Fernanda bufou ao escutar pela terceira vez a risadinha contida de Lara

- Tá... é a milésima vez que me olha e ri - deixou de olhar para o notebook, abaixou os óculos de grau, e se virou meio seria para a loira que sentava ao seu lado no avião - Algum problema?

- Fê é no mínimo engraçado olhar pro lado e ver uma mulher seria como você com um minion gigante do lado.

- Nossa muito engraçado - disse debochada.

- Não acredito que ainda está chateada por isso - riu incrédula.

- Claro... eu falei pra você despachar essa sua mala, mas não... tem que trazer e acabar com o espaço do bagageiro e me fazer ir com esse troço do lado.

- Como você é ranzinza Fernanda - riu - Porque não despachou?

- Eu disse que ia sujar... Não quer que eu dê uma parada suja pro seu filho, quer?

- Era só lavar - deu de ombros - Me dá isso aqui chata.

- AGORA? - falou mais alto que devia e olhou para a poltrona de trás onde um casal de idosos dormia tranquilamente - Agora só falta menos de uma hora pra chegarmos no Rio.

- Meu Deus - estalou a boca em sinal de reprovação e cruzou os braços - Esse drama todo porque temos o espaço de uma classe executiva. Queria ver onde ia enfiar esse minion se estivéssemos na econômica.

- No seu... - respirou fundo e se virou pra frente - Olha deixa eu ficar quieta, me deixa quieta Lara - escutou as risadinhas - Você gosta de me tirar do sério, né?! Só pode!

- Não é minha culpa que você se irrita fácil - riu - Mas talvez eu goste, só porque te acho uma gracinha nervosa - falou com a voz mole porém sedutora, se ajeitou de lado na poltrona e aproximou mais - Você tem uma veia da têmpora que salta - tocou na altura da têmpora esquerda da morena - Seu pescoço se tensiona, seus lábios se projetam e isso me dá muita vontade - virou o rosto da outra para si - muita vontade de te beijar.

E o fez, tinha aprendido como desarmar a investigadora e pretendia usar isso algumas vezes ao seu favor. Só não esperava que o beijo calmo que havia dado voltaria com uma forte mordida.

- AIIIIII SUA CACHORRA - colocou as pontas dos dedos no lábio inferior, enquanto escutava um sonoro SHIUUU vindo de um outro passageiro.

- Bem feito - disse Fernanda sussurrando e debochando da outra - Quem manda ser abusada.

- Sou mesmo - disse rindo quase que se jogando pra cima da outra - E você gosta - riu.

- Abusada e convencida... tadinha dela - a morena riu mas não resistiu aos beijos que ganhou na sequência.

As duas ficaram alguns minutos curtindo o contado das bocas até o piloto informar que começaria a aproximação da cidade maravilhosa. Lara suspirou, pois uma das mãos no rosto moreno e olhou um pouco triste para a investigadora, logo depois que encerram o beijo.

- O que foi?

- Chegamos! De volta a realidade...

- Entendi...

- Podemos pegar o Bê e voltar para Los Angeles? - brincou, e as duas riram.

- Eu vou fazer meu melhor. Isso vai acabar.

Passava das 9 da manhã quando o avião pousou em solo brasileiro. Logo estavam no carro, com Vargas e Andy, seguindo para mansão. Fernanda não demorou muito por lá, seguiu para casa e só voltaria no dia seguinte, Lara por sua vez tentava desfazer as malas enquanto conversava com o amigo e fazia carinho nos gatos que rondavam suas pernas.

- Você não tem jet leg não fofa? - brincou com a loira que estava elétrica.

- O corpo tá reclamando um pouquinho - deu de ombros e voltou a tirar as coisas da mala - Mas tomei remédio, dormi 8 horas no voo, nem vou ter problema com o fuso horário... a Fê que vai, fico trabalhando a viagem inteira, deve cair morta na cama quando chegar em casa tadinha...

- Hum...

- Só não vejo a hora do meu magrelo chegar em casa, tô com tantas saudades e quase falei pra não levarem ele pra escola.

- Como se sua mãe fosse deixar ele matar aula... enfim... como foi a viagem?

- Produtiva... o Brizy é bem legal, foi fácil de trabalhar, não vou mentir não - sorriu largo - acho que vou estourar lá fora.

