Olá meninas, desculpem a demora. Esse final de semana foi corrido!
Mas estou de volta e vou postar um trechinho pra vocês, agora eu vou adiantar a história para os capitulos se tornarem maiores e conclusões serem tomadas, ok?
Obrigada a todos que acompanham e um forte abraço.
Luana Darlling
Capitulo 29 - Fementido
I-80 Hilton, Asphalt West.
Estrada Alphalt Oeste da cidade de Hilton.
A xerife Lopés observava, encostada em uma das árvores no acostamento paralelo a vida central, toda a movimentação de seus oficiais. Era um cenário interessante, pois naquele dia, a polícia faria a simulação de tudo que as autoridades de Hilton encontraram nos primeiros momentos da cena do crime da Taylor Collins, e isso fez com que uma nuvem de ansiedade tomasse conta do local.
Andrea pode notar que a maioria dos policias não estava preparado para aquele tipo de operação. Eram poucos os oficiais que realmente conseguiam manter a postura diante de tanto horror. Ela sabia, também, que deveria contar nos dedos em quem ali poderia confiar… E isso lhe remetia a imagem de uma asiática simpática demais para o seu gosto. A detetive Hayash, ou Diana, como ela adorava ser chamada.
Diana estava acompanhando dois oficiais que posionavam o Chevrolet Blazer 2008 branco. A oficial foi bem criteriosa quanto a marca do carro, ela queria que fosse o mesmo encontrado com a vítima. E com a ajuda das imagens tiradas pelos peritos da época, também foi possível reproduzir os mesmos danos encontrados na viatura no dia do acidente.
A xerife se convenceu de que se quisesse ter sucesso nesse caso, ela tinha que utilizar toda a sua minuciosidade para tratá-lo. E desconfiar de cada alma viva que pudesse respirar em Hilton. Pelo pouco que já tinha visto daquele povoado, tudo levava a crer que a falsa moral e o fementido bom costume ficavam acima de tudo, até mesmo das atrocidades. Muita coisa estava oculta naquele lugar e o caso da Taylor Collins fazia parte da lista.
- Hora do show.
Andrea afirmou enquanto jogava o cigarro no chão e o apagava com a própria bota. Ela caminhou graciosamente até a cena do crime, onde alguns policiais cochichavam e se entreolhavam apreensivos. Diana foi a primeira a notar sua presença e lhe saudar com um aceno de cabeça.
- Oficiais! - Ela falou de forma firme e bem audível. - Muito obrigada pela cooperação de vocês, pelo que posso observar, todos fizeram um ótimo trabalho.
Os policiais relaxaram e sorriram orgulhosos.
- Então, voltem aos seus afazerem na delegacia! - Andrea afirmou deixando todos confusos.
Todos os policiais presentes queriam saber que diabos a xerife estava fazendo com tudo aquilo, e muitos apostavam que ela sairia daquela simulação com uma ordem de prisão.
- Eu aposto que a Sanders vai ser presa hoje. - o oficial cochichava para o amigo.
- E eu posso apostar 50 pratas que ela vai pegar pena de morte e ser transferida para Dallas! - o outro respondeu.
- Oh, pode crer! Eu soube que a xerife Lopés já mandou mais de cem pessoas para a cadeira elétrica!
- Dessa vez a Charlie não escapa! - os dois riram chamando atenção de Andrea.
- Existe algo que vocês queiram compartilhar, oficiais? - a xerife fuzilou os dois com o olhar.
- Não, senhora! - responderam em uníssono.
- Muito bem! Então voltem para a delegacia todos vocês! - sua voz era firme e autoritária. - Eu só quero aqui comigo a detetive Hayash e o oficial Daves.
Diana lançou um olhar interrogativo para a xerife que a ignorou. O oficial Daves estava confuso, não entendia como poderia ser útil em um caso tão extenso quanto aquele, e muito menos entendia o porquê da Andrea lhe dar um voto de confiança. Todos da delegacia sabiam que o caso Taylor Collins era reservado a uma equipe restrita. E ele era o policial mais desajeitado do pelotão.
