O Domingo passou tranquilo, as duas mulheres trocavam carinho a todo instante, mas combinaram de não falar nada para Clara sobre o namoro, deixariam o relacionamento se estabelecer para depois ter essa conversa com a criança, se bem que ambas acreditavam que Clara não faria objeção alguma, pois já haviam dado vários “bola fora” na frente da criança e ela não havia achado estranho, sem falar que Clara  gosta, admira e já demonstra amor por Victoria e também em razão da pequena já ter relatado sobre um amiguinho de escola que tem dois papais e ao invés de achar isso estranho ela achou super legal.

Chegaram em Curitiba no final da tarde e estava ficando cada vez mais difícil se despedirem. Clara desceu do carro deu um beijo em Victoria agradeceu por ela ter a levado conhecer o mar e entrou correndo na padaria para cumprimentar Beatriz.

Victoria e Julia ficaram se despedindo, com um abraço apertado. Nenhuma das duas queria soltar. Victoria não queria ir, Julia não queria deixar que ela fosse.

-Vi preciso entrar organizar as coisas para amanhã.

-Eu sei, eu sei... mas aí é tão difícil deixar vocês e voltar sozinha pro meu apartamento.

Julia sorriu e fez um carinho na mão de Victoria.

-Você se sentiria melhor se eu dissesse que sinto a mesma coisa?

As duas riram.

-Ju nos estamos parecendo duas bobas adolescentes. Será que todo mundo que namora é assim?

Julia deu risada e Victoria continuou:

-Eu digo isso porque nunca namorei... você já namorou, tem mais experiência que eu neste aspecto.

-Ai Vi, mas não dá nem pra comparar o que eu tive com o Kelvin com o que eu tenho com você.

Victoria olhou com uma falsa cara de brava e disse:

-É bom mesmo.

Então Julia sorriu e disse:

-Vi vou entrar, nos vemos amanhã?

-Sim, mas só a tarde. Tenho uma reunião pela manhã fora do escritório.

-Ok, então até amanhã.

Julia então se adiantou e roubou um selinho de Victoria e se afastou rindo.

Victoria acenou da porta do carro, entrou, deu partida no motor e voltou para seu enorme apartamento que agora parecia tão frio e silencioso.

 

Na segunda feira o escritório estava relativamente tranquilo, na verdade Julia começou a perceber que sempre que Victoria não estava parecia que as pessoas ficavam mais leves ou menos tenso, não sabia dizer exatamente o motivo, mas acreditava que como todos sabiam que a sua namora era uma profissional muito exigente no trabalho, todos ficam meio tensos e com medo de falhar perto dela.

Colocou a bolsa no seu nicho de trabalho e quando foi ligar seu computador, percebeu que o mesmo não ligava ficava processando, mas não iniciava os programas. Chamou sua amiga Tamara que entendia muito bem de computadores, pois havia feito um curso técnico na área, mas nem ela conseguiu ajudar então a amiga chegou a conclusão:

-Ih amiga acho que deu pau no seu computador, pelo jeito deve ser vírus.

-Tams será que alguém fez isso?

-Provavelmente.

-Mas como? E por que?

-Olha amiga de verdade alguém tá tentando de sacanear e já faz algum tempo que a gente sabe disso, mas é bom a gente ficar bem ligada em tudo e redobrar nossa atenção.

-Você está certa, preciso tentar pegar quem está fazendo isso... mas tá mas o que eu faço agora?

-Bom, vamos falar com Tereza pra ver se ela consegue arrumar um outra máquina para você trabalhar.

-Mas antes de irmos lá falar com ela, me conta como foi seu final de semana?

Julia abriu um sorriso de orelha a orelha e disse:

-Estou namorando.

A amiga deum gritinho de felicidade que foi percebido pelos colegas mais próximos.

-Que máximo amiga, sabia que logo, logo esse relacionamento iria ficar mais sério.

-Ah Tams estamos no começo, ainda tudo é muito novo, mas eu nunca senti nada parecido do que eu sinto por ela... parece que quando estamos eu Victoria, e Maria Clara não preciso de mais nada, como seu eu me sentisse completa sabe? Louco isso né?

-É amiga, coisas do amor.... Vocês formam um casal lindo e eu desejo toda a felicidade do mundo a vocês.