- Tá tá tá - revirou os olhos - Agora vamos ao que interessa - Viu a loira fazer cara de quem não estava entendendo - Acorda criatura de estatura mediana eu quero saber como foi com a mulher maravilha...

- Ai Andy - riu - Porque minha vida sexual tem interessa tanto viado? Parece homem tarado que não pode ver duas mulheres juntas que fica imaginando.

- Deus me livre pensar nessa nojeira que vocês devem fazer, minha curiosidade fofa é só por nível de ego mesmo... o meu no caso... sabe Dona Johansson Müller eu sou um ótimo amigo - cruzou as pernas e passou a ajeitar o relógio como se o que estava para falar não tivesse muita importância - Não é qualquer um que deixa de ir pra Los Angeles de graça e ainda sem querer querendo consegue trocar os quartos, só para dar uma forcinha pra best...

- MENTIRAAAAA QUE VOCÊ FEZ ISSO - gargalhou enquanto o empresário piscava os olhos repetidamente e fazia sua melhor cara angelical - SEU LOUCO... Anderson do céu - seguia rindo - Você é doido, bem que eu achei mega estranho o quarto de casal, a gravadora sempre pega dois separados pra gente - cruzou os braços - E porque o senhorito fez isso?

- Dá um empurrãozinho né fofa, se não você nunca ia conseguir pegar aquele mulherão... E ai mereço ou não mereço saber de detalhes?

- Deixa eu pensar...huuum... tá bom merece, mas deixa eu ir no banheiro antes... pega umas paradinhas pra nós lá em cima, Conca fez várias coisas pra mim e pra Fê.

Minutos depois os dois começaram a sessão de fofoca regata a quitutes, na varada do quarto da produtora.

- Então... como foi?

- Cara - riu se ajeitando na cadeira - Nem sei por onde começar... foi tudo tão bom lá... até me esqueci da confusão toda que minha vida está. O trabalho fluiu, matei a saudades do meu irmão e a Fernanda... meu amigo... ela é um delicia - mordeu o lábio inferior quando terminou de falar.

- Ei vê não fica exitada que ela só volta amanhã - zoou.

- Cala boca - riu - Tipo foi muito legal ver ela solta, sem essa pressão do trabalho sabe, ela é muito divertida... parece uma criança, tinha que ver ela na Universal Studios... a gente foi pra vários lugares maneiros, eu tava me sentindo a guia turística - sorriu nostálgica - E você não faz ideia de como ela me deixou louca lá, e o pior de tudo foi que... tipo ela veio pra cima de mim e eu tive que puxar um autocontrole que nem sabia que tinha pra dizer não.

- Como assim?

- Ela é muito fraca pra bebida, ai tipo, bebemos na casa do meu irmão e ela ficou super dando mole pra mim... eu não entendi nada, mas quando vi que tava fazendo aquilo só pelo álcool tive que dar um jeito de me controlar - bebeu um gole de suco - Hum... e descobri porque ela não me deixava tocar nela direito, tava com medo tipo de mudar algo entre a gente, ela gosta de mim - sorriu largo.

- Tadinha dela. Mas e você?

- Eu o que?

- Gosta dela?

- Claro que sim.

- Lara largar de ser tapada - reviro os olhos - Gosta de verdade? O que você quer afinal? Agora que comeu vai largar o osso?

- Que isso? De frente com a Gabi? E já disse para não falar nesse jeito - rebateu levemente emburrada.

- Que seja... não respondeu nenhuma das minhas perguntas.

- Porque não sei a onde quer chegar...

- No óbvio né... vocês vão acabar se apaixonando...

- Claro que não - fez um careta desacreditada - Cara a gente se gosta pra caralh* e tem química, mas sem condições de confundir prazer e amizade com outras coisas.

- Tá certo... quero ver agora depois de uma semana dormindo do ladinho da mulher maravilha como vai se sentir dormindo sozinha.

- Você fala como se a gente fizesse amor e depois dormíssemos de conchinha, meu poupe Anderson... eu já não sou muito chegada a essas agarrações, ela também não gosta...

