Após a saída de Julia, Victoria caiu no sofá e chorou até não aguentar mais, ela nunca havia se apaixonado por ninguém, nunca havia amado e quando isso acontece, uma mal-entendido, um truque de uma louca, passa como um rolo compressor em cima de seus sonhos.

Algum tempo depois em um rompante de raiva, Victoria levanta e saí rapidamente. Já era noite, ela nem tinha percebido que havia escurecido. Desce ao subsolo entra em seu carro e saí em disparada pelas ruas da capital Paranaense. Sorte que o caos do trânsito de final de tarde no centro já havia diminuído e ela conseguia transitar em alta velocidade, cortando a frente de vários carros. Sua raiva era tão grande que ela não estava preocupada se iria ou não causar um acidente, apenas queria chegar logo ao seu destino e com a velocidade que dirigiu e com todos os sinais que furou chegou em 20 minutos.

Estacionou o carro de qualquer jeito, desceu correndo e tocou o interfone, pediu autorização para subir e assim que o portão foi destrancando entrou rápido no prédio sem nem responder o cumprimento do porteiro. Estava difícil esperar o elevador, a ansiedade, o nervosismo a consumiam, quando finalmente chegou no andar desejado. Tocou a campainha e logo que a porta foi aberta nem deu tempo de a outra mulher falar e com os olhos vermelhos de tanto chorar e agora de raiva pergunto:

-Que merd* você fez ontem Suellen?

A mulher dissimulada ignorou a pergunta e disse:

-Baby que delicia receber você na minha casa, acabei de abrir um vinho será ótimo ter sua companhia!

E a empresária enfurecida entrou no apartamento e puxou Suellen pelo braço, para não darem um vexame no corredor e apontando o dedo na cara da modelo disse:

-Cala a sua boca! Eu não vim aqui pra socializar com você, quero saber o que você fez ontem e por que você fez?

A mulher ajeitou o robe no corpo que havia caído pelo ombro quando Victoria a puxou e com uma cara mais inexpressiva respondeu:

-Baby não estou te entendendo, ontem depois de conversarmos você se sentiu mal, acho acho que o whisky não caiu bem e quando eu voltei do banheiro você estava quase desmaiando, então eu apenas coloquei-a para dormir no sofá e fui embora. Só isso baby.

Victoria que se controlava para não bater na mulher a sua frente, levou sua mão para o queixo da mulher e segurou-o com força e com a outra mão apontou o dedo na cara dela e disse:

-Não mente pra mim. Eu sei que não foi isso, diz a verdade Suellen.

A modelo então deu sorriso sarcástico e em um movimento brusco com a cabeça se livrou da mão da outra que a segurava e disse:

-Nossa baby, hoje você está agressiva. – e se aproximando novamente e levando a mão até tocar o peito de Victória disse – acho que podemos ter um sex* bem interessante desse jeito.

Victoria de forma brusca tirou a mão da mulher do seu corpo e disse:

-Suellen não brinca comigo, eu nunca agi de forma violenta, mas não me importaria nem um pouco de quebrar a sua cara hoje.- olhou a de cima a baixo com desprezo -Você é uma vadia mesmo, não se importa com nada desde que eu lhe de prazer.

Suellen gargalhou e disse:

-Ahh baby prazer é a única coisa que importa.

Victoria tinha asco da mulher que estava a sua frente e pensou como havia se permitido ficar com uma mulher como aquela por tanto tempo, mas respirou fundo encontrando paciência para não agredi-la e disse:

-Suellen o que você pensa não me importa, só quero ouvir da sua boca o que você aprontou ontem, você me drogou foi isso? Que merd* você colocou no meu whisky pra eu desmaiar daquele jeito.

Suellen de forma cínica respondeu.

-Eu? Imagina baby, eu jamais faria isso.

Victoria se exaltou e gritou:

-Para de mentir pra mim!