As duas riram, conversam mais um pouco e decidiram voltar ao trabalho.

 

Julia foi falar com Tereza que não ficou nada feliz com o fato de Julia supostamente ter estragado o próprio computador com um vírus e deu a entender que a funcionária não deveria ficar abrindo arquivos indevidos no horário de trabalho. Julia até tentou se defender, dizendo que nunca tinha aberto nada a não ser arquivos de trabalho naquele note, mas a coordenadora nem quis ouvir, pois já a tinha tirado suas próprias conclusões e a considerado culpada por deteriorar o equipamento da empresa. Tereza então chamou o rapaz do departamento de tecnologia que substituiu o notebook enquanto levava o dela para arrumar.

Esperou Tereza se afastar e quando o rapaz saía com a máquina em baixo do braço Julia correu atrás dele e chamou-o:

-João! É seu nome né?

-Sim.

-João é o seguinte, eu estou achando que estão me sabotando, pois já corromperam vários arquivos importantes que estavam neste HD e agora este vírus que detonou a máquina, então não sei se isso é possível, mas se você puder descobrir quem está fazendo isso, ou se isso veio por um endereço de e-mail ou descobrir o IP do computador quem está mandando vírus para o meu computador você, poderia me avisar por favor?

-Claro, faço isso sem problemas.

-Mas João fale apenas comigo, pois acho que pode ser algum colega aqui a empresa ok?

-Vixi se você estiver certa e a Senhora Victoria e o Senhor Vinicius descobrirem isso eles vão ficar irados, pois o que eles mais prezam nesta empresa é a confiança.

-Pois então, eu até tenho um suspeito, mas não quero fazer uma acusação sem provas.

-Claro você está correta, não devemos acusar ninguém sem provas, mas assim que eu tiver uma resposta sobre o que está acontecendo e quem está interferindo na sua máquina e nos seus arquivos eu aviso a senhorita.

-Muito obrigada João.

-Até mais, nos falamos tenha um bom dia.

-Bom dia pra você também João.

 

O rapaz se afastou e Julia voltou a trabalhar no computador novo abrindo seu e-mail e os arquivos que estavam na nuvem e assim dar início em suas atividades de análise da contabilidade da multinacional.

O dia passou corrido, trocou algumas mensagens com Victoria, mas não houve tempo para se encontrarem.

No final da tarde quando estava indo embora, aproveitou para conversar com as meninas da recepção e tentar bolar um plano para conseguirem desmascarar Carlos, afinal ele vinha cometendo crimes graves dentro da empresa, assédio sexual, calúnia, violência verbal, chantagem havia várias coisas das quais poderiam acusá-lo, mas precisavam das provas.

Julia então combinou com as duas recepcionistas que toda a vez que Carlos se aproximasse delas elas ligariam o gravador de áudio do celular e tentariam gravar os insultos que o homem fazia a elas. Pediu também o horário de trabalho de Stela, a moça da limpeza que havia sido vítima de tentativa de estupro, pois queria conversar com ela ver se a moça estava disposta a denunciar Carlos e também ter mais detalhes sobre o que havia acontecido, para quem sabe talvez conseguir puxar no arquivo das câmeras algumas imagens que comprometesse o escroto que vinha atormentando as mulheres da empresa. Julia sentia que agora tinha uma chance real de chutar Carlos para fora da Kramer, pois ela percebeu que não estava sozinha. A união da mulheres faria aquele machista se calar.

 

Na manhã seguinte, tiveram uma reunião para preparar a apresentação que seria realizada na quinta sexta feira em São Paulo para mostrar a análise parcial dos dados da auditória da multinacional. A reunião foi desgastante se estendeu para o período da tarde, pois Julia apontava algumas diretrizes que Tereza discordava e não estavam entrando em um acordo sobre o método que seria utilizado para a explanação. Para Victoria era visível que a forma como Julia propunha a exposição era mais efetiva, dinâmica e objetiva então acabou tomando a decisão de que a abordagem de Julia seria a escolhida e Tereza a auxiliaria na reunião de São Paulo. O que deixou a coordenadora visivelmente furiosa, mas a decisão já estava tomada e mais tarde Victoria conversaria com Tereza.

