séria para ela.
- Acho que você não presta isso sim!
- Vou tomar banho que vamos almoçar daqui a pouco!
E mostrei a língua para ela.
- Gente você mal conheceu essa garota e já estão saindo para almoçar? Ela tem nome pelo menos? Perguntou né?
- Giulia! – disse ficando completamente nua e entrando debaixo da ducha.
- Depois dessa vou voltar para cama, e toma cuidado, porque você não sabe quem é!
- Preciso de um favor seu. – disse ensaboando os cabelos.
E ela me olhou de soslaio.
- Você pode me levar de carro até o lugar que ela pediu para eu estar?
- Sim, é só o tempo de colocar uma roupa.
- Poderia também dar só uma ajeitada básica na cozinha? – baixei o olhar porque fiz uma completa lambança ao quebrar a tigela de frutas na parede.
- Eu limpo... Isso vai ter volta, eu juro!
- Obrigada!
Cantarolava e me ensaboava até os poros, porque poderia acontecer qualquer coisa. Vai saber!
Vesti a roupa escolhida e as minhas mãos suavam de tão nervosa. Estava tão ansiosa que num piscar de olhos Margot estacionou o carro no lugar combinado.
- Me deseje sorte!
- Boa sorte minha linda, vou deixar o carro no seu estacionamento e pego um taxi para a casa. Vai que você a leve para lá. Eu te conheço!
- Hum boa idéia – sorri toda animada dando um beijo nela.
- Qualquer coisa me liga!
E saiu lentamente.
Esperei ainda por quinze minutos e nada dela aparecer. Deveria ter perguntado a marca do carro pelo menos, mas nem pensei nisso. Olhei para a esquina, para a outra e um porsche branco estacionou baixando o vidro. Meu sorriso foi de orelha a orelha. Fui na sua direção e ela abriu a porta.
- Tudo bem? – estendi a mão, mas ela parecia meio tímida, ou a palavra certa era medo? E quando ela apertou a minha mão eu a puxei para beijá-la no rosto.
- Estou bem...
Gaguejou.
- Você está linda!
Meu coração batia tão rápido. A mão dela era tão macia. Eu não sabia o que dizer. Eu não conseguir tirar os olhos dela.
- Algum lugar em mente? – e deu a partida no carro.
- Não... – disse reparando nas sardas que ela tinha no rosto.
Parecia aquelas bonecas de porcelana, caríssimas! Que linda...
- Conte-me de você Mel.
Que voz...
- Não sei o que dizer. Você me deixa tímida. – e desviei o olhar. Ela me parecia tão inteligente que e eu não queria estragar tudo abrindo a boca para dizer bobagens.
- Por que não falou comigo naquele dia?
Boa pergunta. E eu disse entre os dentes:
- Você estava acompanhada e eu não quis arriscar. E depois não sei se você curte... se é o que me entende. – disse esfregando as mãos.
- Não sou lésbica se é o que quer saber... nunca fiquei com uma mulher, mas nada impede que sejamos amigas, não é mesmo?
- Deveria experimentar... – deixei escapar e ela sorriu.
Entramos no estacionamento de um restaurante que eu não conhecia. Caminhamos em silêncio e eu tinha um sorriso bobo nos lábios.
- Por favor? - ela apontou uma mesa no canto.
Perfeita poderia beijá-la ali sem problemas.
- Senhoritas? O que vão beber? – disse o garçom pegando a caneta no bolso.
De onde esse cara surgiu?
- Whisky - ela disse olhando para mim.
- Vodka...
- Fiquem à vontade.
Obrigada. Agora sim estávamos a sós e ela não parava de me olhar o que me intimidava um pouco, mas eu sorria por isso. Estava muito feliz de estar ali com ela.
- Você deve ser muito importante. - disse olhando para o celular dela que mais parecia um pisca pisca.
- Não imagina o quanto...
Ela sorriu. Que sorriso mais lindo!
- Posso segurar sua mão? – disse não pensando duas vezes.
- Sem problemas... - e estendeu a mão sobre a mesa.
- Não precisa ter medo eu não mordo.
Então entrelacei a mão dela na minha e beijei o torso.
- Desculpe você é irresistível.
- Eu...
O que será que se passava na cabeça dela, quando eu fazia esse tipo de coisa? Será que já beijaram a mão dela assim, quer dizer, teria sido beijada por outra mulher?
- Quero te conhecer melhor, podemos?
- Mel, olha, eu não quero te machucar, juro.
- Não farei nada que não queira. Podemos ser amigas como você mesma disse. Garçom? – Levantei o dedo e pedi dois pratos do cardápio. Eu não queria me demorar muito naquele lugar. Respirei fundo e contei quase toda minha vida para ela e só parei quando fui tomada por uma vontade imensa de chorar.
- Eu sinto muito... nem consigo imaginar pelo que tenha passado. – sussurrou.
E ela se levantou e eu fiquei olhando.
- Vem aqui... eu sinto muito.
E nos abraçamos. Desejei ficar por mais tempo naquele abraço.
- Vamos sair daqui? – quase implorei.
Eu chamei o garçom para pagar a conta, mas ela insistiu em pagar. Daí saímos, fomos para o estacionamento, entramos no carro e ela disse puxando o cinto:
- E agora... estou por sua conta. – disse sorrindo para mim.
- Você é incrível. Te observei a noite toda! Quem era aquela que estava com você?
- uma amiga.
Margot estava certa, era só uma amiga.
- Tem quantos anos? – tomei coragem e perguntei.
- Ela é um ano mais velha que eu...
- Você tem quantos anos!
Deu na mesma porque eu não fazia idéia de quantos anos tinha a amiga dela.
- Quase 24. – e ela deu a partida.
- Para a minha ou a sua? – disse com um sorriso enorme.
- Casa?
Ela pareceu surpresa com a minha pergunta.
- A sua.
- Feito. Siga em frente!
Quase entrei em colapso!
Fim do capítulo
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