DURANTE II
BRASIL. 26/02/2020. FAZENDA SAHHA.GOIÁS. 12h32.
A família almoçava reunida em uma grande mesa montada no quintal.
--Inté agora num entendi purque Yasirah num veio. – Aziz reclamava a ausência da filha – Num bastasse ter voltado a desaparecer daqui nos final de ano, agora num aparece nem nos carnaval! – deu uma garfada
--Ela é uma pessoa muito ocupada, homi. Num pode ficar vindo pra cá sempre que cisma. – Kalila defendia a filha
--O que eu sei é que daqui a pouco minha menina esquece inté de como é madrinha, num sabe? – Acran reclamou da irmã – Yasah pensa que ser madrinha é só gastar dinheiro comprando trem caro e mandando pelos correio, mas num é isso. – bebeu um gole de suco – Madrinha tem que orientar!
--Deixa a prima que ela tem muito cum o que se amufinar. E se Deus quiser, um dia ela indireita e passa a vir mais pra cá. – Safira afirmou antes de dar uma garfada – O nome do Pai tem poder!
--Ocê sempre defendendo a prima! – Santinha afirmou com os olhos semi cerrados – É toda pur ela... – pegou o lenço e discretamente enxugou o nariz que ameaçava escorrer
--Num tô aqui pra condenar ninguém. – Safira respondeu de pronto – E nem ocê que é tão santa devia de condenar. – deu uma garfada
--E o que diacho ocê tanto fuça aí nesse celular, hein, menino? – Aziz ralhou com o filho mais novo – É nois tudo comendo e ocê vidrado nesse trem! – olhava para ele
--Desculpa, baba, mas é que tô muito preocupado com esse trem de CONVIDE-0, num sabe? – Houssani respondeu com a verdade – Já tem um monte de gente doente e outras tanto morta no Irã e na Coreia do Sul, o presidente da China disse que o surto é o trem mais grave que se tem notícia desde 1948, a Itália suspendeu carnaval e o país tá de cabeça pra baixo pur causa dessa pistinga. – resumia o que havia lido – Até na França já tem gente morrendo e mais um monte de país por aí tá registrando caso. Num demora pra isso chegar aqui!
Santinha ficou apavorada. – França?! – arregalou os olhos – Meu Deus! – sentiu o coração acelerar -- Depois do almoço vamo tudo rezá mode espantar essa doença pra bem longe daqui e curar o resto do mundo! – olhava para todos com os olhos marejados – Pur favor, padrinho? – pediu autorização ao homem
“É muito santa!” – Aziz pensou orgulhoso – Claro, menina. É certo!
--Eu vou ligar pra nossa fia depois dessas reza. – Kalila falou para o marido – Ela viaja muito pur esse mundo afora e tenho medo! Tem que ver como é que ela tá.
Todos concordaram. A esposa de Acran contou uma gracinha sobre a filha para aliviar o clima e todos riram. Os assuntos à mesa mudaram para temas leves. Somente Santinha permaneceu tensa e na hora da oração agarrou-se ao terço e rezou por muito tempo. Primeiro com a família e depois sozinha aos pés da imagem da Virgem Santíssima.
Enquanto isso, em São Paulo, Rute recebia em casa uma ligação que a deixou tensa.
--Quer dizer que já temos o primeiro caso no Brasil e é aqui em São Paulo? – respondia ao colega do outro lado – Vou contatar a equipe para uma reunião de emergência logo amanhã e iremos buscar amostras desse paciente pra sequenciar esse vírus o mais rápido possível! – decidiu – Também tenho contatado a equipe da doutora Ming Ting, lá de Wuhan, e temos trocado informações muito interessantes. Sabia que o vírus já voltou pra China em uma nova mutação? Chineses em retorno de viagem pela Europa. -- contava
--Rute, há também outra coisa... Temos um caso suspeito em Florianópolis. – o homem dizia do outro lado – E pasme: trata-se de sua ex orientada, Fabiana Gullar.
--O que?? – pôs a mão no peito – “Meu Deus, que não seja... Fabiana sofre de bronquite e asma...” – pensou penalizada
***
Yasirah estava passando o carnaval trancada em casa pela primeira vez na vida, concentrada e estudando loucamente. Sentia-se indisposta, perturbada por uma tosse que se manifestava de quando em vez, a garganta irritada, além de não estar muito bem do intestino, porém estudava como se dependesse disso para viver. O número de mensagens não lidas no zap chegava a quase 2000. Digitando rapidamente no notebook, estendeu a mão para pegar um copo de água e acabou derrubando o celular.
--Praga! – abaixou-se para pegar o aparelho – E não é que rachou o visor? Que azar! – reclamou – Trem caro e vagabundo! – sentiu o aparelho vibrar – Deixe ver o que será. – arregalou os olhos – Ave Maria, quanta mensagem!! Uai? – viu que Hu Chang havia lhe escrito – O que será que ele quer? Será que tem a ver com o congresso da gente ter sido cancelado? – clicou para ler – “Olá Yasirah, as coisas aqui andam nada bem. Desejo mais sorte para o Brasil. Perdoe ir diretamente ao assunto mas não sei fazer de outra forma: meu colega Piero me deixou aúdios dizendo que sua irmã Stela morreu por causa do CONVIDE-0 e ele queria que você soubesse.” – Yasirah levantou-se apavorada – “Creio que Piero também esteja morto, pois contraiu a doença, me contatou no dia 21 e não entra no zap desde então. Liguei para ele várias vezes mas não me atendeu. Take care! (Cuide-se!)” – sentiu o coração acelerar e começou a andar em círculos pela sala – Não! – cobriu a boca com uma das mãos e sentiu vontade de chorar – Uma mulher jovem... meu Deus, Stela... – passou a mão nos cabelos – Então, será que eu também...? – concluía que estava contaminada – Oh, meu Deus, meu Deus!! – foi até o quarto com o celular na mão. Estava totalmente perdida. Voltou a olhar para o aparelho -- Rute me ligou e mandou zap. – foi ver – “Liga pra mim urgente!” – leu preocupada – E mais essa, o que será? – sentia-se perdida e nervosa – Vamos ligar. – acionou o contato e aguardou resposta
--Mas até que enfim! – Rute atendeu agoniada – Criatura, você agora só vive entocada e incomunicável! Tenho notícias bombásticas pra te dar! – levantou-se
--Já recebi uma agorinha mesmo. – pensava em Stela – Mas diga, o que houve?
--Foi registrado o primeiro caso de CONVIDE-0 no país. Aqui em São Paulo! – contava preocupada – Não tenho detalhes sobre a pessoa mas aguardo informações de alguns colegas. Temos que buscar sequenciar esse vírus e é pra ontem! – gesticulava – Será com base nesses resultados que nós vamos trabalhar arduamente pra produzir vacinas e curar essa doença! – explicava
Yasirah ficou ainda mais nervosa. – Ai, meu Deus... – não sabia o que dizer
--E temos um caso suspeito em Florianópolis. – enquanto Rute falava Yasirah prendeu a respiração deduzindo o pior – É Fabiana...
A morena não resistiu, sentou na cama e começou a chorar contidamente sem nada responder.
--Calma, querida, não significa que ela vá morrer. E nem essa pessoa infectada aqui na cidade. – buscava acalmá-la – Eu sei que o fato de ser uma ex aluna deixa as coisas mais...
--Rute, me escuta! – Yasirah interrompeu a colega – Eu tenho uma coisa muito grave pra te contar! – tentava conter as lágrimas – Fabiana não é só um caso suspeito! A probabilidade de que esteja contaminada com o CONVIDE-0 é altíssima! – afirmou tacitamente
A médica não entendeu o porquê da certeza. – Yasirah, mas o que...?
--Ela tá porque eu também tô! – tossiu um pouco – E eu passei essa doença pra ela, da mesma forma que Stela passou pra mim. Lembra daquela italiana do réveillon em Shangai? Segundos antes de te ligar, li mensagens de um colega me dizendo que ela morreu.
Rute caiu sentada na poltrona. – O que é que você tá me dizendo? – não acreditava
--Você não sabia mas... – voltou a circular pela sala – Durante aquele tempo longo em que Mariah e eu estivemos separadas... – pensava em como dizer – Fabiana e eu fomos pra cama em duas ocasiões diferentes.
--Não acredito!! – levantou-se revoltada – Antes dela defender a tese?? – balançou a cabeça contrariada – Isso é totalmente anti ético de sua parte!
--Ela era só sua orientada e não minha! Lembre-se de que fui apenas convidada pra compor a banca! – defendeu-se de pronto – Com as outras que me envolvi só aconteceu depois que tinham defendido tese e tavam livres da minha orientação. – Levantou-se e começou a circular sem destino pela casa. Estava muito nervosa – Eu tava carente, Fabiana chegava pesado em cima de mim... não resisti.
Respirou fundo e reconsiderou. – Tá, tudo bem, é verdade. Você não tinha responsabilidades sobre ela. – balançou a cabeça contrariada – “E fui eu que apresentei as duas na defesa do Rodrigo.” – lembrou-se -- Mas seja como for, naquela época o CONVIDE-0 ainda nem era realidade!
--Só que... – continuou a falar – Lembra da única vez que nos vimos nesse ano? Lembra que Fabiana disse que ia me procurar pra falar sobre a tese? Sobre os ajustes que eu pedi? Depois ela me procurou mesmo. Foi me cercar no banheiro perto da minha sala e me deu um beijo. Queria fazer sex* ali mesmo mas eu despachei e ela saiu mordida comigo. – lembrava dos fatos – A transmissão deve ter acontecido aí. -- tossiu
--Meu Pai amado... – Rute não sabia o que dizer ou fazer – Quando começou essa tosse? – perguntou preocupada -- Uma pessoa pode permanecer assintomática em até 40 dias e esse tempo já passou desde seu retorno de viagem.
--Desde o início das aulas tenho me sentido meio indisposta. Minha garganta anda meio chatinha, meu intestino não tá legal e gradativamente essa tosse vem, mas quando tusso não é nada absurdo. Tô tossindo mais agora porque fiquei muito nervosa. – tossiu de novo
--Tem sentido falta de ar? – estava bastante preocupada com a amiga – Tem tido febre?
--Não. – voltou para a sala e parou no meio do cômodo
--Você agora vai ter que fazer quarentena mesmo, Yasirah. Precisa ficar em observação e eu vou te acompanhar diariamente. – decidiu – Se essa tosse piorar ou você começar a sonhar em sentir falta de ar, vai pra emergência imediatamente. Eu cuido de tudo!
--E o trabalho? Não tenho licença do governo pra ficar em casa em observação, Rute. – gesticulava nervosamente. Não queria aceitar o que já sabia
--Eu sou médica, meu bem. Vou cuidar de te providenciar um atestado! – respondeu como quem diz o óbvio – E preciso que pare com isso de ficar inacessível, pois quero te monitorar diariamente, já falei.
Encostou-se na parede. – Eu precisava falar com tanta gente... – lamentou
--E fará isso, mas por telefone, vídeo conferência ou sei lá o que. Nada presencialmente! – afirmou com decisão -- Desde que voltou de viagem, com quem mais você teve contato? – tentava organizar o raciocínio
--Só circulei de carro, evitei as pessoas no departamento pra ninguém me atrapalhar de estudar, mas as aulas começaram no dia 17, né? Aí interagi com um monte de gente, mas não beijei ninguém, fique tranquila. – usou um tom meio irônico na última frase
Fingiu não ter percebido a ironia. -- E quanto às outras pessoas de tua vida? Esteve na fazenda? Saiu com alguém? E Paula? E tua diarista?
