Rafaela conta sobre a amante de sua ex-mulher.
Capitulo 7 Esclarecimentos
Rafaela,
Cecília chegou ao quarto com a água e com uma cara de preocupação pelo susto que Rafa levou ao ouvir o nome da Mônica.
- Obrigada Baby. – Senta aqui para conversarmos, antes apenas quero que observe essas duas caixas vermelhas nas duas laterais da cama, cada uma tem uma bombinha para asma ok.
- Você está passando mal Rafa? (Cecília falou já em desespero)
- Calma Baby, eu tenho crises eventualmente e te falei, apenas precisei da bombinha, estou bem e quero que saiba onde está, só isso. Senta perto de mim e vamos tentar entender, vem.
Cecília podia ver no semblante de Rafa que ela não estava bem, só que insistia em dizer que tudo ficaria bem, então sentou ao lado dela na cama na esperança de entender o que aconteceu.
- Me responde uma coisa Baby. Enquanto você era casada com a “moça” ela alguma vez falou no meu nome?
- Como assim? – Você é amiga da Mônica? (Cecília falou levantando da cama).
- Cecília, por favor, eu estou sem ar fique calma, e aqui comigo que te explico.
- Rafaela, prefiro que você tente descansar e depois falamos, está branca demais e eu não sei o que fazer.
- Ok. Olha, eu sei quem é a Mônica, mas não sou amiga dela, nem gosto dela, apenas entenda isso. Se eu dormir um pouco me recupero.
- Quer que eu faça algo Rafa?
- Posso deitar novamente no seu colo?
- Claro, vem aqui. – Acho que essa ‘moça’ atraí coisa ruim.
Rafaela riu do jeito que Cecília falou e deitou para tentar relaxar, ela estava com a respiração fraca e saber que a cretina que acabou com seu casamento era a ex-mulher da Cecília acabou provocando ansiedade, que nessa situação piorou o estado dela. O que ela precisava era dormir e recuperar suas forças, quando foi mandada para casa ela havia tido uma crise no hospital e talvez ainda não tivesse totalmente reestabelecida.
Mesmo sem saber direito o motivo Cecília acariciou os cabelos de Rafa e colocou as mãos em sua nuca notando que isso a relaxava, foi fazendo carinho até que ela dormiu e sua respiração voltou ao normal. Foi um alívio ver Rafa dormindo tranquilamente.
Após uma hora ela acordou e viu Cecília cochilando com ela. Levantou devagar e arrumou Cecília na cama. Antes que saísse do quarto ela acordou.
- Fugindo de mim doutora?
- Nunca Baby.
- E aonde vai?
- Preparar um chá para nós, quer?
- Quero que deite no sofá que eu levo o edredom, e o chá eu preparo.
- Olha! Acho que posso me acostumar com esses mimos.
- Se sente melhor?
- Sim, eu tive uma crise forte semana passa e fiquei no hospital em observação, foi por isso que me afastaram. Acredito que não estou 100% e como te falei a mudança de clima acaba piorando meu estado.
- Vamos pra sala, vou preparar um chá e uns sequilhos que vi no seu armário.
Cecília preparou uma bandeja linda e levou para o sofá, elas tomaram o chá e Rafa quis esclarecer logo o caso Mõnica.
Baby nós temos muita coisa para conversar e pelo jeito que as coisas andam ainda vamos ficar um bom tempo de molho e poderemos conversar sobre muitas coisas, hoje vou tentar esclarecer essa coincidência que me assustou mais cedo ok.
Eu te falei que sou divorciada, fui casada 14 anos com uma mulher chamada Paula, eu conheci ela ainda na faculdade e foi um amor construído, ela demorou a iniciar os estudos por ter muitas dificuldades financeiras Paula queria muito fazer direito e trabalhava com eventos para se manter e estudar. Eu sou dois anos mais nova que ela e sempre tive uma vida confortável, começamos a namorar e foi ficando cada vez mais forte o sentimento entre nós, quando me formei resolvi casar com ela já que nosso relacionamento era maravilhoso, uma sempre ajudando a outra e eu morava com meus pais no lago sul, uma casa grande demais. Foi tudo muito bem pensado e organizado em nossas vidas, meus pais sempre tiveram o desejo de morar em Florianópolis onde tem casa e conhecem a vizinhança toda.
Casamos e meus pais passaram a casa pro meu nome além de um valor para que eu pudesse iniciar minha vida profissional com tranquilidade e estavam felizes por eu ter encontrado a Paula que sempre se mostrou uma jovem batalhadora e se me fazia feliz eles não tinham com o que se preocupar.