- Por que o oficial Daves está aqui, Andrea? - Diana questionou entre cochichos.
- É oficial Lopés. - Andrea a corrigiu e Diana revirou os olhos. - Ele vai nos ser útil, precisamos de alguém para reposicionar todas as evidências encontradas e o oficial Daves me parece ser um homem incorruptível que não sabe mentir.
- Então voltamos aos achismos? - a detetive retrucou entre dentes.
- Detetive Hayash, apenas faça o seu trabalho e não atrapalhe o meu.
Diana deu de ombros e voltou a sua atenção para o veículo.
Andrea observava intrigada as fotos reais da cena do crime e comparava com a simulação montada a sua frente.
- Está tudo como há dez anos atrás. - a voz do Oficial Daves fez com que a xerife levantasse o olhar.
Diana prontamente se colocou ao lado do homem que tinha um olhar distante, e se pôs a observar atentamente.
- Foi exatamente aqui que encontraram a Taylor, o oficial Dylan quem me informou…. - Daves continuou. - Ele era o meu parceiro de turno, e nesse dia, eu estava de folga, só retornaria a noite. Aproveitei para ajeitar o jardim da minha casa, cortei a grama, reguei as plantas e quando me deitei no sofá para assistir minha série favorita it’s aways sunny in Philadelphia, o telefone tocou e era o Dylan me dizendo que uma desgraça tinha acontecido.
Andrea se remexeu no próprio lugar e encarou o senhor de bigode que suava.
- Oh, Deus… - Daves limpou a testa com a palma da mão. - Foi a pior chamada que recebi em vinte anos de serviço! Lembro que no calor do momento, eu até esqueci o distintivo em casa. E quando cheguei aqui, nessa mesma via, asphalt west, e vi aqueles cones vermelhos antes mesmo de avisar o carro da Taylor, eu senti um frio na espinha.
Diana engoliu em seco e olhou de lado para Andrea que não apresentava nenhuma emoção.
- Todos os policiais estavam aqui e o carro branco da Taylor estava nessa mesma posição.
O oficial Daves apontava para o chevrolet branco que simulava uma colisão na árvore e tinha o para-choque todo amassado. O boneco dentro do carro, representava a Collins, e estava com a cabeça descansando no volante.
- Eu ainda posso sentir o pânico que atravessou pelo meu corpo ao entrar naquela cena. - ele continuava o monologo. - O xerife Brown foi convocado, mas demorou uns trinta minutos ou mais para aparecer.
- De alguma forma, você acredita que a cena do crime foi alterada antes da chegada dos peritos? - Diana perguntou despertando o Daves de um transe.
- Oh, com certeza! - ele respondeu prontamente. - Eu cheguei dez minutos depois do Dylan, então, acredito que muita coisa foi alterada. Digo, os oficiais tocaram na Taylor, entraram no carro, tentaram removê-la e até tentaram verificar se ela estava viva.
Diana levou as mãos até a própria cabeça, visivelmente preocupada.
- Não havia essa preocupação porque na cabeça de todos, não havia homicídio. Tudo indicava para um terrível acidente!
- Você consegue me dizer se só foram os oficiais que entraram na cena do crime ou algum civil conseguiu adentrar também? - Foi a vez da xerife perguntar.
O oficial assumiu novamente um olhar distante e duas rugas se formaram entre suas sobrancelhas.
Ele andou de um lado para o outro quase deixando a Diana tonta, para no fim, parar e passar uma das mãos pelo grosso bigode.
- Não foram só os oficiais que estiveram aqui no primeiro momento… - ele disse por fim. - Teve um senhor… Um indiano que não falava muito bem inglês, ele foi o primeiro a ver o acidente.
- Quer dizer que não foi o oficial Dylan que encontrou a Taylor? - Diana perguntou e a xerife mantinha uma expressão curiosa.
- Não! Foi o indiano.
- Merda! - a xerife gritou por fim. - Merda de incompetentes!