--Ainda não coloquei os pés na fazenda esse ano, não saí com ninguém e as férias de dona Ângela e Paula foram excepcionalmente em janeiro. Nesse mês as duas vieram aqui, como sempre, três vezes na semana, o que contabiliza nove vezes. Agora no feriado de carnaval não tem trabalho, mas pensava de sexta elas virem trabalhar. – caminhou até a sacada
--Não! – discordou de imediato – Você vai ter que dispensá-las e agora terá que fazer quarentena por outras razões que não o desejo de um Nobel, Yasirah. – afirmou com delicadeza – Precisa ficar em observação. – insistiu – E isolada.
--Tudo bem. – aceitou – Vou ligar para Paula e dona Ângela dispensando de vir aqui, mas me manterei pagando pelos serviços como se viessem. Afinal de contas são desembolsos que eu já fazia e elas precisam desse dinheiro pra poder viver. – decidiu
Ficou orgulhosa do que ouviu. – Maravilhoso! – sorriu -- Quanto à universidade, vou lançar um comunicado.
--Ah, esqueci de dizer que fui no mercado umas cinco vezes e no banco pra sacar dinheiro. – respirava rapidamente – Agora que tenho certeza de estar contaminada me sinto tão culpada por tudo...
--Querida, por favor, pare com essa história de culpa! – pediu aflita – E se tem certeza de que foi contaminada deve se internar imediatamente! Cuido disso e...
--Rute! – interrompeu-a nervosamente – Não tá pensando como médica agora e sim como minha amiga. – gesticulou – Não tem porque me internar nesse momento e sabe disso! Eu seria apenas um foco de doença no hospital.
--Tudo bem... – gastou uns segundos calada -- Eu vou te mandar as orientações quanto aos cuidados e à profilaxia necessária, meu bem. – respondeu com carinho – E quero que me prometa que não ficará mais inacessível! – pediu
Deu um suspiro profundo. – Prometo. E vou me matar de trabalhar. Mais do que já vinha fazendo. – entrou novamente na sala
--Se quer se matar de trabalhar, aproveite a real necessidade de isolamento e trabalhe pra nos ajudar. Nós temos muito a fazer! Esqueça do Nobel e pense naqueles a quem nossa ciência deve servir! – pausou brevemente – Mas, antes de mais nada, você tá muito nervosa e precisa se acalmar.
--Será que...? – ficou ainda mais alarmada – Rute, será que te contaminei?? – arregalou os olhos – Por favor, se cuide e se monitore porque eu se eu te contaminei aí é que nunca vou me perdoar mesmo! Você é uma pessoa maravilhosa e o mundo precisa de gente assim!
--Meu amor, calma! – pediu com carinho – Você não me contaminou, calma! Não pode ficar assim nesse estado de tensão. Sabe que nessas horas o pânico é péssimo conselheiro.
--Eu não sei como me acalmar! – chorou novamente – Não entende? Se Fabiana morrer vai ser culpa minha! Minha! – chorava mais
--Vamos orar, minha amiga. Estou aqui pra você! – afirmou com brandura – E sempre estarei!
Yasirah se ajoelhou, fechou os olhos e se concentrou na oração que Rute conduzia. Só neste momento se deu conta que não orava mais desde os onze anos de idade. Ao final da ligação, deitou-se no chão e chorou como criança desejando desesperadamente um colo de mãe. Pena que quando Kalila telefonou diversas vezes naquele mesmo dia mais cedo, não prestou atenção e não atendeu.
BRASIL. 29/02/2020. PARQUE DO IBIRAPUERA. SÃO PAULO. 07h45.
Mariah e Cristiane caminhavam pelo parque.
--E então depois de ter passado o carnaval no Rio beijando todas as bocas me deu um medo, amiga! – Cristiane confessava à colega de apartamento – A televisão não para de falar nesse CONVIDE-0 e essa merd* já apareceu por aqui! – gesticulava – Quando cheguei no Santos Dumont na quarta já tinha um monte de gente usando máscara. E aqui em Congonhas também! – observou uma mulher que vinha empurrando um carrinho de bebê – Olha só! Ela tá de máscara. – indicou discretamente – E fica pra lá porque não quero te contaminar! – afastou-se um pouco mais da outra
--Eu não vinha prestando atenção mas esse problema tá sério mesmo. – reconheceu – Fique calma, vamos seguir as orientações dos especialistas, te monitorar e ter cuidado redobrado com a higiene! – aconselhou – Eu cuido de você, conte comigo! – garantiu
--E teu carnaval? Você também correu pro abraço feito eu ou...?
--Não. – respondeu de imediato -- Aurora e eu passamos o carnaval com nossos pais em São Roque, então foi tranquilo. Mas quando chegou quinta e fui trabalhar, o pessoal na empresa tava no maior estresse. – contava – Aí pedi pro Vitor da TI providenciar tudo pra que possamos trabalhar em home office, pois não tenho dúvidas de que em breve será necessário. – olhou para a outra – Por hora, cabe tomarmos os devidos cuidados e a senhora veja se finalmente incorpora o hábito de lavar as mãos antes das refeições. O certo é até lavar com frequência!
“Depois de ter beijado tanta boca, minhas mãos são o de menos!” – pensou discordando -- Sorte de vocês que podem contar com essas tecnologias. Quero ver como vai ficar esse contingente de trabalhadores que vão ter que trabalhar de qualquer jeito se não quiserem morrer fome desempregados. – fez cara feia – Eu mesma vou ser uma! Quero ver o dono da rede de lojas em que trabalho ter a decência de se preocupar com a gente! – continuavam caminhando – Esses caras não querem ver a nossa pujante economia parar. – falou com ironia
--Vamos ver quantas pessoas precisarão morrer pra economia não parar... – Mariah respondeu contrariada – Hum, não sei se você viu, mas a equipe da doutora Rute conseguiu fazer o sequenciamento genético do CONVIDE-0 em tempo recorde! – afirmou orgulhosa – Ouvi hoje pelo podcast quando acordei.
--É aquela médica amiga da Yasirah? – lembrava-se do nome – Foda, cara! Adoro quando o Brasil faz bonito, especialmente quando são as mulheres à frente de tudo! – sorriu satisfeita
--Eu também! – concordava – E tenho certeza que Yasí tem trabalhado arduamente na luta contra esse vírus! – pensava na professora
--Mariah, me diz uma coisa, porque pensei nisso ontem mesmo. – pensou antes perguntar – Yasirah passou final de ano na China, não foi?
A engenheira entendeu a razão da pergunta e não conseguiu responder. Sentiu o coração acelerar e preocupou-se com o bem da estar da ex namorada.
BRASIL. 05/03/2020. HOSPITAL DAS EMERGÊNCIAS.GOIÂNIA. 10h11.
Santinha aguardava sua consulta enquanto um aparelho de TV ecoava as últimas notícias.
--Cresce o número de pessoas infectadas pelo CONVIDE-0 em todo mundo. A China é o país mais afetado, seguido pela Coreia do Sul, Itália e Irã. – imagens mostravam cenas em hospitais e um gráfico indicando o número de mortos -- França revela os nomes de deputados infectados, -- fotos das pessoas eram expostas – e até o ministro do conhecimento testou positivo.
--Ave Maria! – Santinha se benzeu
--A perdas das companhias aéreas mundiais podem chegar aos 120 bilhões de dólares! – repórteres continuavam anunciando – E o preço do barril de Brent cai mais de 10%, para 30 dólares, devido à queda na procura. É a pior crise da indústria do petróleo dos últimos cem anos!
Tossiu protegendo os lábios com o lenço. -- Ô, meu Pai, é só notícia ruim! – falava sozinha
--Senhora Sofia Faez. – a enfermeira da triagem chamou
--Sou eu! – levantou a mão timidamente e se levantou em seguida
--Pode entrar. Sala 1203. – apontou na direção da sala – Última porta à esquerda.
--Agradecida. – ajeitou a saia e seguiu para a sala
***
--E o caso é esse, dotôra! – narrava os fatos para a médica com aflição – Eu tenho os sintoma quase tudo e a tosse só aumenta. Tenho notado que o ar me falta e decidi vir antes do pior acontecer. – segurava o lenço na frente do rosto – Eu acho que peguei esse pesti desse bicho de CONVIDE e preciso de ajuda! Quero fazer o testi mode ver se tô cum a doença ou se num tô! – pediu súplice
--E nós vamos ajudar, mas não entendo como pode ter tanta certeza! Ainda não registramos casos aqui e em sua região creio ser ainda mais improvável! – balançou a cabeça negativamente -- A senhora encarou seis horas e meia de viagem quando poderia ter buscado ajuda mais perto de sua cidade. – olhava para a outra com pesar – O teste de CONVIDE-0 não tá disponível em abundância e eu não teria como justificar solicitar pra senhora porque não tem motivo! Os testes são reservados pra quem tá internado em mau estado e pros profissionais de saúde. -- explicava
Ajeitou-se na cadeira e ficou agoniada. Postou as duas mãos como se fosse rezar, fechou os olhos e disse: -- Eu tive cum uma muié francesa e ela espirrava muito. Lá pelas madrugada também tussiu pra danar. – suspirou – E isso foi pouco antes do carnaval.
--Como? – não entendeu
--Eu faço programa, dotôra! – assumiu ao olhar para a médica – E essa muié foi minha última cliente inté intão.
A médica tinha pontos de interrogação na cabeça.
Levantou-se da cadeira e abriu os braços. – O qui a senhora vê aqui? – perguntou com olhos marejados – Uma biata tipo aquelas das novela, num é? Quarentona, solteira, sem fio, cabelo preso num coqui, blusa branca de renda, saia cumprida, meia fina, o terço. – gesticulou – Inté luva branca eu uso! E sempre um lenço também. – mostrou as mãos – Nasci numa famia onde uma muié num podi se dá ao luxo de se apaixonar pur outra, dotôra. – desabafava – Intão eu faço programa há mais di vinte ano purque são os único momento em que posso ser eu mesma! – bateu no peito – Já tive tanta muié que num saberia lhe dizer! – tossiu cobrindo a boca com o lenço – Essa francesa foi uma delas. – fungou – E se encarei uma viagem tão longa, foi pra poder dizer essas coisa toda sem risco de ninguém na roça saber! – olhava para a médica – Por favor, me ajude! Preciso do tal do teste! – pediu novamente
“Minha nossa, eu não esperava por essa!” – a médica pensou estupefata – Eu não sei se veio preparada pra isso, mas será internada hoje. – afirmou olhando para a outra – E me perdoe, mas não poderei esconder a forma como talvez tenha contraído o vírus, porque preciso justificar o pedido.
--Moro num lugar onde tudo que é gente se conhece. – fungou – Pros outro médico a senhora pode falar o que quiser, mas num deixe minha famia saber. – pediu aflita ao se sentar novamente – Seria o meu fim!
A médica continuava pasma.
--Eu tenho certeza que num passei esse trem pra ninguém. – afirmou convicta – Na minha lida na roça num sou muié de viver tendo contato cum ninguém pra dar beijo e nem abraço. Inté cum a famia num sou de chamego, ando sempre de luva quando num tô lavando louça, meus trem são tudo limpo e uso lenço. Meus lenço são sempre lavado.
--Seja como for. – a médica pegou um papel de receituário e começou a escrever – A senhora será internada hoje e ficará aqui em observação. Vou solicitar o teste.
Santinha postou as mãos novamente e fechou os olhos agradecendo a Deus.
BRASIL. 06/03/2020. EDIFÍCIO MARIE-SOPHIE GERMAIN.SÃO PAULO. 13h48.