-Eu não estou mentindo baby, a única coisa foi que sua namoradinha ligou e eu atendi e ela deve ter entendido tudo errado. Só isso.

Victoria avançou para cima da mulher novamente, segurou pelos braços e chacoalhou-a de forma agressiva.

-O que você falou?

-Aí você tá me machucando!

-E vou te machucar muito mais se você não desembuchar logo.

E se debatendo a mulher falou:

-Aí Victoria, chega de drama para com isso.

A Empresaria gritando disse:

-Fala logo vadia.

A modelo percebendo que não conseguiria se soltar resolveu falar e em um tom debochado e olhando na cara de Victoria disse:

-Sabe o que eu falei? A verdade! Falei que você não é mulher de se prender e que aquelazinha jamais seria capaz de te dar prazer como eu te dou, falei que ela jamais estaria a sua altura, jamais seria capaz de te satisfazer. –e com um riso sarcástico completou –Você é vadia de mais, você é sexual de mais para uma mulher só e logo vai perceber que eu estou certa no que fiz e vai me agradecer.

Victoria a soltou de forma violenta e desferiu um forte tapa na cara de Suellen que caiu no chão levando a mão ao rosto.

-Isso é por Julia, pois eu tenho certeza que se ela pudesse ela faria isso em você, ou faria muito pior. Agora Suellen suma da minha vida eu nunca mais quero te ver e saiba que eu tenho nojo de um dia já ter tido algo com alguém tão podre, tão egoísta, tão pobre de espirito como você e só pra concluir saiba que Julia é a mulher da minha vida e que ela me dá um prazer que você e nem uma das orgias que fizemos juntas me deu, o prazer do sex* com amor, o prazer de ter uma família, o prazer de se sentir bem pelo simples fato de estar juntas. Então me esqueça nunca mais aparece na minha vida!

Dizendo isso Victoria virou as costas e saiu na mesma velocidade em que havia entrado, deixando uma Suellen estarrecida.

 

Durante o caminho Victoria tentou ligar para Julia inúmeras vezes, mas nas primeiras vezes ela não atendeu e depois a ligação caía direto na caixa postal. A empresária pensou que a jovem realmente não queria falar com ela e provavelmente teria desligado seu celular. Considerou a possibilidade de ir até a casa da jovem, mas não quis forçar a barra e expor Julia a uma situação constrangedora e difícil na frente de sua filha. Dirigiu para sua casa em um estágio letárgico. Chegando em casa Victoria se abraçou em uma garrafa de whisky e afogou ali a tristeza que assolava seu peito, se culpando pelo que havia acontecido e com um medo profundo de perder seu primeiro e único amor para sempre.

 

Ao sair do escritório Julia estava desolada. Já era relativamente tarde e provavelmente Giovana havia levado Clara para casa como combinado com Beatriz e pensar nisso permitiu que Julia optasse por ir caminhando e parasse para tomar um cappuccino no caminho. Ao sorver o liquido quente sentiu-se minimamente melhor, lembrou-se de sua mãe que a oferecia a bebida toda a vez que Julia sentia-se triste e dizia “Julinha meu amor, não há nada no mundo que um bom cappuccino e uma deliciosa bomba de chocolate não nos faça esquecer”. A jovem sorriu da lembrança e sentiu uma dor no peito de saudade. Como a queria ali, para então chorar a dor de seu amor perdido no colo de sua mãe, tinha certeza que ela a entenderia e a apoiaria incondicionalmente. Mas, infelizmente ela não estava mais neste plano. Suspirou fundo e pensou que mesmo já estando acostumada com a presença de Victoria em sua vida teria que reaprender que na verdade, como antes, a sua vida era apenas ela e Clara e o trabalho exatamente como nos planos iniciais e seria por sua filha que encontraria forças para seguir em frente e continuar trabalhando ao lado da mulher que a havia feito descobrir um novo mundo cheio de amor e o destruiu em poucos meses.

