Capitulo 27 - Se deixando ser convencida
Estávamos terminando o café da manhã, quando Ingrid apareceu na varanda arrastando, seu bichinho de pelúcia favorito, pela orelha e esfregando os olhos.
– Ei amorzinho, vem cá. – Bia a chamou para seu colo, colocando a xícara de lado. – Dormiu bem?
– Uhun – afirmou em meio a um bocejo.
– Quer dormir mais?
– Não, quero ir pá paia.
– Mas já? Você nem escovou os dentinhos ainda.
– Bora titia, bora pá paia.
– Isso filha, chama a titia mesmo. A mamãe tá muito cansada.
Beatriz dirigiu um olhar mortal a irmã, apesar de morar razoavelmente perto da praia, não gostava muito desse tipo de passeio. Adorava admirar o mar, mas entrar nele, não era uma preferência. Sua irmã sabia muito bem disso, e mesmo assim estava incentivando a sobrinha a levá-la até lá.
Subiu com Sophia para ajudar a pequena a se arrumar, Ind fez a maior farra no banho e para colocar o pequeno biquíni. Depois das muitas fugas da tia, Sophia enfim conseguiu atrair a atenção da menina para si, fazendo-a vestir a roupa.
– Enfim vocês resolveram se juntar a nós! Qual o milagre da Ind não estar grudada em seu pescoço, patinha? – A garota estava no colo de Sophia brincando com seus cabelos – Acho que ela gostou da titia Sophi. – Piscou para a irmã, que apenas balançou a cabeça.
– Yasmin, sua filha é uma graça. Ela é a cara da Bia, quando a encontrei ontem, achei que fosse filha dela!
– Todos acham, mas a patinha ainda não providenciou o herdeiro dela. Parece que a Ind gostou de você, – gargalhou completando: – ela não é de desgrudar da tia Bia, são que nem cola essas duas.
– Mas a Sô é uma boa amiga, não é meu amor. – Pegou a neta do colo da garota.
– Parece que a Sophia conquistou a todos, Min. – Nicole disse sorridente.
– É patinha, vai precisar disputar a atenção da Sophia, com todo mundo aqui.
– Min, o Rafa tá chamando você lá na varanda, – empurrou a irmã – vai lá ver o que ele quer, vai.
– Eu vou, mas eu volto. – E saiu para ver o que o marido queria.
– Volte mesmo, para levar sua filha para a praia.
– Ah, isso a tia babona dela faz.
Depois de muito tentar, Bia conseguiu convencer a sobrinha a ficar na piscina, claro que para isso, Ind a fez entrar na piscina para brincar com ela, e assim passou a manhã. Quando a menina aceitou sair para almoçar, a advogada se jogou em uma espreguiçadeira a fim de descansar.
– Atrapalho?
– Se veio apertar a minha mente, sim.
– Calma, vim em missão de paz!
– Você não está me chamando de patinha, então a coisa é séria mesmo. Qual o problema, Min?
– Nenhum, só vim ficar um pouco com a minha irmãzinha, ou também não posso? Cansei de abusar você, ao menos por hoje. Mas sim, porque você está aqui sozinha e não lá com a sua convidada especial? – Inclinou a cabeça na direção em que Sophia estava, sentada na varanda.
– Vim tomar um sol! – mostrou o braço a irmã – Estou muito pálida.
– Realmente, está parecendo até um fantasma. – Levou um tapa da irmã – Ai, isso dói. Não pode me bater, é pecado isso, sabia?
– Pecado, desde quando?
– Sou sua irmã mais velha, logo, me deve respeito e obediência. Não pode levantar a mão para mim.
– Devia ter batido mais forte, isso sim. Já parou para pensar em quão rápido a vida pode mudar?
– Você fala isso, porque passou dez anos da sua vida com alguém que hoje não conhece mais, e ainda por cima está apaixonadinha pela Sô, não é mesmo? Não precisa ficar pensativa, vocês podem não ter começado com o pé direito, mas sejam sinceras uma com a outra e aproveitem o momento. Imagino que você esteja receosa quanto a iniciar uma nova relação, mas não precisa deixar esse medo lhe tirar essa mulher maravilhosa, que você falou que ela é.