Concluíram a reunião cada um voltou para seus postos de trabalho e Victoria mandou uma mensagem para Julia:

“Amor, hoje terei uma reunião de trabalho, vamos eu e o Vinicius, pois um milionário da cidade esta se separando e que contratar nossos serviços para cuidar de todo o processo. Acho que devo chegar em casa umas 23 horas, então quando chegar te ligo ok minha namorada?”

Julia sorriu com as palavras finais e respondeu:

“Claro minha namorada. Boa reunião e tomara que dê tudo certo. Mas só uma dúvida, na reunião hoje você não me favoreceu por eu ser sua namorada né?”

“Claro que não meu anjo, sua proposta era efetivamente melhor do que a de Tereza. Todo mundo percebia isso e ela provavelmente não queria ceder e dar o braço a torcer sobre isso, talvez por você ser mais nova na empresa. Inclusive preciso chama-la para conversar sobre essa cisma que ela está com você. Somos uma equipe, aqui o ego não pode ser maior que o espírito coletivo.”

“Ok Vi se você diz eu acredito em você. Nos falamos mais tarde. Beijos minha namora e se cuide.”

“Você também se cuide e dê um beijinho na princesa unicórnio por mim.”

 

Antes de sair do escritório Victoria pediu para que Neila chamasse Tereza em seu escritório. Cinco minutos depois a coordenadora da contadora batia na porta:

-Com licença Victoria a senhora me chamou?

-Chamei sim, sente-se.

Tereza sentou na poltrona a frente da mesa da chefa e ficou a olhando aguardando o tema da conversa.

A empresaria respirou fundo e sem papas na língua perguntou:

-Tereza, qual é o seu problema com a Julia?

A mulher fez uma cara de desentendida.

-Como assim Victoria, não entendi sua pergunta?

Victoria deu sorriso sarcástico, pois sabia que sua funcionária havia entendido muito bem a pergunta, apenas estava se fazendo de desentendida.

-Você entendeu sim, entendeu muito bem. Desde que dei a promoção para Julia, que a coloquei para trabalhar junto com você na conta da multinacional, você vem tentando destituir a qualidade do trabalho dela e eu queria entender o porquê.

-Olha Victoria eu não sei do que você está falando.

-Tereza, Tereza, assim você me ofende, achando que eu não percebo o que acontece dentro da minha própria empresa, achando que eu não tenho percebido sua postura incomodada em relação a trabalhar com Julia.

-Ela foi reclamar de algo para você?

-Claro que não, eu até já perguntei a ela, se ela vinha tendo algum tipo de problema na empresa, mas ela disse que não, eu insisti no assunto, mas ela é tão ética que disse que preferia não falar. Então você que trabalha aqui comigo a anos, me conta você o que está acontecendo?

Tereza respirou fundo e disse:

-Você acha mesmo que essa garota é confiável? Acha mesmo que ela tem capacidade para executar as atividades que você vem determinando a ela?

-Você está duvidando da minha capacidade de julgamento Tereza?

-Me desculpe Victoria, mas sim estou. Acho que você está pensando só com a cabeça de baixo... e todos na empresa já perceberam isso, que você só promoveu a moça por que está tendo um caso com ela.

-Como é que é?

-É isso mesmo Victoria, todos na empresa estão comentando que ela é sua “protegida”.

Victoria estava vermelha, bufando de raiva. Na sua cabeça agora fazia sentido a pergunta de Julia sobre ela ter a privilegiado com a apresentação da multinacional em São Paulo por ser sua namorada. Com certeza a jovem deve estar sendo hostilizada pelos colegas e não queria contar a ela para não a importunar com este tipo de pequenez.

Porém Tereza não se calou e decidiu que já que havia começado a falar iria terminar de dizer tudo o que pensava. Então interrompendo o pensamento da chefa concluiu.

-E tem mais acho que enquanto você está aí toda apaixonadinha por ela igual uma adolescente acredito que ela está tendo um caso ao mesmo tempo com você e com o Carlos da contabilidade.

Victoria irrompeu num gesto explosivo batendo na mesa e se levantando.

-Mas que besteira é essa, Julia nunca faria isso, ela não é esse tipo de mulher eu confio totalmente nela, e sem falar que você me conhece bem, sabe da minha postura em relação a romance com funcionárias. Quantas outras mulheres aqui dentro desta própria empresa já tentaram ter algo comigo e eu não quis?