--Intão nós fiquemo sabendo ontem, pur intermédio de uma dotôra da Goiânia, que Santinha foi internada no Hospital das Emergência e já tá inté usando uns trem mode poder respirar. – Kalila contava para a filha com tristeza – Diz que num tá intubada mas usa uns trem que eu num sei o que é. Nós fiquemo tudo apavorado e pensemo em ir pra lá de caravana mas a dotôra num deixou. Eu e teu pai porque somos véio e teu pai inda tem problema de coração, Houssani purque tem asma e Acran purque tem menina nova. – gesticulava – Daí Safira deixou os trem dela tudo mode o marido cuidar e foi simbora hoje cedo ver a prima. – pausou brevemente – A dotôra num falou às clara mas desconfio que Santinha tá com aquela doença de CONVIDE-0. Nem durmi rezando a noite toda!
“Meu Deus, como pode essa doença ter chegado lá?” – Yasirah pensava abismada – Eu não sei nem o que dizer, maama. – respondeu com pesar – Só nos resta rezar mesmo. E vocês sigam os cuidados que passei por zap. A senhora leu tudo?
--Li e tá todo mundo tomando os cuidado, num sabe? – garantiu
--Quanto à Safira vou ligar pra ela daqui a pouco. – tossiu
Kalila ficou desconfiada. – Ocê num tá me escondendo nada, num é, fia? – ouvia a morena tossir do outro lado – Ando cum coração na mão por tua causa num é de hoje!
Yasirah ainda não havia dito à família que estava doente. Enganou que era uma gripe comum. – Maama, eu tenho pensado muito nesses dias. – não respondeu diretamente – Queria lhe pedir um favor. Hoje, às sete da noite, peça pra Houssani me procurar por aquele programa de vídeo conferência que instalei em seu notebook e nós vamos ter uma conversa. – passou a mão nos cabelos – E gostaria que todos vocês estivessem presentes: a senhora, baba e meus irmãos.
--E pur que tudo isso? – ficou angustiada
--Porque há uma série de coisas que escondo há anos e não aguento mais. – olhava pela janela – Não dá mais!
Kalila não sabia o que pensar.
--Confie em mim e não fique agoniada por minha causa. – pediu com brandura – Às sete estarei à postos esperando. – garantiu
--Tá bão. – aceitou simplesmente – Inté mais tarde.
--Amo a senhora, maama! Até logo mais. – desligou o telefone
***
Mariah entrava em casa quando sentiu o celular vibrar. Pegou o telefone e viu que era mensagem de Yasirah. Imediatamente foi ler.
Yasí: Boa noite, querida. Espero que esteja bem.
Yasí: Não retornei suas mensagens porque tenho pensado muito, apesar de trabalhar mais ainda. Daqui a pouco vou fazer uma espécie de vídeo conferência bombástica com minha família e não sei como estarei depois disso.
Yasí: Mas amanhã à noite, se você quiser, também queria muito conversar contigo por chamada de vídeo. Tenho muito a te falar.
Yasí: O que posso te dizer agora é que morro de saudade e me arrependo por ter sido tão idiota.
Yasí: Beijos!
Os olhos marejaram. – Ela tá com a doença! – deduziu – Meu Deus, não... – começou a digitar – Claro que eu quero conversar com você, sua boba! – falava consigo mesma – Claro que eu quero! – continuava digitando
***
--Eu espero que haja mesmo precisão disso tudo aqui, porque Santinha tá internada e Safira tá lá nu hospital mode visitar. Inda num conseguiu ver a prima! – Aziz reclamava – Nós devia de tá rezando invés de tá parado aqui na frente de computador! – fazia cara feia
Os pais da morena e seus dois irmãos estavam sentados próximos uns dos outros, olhando para a tela do notebook. Viam a professora do outro lado, sentada numa cadeira.
“Baba como sempre um amor!” – pensava contrariada – Eu não pediria se não fosse preciso, baba. – respondeu disfarçando a contrariedade – Pensei muito antes de fazer isso mas não haverá ocasião melhor. Acho que essa doença que assola o planeta deve representar ao menos uma oportunidade de reflexão.
Os demais aguardavam ansiosos para saber o que a professora desejava lhes dizer.
--Eu passei o final de ano na China, como vocês sabem. – contava – E lá contraí a doença. Eu tô com o CONVIDE-0. – tossiu
--Minha menina... – Kalila lamentou com os olhos marejados – Mas pur que ocê num tá num hospital mode se tratar? Sai daí e vai!
--Ocê num tá cum falta de ar, num é, Yasah? – Houssani teve medo – Ocê tosse um pouco é só isso, num é? – perguntou esperançoso
“Intão foi pur isso que ela num veio aqui no carnaval...” – Acran pensava – “E pensar que fiquei zangado purque não veio ver minha fia.” – estava arrependido
--Ah, mas ocê... – Aziz levantou-se com raiva – Ocê só faz é besteira! – gesticulava contrariado – Tinha purque ir fuçá lá na China? Num tinha! Agora é isso, pegou esse trem! – balançava a cabeça revoltado
--Baba, deixa ela falar pur favor! – Acran pediu chateado – Yasah, responde o que Houssani perguntou. No seu caso o trem tá fraco, num é? Num carece de internação, num é?
--Eu não sinto falta de ar e nem tenho febre. Só fico tossindo e sinto outras coisas chatinhas, mas nada do outro mundo. – tentava tranquiliza-los – A doutora Rute, aquela sobre quem a televisão tem falado muito, me receitou uns remédios e tenho tomado. Ela mesma me observa diariamente. Conversamos pelo celular.
--E tem comido, menina? – Kalila perguntou agoniada – Tô achando tua cara ch*pada! – reparava na imagem da filha no computador
Riu brevemente e tossiu. – Ai, maama, não me faz rir que eu tusso. – passou a mão no peito – E sim, tenho comida em casa e tô me alimentando. – falava a verdade
--Intão era pra isso que ocê pediu essa tal vídeo conference? – Aziz concluiu – Pra revelar que tá cum essa doença maldita? – cruzou os braços – Nós vamo rezar pur ocê também. – balançava o corpo – Mas que num tinha precisão de ir fuçá em China, isso não tinha! Culpa sua mesmo, num sabe? Bem feito!
Houssani e Acran se entreolharam revirando os olhos.
--Num diz isso, homi! – Kalila reclamou revoltada – Nossa fia doente e ocê culpando ela e dizendo bem feito!
--Não foi só por isso que eu pedi essa vídeo. – pensava em como falar – Mas porque... – olhou rapidamente para o lado – Não aguento mais viver escondida e essa situação toda tem me feito pensar muito na minha própria vida. – pausou brevemente – Vocês não sabem, mas por quase dez anos vivo um relacionamento tumultuado com uma pessoa e eu... – sentia o coração disparar – Eu estraguei tudo por nunca ter assumido isso, além do fato de ter me escondido sempre atrás do sucesso com o trabalho. – confessava
--Oxe, que nunca soube que ocê tinha homi. – Acran exclamou. Houssani ficou sem entender
--Só faltava essa! Num me diga que ocê é caso de macho casado? – Aziz perguntou de cara feia
Por um momento Kalila sentiu que sabia o que a filha iria dizer. – Fia, ocê num precisa dizer nada, a vida é sua e...
--E eu preciso, maama! – Yasirah a interrompeu com brandura – E não, eu não tenho homem, Acran. O amor da minha vida é uma mulher! – despejou a verdade da forma como podia naquele momento
Os irmãos novamente se entreolharam mas dessa vez com muita surpresa. Kalila nem respirava e Aziz parecia anestesiado.
--Tenho que certeza de que sou lésbica desde a adolescência. – continuava confessando – Tive várias namoradas ao longo da vida, mas o meu único amor se chama Mariah Montenegro. Lamento muito não ter tido essa coragem antes da minha vida virar de ponta cabeça!
--MALDITA!!!! – Aziz gritou enfurecido – Que vergonha, que vergonha, Pai! – esfregava as duas mãos no rosto – A única fia que tive... – circulava sem rumo certo pela sala – Como a vida é injusta! Enquanto isso minha Santinha padece num hospital! – começou a chorar com raiva – Vergonha, vergonha, vergonha!!
A professora ficou triste mas não esperava nada melhor. – Eu imagino que agora que passei de orgulho pra vergonha da família, talvez vocês não queiram mais saber de mim. – tossiu brevemente – Mas que seja! Não aguentava mais. Ao menos agora queria o direito de ser eu mesma.
--Ocê nunca vai deixar de ser minha fia... – Kalila tocou a tela do computador – Num vai... – chorava contidamente
--Num é só ocê que vive de segredo, Yasah! – Houssani resolveu confessar – Tenho uma famia em outra cidade. – olhava alternadamente para os pais – É Rebeca, aquela separada de José Correa. E o fio dela mais ele, eu registrei.
--O que?? – Aziz novamente se chocou – Ocê registrou um fio que num é teu? De uma muié mais véia que ocê e separada??
--Ele num quis registrar! – respondeu com os olhos marejados – Largou a muié e sumiu por aí. – olhou para a mãe – Ela sempre foi o meu amor ao contrário daquela moça que ocês tanto faz gosto que eu case.
--Eu num acredito, num acredito!! – Aziz estava a ponto de ter um troço, rodando pela sala como um louco
“Intão é pur isso que ele só vive sem dinheiro... Sustentando famia.” – Kalila pensava – “E pur isso que só vive em celular.” – concluía
Acran também se sentiu motivado a falar de si. – E eu sou alcoólatra. – confessou – E minha muié tem me pedido pur demais pra deixar de ser. Sendo pai, acho que é hora de mudar, mas é difícil pur demais. – abaixou a cabeça – É pur isso que vira e mexe falta dinheiro nos comércio da famia... Eu pego escondido quando me falta dinheiro pras pinga.
--Mas será possível?? – Aziz passou as mãos na cabeça calva – Será que nenhum fio meu presta? -- estava nervoso e atordoado demais. Deixou os demais na sala e saiu
Yasirah ouvia a tudo surpreendida. “E eu que pensava que era a única a esconder alguma coisa.” -- pensou
Kalila secou os olhos com um lenço de papel que tirou do bolso. – Num foi só ocê que andou pensando, minha fia. – olhou para o computador – Desde que esse peste de CONVIDE-0 começou e eu vejo rico e pobre morrendo em todo canto, o que mais tenho feito é pensar. E depois da notícia de Santinha... – olhou para cada um dos três – Ocês tudo presta! E presta muito!
Os filhos ouviam em silêncio.
– Eu num vou dizer que é fácil pra mim purque não é. De repente acabo de me atinar que tenho três fio que eu num conheço muito bem. – acariciou o rosto de Houssani – E quero muito conhecer. – com a outra mão tocou o rosto de Acran – Sem que ocês precise de ser santo mode merecer o meu amor, que os três já têm desde que nasceram. – olhou para o notebook e colocou as duas mãos na tela – E ocê, minha fia, num me interessa o que vão dizer. E quem vá dizer. – olhava para ela – Será sempre minha fia, minha amada fia e uma felicidade pra tua maama por toda vida! – falava com emoção
A professora também tocou a tela do computador com as duas mãos. – Eu priorizei tanto outras coisas na minha vida, fui tão ausente com vocês por tantos anos... – considerava emocionada – Hoje morro de vontade de estar aí e não posso. – derramou uma lágrima saudosa – Se soubessem o quanto me arrependo! – lamentou – Amo muito todos vocês! – falava com intensidade – Até baba com quem nunca me dei bem, não vou dizer que amo igual, mas me importo e desejo só o bem.