Paula ainda tinha mais dois anos antes de se formar e o trabalho com eventos lhe rendia o suficiente para suas despesas com a faculdade, o objetivo dela agora era conseguir um estágio na área. Quando casamos eu disse que ela poderia se dedicar aos estudos e procurar com calma um estágio na área dela, só que ela disse que precisava muito trabalhar e manter a mente ocupada, o que eu não entendi pois a faculdade consume todo tempo.
No último semestre, Paula teve problemas com uma matéria que não conseguiu eliminar e tomou um porre, eu nunca tinha a visto beber, ela sempre foi contra bebida e não gostava de falar no assunto, depois desse dia ela me contou que o pai era alcoólatra e dava bebida para ela e os irmãos quando pequenos.
Resumindo: Eu ajudei Paula a se formar, fizemos terapia juntas para vencer o problema com o álcool, eu logo comecei a trabalhar no antigo Hospital Golden e pelo conhecimento do meu pai tive algumas vantagens, meu pai é cirurgião e minha mãe ginecologista então como você cresci admirando o trabalho dos meus pais e acabei me apaixonando pela pediatria. Quando eu casei trabalhei em uma clinica dentro do Hospital Santa Helena para adquirir experiência e o salário era razoável, por isso eu tive como nos manter e manter a casa, eu tinha uma funcionária que meus pais faziam questão de pagar por estar conosco há quase 20 anos e quando me separei meu pai providenciou a aposentadoria da Neide.
Voltando eu batalhei muito para ajudar Paula a montar o escritório dela no comercio da QI 15 do lago e fizemos eventos em casa para divulgar o trabalho dela, quando não estava no plantão eu estava com ela no escritório ajudando com o administrativo e depois de 03 anos nós conseguimos sair do vermelho, porque os primeiros anos foram de investimento e ela ainda ficou com 03 clientes grandes de evento, um deles o Gates Pub onde ela conheceu a bartender Mônica, isso há 07 anos, época que Paula começou a mudar, e a cumplicidade do casamento acabou. Os dias que eu não estava no plantão ela não queria que eu fosse mais ao escritório porque disse que precisava cuidar sozinha de seus negócios, que antes eram nossos, e eu sempre notei uma certa preocupação na Paula em não ser ela quem mantinha a casa ou era a responsável pelas contas.
- Ela já estava de caso com a Mônica? (Cécilia pergunta com certo rancor em sua voz)
- Olha, eu não estou totalmente a vontade te contando tudo isso porque eu sei que pode te machucar e vai me fazer lembrar de coisas que eu queria esquecer. Só que precisamos esclarecer as coisas.
- Eu sei Rafa. Pode continuar.
Eu convidei Paula para passar uns dias em Caldas Novas, pedi dispensa no Hospital para tentar salvar meu casamento, há um ano eu havia feito inseminação e perdi o bebê o que também balançou um pouco nossa relação e eu não quis tirar férias na época apenas fiz o repouso por duas semana e voltei ao trabalho tentando esquecer. Confesso que achei que a minha tristeza pelo aborto afastou Paula e eu me culpei na época.
Fomos passar 05 dias em Caldas Novas e tentei fazer desses dias os melhores e percebi que ela não tinha mais o mesmo desejo que antes. Eu sentei com ela e conversei sobre como lutamos nesses últimos anos para construir um futuro confortável e que não podíamos desanimar agora que as coisas estavam caminhando bem, o escritório dela já estava com uma boa cartela de clientes e só precisávamos de uma criança para alegrar a casa e propus a adoção.
Ela animou porque gosta muito de criança e quer ter filhos aos quais o amor seja o mais importante, tudo isso pelo fato da família desestruturada que ela teve.
Voltamos para nossa rotina e eu questionei o fato dela manter o contrato do Gates já que ela é advogada e não promoter, ela rebateu dizendo que estava com contrato jurídico com eles e cuidava de muitas coisas o que lhe rendia um bom dinheiro. Não quis brigar só que não engoli e no dia da minha folga passei no escritório e conversei com a secretária de forma discreta, alegando querer fazer uma surpresa no aniversário de Paula e ver quais clientes convidaria.
Como eu participei das contratações, entrevistei os sócios e praticamente montei o escritório não foi difícil ter acesso à parte administrativa, foi onde notei que Paula estava fazendo grandes retiradas e as despesas não justificavam o valor.
Nesse mesmo dia eu fui até o Gates Pub e vi Paula conversando com a Mônica no balcão e a mesma estava incentivando ela a beber. Na hora eu não sabia se ia até ela ou se recuava e resolvi enfrentar o problema.
Flashback on
- Boa noite Amor.
- Rafaela o que faz aqui? (perguntou Paula)
- Estava querendo sair um pouco da rotina e como você sempre elogia esse Pub pensei em me juntar a minha esposa posso?