Julia após tomar a decisão de se concentrar apenas nela, em Clara e no trabalho novamente, sentiu-se um pouco mais forte, mais segura. Terminou seu café e secou as lágrimas e seguiu para sua casa. Quando chegou lá pode ouvir as risadas de sua filha brincando com Beatriz e Giovana e aquilo aqueceu seu coração.

Quando abriu a porta as duas mulheres ficaram em silencio e Clara veio correndo em sua direção:

-Mamãe, Mamãe que bom que você chegou, vem brincar com a gente.

Julia ainda parada na porta, abaixou-se beijou sua filha e a respondeu:

-A mamãe teve um dia difícil no trabalho e está muito cansada meu amor, hoje não, está bem?

-A mamãe!!! É tão legal pular amarelinha neste tapete que a tia Giovana me deu e ele é cheio de desenho de princesas olha.

E fazendo um esforço enorme para sorrir Julia falou:

-Ele é mesmo muito lindo. Você agradeceu a tia Giovana pelo presente?

-Sim mamãe, agradeci.

-Muito bem. Agora vai lá brincar e deixa a mamãe entrar em casa e falar com a tia Gio e a tia Beatriz tá bom?

-Tá bom mamãe.

Julia então deixou a bolsa no sofá e olhou para as duas mulheres que a olhavam de forma amigável e ao mesmo tempo preocupadas.

-Muito obrigada Giovana e Beatriz eu realmente não saberia como teria feito hoje sem ajuda de vocês. Muito obrigada do fundo do coração.

Giovana a olhou-a de forma carinhosa e disse:

-Fica tranquila Julia sempre que precisar, pode contar comigo.

Beatriz rindo falou:

-E comigo nem precisa dizer né? Você é minha irmã de coração Ju, você sabe disso.

Julia que já estava com os olhos lacrimejando novamente disse:

-Bem que minha mãe sempre dizia “quem quem tem amigos nunca esta sozinho”. Acho que ela estava certa.

As duas então foram abraçar a jovem em um grande abraço coletivo,  gesto de amor fraternal que sentiam uma pela outra. Beatriz interrompeu aquele momento e disse:

-Mas agora mocinha vai já pro banho e voltar aqui para jantar, pois eu fiz um canjinha delicia para aquecer esse seu coraçãozinho.

-Ah muito obrigada vocês são de mais.

Giovana completou:

-Acho que somos mesmo, já demos comida e banho na clara, fizemos sua janta e estamos aqui para o que você precisar. –Então olhou para Beatriz e disse- Mas assim que você sair do banho nos vamos não é Bia? Julia deve estar querendo descansar.

Beatriz indignada olhou para Giovana e disse:

-Não eu quero ficar, quero que ela me conte tudo.

-Bia a gente conversou sobre isso dá um espaço pra Julia respirar, pra ela descansar, depois vocês conversam.

Beatriz olhava-a com uma cara de indignada e Julia olhava com estranhamento e um sorriso desconfiado ao reparar naquela estranha e repentina aproximação das duas e então resolveu intervir:

-Bia eu agradeço muito mesmo, mas concordo com Gio, melhor conversarmos amanhã. Tudo o que eu quero agora é tomar banho, comer e ir para cama. Hoje eu não tenho mais energia para nada.

Beatriz deu de ombro e disse então:

-Ah se é assim que você quer, então tá bom. Vamos Gio?

Giovana na hora respondeu:

-Vamos, te dou carona.

E as duas trocaram um olhar mais profundo que não passou despercebido por Julia. Mas a jovem estava tão cansada que não queria pensar em mais nada.

As mulheres se despediram de Clara e Julia e saíram juntas, entraram no carro de Giovana e partiram.

Julia foi tomar seu banho e quando voltou Clara dormia no sofá. Levou-a para a cama, jantou e foi para o quarto.