– Poxa Min, realmente estou com medo de me envolver demais. E com um medo maior ainda, de não me envolver, sei lá.
– Olá meninas, posso sentar aqui com vocês ou atrapalho alguma conversa importante, das irmãs Queiroz?
– Pode ficar à vontade Mari, claro que não atrapalha, além do mais, você é da família também. – Olhou para a irmã de soslaio. – Imagino que você tem uma grande parcela de colaboração na mudança que essa cabeça dura está fazendo, na vida dela.
– Confesso que quase precisei usar de força bruta para falar com ela quando voltei de viagem, mas enfim, ela começou abrir os olhos, Min. Mas continua sendo cabeça dura ainda. – Gargalhou sendo acompanhada pela irmã da advogada.
– Caso não estejam percebendo, ainda estou aqui! – Beatriz afirmou fazendo careta.
– Claro que estamos percebendo amiga, por isso mesmo estamos dizendo isso. Para ver se você se toca, e muda esse jeito de ser.
– Quanto respeito vocês têm por mim, estou admirada com isso.
– Ah patinha, para com isso, só estamos conversando.
– Tudo bem, tudo bem. Confesso que realmente fui cabeça dura, pus a Marcella em um pedestal e deu bastante trabalho para tirá-la de lá.
– Pôs num pedestal apenas? Para né amiga, você sabe que fez mais que isso, se humilhou e cultuou aquela mulher por meses.
– É patinha. Aquelas fotos espalhadas na sua casa, diziam tudo!
– Tudo bem, sou ré confessa. Fiz tudo isso que vocês falaram e até um pouco mais. Mas hoje em dia, estou vivendo um dia de cada vez, e afastando a Marcella da minha vida. – Respirou fundo olhando na direção em que Sophia brincava com a sobrinha na varanda. Passou as mãos nos cabelos, continuando: – Foi uma grande surpresa encontrá-la aqui mais cedo. Quando você me falou que tinha escutado a voz dela no meu quarto, meu corpo inteiro gelou. Tive certeza que naquele momento Sophia sairia daqui e não olharia na minha cara nunca mais.
– Pior que a cara de pau da Marcella, foi a cara de pau da sua cunhada, Mari. Me desculpa, mas ela foi muito sonsa, o tempo inteiro jogando do lado da Marcella, e ainda por cima apoiou a vinda da maluca até aqui e deu passe livre para o quarto da Bia. É fingimento demais para uma pessoa só.
– Yasmin, também não precisa falar assim. – Repreendeu a irmã.
– Tá tudo bem, não tem nem porquê pedir desculpa Min, o que a Daniela fez foi inescrupuloso. Não tem explicação.
– Mari, menos você também. – Beatriz ponderou – O que vocês parecem esquecer é que ela é esposa do Doug, ou seja, por mais que seja chato dividir o mesmo espaço com ela, isso ocorrerá algumas vezes.
– Lá vem a puritana. Para com isso, Bia. A mulher não teve consideração nenhuma por você, muito menos respeito, e você ainda está aí pensando em aceitá-la de novo no nosso convívio. É cada uma que você inventa.
– Mari, a Bia pode até fugir desse contato, mas ela é sua cunhada. Vai dizer que a partir de agora você faltará as reuniões de família, por não suportar a presença da sua cunhada. Isso não tem nem cabimento.
– Se for necessário, faltarei sem problemas.
– Mari, – segurou o rosto da amiga entre as mãos olhando em seus olhos – não tem nem porquê você tomar minhas dores diante dessa situação. Não vou me intrometer na sua relação com seu irmão. Além do mais, amo o Doug como um irmão também, e jamais pediria a ele por exemplo, para ir a minha casa sem levar a esposa. Aí já é demais também. Ela errou? Talvez, quem sou eu para julgar. Mas eu não errarei afastando meu amigo da esposa, apenas porque ela prefere me ver com a Marcella.