- Ok ok, se vocês conseguirem manter só uma amizade ótimo, parabéns vão ganhar uma estrelinha mas se sentir falta minha amiga acho bom aceitar que pode ter algo mais ai... enfim eu não falo mais nada sobre vocês duas, vocês que gostam de xota que se entendam - Terminou de tomar seu café enquanto escutava as risadas da loira que sempre se divertia com seu jeito de falar.

Os dois amigos foram brevemente interrompidos por Conca que chegava com um buquê de rosas nas mãos.

- Com licença Larinha acabou de chegar pra você.

- Obrigada Conca, pode deixar ai na cama - esperou a senhora sair para olhar preocupada para o amigo - Quando até flores te assustam, que inferno.

- Relaxa amiga, deixa que eu leio tá - leu em silêncio - Tá demais não precisa se preocupar - a loira suspirou aliviada e se animou depois da possibilidade de uma nova ameça sumir.

- O galã do sertão.

- Sério - disse meio incrédula e leu o cartão.

"Tentei entrar em contato essa semana com você mas descobri que viajou a trabalho. Imagino que fora do país nem deve ter ficado sabendo que nossa música já é a mais tocada da rádio e com mais streams no Brasil. Muito obrigada minha querida, o resultado foi ainda melhor que eu imaginava e apesar dos pesares, no fim tudo ter certo. Parabéns a nós, sucesso.

Ps: espero ter ver em breve Ass: Jorge"

- Ele é um fofo...

- Nem fede, nem cheira pra mim.

- Credo Andy.

- Ué mas é verdade, pra ser sincero nem acho ele tão bonito assim, aquele cabelinho cheio de creme não me desce.

- Como você é tosco - riu.

- Mas em relação a música tá estourada mesmo, recebi duas ligações de cantores querendo ir pra estúdio com você, mas de trabalho conversamos depois, agora quero saber de mais fofoca.

Para a felicidade da produtora, com ajuda do amigo, a tarde passou rápido e não demorou muito para um menino extremamente animado entrar em casa gritando a sua procura.

- Moooor moooor - jogo a mochilinha em qualquer canto, soltou da mão de Paula e passou a procurar por algum sinal na mãe - Laia cadê você?

- Estou aqui meu amor - subiu as escadas correndo e logo pegou seu pequeno no coloco - Estava com tantas saudades desse cheirinho - beijava e cheirava o pescoço de Bernado que já se contorcia em cócegas.

- Paraaaaa.

- Estava com saudades?

- Sim mor, demoro muito.

- É filho?! Nunca ficamos tanto tempo longe né? Olha mas mormor comprou um montão de coisa legal pra você, quer ver?

- Quelo.

Lara passou algum tempo em seu quarto abrindo tudo que tinha comprado pra o filho, entre roupas e brinquedos os dois se divertiam, principalmente por te a companhia um do outro de volta. Depois levaram tudo para o quarto do pequeno, e como o de costume, separam brinquedos antigos para doação já que tinha ganhado novos. Já era noite quando Bernado pareceu se lembrar de algo, interrompeu a mãe que lhe dava o jantar para perguntar.

- Mor... tia Nanda ficou?

- Não, meu bem - sorriu - Ela veio também, mas foi em casa, matar a saudade dos bichinhos e da mamãe dela. Depois ela volta.

- Tá bom

Pouco antes de dormir em um momento de distração de Lara e Paula, Bernardo acabou sumindo dentro de casa, mas logo foi achado no quarto de Nanda todo feliz.

- Minion - simplificou ao dizer grudado a um boneco de pelúcia quase do seu tamanho, fazendo as duas mulheres sorrirem.

Naquela noite o pequeno pediu para dormir junto a mãe, obviamente levando o seu mais novo boneco junto. A loira riu da cena, aquele boneco amarelo gigante na sua cama ao lado de seu filho igualmente vestido todo de amarelo, deu um último beijo na testa dele e fechou os olhos, mas não conseguiu dormir apesar de o sono estar presente. Revirou de um lado para o outro, até abrir os olhos em um quase desespero ao notar o porque não conseguia dormir.

A falta de um cheiro que lhe havia se tornado familiar naquela semana roubo-lhe o sono, e de repente sua conversa com Andy lhe veio a cabeça.

E se o amigo estivesse certo?

Fim do capítulo