Deitada em sua cama, por mais que tentasse se convencer que precisava superar, precisava esquecer, imagens de Victoria viam em sua mente a todo instantes, acompanhada de uma vontade imensa de falar com ela de ouvir a voz, mas como Suellen havia dito, Julia não era mulher o suficiente para satisfazer Victoria e o melhor que ela podia fazer era mesmo esquecer. E com a mente atribulada Julia dormiu, um sono pesado, confuso onde Victoria era a protagonista dos seus sonhos nublados.

 

Na manhã seguinte, Julia encontrando forças sabe-se lá onde desenvolveu sua rotina normal, levou Clara a escola e encaminhou-se para o trabalho. Não viu Victoria durante o dia todo na empresa, mas cada vez que seu telefone tocava seu coração errava o compasso imaginando que poderia ser ela a chamando para ir ao seu escritório. Conversou com Tereza, soube por ela que Victoria não havia ido para empresa e a informação a deixou preocupada por não saber o que estava acontecendo com a empresária, mas Julia se reprendeu e disse para si mesma “isso não é mais da sua conta” e procurou voltar a atenção para a pequena reunião que estava tendo com Tereza. Afinaram a apresentação para a reunião em São Paulo, e soube pela coordenadora que viajariam na quinta de madrugada e voltariam no sábado pela manhã, o voo e o hotel já estava reservado e na quarta a tarde teria todos os dados do voo. E assim o dia passou com uma Julia fazendo ume esforço hercúleo para se concentrar e não ficar pensando em Victoria e no que havia acontecido entre elas.

Na saída da empresa, ao passar pela recepção Julia viu as duas recepcionistas conversando com uma moça bonita com uniforme da limpeza e elas a chamaram:

-Oi Julia esta é  Stela.

Julia sorriu e cumprimentou a moça:

-Olá prazer em conhece-la.

-O prazer é meu dona, ninguém “de salto” costuma falar com a gente não.

Julia estranhou a expressão e perguntou:

-“De Salto”?

-É dona, essa é a forma como a gente – e mostrou sua roupa de auxiliar de serviços gerais-  chama vocês que tem um cargo bom aqui na empresa. É que a maioria de vocês nem olham na nossa cara, somos praticamente invisíveis aqui dentro, por isso estranhei quando Marta e Carla falaram que a senhora estava me procurando e querendo falar comigo.

Julia entendeu a postura desconfiada da mulher e respondeu:

- Bom Stela, eu não sou como as outras pessoas, acho o trabalho de vocês essencial e tão importante quanto o meu ou das meninas aqui na recepção e infelizmente aqui temos um pessoal meio “nojentinho” trabalhando, mas quanto a isso não tenho muito a fazer, apenas em relação a um “nojento” que nós 4 juntas podemos unir e nos ajudar para expulsar ele da empresa e quem sabe mandá-lo para a cadeia.

A mulher a olhou preocupada:

-Dona, Dona eu sei onde você tá querendo chegar com essa conversa, mas eu não quero perder meu emprego.

-E não vai, eu te garanto, mas nós precisamos nos livrar daquele embuste. Se ele vem assediando nos 4 é bem possível que esteja fazendo isso com outras mulheres e também não saibamos.

A mulher coçou a cabeça, olhou para as colegas recepcionistas e disse:

-Tá dona, qual seu plano.

Julia sorriu, pois viu que tinha espaço para uma conversa mais séria para então tentar por seu plano em prática.

-Bom primeiramente, me chame apenas de Julia, esquece esse “dona”, pois aqui somos colegas de trabalho, unidas para desmascarar um verme e segundo precisamos arquitetar um plano para pegá-lo e eu já tenho uma ideia quero conversar com vocês, ver o que vocês acham e então vamos montar a arapuca pra ela.

As quatro mulheres se olharam sorrindo e Julia então começou a contar seu plano para as mulheres que a ouviam atentamente e a colher a informações necessárias para colocá-lo em prática.