--Ocê num vai deixar de ser minha irmã nunca e num tem purque se arrepender de nada. – Acran dizia emocionado – Num podia ter escolhido madrinha mió pra minha fia, mas queria que ocê num fosse tão distante... – lamentou
--Eu sinto muito por ter sido! – Yasirah respondeu de pronto
--Também nunca vai deixar de ser minha irmã. – Houssani considerou – Aprendi pur mim mesmo que a gente não escolhe pur quem se apaixona, num é? – derramou uma lágrima
--Não... -- a morena respondeu
Kalila removeu lentamente as mãos da tela do notebook. – Quero que me prometa que vai lutar tanto pra ficar viva como lutou a vida toda pra ser a professora que é! – pediu com os olhos molhados – Eu num quero perder ocê! Nenhum de ocês!
--Prometa, Yasah! – Acran e Houssani pediram quase ao mesmo tempo
--Prometo! – respondeu com sinceridade
Yasirah por um instante se lembrou do que um dia ouvira de Rute: “--Talvez um dia você deseje ardentemente tudo que tem negligenciado agora, Yasirah”. E ficou pensando em como aquelas palavras foram dolorosamente verdadeiras.
BRASIL. 07/03/2020. HOSPITAL DAS EMERGÊNCIAS.GOIÂNIA. 08h58.
Safira estava parada orando ao lado do leito de Sofia. Usava um macacão que lhe deixava apenas com o rosto de fora, máscara cirúrgica, óculos e luvas. A prima estava toda coberta e usava uma espécie de máscara de oxigênio.
Após alguns minutos, Santinha abre os olhos e se surpreende com aquela mulher perto de si. –Safira? – perguntou com voz fraca
--Muié! – abriu os olhos sorridente – Ocê acordou! – pôs as duas mãos sobre o peito – Tô desde ontem doida pra te ver e finalmente hoje me deixaram! Consegui inté essa roupa maluca e as paramenta. – olhou para o alto – Aleluia, glória ao Pai! – olhou novamente para a prima
Ficou muito feliz ao constatar que era mesmo Safira. – Ocê veio... – sorriu por baixo da máscara
--Todo mundo queria vir mas a dotôra num deixou pur causa dos tal de grupo de risco, num sabe? – explicava a ausência dos demais – Só eu podia, então segurei nas mãos de Deus e vim!
--Muito bão... Eu tinha mesmo que prosear mais ocê. – falava com dificuldade -- Só nós.
--Que prosear o quê, muié? – discordou – Ocê tem que se poupar! Num pode ficar falando! – aconselhou
--Eu preciso... pur favor. – pediu com tristeza – Acho que vou morrer. – tossiu bastante
--Oxe, cadê tua fé? – ralhou com jeito – É nessa hora que se dá testemunho, viu, fi? – estava agoniada com a tosse da outra -- Padre Afonso nunca te ensinou isso? – desejava imensamente poder curar a prima
Pensou no homem. – Pobre padre Afonso... – mexeu um pouco a cabeça – Meu testemunho de fé foram anos de mentiras, inclusive nas confissão. – revelou arrependida – Só pur esse pecado o Tinhoso já me aguarda nus inferno... – tossiu novamente
--Mas do que ocê tá falando, uai? – não entendia
--Num vou conseguir falar pur muito tempo. – sentia-se cansada – Mas tudo que eu disser, ocê vai falar do mesmo jeito pra nossa famia. – pediu
Safira não sabia o que dizer.
--Eu minto pra todo mundo há anos. – confessava com tristeza – Num sou santa, faço programa há pouco mais de vinte ano.
--Hein?! – arregalou os olhos
--E só cum muié...
--Mas como pode?! – não entendia – Como é isso? Quem te colocou nessa vida? Quem te arruma essas muié?
--Num tem como explicar agora. Mas eu entrei nisso mode poder ser eu mesma ao menos nessas hora. – tossiu
--E ocê quer que eu conte isso pra nossa famia?? – perguntou incrédula
--Preciso que conte. – reiterou
Safira respirou fundo e balançou a cabeça. – Num condeno ocê. – afirmou com humildade – Sei o que é isso purque também já tive... um passado cum muié, num sabe? – confessou também sem citar Yasirah – Depois que orei pur demais da conta e perseverei na fé, cabou-se! Curei!
Sofia teve vontade de rir e tossiu muito. Quando pôde se estabilizar respondeu: -- Num tem como curar isso, muié... – olhava para a outra – Ninguém rezou mais que eu e num curei. Ocê ama teu marido, ele te basta e é isso.
“Ela fala que nem Yasirah.” – pensou
--E eu sempre soube que ocê também era assim. E morria de ciúme quando ficava de namoração cum Yasirah. – lembrava – Num sabi como desejei desesperadamente tá no lugar dela. – confessou também
--O que?? – ficou pasma
--Eu sempre fui apaixonada pur ocê. – admitiu – Mas entendo que seu coração nunca foi meu. E hoje ele é de Armiro, no que faço gosto purque é homi bão. – tossiu
“Intão... era pur isso que ela sempre vivia no rastro de Yasah e eu e cagoetava todas as nossas traquinagem.” – entendia o comportamento da prima – “Mas apesar de saber de tudo, ela nunca revelou as safadeza que nós fazia.” – sentiu muita tristeza e pena dela – “E eu nunca fui boa cum ela, sempre tratei cum muita distância...” – o arrependimento trouxe-lhe lágrimas aos olhos – “Tantas coisas ficam perdidas pur falta de uma boa prosa.” -- constatou
--Só isso é que eu quero que num conte a ninguém. Que meu amor pur ocê seja um segredo nosso. – pediu
--Tem minha palavra. – derramou uma lágrima emocionada
--E que nunca mais ninguém me chame de Santinha! – pediu também – Meu nome é Sofia e acabou-se!
--Pode deixar que eu vou falar o que ocê me pediu pra dizer. – prometeu mal segurando as lágrimas
Sofia teve um acesso de tosse muito forte e Safira correu para pedir ajuda. Cerca de uma hora depois a mulher era levada à UTI e entubada.
***
--Primeiro-ministro italiano aumenta o bloqueio da quarentena para toda a Itália, incluindo restrições de viagens e a proibição de aglomerações. – o repórter anunciava em tom grave – Em pouco tempo a Europa toma o lugar da China como maior epicentro do CONVIDE-0 e a transmissão da doença se acelera na Itália e no resto do continente europeu. – imagens de doentes em leitos hospitalares e ruas desertas era exibidas -- Saúde Internacional declara CONVIDE-0 como pandemia!
--Finalmente, né? – Mariah reclamava com a TV – Esperava mais o que pra isso?
--Líder religioso faz discurso polêmico em redes sociais. – o repórter anunciava outra notícia antes que fossem exibidas imagens do homem – Povo do Pai, esse CONVIDE-0 é uma farsa! Coisa de comunista inventada pra alavancar o reino de Satanás! – gesticulava com a bíblia na mão – Enquanto você fica aí trancado em casa, Satanás se apossa de todos os espaços públicos e pinta de vermelho a bandeira comunista nos lugares santos! – falava com voz profética – Então eu não tô aqui pra convidar zero. CONVIDE-0? Eu convido cem! Convido mil! Convido milhões!! Convido todos pra uma passeata contra essa praga comunista!! – gritava – Queima! Queeeeimaaa!!!
--Gente, eu não aguento isso! – pegou o controle e desligou a televisão – E Yasí que nunca liga, hein? – olhava para o celular
E nesse instante uma chamada de vídeo solicitou a engenheira.
--Ai, meu Deus! – atendeu de imediato – Yasí? – sorria para o aparelho
--Boa noite, linda. – cumprimentou sorridente – Podemos conversar agora? – pediu com humildade
--Claro que sim! – respondeu lentamente desmanchando o sorriso – Você tá abatida... – constatou com pesar
--Mas tô me cuidando, pode ficar tranquila. – tossiu brevemente – Desculpe a demora, mas Rute me ligou e tomou tempo, especialmente porque ela ficou arrasada com a morte por insuficiência respiratória da doutora Ming Ting, lá na China. – contava – E depois Safi ligou muito emocionada, querendo falar sobre nossa prima Santi..., -- consertou-se imediatamente – Sofia, que foi pra UTI hoje por causa do CONVIDE-0. – justificava-se – Se demorei não foi por não te dar prioridade, não quero que pense isso, foram essas demandas que... – a tosse interrompeu sua fala
--Tudo bem, amor. – desejava tomá-la nos braços – Eu lamento muito por tantas notícias tristes e não fiquei aborrecida com você. – falava com sinceridade
--Nem todas as notícias são tristes! – olhava atentamente para o rosto da jovem -- Ontem eu fiz uma vídeo conferência com minha família e contei toda verdade. Inclusive e principalmente o fato de que Mariah Montenegro é e sempre será o grande amor da minha vida! – declarou-se
--Você disse isso? – emocionou-se
--Eu me assumi! E nunca me senti tão livre em toda minha vida! – desejava ardentemente poder tocar a ex namorada – Só lamento muitíssimo ter esperado a situação chegar ao ponto que chegou pra poder fazer isso. – tossiu
--Amor... – não conseguia articular as palavras
--Mas, me escuta, por favor. – pediu – Eu preciso muito te pedir perdão por todas as vezes em que te magoei, que te fiz chorar, que frustrei suas expectativas por todos esses anos. – derramou uma lágrima sentida – E queria te confessar que a tão segura de si Yasirah Faez nunca passou de uma garota medrosa com medo de sofrer por amar, por se dedicar a alguém e depois perder. – confessava
Mariah parecia beber cada palavra. Sentada encolhidinha no sofá segurava o telefone com as duas mãos.
--Eu era extremamente ligada aos meus avós maternos. Especialmente à vovó. Eles eram muito ativos, muito dinâmicos e trabalhavam buscando estabelecer o pequeno comércio que temos hoje. – contava – Quando eu tava pra fazer onze anos eles me encomendaram uma bicicleta. Era uma surpresa. – deu um sorriso triste – Aí pegaram a caminhonete e foram pra capital buscar. Só que na volta aconteceu um acidente e eles morreram. Era o dia do meu aniversário. – tossiu
--Ah, amor... sinto muito. – derramou uma lágrima
--Eu sofri muito por demais da conta, como nem saberia te explicar! Fiquei dois anos deprimida e daí pra frente passei a esquecer de todas as datas importantes, fui desapegando das pessoas e fiquei egoísta. -- secou os olhos com um lenço limpo
--Você não é egoísta! – discordou de pronto
--Sou sim e muito! – ajeitou-se na cama – Passei a me colocar sempre em primeiro lugar e fiz da vida acadêmica e depois da carreira a coisa mais importante da minha vida! Fui tão egoísta que por vezes esqueci até que o objetivo máximo de meu trabalho não é conquistar um Nobel e sim servir à sociedade! – passou a mão nos cabelos – Deixei até rezar! Voltei a fazer isso há poucos dias atrás, agora que uma coisa tão microscópica como um vírus me fez cair do meu pedestal e encarar a realidade sem fantasia alguma. – tossiu
--Yasí... – queria muito poder estar ao lado da amada
--Quando eu te conheci, -- lembrava – naquela sala de aula, toda linda e me jogando o maior charme, no primeiro momento pensei em simplesmente ignorar pra não ter problema com uma aluna da graduação. – confessou – Depois comecei a prestar atenção em você além das aparências e me admirei com a forma como sempre se importou com os colegas. E daí quando me convidou pra sair no final do período, não consegui evitar.
--Deus sabe o quanto treinei até diante do espelho com muitas caras e bocas pra te seduzir, professora. – lembrou com um sorriso triste – E como sonhei em ter você nos meus bracinhos. – pausou brevemente – Eu tava acostumada a ser bajulada por mulheres loucas pra me jogar na cama ou então pra me manter nela e você nunca orbitou ao meu redor, sempre teve sua própria vida... isso acabou de vez com minha falsa pose de gostosona e revelou o que sempre fui: uma garota que sonhava em encontrar um grande amor!