Daves se encolheu e olhou assustado para Diana, a mulher apenas respirava fundo. Era normal Andrea ter aquele tipo de reação, não a julgava. A polícia de Hilton parecia mais atrapalhar do que ajudar, e cada dia o quebra cabeça se tornava mais complicado.
- Você lembra ao menos o nome desse rapaz? - a oficial Hayash perguntou.
O homem voltou a pensar, ele coçava a cabeça de forma apreensiva.
- E-eu não lembro direito… Era algo como Ray…. - ele negava com a cabeça. - Não, não… Era Hari! É isso! Hari!
- Você sabe se esse Hari continua na cidade? - a xerife perguntou um pouco menos irritada.
- Sim! Ele abriu em 2010 um restaurante de comida indiana na avenida principal, mas faliu.
Andrea revirou os olhos.
- Agora ele está trabalhando em uma mercearia.
- Passe o endereço para a detetive Hayash. - Andrea ordenou e ele assentiu com a cabeça.
- Vocês o interrogaram na época? - Diana perguntou.
- Tentamos… Mas ele não sabia falar inglês e ninguém sabia falar indiano. - Daves deu de ombros.
- Eu deveria ter adivinhando… - Andrea revirou os olhos.
- O Hari ainda voltou duas ou três vezes na polícia, repetindo uma frase estranha que ninguém conseguiu desvendar, mas que ficou na minha cabeça até hoje.
- E qual era essa frase? - Diana estava mais ansiosa que o normal e parecia começar a perder a paciência.
- Eu não sei falar, eu não falo indiano!
As duas levaram as mãos até a cabeça em um sinal claro de irritação.
- Tudo bem, oficial Daves. - Andrea continuou. - Mais alguma coisa que vocês esconderam de nós durante todos esses dez anos?
O homem olhou indignado para Andrea, e fechou a cara.
- Não escondemos nada, oficial Lopés! Apenas não sabíamos com o que estávamos lidando na época!
Diana respirou fundo e cutucou Andrea. A oficial apenas pigarreou.
- Tudo bem, oficial Daves. - ela disse calmamente. - Alguma remarca a mais a se fazer?
Ele passou as mãos pelo rosto e quando olhou para a xerife, sua expressão era de receio.
- Eu… Eu notei uma coisa.
A oficial se remexeu inquieta e suspirou. Aquilo tudo estava lhe irritando, porque esperar dez anos para falar?
- O que você notou, Daves? - Diana se colocou na frente.
- Eu não vi marcas de pneu na pista. - ele soltou rapidamente. - Digo, a explicação foi que a garota perdeu o controle do carro, girou na pista e bateu direto nessa árvore. Mas se isso aconteceu, deveria ter marcas de pneu na via, certo? Porém a asphalt west estava como nova.
Daves intercalava olhares entre Diana e Andrea. As duas mantinham uma expressão de espanto e incredulidade.
- Diana… - Andrea disse ignorando as formalidades sem perceber. - Ache esse tal de Hari e leve-o até mim imediatamente. E me arrume um tradutor indiano urgente!
A detetive apenas assentiu e acenou para o homem que tinha um semblante preocupado, para então se afastar rapidamente.
- Existe algo de errado, xerife Lopés?
- Tudo. - ela respondeu simplesmente.
- Você já sabe quem matou a menina Taylor?
Andrea deu alguns passos até parar há um palmo de distância do oficial. Seu olhar era duro e repreensivo. Daves engoliu em seco e abaixou os ombros.
- Eu poderia mandar prender a cidade inteira, oficial Daves. Mas uma coisa já está clara como água: O sangue da Taylor Collins está nas mãos de todos vocês.
Andrea não esperou para ouvir as lamentações do homem, apenas se distanciou do local a passos firmes e longos, ela tinha muito trabalho a fazer. E um deles consistia em desenterrar todas as merd*s que a policia de Hilton enterrou por esses dez anos.
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Fementido: Que é desleal, enganoso, falso.
Fim do capítulo
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