 

Em outro canto da cidade Victoria ouvia barulhos longe, muito longe, não sabia se era alguém batendo na porta ou se era um bumbo dentro de sua cabeça. Já era final da tarde e ela estava jogada no sofá abraçada na terceira garrafa de whisky, passou a noite bebendo para tentar fazer para a dor que sentia, mas parece que quanto mais bebia, mais a dor aumentava e só melhorava quando desmaiava de bêbada e quando acordava bebia novamente para se anestesiar.

De repente sentiu alguém a pegando e a levantando e começou a se debater, então ouviu uma voz:

-Vic, Vic, para sou eu Vinicius. O que você tá fazendo? Por que bebeu tudo isso?

A mulher então deu um soluço, abriu um sorriso amarelo e disse:

-Irmãozão, você tá aqui cara.

E começou a rir.

-Vic vem comigo, vou te levar pro chuveiro.

Então o homem  colocou o seu braço sob o corpo da irmão, passando as mão pela cintura fazendo-a levantar e caminhar com ele junto ao banheiro e a empresária voltou a reclamar com a voz grogue e errando as palavras.

-Não Vini, não quero banho, quero a Juju minha Julinha linda minha menina, é só ela que eu quero.

O irmão então rindo da situação deplorável da irmã disse:

-Tá bom Don Juan de saias, mas se você for vê-la assim ela vai te mandar embora, então vamos curar esse teu porre e daí você me conta o que aconteceu tá bem?

Então a mulher começou a chorar e se abraçou no irmão e disse:

-Vini ela não me quer mais, minha Juju não me quer mais.

-Vamos cuidar de você maninha depois, você me conta o que aconteceu.

Chegaram no banheiro Vinicius começou a despir Victoria deixando-a apenas de calcinha e sutiã. Tirou a própria camisa, pois sabia que iria se molhar, então ligou o chuveiro na agua gelada e colocou sua irmã lá dentro que com o choque da agua gelada batendo em seu corpo começou a se debater e reclamar:

-Tá muito fria, Vini eu não quero!

-Eu sei que tá fria, eu sei que você não quer, mas você precisa para poder acordar e melhorar dessa ressaca.

O homem então como era mais forte não teve dificuldades em mantê-la em baixo da água e assim que percebeu que a irmã estava mais desperta, mudou o chuveiro para o quente e disse:

-Agora toma um banho que eu vou preparar um café bem forte e te espero na cozinha.

E saiu deixando a sua irmã, apoiada na parede com os olhos fechados.

 

Victoria sentia seu mundo desabar e aquela ducha de água gelada a acordou para a realidade, não poderia agir desta forma inconsequente se queria provar a Julia que Suellen a tinha enganado. Faltar ao trabalho, ou aparecer bêbada ou como uma louca na casa da jovem só faria ter a impressão de que estava certa.

Com uma dor de cabeça horrível, tentou tomar seu banho e readquirir forças para enfrentar o que estava acontecendo.

Saiu do banheiro e encontrou um Vinicius de avental, terminando de preparar o café e um pão quente para ela. O irmão quando a viu a recebeu com um sorriso aberto:

-Aí esta a minha pinguça preferida.

Victoria sorriu, pela brincadeira do irmão, mas pediu:

-Mano fala mais baixo, parece que tem um bumbo dentro da minha cabeça.

Ele a olhou e colocou as 3 garrafas vazia em cima da mesa e disse:

-Pudera né Victoria depois disso, não sei como é apenas um bumbo e não a orquestra inteira.

A irmã o olhou revirando os olhos, mas não disse nada e ele continuou:

-Antes de você comer tomara estes remédios. - e a entregou um comprimido para dor de cabeça e uma ampola com um liquido amarelo para o fígado. –É tiro e queda, você logo estará melhor.

A mulher fez o que ele havia pedido e depois começou a tomar o café que estava mais forte que o normal e a comer o pãozinho quente  que seu irmão havia preparado.