As duas mulheres trocaram olhares raivosos e Victoria completou:

-Inclusive você Tereza? Me responde? Você e mais quantas eu já evitei aqui dentro?

A coordenadora e baixou o olhar e respondeu:

-Várias.

-Então Tereza você me conhece a muito tempo sabe que não sou dada a flertes e paixonites no ambiente de trabalho. Não que eu lhe deva satisfação, mas o que eu tenho com Julia é muito mais forte e mais intenso do que eu já tive com qualquer outra mulher, por isso não acredito nessa sua calunia sobre Julia e Carlos e por isso eu jamais a privilegiaria se não achasse que ela fosse capaz de assumir a função, justamente por saber que pessoas fariam comentários maldosos como este seu... Mas confesso que eu não esperava isso vindo de você... Meu braço direito aqui dentro, uma das pessoas em quem mais confio.

De repente o clima ficou pesado e a sensação de Tereza era que havia levado um soco no estômago, pois sentia raiva por Victoria proteger e privilegiar Julia dentro da empresa, entretanto não podia demonstrar isso, pois já havia percebido que Victoria não aceitaria que estava a protegendo sem a jovem merecer. Queria ela ser a receptora de todo este afeto de sua chefa. Pensar isto só fez sua raiva aumentar.

-Victoria você pode achar tudo isso, mas é uma mulher extremamente inteligente e eu realmente jamais imaginei que você fosse capaz de se envolver com uma jovem, uma quase adolescente, ao ponto de ficar cega e não perceber o que está ao seu redor.

-Tereza engula seu ciúmes e inveja. Pare de me ofender e de caluniar Julia. Ela é uma excelente funcionária não há como negar isto, ela resolve todos os problemas que são apresentados a ela, se expressa bem na reunião, fala idiomas é extremamente comprometida com seu trabalho e se você não é capaz de perceber isso por que das duas uma ou você ainda não superou que não tivemos nada e ainda sente ciúmes de mim e esta cega por isso ou você perdeu a ”mão” para a gestão de pessoas da sua equipe e primeiro me diz que ela é uma excelente funcionária e depois vem me dizer que ela não é competente.

Tereza ficou em silêncio rubra de raiva e Victoria respirando fundo tentando acalmar os ânimos concluiu.

-Tereza você é a melhor funcionária que já tivemos nesta empresa e eu não quero perde-la por besteiras. Você sabe o quanto consideramos o trabalho em equipe aqui importante, portanto vou te pedir: Pare de hostilizar Julia, ajude as pessoas a enxergarem como a excelente profissional que ela é. –a chefa se aproximou sentando na cadeira ao lado da coordenadora dos contadores e disse – Mesmo não concordando em nada do que você disse eu aprecio sua sinceridade e lembre-se nós estamos em meio a uma auditoria muito importante para a empresa e eu preciso da sua ajuda, da sua experiência, do seu comprometimento, da sua liderança frente esta grande equipe de contadores que temos aqui na Kramer. Você é os meus olhos nos setores da empresa onde eu não posso estar... E então posso continuar contando com você?

A funcionária se sentia desgostosa com aquela conversa, pois sentia que estava perdendo de vez a mulher com que sempre sonhou, mas que sabia ser inatingível, perdia seu prestigio no trabalho que sempre foi algo que valorizou e sentia que nada podia fazer. Então forçou um sorriso, tocou a mão de Victoria querendo provoca um contato mais íntimo e respondeu:

-É claro que pode contar comigo eu jamais a abandonaria Vic.

Victória satisfeita com a resposta, mas levantando-se para quebrar aquele contanto mais próximo e disse:

-Ótimo, é muito bom poder contar com você. E vamos nos preparar que temos uma reunião importante essa semana.

-Claro vamos mostrar a competência da Kramer naquela reunião.

E em um clima mais ameno concluíram aquela conversa, que foi dura para as duas mulheres, mas que para Tereza tinha o gosto amargo da certeza de que havia acabado qualquer possibilidade de ter algo a mais com Victoria. Alimentou por anos aquela ilusão, mas pela postura enfática da empresária em relação ao que tinha com Julia, não adiantava ficar alimentando falsas esperanças.