--E encontrou! – sorriu com tristeza também – Nunca uma mulher conseguiu me tocar tão dentro da alma quanto você. Pena que eu não tratei o amor como deveria.
--E eu que sempre fui sua por inteiro! – declarou-se com verdade – Desde o dia em que te vi naquela entrevista na TV. – lembrava – Só nunca entendi como alguém como você pode ter se interessado por mim. – segurava o celular com um carinho como se Yasirah estivesse dentro dele – Fiz de tudo pra que você ficasse comigo, mas no fundo eu não alimentava esperanças de que fosse uma coisa pra durar. – confessou – O que eu tinha pra te oferecer? Era uma mera estudante, imatura, insegura no eterno medo de te perder e ansiosa pra ser assumida por você. Sei que muitas vezes te sufocava!
--Você sempre teve muito a me oferecer! – respondeu com carinho – Amor, amizade, simplicidade, carinho, companheirismo. Do que mais poderia precisar?
--E você também sempre me deu muito. – derramou uma lágrima – Acho que eu queria sempre um pouco demais...
--Você me pedia o mínimo, Mariah! – objetou – Fazer parte da minha vida por inteiro. E isso eu nunca deixei. Fosse por medo de sofrer, fosse pela minha reputação. – riu de si mesma – Zelei tanto por essa peste de reputação e do que ela me vale agora? No máximo, uma plaquinha bodosa pra pregar em algum canto depois do meu enterro.
--Não fala isso! – reclamou chorosa – Você não vai morrer por causa dessa doença! – não aceitava
--Ainda tenho que te dizer que nunca te traí. – não fez menção ao que acabara de ouvir – Tive muitas mulheres, nunca neguei. Até fora do país. Mas nunca te traí; nem em pensamento!
--Nem eu, amor! – acreditava na professora – Sei que não traía, eram as minhas inseguranças...
--E, talvez agora você fique com raiva. – sentou-se numa posição mais confortável – Eu peguei essa doença porque... – tossiu e aguardou um pouco – Porque fui pra cama com uma mulher naquele mini cruzeiro que fiz no réveillon. – confessou envergonhada
“Eu sabia!” – ajeitou-se no sofá e nada respondeu
--Nós nos conhecemos no barco e por uma grande coincidência. – lembrava -- E ela havia estado em Wuhan com o irmão. – pausou brevemente – Soube por intermédio de um colega que também tava no cruzeiro e conhecia o irmão dela que... ela morreu no mês passado.
--Meu Deus! – ficou pasma – Por causa do vírus?
--Sim. – balançou a cabeça – Baba me disse que foi bem feito que eu contraí essa doença porque não tinha que ter ido fuçar na China. E ele tinha razão.
--Não diz isso! – colocou o dedo em riste em frente ao celular – Nunca mais diga isso!
--Eu não precisava ter ido mesmo! – retrucou – Mas como sempre, trabalho em primeiro lugar, achei que uniria o útil ao agradável, saí decidindo tudo e nem te pedi opinião nem nada. Simplesmente decidi. – revoltava-se consigo mesma – Se tivesse ficado aqui, não teria ficado assim, doente! – tossiu – E principalmente, não teria perdido você! – lamentou mais uma vez
--Também fui imatura! Não precisava ter terminado, podia ter conversado racionalmente com você. Não precisava ter sido assim! – voltou a segurar o celular com as duas mãos – E quanto a ser infectada, poderia ter acontecido aqui mesmo. Doenças não respeitam fronteiras!
--Por que a gente precisa perder e sofrer tanto pra poder aprender, hein?
--Você nunca me perdeu! – respondeu com intensidade – Lute por sua sobrevivência e volte pra mim! – pediu com decisão
--Acha que desisti?
--Às vezes me parece que sim e eu me apaixonei pela mulher que me disse gostar de pessoas que não desistem diante das dificuldades e que tentam até o final. E essa mulher me ensinou isso! – referia-se à Yasirah – Por favor, meu bem, não desista!
--Juro que não vou desistir. – acariciou a tela do telefone num toque quase imperceptível – Você me espera? – pediu como criança
--Tudo que fiz desde dezembro de 2009 é esperar por você! – chorava contidamente – E espero mais o tempo que for preciso!
As duas mulheres perderam-se num olhar que falava mais que tudo o que já haviam dito antes.
PLANETA TERRA. MEADOS DE MARÇO DE 2020.
CONVIDE-0: 510.164 casos confirmados no mundo em 200 países, territórios ou áreas; 23.335 mortes.
Diante da pandemia, milhares de pessoas no mundo inteiro promoviam momentos de oração em conjunto, quando cada família dentro de suas casas orava a Deus por saúde e formas de deter a doença. Pesquisadores e profissionais de saúde lutavam arduamente no dia a dia para salvar vidas, enquanto oportunistas de toda ordem remavam contra a correnteza que se impunha cada vez mais.
--Alô? – uma mulher atendeu
--Olá! Já pensou no futuro da sua família? A Funerária Passe Bem está oferecendo um pacote família, incluindo quatro pessoas de 0 a 70 anos, no valor de apenas...
--Vai agourar o diabo, sua peste! – desligou revoltada
--É insustentável essa situação de ficarmos todos escondidos dentro de casa. – um homem gravava um vídeo para divulgar nas redes sociais – Este país tem mais de 200 milhões de habitantes e o que representam 10 mil mortes diante de tanta gente? A economia não pode parar! Do contrário será ainda pior!
--Senhor? – uma mulher de máscara abria a porta da sala com receio
--Mas que merd*! – interrompeu a gravação – Não sabe que tô gravando uma mensagem contra essa palhaçada de quarentena? Não dá pra ficar vendo o lucro das empresas caindo semana a semana e ficar sem fazer nada!
--É seu neto! – interrompeu receosa – Sua filha acaba de ligar dizendo que o menino foi internado com insuficiência respiratória.
O homem paralisou.
--Venham, venham todos meus fiéis! – um líder religioso anunciava gritando no templo – Não tem isso de quarentena, de ficar isolado, o chicote da língua de fogo queima o CONVIDE do corpo de vocês! – rodopiou o chicote no ar – Se tem vírus aí, eu vou chicotear! – chicoteou o lombo de um homem que se contorceu -- Queima! – chicoteou uma mulher que tremeu -- Queima! – chicoteou um casal que chacoalhou -- Queima! AHAHAH!! – e tome de chicotear o povo
--Hum... tá me dando uma vontade de rodar... – uma mulher rodopiava pelo templo
--Essa aí tá cheia de CONVIDE! – o líder gritava – Queima!!! – e chicoteou – Para de rodar, Satanás!
--Se você cansou de bater cabeça pelas farmácias procurando máscara protetora e não achou, não se desespere! Eu tenho a solução! – um homem falava caprichando no gestual -- Saiba como fazer máscara respiratória forte e barata! – sorria como assistente de mágico – Pegue um coco seco, quebre no meio, apare a casca pra não machucar o rosto – o vídeo mostrava o passo a passo -- e fure dois buraquinhos pra passar o elástico. – amarrava o elástico no coco – Aí você pode raspar a carne do coco e comer, até pra máscara ficar mais leve, ou então pode usar com a carne assim mesmo, sabe? – prendia a metade de coco no rosto – Com isso, o CONVIDE-0 não entra no teu corpo nem à porr*da! – falava com o coco na boca – Se você gostou, deixe aqui o seu joinha e se quiser mais dicas, inscreva-se no meu canal, contribua com cinquenta reais mensais e nunca mais tenha medo de doença! – tirou a falsa máscara do rosto – No próximo vídeo, aprenda como fazer álcool gel com babosa e luvas de papel celofane! – piscou e sorriu
BRASIL. 15/03/2020. FAZENDA SAHHA.GOIÁS. 05h00.
Aziz estava parado diante do leito do rio, em uma pequena ribanceira a cerca de 5 m do nível das águas. Segurava o revólver que comprou para defender a família de bandidos e se digladiava com a própria consciência quanto a se matar ou não.
“Dou um tiro por dentro da boca e caio no rio, que vai levar meu corpo pra bem longe...” – pensava
Colocou o cano do revólver na boca, fechou os olhos e tremia muito, ao ponto de não conseguir atirar.
--PELO AMOR DE DEUS, HOMI!!
Um grito de Kalila o desperta de seu infeliz pesadelo. Tirou o revólver da boca. – Muié? – arregalou os olhos e virou-se de frente para a direção da voz
--Que diacho ocê tem na cabeça?? – aproximou-se dele esbaforida – Num acredito que veio pra cá às escondida pra se matar! – olhava para o marido – Num acredito! – pôs as mãos no peito – Joga esse trem no chão e vamo ter uma prosa séria! – pediu
--Como sabia que eu tava aqui? – perguntou sem entender
--Eu te segui. Mas ocê é bem mais ligeiro que eu. – seu olhar se alternava entre o rosto dele e o revólver – Te perdi na bifurcação do caminho mas depois dei meia volta e acabei te achando. – estava aflita – Joga esse trem no chão! – insistia – Num tem precisão de desespero! Num é assim que nós vai sair dessa!
--Num me interessa mais viver! – afirmou com os olhos marejados – Minha fia, minha única fia, é sapatão e tá contaminada cum esse vírus dos inferno, meu fio do meio é alcoólatra e já cansou de roubar nós mode sustentar o vício e o mais novo namorava uma moça de ouro mas vive é enrabichado com uma separada, que ele inté registrou o fio dela com outro macho. – fazia força para não chorar – Inté minha Santinha, meu orguio, minha maior felicidade... Desde que ficou sozinha no mundo criei cum tanto gosto, cum tanto cuidado, mas pra que? Pra ela viver por mais de vinte ano como puta de outras muié e pur causa disso tá morrendo a cada dia numa UTI lá na capital... Até Safira confessou que já andou de safadeza cum muié! – olhava para a esposa – Pra que viver? Só tive motivo de desgoto!
--E aí depois da gente cometer tantos erros, ocê quer fechar com chave de ouro fugindo dos problemas se matando aqui na beira do rio? – perguntou emocionada – Num foi esse o legado que nossos pais deixaram pra nós!
--Da gente cometer erros?? – perguntou indignado – Fizemos o que era possível! Nós num tem culpa que nossos fio e Santinha...
--Nós tem culpa de muita coisa, homi! – retrucou em voz mais alta – Será que ocê num se atinou de que nessa famia nós num demos oportunidade pra ninguém parar de fingir na nossa frente?? – perguntou com raiva contida – Yasirah e Sofia gostam de muié e num é pur culpa de ninguém, -- gesticulava -- mas se viveram escondidas esses anos todos foi pur causa do carrancismo dessa famia! Carrancismo que ocê e seus irmão alimentaram e eu e as outra muié fomo omissa o suficiente pra deixar acontecer sem fazer nada! – olhava firmemente para o homem – Como pode nós nunca ter percebido que Acran é alcoólotra?? – não conseguia entender – Ou que Houssani nunca gostou de Ivete e namorava ela só pra nos fazer gosto? – balançava a cabeça contrariada – Durante esses ano todo, nós vivemos muito mais pras aparências do que pra realidade e com isso todo mundo perdeu! – derramou uma lágrima – Mas eu pensei, pensei, matutei e decidi que num quero perder mais nada! – afirmou com decisão – Nenhum fio, nem Sofia e nem ocê!