- A doutora bebe alguma coisa? ( Mônica me perguntou com intimidade)
- Eu lhe conheço? (Perguntei a bartender)
- Paula me fala muito da doutora. (disse Mônica)
- Que bom saber, vamos para uma mesa amor?
- Com licença Mônica. (Paula falou)
Flashback off
Sentei com ela que não gostou nada da minha presença e a partir desse dia percebi que ela e a jovem bartender estavam tendo algo. As brigas começaram e Paula começou a chegar bêbada em casa. Nessa época eu perdi a paciência e a expulsei do meu quarto. Cheguei a ir ao Pub e falar com a Mônica sobre o fato de Paula não poder beber e parece que ela gostou de saber e passei um bom tempo sem ver minha esposa sóbria.
Alguns dias depois Paula chegou caindo de tão bêbada e veio em um Uber. Neide me ajudou a cuidar dela e no dia seguinte eu pedi a uma amiga do hospital para me cobrir que eu precisaria resolver alguns problemas em casa.
Acordei cedo e fui verificar nossos extratos e os cartões porque sabia que algo estava errado e acabei achando pagamento de motel em nossas faturas, além de saques na conta conjunta, confesso que minha sorte foi uma conta que mantinha com meu pai, quando ele abriu eu era menor e mesmo depois de casada ele pediu para eu não fechar e ter ela como uma reserva para o futuro, eventualmente ela fazia um agrado, mas eu sempre fui muito controlada e meu irmão que mora fora sempre foi o contrário.
- Você tem um irmão?
- Esqueceu que falei da minha sobrinha? – Ele mora no Canada e vem passar férias por aqui a cada dois anos. Te falo dele depois.
Quando terminei de ver os gastos de Paula eu fiquei bem chateada, liguei para o meu pai e pedi um conselho. Ele disse que viria para Brasília e me pediu para sair e não questionar Paula.
Meu pai chegou no fim do dia e eu fui busca-lo no aeroporto onde tomamos um café e conversamos um pouco. Por sorte Paula estava com tanta dor de cabeça que não saiu a noite e sentamos para conversar.
No começo ela perguntou se eu só era mulher para pagar as contas porque quando os problemas aparecem preciso do meu pai. Eu disse que não conhecia mais a mulher com quem me casei e que meu pai sempre esteve ao nosso lado nos ajudando e eu poderia simplesmente pedir a ela que saísse da minha casa, porém queria dar uma chance de ouvi-la.
Meu pai então encarrou Paula e disse: - Paula não importa quem paga as contas, não importa quem trabalha dentro de uma relação, quando se assume o compromisso de um casamento é preciso saber que vão dividir uma vida juntas, que vão enfrentar todas as barreiras e tempestades do caminho. Se alguém se sentir incomodada tem que conversar e achar o problema, tem que buscar uma solução e não se entregar a um vício que só vai te levar para um buraco onde sozinha será mais difícil de sair.
Logo Paula se levantou e com uma raiva que eu sinceramente não entendia disse: - Eu estou cansada dessa vidinha sem graça que estou levando com sua filha, eu não me sinto bem nesse casamento e quero me separar.
Eu levei um susto quando ela falou em separação porque vivíamos bem e felizes eu realmente só queria que ela acordasse e parasse de se achar inferior porque ela não era pelo menos não pra mim.
Eu não segurei a emoção e chorei muito porque meu sentimento era verdadeiro e lutei muito para construirmos nosso lar e queria tanto formar uma família com ela.
- Sinto muito por você Rafa. Imagino a dor que sentiu. (disse Cecília)
- Eu sofri muito na época. Meus pais vieram e me ajudaram muito.
Papai pediu para Neide arrumar as coisas de Paula e ela foi para um hotel. No outro dia cedo ele cancelou o cartão de crédito de ambas e avisou a Paula que ficou irritada.
Eu fui ao banco tirei um extrato, resgatei nossa aplicação e dividi o valor ao meio, abrindo uma outra conta. Meu pai ligou e avisou a ela que eu havia tirado a metade do que tínhamos em conta conjunta e que o gerente iria abrir uma conta para ela.
Minha mãe chegou naquela noite, disse que nessas horas a família precisa ficar unida e eu desabei no colo dela.
No outro dia eu fui até o hospital para pedir uns dias. Meu pai foi até o escritório de Paula tentar uma separação tranquila, mas ela impôs algumas condições que eu não concordei. E começou minha luta.