 

Julia sem saber o que havia se passado entre sua namorada e a sua coordenadora imediata, seguiu com sua rotina diária. Na saída do trabalho tentou falar com a Stela, mas quando chegou no setor onde ficavam os funcionários da limpeza, as outras colegas falaram que ela já havia saído.

Foi buscar Clara na escola, chegou em casa, cuidou dela e já estava ansiosa aguardando ao menos uma mensagem de boa noite, mas nada ainda. Já havia passado das 23 horas e a jovem começava a ficar ansiosa e com um aperto no coração. Sabia que era bobeira, haviam começado a namorar a alguns dias e ela não podia se sentir assim cada vez que Victoria saísse para uma reunião ou que tivesse um compromisso que não a envolvesse, então a jovem começou a recitar o hoponono para tentar se acalmar. Clara já estava dormindo a tempos, ela também foi para seu quarto e acabou cochilando com o celular na mão.

 

Victoria como havia avisado para Julia, foi para o jantar reunião encontrou seu irmão e o empresário que precisava dos seus serviços. O homem explicou sua situação e o precisava que fosse feito. Era uma situação simples com a qual os irmãos já estavam acostumados a lidar e mesmo a empresa estado crescendo e não fazendo mais estes trabalhos individuais, Vinicius e Victoria concordavam que fazer um esforço e atender este tipo de cliente VIP sempre seria um bom negócio, pois a partir de um trabalho pessoal se ele gostasse do trabalho da Kramer A. C possivelmente os chamariam para realizar a contabilidade de suas empresas.

A reunião foi tranquila terminaram de debater os aspectos burocráticos do processo, jantaram e 22:40 Victoria entrava no seu carro para retornar para casa, decidiu que quando chegasse em seu apartamento ligaria para Julia.

Entrou em seu apartamento, foi direto para a suíte com a intenção de tomar um banho, vestir uma roupa confortável e ligar para sua namorada. Na verdade Victoria que sempre fugiu de relacionamento estava adorando essa sensação de ter alguém para chamar de sua namorada e também ser a pessoa de alguém. A mais velha andava sorrindo mais, estava mais tranquila, encontrando alegria em coisas simples e aproveitando melhor o seu tempo fosse no trabalho, com a família ou com Julia e Clara.

Ao sair do banho pegou o celular na mão para realizar a ligação, então ouviu a campainha do seu apartamento tocando, estranhou, pois, o porteiro não havia anunciado a chegada de nenhuma visita. Fechou o robe de seda preta e foi atender a quem quer que fosse que a estivesse importunando naquele momento. Quando abriu a porta, ficou surpresa olhou para a visita e com uma cara de espanto perguntou:

- Como você entrou aqui?

-Olá Vick boa noite, eu vim visitar uns amigos aqui no prédio, eu já estava de saída e resolvi parar para conversar com você um pouco?

-Olha acho que não é uma boa ideia, já esta tarde, eu preciso descansar amanhã terei um dia cheio.

A mulher então tocou a mão de Victoria de uma forma delicada e com um olhar de suplica pediu:

-Vick depois de tudo que passamos, acho que eu mereço um pouco de consideração? Só quero entender como tudo isso aconteceu? Por que apesar de tudo somos amigas, não é mesmo?

Victoria ficou indecisa se deixava ou não, Suellen entrar em seu apartamento, já era tarde, precisava ligar para Julia já havia combinado de conversarem quando chegasse da reunião. A loira então interrompeu o pensamento da morena e disse:

-Vic querida será rapidinho, nós sempre nos demos tão bem acho que mereço uma última conversa.

Victoria passou a mão no cabelo pensou um pouco e disse:

-Ok 5 minutos.

A morena então abriu mais a porta dando espaço para a ex-modelo e amante passar.

A loira então sentou-se no sofá de forma sensual e pediu:

-Tem algo para tomar?

Victoria respirou fundo.

-Claro o que você deseja?

-Um whisky, por favor.

Victoria então caminhou até o bar, e serviu uma dose para ela e para Suellen e Voltou para entregar o copo para Suellen.  E foi direta ao assunto:

-E então Suellen o que você quer?