Aziz queria argumentar contra o que Kalila dizia, mas sabia dentro de si mesmo que ela estava certa. Não pôde se conter e derramou lágrimas de muito sofrimento. – É tarde demais... – lamentava quase num sussurro
--Vamo ajudar Acran a superar o vício, deixar que Houssani decida sobre o próprio destino e finalmente viva com a muié e o fio que escolheu pra si e rezar muito, mas demais da conta, pra Deus salvar Yasirah e Sofia. – postou as mãos como numa reza – A complicação é sempre nós que inventa. No fundo, na vida a maior parte das coisas num é esse bicho de sete cabeça. – olhou novamente para o revólver na mão do marido – Nossos fio precisa de ocê, nossa neta e esse fio adotivo de Houssani que nós nem conhece ainda. – começou a chorar – Eu preciso... Joga essa peste no chão! – pediu
Aziz olhou para arma que segurava e impulsivamente a arremessou bem longe, nas águas do rio. Correu para os braços da mulher e se ajoelharam abraçados e chorando com muita emoção.
BRASIL. 17/03/2020. EDIFÍCIO MARIE-SOPHIE GERMAIN.SÃO PAULO. 23h09.
Yasirah estava extremamente cansada, mas permanecia acordada para salvar na rede da Universidade todos os documentos que gerou durante seu período de quarentena. Já havia conversado com Alessandra, sua aluna mais antiga e competente, atualmente estudante de pós doc, para assumir a liderança das pesquisas em seu lugar. Também delegou atividades a alguns colegas professores. Da mesma forma, buscou por Mariah mais cedo e pediu para que engenheira trabalhasse para envolver sua empresa, assim como outras empresas de engenharia, junto às Universidades na busca de soluções para combate e prevenção ao vírus. Lembrava-se de partes da conversa que tiveram.
“-- Não haverá jeito pra vencer esse desafio e salvar milhares de vidas se não houver união de esforços entre diversos profissionais de forma multidisciplinar! – falava para jovem – Busquem desenvolver uma rotina pra testar medicamentos contra o CONVIDE-0! – pedia – O pessoal da Biologia é essencial pra explicar a dinâmica da coisa. Vou te passar meus contatos por lá. – tossiu -- E estudem também rotinas pra detecção do vírus. Usem as tomografias computadorizadas dos pacientes que contraíram pneumonia pra treinar o modelo. Rute pode ajudar apontando os caminhos pra vocês conseguirem essas imagens. – tossiu – Envolvam outras empresas pra poder junto com o pessoal de Engenharia Biomédica desenvolver ventiladores mecânicos pra reprodução em massa. – recomendava – Usem e abusem da impressão 3D! Pra produzir protetores faciais, por exemplo!
--Tudo bem, amor, eu tô nessa com você, mas por que tá agindo como se tivesse deixando tudo arrumado pra morrer em paz? – perguntou agoniada
--Não é isso, é que eu fico agoniada de ver que essa doença tá progredindo e o governo não tá agindo à altura, então a gente tem que fazer o que dá! – não revelou que sentia que em breve precisaria de internação – E sua colega Cris? – tossiu – Como tá? – queria saber
Mariah pensou antes de responder. -- Ela foi internada há três dias com insuficiência respiratória e tá mal. – revelou pesarosamente -- Eu fiquei com o coração na mão porque a família dela é de Minas e não pode vir pra cá. Tentei visitar mas não foi permitido. E a recomendação pra mim é quarentena e observação. – narrava os fatos – Eu cuidava dela, tratei da internação... os médicos disseram que já me expus demais.
--Meu Deus! Por que me escondeu isso? – perguntou chateada
--Você já tem preocupações e problemas demais, meu amor! ”
--Finalmente, tudo migrado! – respirou aliviada antes de tossir – Agora vamos desligar isso. – saiu da rede e desligou o notebook
Yasirah se levantou e cuidou ainda de umas últimas coisas antes de ajoelhar em frente à cama e orar à Deus, pedindo por Mariah, Cristiane e Sofia, seus demais familiares, amigos e todas as pessoas do planeta. Pediu proteção e orientação a todos os profissionais de saúde e decência e honra para todos os decisores do mundo. Deitou-se na cama e fechou os olhos saudosa da época em que o CONVIDE-0 não era uma realidade em sua vida e ela não sabia aproveitar como deveria.
BRASIL. 27/03/2020. HOSPITAL DA UNIVERSIDADE. SÃO PAULO. 15h20.
--O problema da saúde no Brasil é muito óbvio, porque não há como não saber e não sentir as consequências de anos de progressivo abandono e desinvestimento nos serviços públicos! Anos de desvalorização dos profissionais de saúde e fortalecimento dos sistemas privados e excludentes! – Rute dava uma coletiva de imprensa na porta do hospital -- A ruína da assistência médica no país, especialmente pros mais necessitados, ficará patente diante do pico esperado para a pandemia no Brasil durante os meses de inverno! – falava com firmeza – Há dias atrás internamos uma grande amiga aqui, neste hospital, -- referia-se à Yasirah – e foi o último leito disponível. – lutava para não se emocionar -- Enquanto isso, temos no governo e no meio do empresariado pessoas que minimizam a gravidade do problema e bancam campanhas publicitárias contra a quarentena, jogando por terra todos os nossos esforços pra conter o avanço do CONVIDE-0. – olhou para uma das câmeras – O preço do barril de petróleo despencou, empresas acumulam prejuízos imensos, outras quebraram e mais tantas vão quebrar! Quem não tem ouvido isso? Quem não sabe disso? Mas saliento um pequeno grande detalhe! – levantou uma das mãos – Sem pessoas pra fazer girar a roda da economia, ela não vai girar e quebrará muito mais rápido! Aliás, -- sorriu com tristeza – se o tempo já provou que o socialismo não funciona, acho que também tá mais que provado que esse capitalismo desumano não fornece respostas efetivas pra inigualável crise sanitária que vivemos hoje. Precisamos pensar em outras formas de gerir a vida nesse planeta, antes que a morte nos interrompa a jornada! – alertava as pessoas – E precisamos encarar mudanças de comportamento urgentes, como até mesmo deixar de comer carne! Isso porque o transporte maciço de animais pelo mundo devido ao consumo de carne é uma forma incrível de disseminar doenças além de sempre nos trazer doenças novas! É hora de mudar! Com licença. – afastou-se dos repórteres que a seguiam fazendo mil perguntas
***
--Ela tá estável, mas não posso dizer que tá bem. – Rute explicava a Mariah sobre a situação de Yasirah – Os colegas têm cuidado dela da melhor forma possível e de minha parte monitoro diariamente.
--Obrigada, doutora Rute! Confio em você e tenho rezado todo dia por ela e por todos nós. – a engenheira dizia – Antes da internação, Yasí me deu o contato da mãe dela e temos conversado também. É até curioso, sabe? – deu um sorriso triste – Nunca estive com aquela senhora mas parece que nos conhecemos há anos.
--O sofrimento une, minha querida.
--É verdade. – concordava – Sinto muito por eles, sabe? Yasí e a prima dela internadas, cada uma numa cidade, e eles não podem sequer vê-las. – riu nervosamente – A quem tô tentando enganar, EU não posso visitar o amor da minha vida!! É triste demais! – desabafava também – Dividi apartamento por quatro anos com uma amiga ótima e ela morreu ontem, sem que eu pudesse vê-la um dia sequer. Foi tão rápido que parece até mentira! Ainda nem assimilei...
–É tudo muito surreal! Eu me sinto exausta e não fosse o apoio que recebo dos meus amados e da parte do pessoal do centro, mesmo à distância, acho que enlouqueceria. – desabafou – Vários colegas já morreram e ontem muito sofri com a morte de uma ex aluna. – pensava em Fabiana – Desculpe o desabafo, eu não deveria estar dizendo isso pra você. Não posso fraquejar a essa altura!
--Você é humana, por favor, não se desculpe. – respondeu com sinceridade – O sofrimento tem batido à porta de todos nós e ser médica, ou qualquer profissional de saúde, especialmente no Brasil de hoje, é um dos maiores desafios que consigo pensar! – considerou – Também não tiro da cabeça o que será da pobre população de rua...
--Uma grande expiação coletiva, causada por um vírus plasmado pelos desatinos da humanidade. – repetiu o que ouviu numa palestra do centro – Temos que estar preparados porque quando tudo isso passar, outras dificuldades virão. A Terra precisa se regenerar e o processo não será fácil.
Tinha medo de ouvir aquelas verdades. – E quando tudo isso vai passar, doutora? – perguntou com certa agonia – O amor da minha vida correndo risco enquanto fico enjaulada sob observação! É enlouquecedor! – lamentava -- Não posso ver meus pais, minha irmã... Estão todos bem, mas não posso vê-los. E no trabalho, não paramos! Estamos fazendo o impossível pra fazer nossa parte no combate a esse mal, mas é um cotidiano pesado demais. – sentia-se desamparada – Não sei o que devo fazer agora que Cris morreu. No trato com a família, com as coisas dela, com o aluguel... Desde que esse martírio começou, tem vezes que choro como criança!
--Eu não sei quando vai passar. – respondeu com humildade – O que sei é que temos que ter força, muita fé em Deus, solidariedade e esperança. É isso ou nada nos sobrará!
--Confesso que eu não era muito ligada com as coisas de Deus e do espírito. – a engenheira admitiu – Mas a gente aprende pelo Amor ou pela dor. – considerou – Acho que a segunda consegue nos impressionar mais rápido; infelizmente.
BRASIL. 30/03/2020. FAZENDA SAHHA.GOIÁS. 04h10.
--Safira, Safira... – Armiro se debatia com falta de ar – Ah!! – tentou se levantar da cama e caiu – Safi... – tentava gritar mas a voz lhe faltava
Responsável por receber os produtos importados de outras partes do Brasil ou do Oriente Médio, Armiro lidava com muitas pessoas e acabou contraindo o vírus. Apresentou manifestação dos sintomas muito rapidamente e passou a dormir em um quarto separado da mulher. O sistema de saúde local já não tinha leitos para recebê-lo.
--Querido?! – a mulher chegou esbaforida no quarto – Ah, meu Deus, meu Deus!! – ajoelhou-se perto dele – O que eu faço, Pai? Ou que eu faço? – chorava nervosamente – Armiro!! – sentou-se no chão e o colocou no colo -- SOCORRO!!!!!!!! – gritou em desespero – Senhor, salve meu marido, a vida dele é entregue a Ti, Senhor!! – chorava – SOCORRO!!! – gritou novamente
Três pessoas chegavam correndo para ajudar.
BRASIL. 31/03/2020. EDIFÍCIO CONDESSA DE LOVELACE.SÃO PAULO. 14h07.
Mariah trabalhava compulsivamente junto a seus colegas para desenvolver algoritmos que pudessem auxiliar na luta contra o CONVIDE-0. Aproveitava muito do conteúdo que Yasirah lhe passou e da mesma forma trocava informações com Alessandra, a substituta de sua namorada. Sua empresa também se articulava com outras start ups provenientes do meio universitário, as quais buscavam cooperar com os esforços das Universidades unidas em prol da mesma batalha. Os fatos inevitavelmente mostravam a importância das instituições públicas e da ciência. Em outros países, o valor de um Estado forte se mostrava nas diversas medidas adotadas para auxiliar a população enquanto a quarentena se fazia necessária.
--Gabi, a gente tem atacado várias frentes e por isso acho que vai ser mais eficiente se nos dividirmos em líderes por iniciativa. – Mariah conversava com a colega por vídeo conferência – Eu tô assumindo a liderança na simulação pra analisar o efeito das drogas sobre o vírus. – comunicou -- Esse modelo que partilhei com você é a rota 1 e usa sequências químicas simplificadas pra prever quanto que uma dada molécula vai se ligar a uma proteína alvo ou não. – olhava para a outra – A rota 2 é aquela plataforma de descoberta de medicamentos que gera dezenas de milhares de moléculas novas com o potencial de ligar uma proteína CONVIDE específica e bloquear a capacidade do vírus de se replicar.