Meu pai foi atrás de um advogado e precisava ser um que conseguisse me livrar de Paula sem estresse o que foi impossível. Ela queria metade até da casa me meus pais me deram e o fato da traição me deixou com uma vontade de lutar e começamos uma batalha, na primeira fase ela ganhou e meu advogado fez um deposito proporcional a parte que ela queria mostrando que o nosso interesse era apenas mostrar que eu tinha construído um casamento em cima de mentiras e não era justo dividir meu patrimônio sendo que fui traída e humilhada pela minha esposa na época. Foram três anos lutando e juntando provas da traição de Paula até eu conseguir ficar com a casa e ter de volta alguns investimentos que ela exigiu no início alegando a comunhão de bens.
Nessa época eu tive ajuda de um amigo que conseguiu aproximar-se da Mônica e obter informações sobre a relação dela com a Paula, consegui até recibo do apartamento que ela mantinha enquanto casada, e como os presentes eram faturados no nosso cartão não foi difícil comprovar, além de testemunhas do Pub que falaram a meu favor.
Não foi fácil e eu fiquei arrasada na época, o que me movia era o fato de ter batalhado para construir um futuro com ela e ter que dividir com ela para que gastasse com a safada para não dizer algo que eu possa me arrepender.
- Rafa eu estou absorvendo tudo isso e concordo com você que o nome da minha ex é até impronunciável nesse momento porque ela foi muito baixa e vulgar dando em cima da sua mulher e pelo jeito ainda era debochada, eu fico é com vergonha de ter me casado com uma pessoa assim. Pode xingar porque eu sei bem como isso liberta.
Baby eu cheguei a conversar com a Mônica uns três vezes e falei que ela ia destruir a Paula se a deixasse beber e ela disse que o problema não era mais meu.
- Você ainda tentou ajudar sua ex?
- Baby ela está um lixo em comparação ao que era. A Paula está iludida com a amante dela, eu tive que vender alguns bens para dividir com ela e o dinheiro que tínhamos aplicado no banco era o suficiente para viver um bom tempo só que o escritório não está rendendo mais como antes e ela acabou mudando para asa norte assim fica mais perto do apartamento e reduziu despesas, mas pelo pouco que conheci da amante não vai ficar muito tempo com ela se não manter o padrão e infelizmente minha ex é fraca e se entrega a bebida, hoje eu não sinto mais o amor que sentia e nem sei se era um amor tão grande como eu imaginei, acho que gostava de cuidar dela, meu sentimento é de pena, sei que não devemos ter pena dos outros só que quando ela perceber já terá se destruído.
- Rafa eu estou sem palavras para tudo isso, eu trabalhava muito e achava que tinha um casamento bom, que com o tempo minha mulher ia encontrar um rumo, porque ela dizia que estava tentando achar algo para fazer e eu entendia como um curso ou uma faculdade, no entanto ela procurava uma pessoa que proporcionasse uma vida melhor e com mais regalias do que eu podia dar.
- Baby essa coincidência toda me deixou confusa mesmo, só que a vida nos prega umas peças e acredito que por algum motivo o universo nos colocou uma do lado da outra e deve ter algum motivo.
- Até agora eu fico achando que é coisa de filme, porque somos vizinhas de porta, nos nem bem nos conhecemos e já sentimos toda essa sintonia, isso é estranho e ao mesmo tempo tão verdadeiro.
- Baby eu acho que precisamos conversar mais e tentar nos conhecer, também sinto uma sintonia boa e verdadeira por isso não quero estragar o que temos e nem apressar o que poderemos ter no futuro, se concordar vamos com calma e quem sabe exista algo surgindo entre nós.
- Rafa eu concordo com você e o melhor é não apressar as coisas, conversar mais e saber mais uma sobre a outra.
(...)
Depois que contei sobre minha separação para Cecília nós resolvemos ver uma comédia romântica para tentar relaxar, Cecília antes foi buscar uma roupa porque disse que não ia ficar de roupão, eu fiquei com receio dela não voltar porque acredito que foi uma grande armação do destino e nós fomos as traídas e não temos culpa de nada. Uma meia hora depois ela voltou e eu perguntei se o metro estava cheio. (risos).
O fim de noite foi tranquilo e combinamos que amanhã depois do café vamos organizar o meu apartamento e almoçar no dela, parece que está com saudades de casa e não quer me deixar sozinha por causa da asma.
Fim do capítulo
Essa quarentena ainda terá muitas surpresas.
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HelOliveira
Em: 28/04/2020
Uau por essa eu não esperava....
Essa Mônica não vale nada e parace que vai destruir a Paula, que jogou uma relação que era sólida por conta de uma vagaba...
Adorando ...
A curiosa aqui quer saber se vai falar mais sobre a Paula e a Monica
Resposta do autor:
Olha só...
Essa pergunta eu que não esperava kkk
Vou falar sim.
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