-Vic nós sempre tivemos um ótimo relacionamento, sempre fomos amigas com benefícios, mas confesso que fiquei surpresa com o que eu Vi nas marinas no sábado... Você sabe que eu sempre gostei de você e por consideração a nosso tempo de amizade acho que você podia me explicar de onde apareceu essa sua “namorada” ainda mais com uma pirralha que veio no pacote? – com um cara de frustração completou – Poxa né! Nós sempre nos demos tão bem e você nunca me chamou de namora ou nada mais sério.

Victoria não tinha gostado nada do tom e da forma como Suellen falou de Clara e de Julia, mas não queria discutir e tinha a intensão que aquela conversa acabasse o mais rápido possível.

-Suellen eu sempre deixei claro para você e para qualquer outra mulher com quem fiquei que nunca passaria de uma “amizade com benefícios” como você disse, então não entendo o motivo de você querer uma explicação.

Suellen se aproximou colocando a mão na coxa de Victoria.

-Gata eu sei que você não me deve nenhuma explicação, mas poxa eu queria tanto ter tido uma chance com você se soubesse que você estava afim de um relacionamento mais sério.

Victoria se sentiu incomodada com aquele toque, tentou se levantar e Suellen se levantou ao mesmo tempo aumentando a proximidade entre os corpos. Victoria tremeu um pouco por angustia um pouco por excitação, mas com certeza por não querer aquela proximidade, pois estava firme em seu propósito de ser fiel a Julia, a sua menina. Ao pensar em sua namorada Victoria se movimentou rápido e Suellen derrubou o liquido marrom do seu copo no corpo de Victoria e no tapete da sala.

-Vic desculpa foi sem querer.

A empresária irritada se afastou e disse:

-Vou pegar uma toalha.

E se afastou se dirigindo para a cozinha para pegar um pano se secar e secar o chão.

Enquanto isso Suellen em um gesto rápido, retirou um pequeno frasco que carregava no bolso de sua calça, despejou o conteúdo no copo de Victoria e mexeu com o próprio dedo enquanto sorria de forma satisfeita.

Victoria voltou a sala colocou o pano no chão onde havia caído o liquido e virou-se para Suellen dizendo:

-Olha acho que não temo mais o que conversar, o que tivemos foi muito bom pelo tempo que durou, mas eu agora realmente quero fortalecer meu relacionamento com Julia e para que isso ocorra não há espaço para mais ninguém.

Suellen ficou a encarando com um olhar enigmático e disse:

-Ok, então vamos brindar.

Victoria fez uma expressão de desentendimento e a loira já se afastando indo ao bar e servindo seu copo com whisky completou:

-Vamos brindar uma última vez, aos bons momentos que tivemos.

Victoria então pegou seu copo encostou-o no de Suelen brindando e a loira ainda disse:

-A tudo que vivemos e a novo caminho que você escolheu para sua vida. Que você seja muito feliz!

As duas então viraram todo o liquido de gosto forte e amargo fazendo uma careta ao final.

Suellen então disse:

-Antes de eu ir posso usar o toilet?

-Claro fique à vontade você sabe onde fica.

Suellen demorou uns 5 minutos no banheiro e quando voltou encontrou Victoria sentada no Sofá com as mãos apoiadas na cabeça, deu um sorriso sarcástico mas procurou demonstrar preocupação.

-Vic você este bem? Parece meio pálida? Posso te ajudar?

-Não sei me deu uma tontura e um sono –e com a voz grogue completou – acho melhor você ir embora Suellen.

-Você tem certeza que quer que eu vá? Se você não está se sentindo bem posso ficar para te ajudar, ou se preferir posso ligar para alguém.

Com a voz cada vez mais fraca e já se encostando no sofá Victoria conseguiu responder:

-Não, apenas vá embora.

Suellen ficou a observando com aquele olhar de satisfação maligna.

- Claro minha gata se é o que você quer eu já vou, mas deixa apenas eu te ajudar a deitar aqui para que você não caia caso eu não esteja aqui...- e voltou a enfatizar. - Você tem certeza que não quer que eu fique e te ajude?

Então a loira não obteve mais resposta, verificou se a Morena estava de fato dormindo e sorriu dizendo em voz alta:

-É minha gata arisca, como eu te já disse: se você não for minha não será de mais ninguém!

Fim do capítulo