--Eu assumo a liderança da frente de detecção. – decidiu – Vi que ontem você partilhou uma pregada de imagens de tomografia e os laudos.
--Cai dentro, amiga, tá contigo! – digitava rapidamente – Tô escrevendo pro Ronaldo e os meninos que eles têm que assumir umas frentes também.
--Tá todo mundo dentro! – confirmou – Tamo junta!! – piscou para a outra – Agora tenho que sair da vídeo e cuidar da vida aqui. Beijos.
--Beijos! – respondeu antes de finalizar – Claro que eu tinha que pegar a frente mais foda, né? – riu brevemente – Ai, Yasí, só você pra me passar essas missões, sua professora doida que eu amo MUITO! – falou a última palavra mais alto – Cê nunca vai deixar de ser minha professora, meu amor. – continuava falando sozinha – NUNCA! – falou mais alto de novo – Se Deus quiser!
Seus pensamentos foram interrompidos por barulhos que vinham da rua. Sons de vozes, buzinas e o hino nacional.
--Que é isso, gente? – levantou-se e foi até a janela – Puta que pariu!! – arregalou os olhos
Pessoas faziam um desfile conclamando a população a sair da quarentena. À frente, um elegante carro conversível ostentando uma imensa caixa de som conduzia um homem que berrava ao microfone sob sua máscara de proteção. Mais dois belos carros com vidros fechados seguiam atrás, ambos portando caixas de som na mala de onde o hino tocava alto, e atrás deles, dezenas de carros buzinando de forma desordenada. Ao final do cortejo, gente desavisada sambava com camisas coloridas ou portando bandeiras e cartazes com frases de ordem.
--A economia não pode parar, minha gente! – o homem discursava – Deixa os véio em casa e vem fazer o gigante acordar! – acenava para as janelas – Vem trabalhar! Vem comprar, vem fazer a roda girar!
--Só me faltava essa, que merd*! – cruzou os braços revoltada – Será que não viram autoridades mundo afora pedindo perdão por não terem parado? – reclamava consigo mesma – A gente trabalhando que nem louco e vem esse pessoal... – estava revoltada
--Sai de casa gente! – o homem continuava conclamando – Pensem no comércio, nos restaurantes, nos hotéis, nas empresas! Se esse pessoal quebrar, os danos serão irreversíveis! – argumentava -- Pensem nos autônomos! Nos motoristas de aplicativo! O que será desse pessoal com vocês aí trancafiados?
--É nessa hora que tem que ter governo pra bancar, meu bem! – Mariah continuava discutindo sozinha – Quanto mais gente na rua, mais o comércio, os restaurantes, os hotéis, as empresas e todo mundo vai se ferrar, porque os trabalhadores vão adoecer e se ferrar ainda mais! – cruzou os braços – A preocupação legítima deveria ser como adequar a economia à nova realidade e não o contrário!
Chega, chega de ficar em casa,
Até meu gato não mia,
Não somos pássaro sem asa,
Vem levantar a economia!
Teve que rir. – Gente, fizeram até marchinha! – balançou a cabeça negativamente
E de repente, o som de panelas se fez ouvir. Pessoas surgiam nas janelas ou sacadas e batucavam com vontade.
--VAI PRA CASA!!!! – uma mulher gritou
--VAI PRA CASA!!! – outras pessoas seguiam o mesmo exemplo
Um homem apareceu segurando uma mangueira e disparou água nos que estavam na rua. – Vão pra casa, bando de bicho besta!
Outras pessoas surgiram nas janelas e arremessaram ovos podres e sacos de lixo contra os carros. Uma senhora mais revoltada lançou até um saco de cimento endurecido no capô do conversível.
No meio da gritaria que se estabeleceu, três pessoas surgiram numa sacada e começaram a cantar:
Pra quem não leva a quarenta a sério,
Destino certo é cemitério!
Tem nada disso de vai pra rua,
Baixa o fogo e fica na tua!
E o fuzuê foi completo.
Mariah saiu da janela abismada. – Gente, não creio. – passou a mão nos cabelos – A Organização Internacional do Trabalho já lançou as orientações sobre a proteção dos trabalhadores e do emprego diante do CONVIDE-0 e aqui é esse besteirol! – estava indignada -- É muito surreal pra mim...
***
Rute havia chorado copiosamente escondida no banheiro do hospital. Chorava pela doutora Ming Ting, por Fabiana, pela amiga Yasirah e por todas as milhares de pessoas mortas ou sofredoras diante de uma pandemia que pegou a todos de surpresa. Na interpretação dela, depois do CONVIDE-0, nada seria como antes. “E por que essas mudanças têm que ser ruins? Não podemos agora questionar e mudar esse sistema que destrói tantas vidas e a natureza do planeta?” – conjecturava – “Ah, eu não sei de mais nada!”
Quando percebeu que as coisas piorariam, pediu que seu marido ficasse com o filho na casa que possuíam em Serra Negra, já que o esposo dispunha do teletrabalho para cumprir suas obrigações. Desde então, ela encontrava seu apartamento sozinho quando voltava do trabalho e às vezes pensar nisso também lhe trazia tristeza. No entanto, sempre sentia saudades.
Após executar toda profilaxia necessária para ir embora, caminhava pelo corredor sentindo-se impotente e abandonada. Perguntava bem dentro de si o que deveria fazer, além de todos os esforços que já dedicava à causa, para ajudar as pessoas do país que tanto amava. “Deus não é um compadre pra quem você liga e ouve uma mensagem, Rute!” – falava mentalmente consigo mesma – “Suas dúvidas continuarão como estão: sem resposta!”
Ao passar perto de uma jovem sentada em um banquinho, percebeu que ela lia um trecho de um livro de Léon Denis em voz alta:
“O único meio consiste em criarmos em nós, por nossos pensamentos e atos, um foco irradiador de luz e de pureza. Toda comunhão é obra do pensamento. O pensamento é a própria essência da vida espiritual. É força que vibra com intensidade crescente, à medida que a alma se eleva, do ser inferior ao Espírito puro e do Espírito puro até Deus.
As vibrações do pensamento se propagam através do espaço e sobre nós atraem pensamentos e vibrações similares. Se compreendêssemos a natureza e a extensão dessa força, não alimentaríamos senão altos e nobres pensamentos. Mas o Homem se ignora ainda, como ignora as imensas capacidades desse pensamento criador e fecundo que nele dormita e com o qual poderia renovar o mundo. ”
Parou de andar brevemente, sorriu e reconsiderou. – Não ficaram sem resposta. – olhou para cima – Obrigado! – e voltou a andar decidida a tirar o pessimismo de seus pensamentos
PLANETA TERRA. INÍCIO DE ABRIL DE 2020.
CONVIDE-0: 575.666 casos confirmados no mundo em 201 países, territórios ou áreas; 26.735 mortes.
--Foi criado um fundo de mais de 8 bilhões de euros para complementar a renda dos trabalhadores que tenham suas jornadas reduzidas em função desta grave crise sanitária... – o governo alemão se pronunciava em rede nacional
--A Assembleia Nacional aprovou um projeto de lei em caráter excepcional que permite a edição de normas em matéria trabalhista, previdenciária e administrativa no serviço público de modo a proteger os cidadãos franceses... – o presidente anunciava numa coletiva de imprensa
--O governo britânico se compromete a pagar os salários dos empregados que estejam impedidos de trabalhar por conta da pandemia do CONVIDE-0 por pelo menos três meses... – o primeiro ministro declarava em coletiva de imprensa
--Nosso governo anuncia a cobertura de até 70% dos salários dos funcionários de empresas que não cortarem empregos... – o Parlamento dinamarquês se comprometia
--Declaro total proibição da população sair de suas casas! – o governo indiano declarava -- Todos os distritos, todas as ruas, todas as vilas vão entrar em confinamento. O governo e suas entidades ajudarão a quem precisar!
--Nós iremos reduzir em 20% os salários de parlamentares e ministros de meu governo, assim como meu próprio salário. – o presidente uruguaio discursava -- Essa medida irá durar dois meses, mas pode ser prolongada! – olhava para as câmeras – Esse dinheiro irá para o Fundo CONVIDE-0.
--O governo divulgou hoje um pacote de medidas para flexibilizar as relações trabalhistas entre patrões e empregados, permitindo que a jornada de trabalho e o salário possam ser reduzidos em até 50%. A medida visa proteger os empregos em meio à crise do CONVIDE-0. – um repórter brasileiro anunciava no jornal da noite
***
--Mas mamãe, pelo amor de Deus, me fazer pagar um mico desses? – reclamava segurando a máscara improvisada
--Pelas caridade, minha filha, use! Ouça sua mãe! É um perigo você indo trabalhar com esse bicho na rua contaminando todo mundo! – Ângela retrucava com preocupação – Eu fico aqui com o coração na mão!
--Mamãe, eu tenho que ir trabalhar! A senhora acha que todo patrão é Yasirah, que paga pra funcionária ficar em casa com direito até a depósito automático em conta corrente? – pôs as mãos na cintura – Eu tenho que ir pro mercado, não tem jeito! E não vai ter máscara de mentirinha pra todos os dias! – revirou os olhos
--Mas hoje tem essa e você deve seguir a Palavra que diz que honrarás pai e mãe! Então me obedeça! – insistia aflita – Use, minha filha? E use as luvas também! – apontava para luvas de plástico que deixou em cima da mesinha
Deu um suspiro profundo. – Tudo bem, eu uso máscara e luva. Mas acho bobagem porque somos cristãs e deveríamos dar nosso testemunho de fé mostrando bravura diante dessa doença do Enviado das Trevas! – preparava-se para sair
--Sou cristã e nem por isso saio por aí em meio a tiroteio, sozinha altas horas da noite ou atravessando rua sem olhar pros lados. Dar testemunho de fé não é isso, não, minha filha! – ponderou – Deixe de falar besteira, porque doença se combate com prevenção não é desconjunrando o Bicho Ruim!
Deu-se por vencida. -- Agora tenho que ir mamãe. – já usava as luvas e terminava de colocar a máscara – Até mais tarde! – abriu a porta
--Deus te abençoe, minha filha! – assistiu a partida com preocupação – Ai, meu Pai Amado, deixa eu orar o Salmo 91!
Nisso o telefone tocou.
--Alô? – atendeu sem conhecer o número
--Oi, dona Ângela. Sou eu, Mariah, lembra de mim? Tudo bem? Nos conhecemos na casa da Yasí. – apresentou-se
--Ah, me lembro, claro! – sorriu – Tudo bem, minha filha? E ela, como vai indo? Todo dia eu oro a Deus pra que fique curada! – falava com sinceridade
--Comigo tudo bem, graças a Deus, mas Yasí ainda tá na mesma... – respondeu reticente – Também tenho feito minhas orações com frequência pra que ela volte pra casa.
--Tenho fé! Deus proverá a cura! – olhou para o alto e fechou os olhos brevemente – Não há de ser a hora dela!
–Yasí me deu seu número e eu tô ligando pra saber se a senhora precisa de alguma coisa.
Ficou emocionada. – Que gentileza... – sorriu – Careço de nada não, minha filha! Yasirah já me faz muito, como sempre fez. Só tenho a agradecer! – pausou brevemente -- Eu tava aqui indo orar o Salmo 91 por minha filha, que continua trabalhando no mercado, pegando metrô cheio e se expondo a esse bicho maldito de CONVIDE! – reclamou
“Coitada!” – pensou chateada – E ela se protege de alguma forma?