– Para Beatriz. De onde saiu toda essa pureza que você está vivendo agora? Não entendo você. A mulher quase fode seu final de semana com uma garota super bacana, e você tá pensando no bem-estar dela, me poupe.
– Eu entendo a patinha. E de certa forma ela está certa, Mari. Afinal, cada um merece a cruz que carrega.
As palavras de Yasmin, foram cócegas para as três mulheres, que caíram num riso solto. O assunto Marcella foi esquecido, e a advogada agradeceu aos céus por isso. Afinal, ainda precisava arrumar uma forma de remediar aquele desconforto diante da sua convidada especial.
Sophia ainda estava processando todo o ocorrido de mais cedo, jamais imaginou passar por uma situação daquele tipo, ainda mais dentro da casa dos outros. De certa forma, se sentiu em uma novela, sendo pega em uma cena de traição.
– Sô... Sô... – sentiu um esticão na mão, olhou para baixo lembrando onde estava.
– Oi pequena.
– Bora pa praia?
– Praia a essa hora, – olhou para o céu, o sol brilhava radiante, mais a frente observou Bia, a irmã e a amiga sentadas na beira da piscina conversando animadas – não é bom, faz mal para a pele.
– Po isso a gente passa potretor. – A garota balançou o frasco que trazia em uma bolsinha.
Sorriu diante da afirmação da criança. Que mal teria em ir a praia, na verdade, faria até bem tomar um banho de mar, assim afastaria os “males” que tentavam lhe atingir desde a noite anterior. Não ia sair de casa sozinha com a pequena, resolveu convidar todos para o passeio, assim faria uma “social” com os adultos e agradaria a menina também.
De mãos dadas com Ingrid foi ao encontro das mulheres que estavam na piscina.
– Licença moças, viemos fazer um convite. – Trocou olhares com Bia, e prosseguiu – Ind e eu queremos ir a praia, vocês aceitam nos acompanhar?
Marília olhou para Bia arrumando seu chapéu na cabeça.
– Eu topo, Sô. Min, Bia? – Levantou animada.
– Também topo, já a minha irmãzinha, – gargalhou da careta afetada que a irmã fazia olhando para ela – tenho as minhas dúvidas.
– Bia, por favor, vamos? – Sophia pediu carinhosa.
A advogada balançou a cabeça passando a mão nos olhos, a amiga e a irmã ao seu lado não paravam de sorrir.
– Claro, Sophi. Vamos sim! Parem de rir. Vão chamar o namorado e o marido de vocês, é o melhor que têm a fazer. Fala com nossos pais também, Yasmin. Assim vamos todos passear.
Ingrid soltou Sophia e correu atrás da mãe. A garota sentou ao lado da advogada, apoiando a mão na perna da mulher ao seu lado.
– Quer mesmo ir? – Apoiou a cabeça no ombro da advogada. – Vou entender, se quiser ficar.
– Não gosto muito da combinação de areia, sol e água salgada, – sorriu acariciando o rosto de Sophia – mas como é por você, esquecerei disso por algumas horas.
Sophia beijou os lábios da advogada de forma apaixonada. Ficaram trocando carícias até o pessoal se juntar a elas. Estavam animados, apesar da resistência inicial de Bia, ela também se animou, seu sorriso era contagiante diante de Sophia, e nesse clima animado seguiram para a praia.
Fim do capítulo
Boa tarde, meninas! Tudo bem com vocês?
Estamos passando por um momento delicado, isolamento social para alguns, quarentena para outros. Mas lembrem, estamos juntos em prol de um bem maior.
Não esqueçam, se puder #fiqueemcasa. Tenho fé de que em breve tudo ficará bem, e poderemos voltar as ruas para comemorar mais essa vitória.
Em meio a esse momento delicado, fiz algumas coisas nas redes sociais, abri uma página no facebook e no instagram direcionadas apenas a autora Lily Porto, tem alguns textos novos por lá, outros já estão aqui, e lá foram apenas revisados. Vou deixar o link abaixo, caso tenham interesse em conhecer.
Até qualquer hora, e cuidem-se, bjs.
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