Vinicius deixou a irmã se alimentar em silêncio, mas assim que ela terminou, levou a louça até a pia, sentou-se na frente a irmã e perguntou:

-Agora que você já se sente melhor, me conta o que aconteceu.

Victoria sentindo-se amada e segura com o irmão não hesitou em responder:

-Julia terminou comigo e com todas as razões do mundo;

O irmão olhou com um ar de “eu sabia que isso iria acontecer” e apenas perguntou:

-Ok, mas o que você fez para ela terminar com você?

-Eu não fiz nada mano eu juro!

O irmão com uma expressão de questionamento disse:

-Sério Victoria? A mulher que está visivelmente apaixonada e envolvida com você e termina contigo de um hora para  outra e você tem coragem de olhar na minha cara e dizer que não aconteceu nada? Você sempre foi mulherenga, mas mentirosa não, então não mente pra mim agora.

Victoria com um ar de suplica, pediu:

-Irmão é justamente por isso que te digo que eu não fiz nada eu não estou mentindo.

-Certo! Então me conta o que aconteceu.

Então Victoria contou tudo o que havia acontecido até ali e seu irmão ouvia sem dizer nada, apenas expressava algumas reações e ao final da história ele apenas disse:

-Que vaca essa Suellen eu não acredito que ela aprontou uma dessa para cima de você e você caiu que nem um patinho?

-Pois é irmão, agora Julia não me quer mais, pois acredita que tudo o que vivemos foi uma brincadeira pra mim, - e Victoria com os olhos cheios de lágrimas continuou – Mas, não foi irmão eu amo aquela baixinha, amo a Clara e já não imagino minha vida sem elas duas.

Vinicius deu a volta na bancada da cozinha e foi abraçar a irmã. Nunca tinha visto naquela situação, na verdade nunca tinha a visto amando e era perceptível que por mais experiência que tivesse sua irmã não sabia lidar com todos aqueles sentimentos de medo, perda, frustração e saudade e acabou se atracando na bebida e em seus braços sua irmã chorou como uma criança. Afagou os cabelos dela e disse:

-Calma irmã, fica calma, as coisas vão melhorar você vai ver.

Victoria se afastou e perguntou:

-Como vão melhorar se ela não acredita mais em mim? Disse que nosso relacionamento agora é só profissional e assim que tiver a oportunidade e conseguir outro emprego ela saí da empresa.

Vinicius condoído pelo sofrimento da irmã de forma doce respondeu:

-Vic calma, ela disse tudo isso, porque está chateada, magoada e o afastamento é o sistema mais natural de defesa, mas saiba que ela está sofrendo tanto quanto você, pois eu não tenho nenhuma dúvida que vocês são apaixonadas uma pela outra, então dê um tempo e vá mostrando a ela que tudo não passou de um engano de uma armação da Suellen. É agora, neste momento nesta dificuldade que você de fato provara seu amor por ela, o amor tem que ser paciencioso Vic.

Tentando secar as lágrimas olhou para o irmão e questionou:

-E se ela não mudar de ideia? E se ela não me quiser mais? Você entende que eu não perdi apenas Julia? Com essa armação eu perdi Clara também... eu perdi as duas... e eu estava gostando da ideia de sermos uma família nos três.

-Vic eu realmente acredito que o tempo vai resolver e esclarecer toda essa situação, mas se por um acaso eu estiver errado e realmente eu acho que não estou, a única coisa que você poderá fazer é respeitar a decisão dela, pois quem ama cuida e respeita.

Victoria caiu no choro novamente e foi amparada pelo irmão que não disse mais nada, apenas deixou-a chorar e desabafar seu medo em forma de lágrimas.

Vinicius cuidou de sua irmã, deu mais um remédio para ela dormir tranquila, colocou-a na cama e quando percebeu que sua gêmea ressonava, foi embora, mas ainda assim estava preocupado com o estado na irmã, entretanto sabia que isso são coisas do amor, apenas o tempo seria capaz de resolver tudo isso.

Fim do capítulo