--Eu separei uns três pares de luva pra pintar cabelo e fiz uma máscara pra ela. Mas não vai ter pra todos os dias, né? Não tenho mais material. – suspirou
Mariah teve uma ideia mas não comentou com a outra. – Eu vou ver se consigo máscaras e luvas e falo pra senhora. Não vou mais lhe incomodar por hoje. Beijinho! – despediu-se
--Não é incômodo! Deus abençoe vocês! – agradeceu e desligou
Na sequência, Mariah ligou para Paula, que atendeu de imediato. – Alô, quem fala? – perguntou curiosa
--Sou eu, Mariah, tudo bem?
--Oi, como é que vai? Eu tava aqui doida pra saber como conseguir notícias da minha amiga e cliente mais gostosa. Com todo respeito, claro! – brincou para aliviar a tensão – Você vai bem?
Achou graça. – Só você pra me fazer achar graça de alguma coisa, Paula... – sorriu – Da saúde eu vou bem, mas Yasí tá na mesma. Vivo aqui trabalhando feito doida pra não me consumir pensando o tempo inteiro!
--Tá foda, amiga. Eu tô atendendo só duas clientes em casa e me borrando de medo pra não ficar doente. Sorte que tinha umas máscaras aqui em casa, mas já vão acabar.
--Então, te liguei pra falar disso mesmo. Eu acabei de conversar com dona Ângela, a diarista de Yasí, e a pobre tava se consumindo porque a filha trabalha no mercado, pega metrô cheio, sabe como é.
--É, pelo menos eu posso ir e voltar a pé da casa dessas clientes e é o que tá me valendo. A graninha que recebo delas e mais da nossa professora gata. – pausou brevemente – Mas o que você quer me falar?
--Pensei da gente esquematizar um mutirão pra fazer máscaras pras pessoas que têm que sair. Pras pessoas pobres que não têm escolha e os moradores de rua largados à própria sorte. – contava sua ideia – Mais tarde vou procurar a doutora Rute pra ver se o centro encampa essa ideia, mas também me lembrei de você porque Yasí me disse que você sabe costurar.
--Ei, eu gostei dessa ideia! – sorriu – Vamos montar um esquema, ver o que fazer em relação às luvas também e como dizem os da tua cidade: formô!
--Sabia que podia contar contigo! – gostou da empolgação da outra
Fim do capítulo
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Sem cadastro
Em: 05/01/2025
Vivenciamos tantos absurdos no alge da pandemia (real), que chegava até ser surreal as loucuras ditas e feitas por algumas pessoas. A falta de humanidade de algumas, era inacreditável, comparado com o senário que exigia compaixão e união. Tive a sensação de que alguns monstros saíram das cavernas, mostrando suas facetas de verdade!! Mas, ao mesmo tempo houveram pessoas corajosas que doaram seu tempo, conhecimento e até arriscaram suas vidas pelos outros. Ficou escancarado o senário de desigualdade em que vivemos e o quanto a sociedade está polarizada e descrente. O aumento da violência contra a mulher...tendo que conviver por mais tempo com seus abusadores... somos um país de órfãos: da pandemia, do feminicidio, da violência! Sem falar nas doenças da mente, das crises emocionais. Por isso é necessário fortalecer o corpo e a alma! Buscar ajuda médica, quando necessário e a de Deus, mesmo com as nossas imperfeições.
Yasirah se reconectou com sua espiritualidade. Deixou de ter medo e entendeu o que tinha que fazer e, o papel dela junto a sociedade.
Mariah tá dando conta de tudo, mesmo com o coração agoniado.
Não esperava menos da Maama de Yasirah! Elas são especiais.
Agora, Santinha foi uma surpresa! Esperava uma versão de Damares kkkk Torço pra que ela se recupere e fique com safira. Obs: nada contra o boy, mas o conto é lésbico.
Solitudine
Em: 05/01/2025
Autora da história
Ah, você caminha para o final do conto. Vejamos se as personagens irão surpreendê-la
Minh@linda!
Em: 06/01/2025
Entendi! Obrigada pela correção.
Sim, vou ler o último capítulo agora.
Espero que Yasirah não morra, viu, autora?!
Mariah ficaria desolada.
Solitudine
Em: 06/01/2025
Autora da história
Confia nasua caipira;)
Solitudine
Em: 07/01/2025
Autora da história
corrigindo: nessa caipira
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Sem cadastro
Em: 16/05/2024
Acabei de ler e passa o filme... incrível a qualidade da narrativa é muito legal... o mundo lutava contra a doença e o coiso lutava contra o país o conto mostra isso na lata
Solitudine
Em: 20/05/2024
Autora da história
Obrigada, querida!
Pois é, o conto tem algumas coincidências com a realidade. rs
Beijos.
Sol
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PaudaFome
Em: 16/05/2024
Santinha lésbica e garota de programa por essa eu não esperava... Nem terminei mas isso e a conversa da Yasih com Mariah me fez ver um filme na cabeça porque 2020 foi fora demais. Fiquei muito emocionada esse conto é demais
Solitudine
Em: 20/05/2024
Autora da história
Olá querida,
Eu não disse que de repente Santinha iria te surpreender?
Entendo sua emoção, porque foram anos muito duros. Mudaram nossas vidas (ao menos a minha vida) por completo.
Fico feliz em saber do seu envolvimento e emoção.
Beijos,
Sol
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Samirao
Em: 24/03/2024
Parabéns amoreee! E as invejosas que se morram!!! Huahuahua
Solitudine
Em: 02/04/2024
Autora da história
kkkkkkkkkkkk Você e essas invejosas que ninguém conhece! rs
Beijos,
Sol
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jake
Em: 09/03/2024
Mto forte e realista esse cap.passou um filme na minha cabeça...lindo e mto emocionante a CVS da Yasi com Mariah espero que n seja tarde,aprendemos pelo amor ou pela dor.
Solitudine
Em: 10/03/2024
Autora da história
Olá querida!
Esse conto é mais realista e menos romantizado mas ainda tenta guardar em si a sua poesia. Que bom que você gostou!
Eu é que não sei o que seria CVS. rs
Beijos,
Sol
jake
Em: 10/03/2024
CVS (conversa) desculpe por assassinar a língua portuguesa rsrsr
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Samirao
Em: 20/03/2023
Habibem!!! Arredondando! huahuahuahua
Solitudine
Em: 21/03/2023
Autora da história
kkkkkkkkkk
Beijos,
Sol
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Femines666
Em: 20/03/2023
Caramba, que tenso! Confesso que chorei...
Solitudine
Em: 21/03/2023
Autora da história
Eu também...
Tempos difíceis, não
Beijos,
Sol
PS não sei porque mas as interrogações não saem!
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Alexape
Em: 14/12/2022
Nunca me identifiquei tanto! Passou um filme na cabeça. 2020 o ano que mudou tudo pra mim... pro mundo, sendo mais certa! Envolvidíssima e com o coraçãozinho apertado como passarinho envolto na mão.
Estou lendo e relendo.
Resposta do autor:
Olá querida!
Para mim, a pandemia também mudou tudo. Agora é se refazer.
Espero que a leitura tenha te feito bem.
Beijos,
Sol
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Seyyed
Em: 03/10/2022
PUTÍSSIMA QUE PARIU QUE CAPÍTULO FODA! Revelações e surpresas por toda parte. A família da Yasa foi só abrindo o livro que necessário!! E ela depois da doença saiu da casca e foi dar valor ao que realmente interessava.... toda história tua faz a gente refletir pensar É muito foda puta merda Mas como é tu tinha que ter paiaçada! Que porra de música foi aquela hahaha E os lances que acontecem entre uma coisa e outra No mundo todo o pessoal dando uma saída pro problema e no Brasil uouououo o presidente falando e fazendo merda! Super realista! Hahaha
Resposta do autor:
Esse capítulo foi o das grandes revelações e descobertas! E é exatamente como você percebeu: dar valor ao que realmente interessa! Isso é o que importa, não?
Gostou das minhas musiquetas? De vez em quando a caipira faz umas composições ou paródias! rs
Realista? Que é isso? Coincidência... kkk
Beijos,
Sol
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Zaha
Em: 13/04/2020
Oiee Sadikii!Olha quem veio te visitar!!
Vai entrar no e-mail e nem vai acreditar....
Você ganhou um presente porque me deixou muito feliz com suas palavrinhas! As palavras tem grande poder! As suas, para comigo, sempre me deixam com um sorrisao!Obrigada!! Até dancei a danca do siri....rs.
"Palavras sao, na minha humilde opiniao, nossa inesgotável fonte de magia, capazes de causar grandes sofrimentos e também de remediá-los!"
Interessante como a percepcao muda a depender do seu estado anímico!! Tô até gostando do casal, nao é que Yasi é fofa, no final das contas! kkkk
Nossa, muito bonito esse capítulo, emotivo, cheio de aprendizado pra Yasirah, nao?! É um pena que tenhamos que passar por dificuldades e sofrer para olharmos desde outro prisma. Seria tao mais fácil se soubessemos aprender pelo amor, mas a gente tem que perder e chegar ao desespero para dar impotância a certas coisas, achamos que vamos viver como queremos e as consequências nao vao chegar, mas o importante é que chegou, deu tempo, Yasi agarrou a oportunidade, refletiu, conseguiu se conectar com sua crianca interna e abracar a menina assustada de 11 anos e dizer pra ela que tudo ficaria bem, que n precisa mais ficar na defensiva, com medo pq agora a adulta veio proteger e cuidar dela.
Muito bonito qndo ela falou pra família, momentos como esses onde estamos todos sensíveis e com medo, principalmente de perder, sao mais fáceis de chegar no coracao, eu sabia que a mae de Yasi ia entender, ela é uma grande mae, parece Amina(apesar que amo mais Amina rs).Kali foi ótima e com o pai tb! E todos confesaram suas debilidades porque todos a temos, todos temos medo , n é verdade? De ser rejeitado ou qndo escondemos o que somos ou o que nos faz feliz. Um que tava c uma mulher que n queria, outro que bebia pq n podia viver com o q lhe faz feliz e Yasi, que tinha tanto medo que teve que focar sua atencao em algo que a deixava segura, as pessoas sao instáveis, n podemos controlar seus comportamentos, algo mais material é mais maleável. Ela obter sucesso na profissao dependia mais dela do que um relacionamento e q passou? A gente tem tanto medo de perder que termina perdendo pelo próprio medo, afinal, vale a pena?!!
Esses lideres religiosos tudo fanático, n é que apareceu umas coisas no face, povo querendo sair, tavam na rua dizendo que Jesús vai curar, n entenderam foi nada, fica deixando outros pesarem por eles, dá nisso, se entendessem realmente os ensinamentos de Jesús tavam em casa.
Sabe, tô admirada com esse presidente, até coloquei coracao no insta dele, vejo todas as lives dele, tem tomado boas decisoes, daquia pouco me apaixono.Nunca pensei que um político me conquistaria. Ele é um homem mt coerente,articula bem, sensato. Gostei tb das decisoes que anda tomando pra ajudar as pessoas que n tao podendo se sustentar,pq a coisa vai ficar mais braba ainda.Pobre fiicando mais pobre,os egoístas mais egoístas, povo se aproveitando e aumentando os precos das coisas.
Pensamos que muita gente vai mudar, eu sou uma pessoa que acredita mt que o próximo pode mudar, sou confiada e tenho mt fé na humanidade,mas tem gente que tá tao fora da realidade que só aprende mesmo qndo é com eles ou no seus familiares. Eu sei uma coisa,nada será como antes, n viveremos mais como antes, teremos que mudar a nossa forma de viver mesmo depois do corona.Enfim! Muitas mortes, uma tristeza, nunca pensei que um vírus pudesse chegar a fazer isso nesses tempos de hj e tudo isso pela ganância A itália que demorou a fazer o decreto, pessoas que viajaram e voltaram mesmo sabendo q tavam doentes e saiam e sem se importar c o outro, pensando que pq tem dinheiro poderia ter um atendimento melhor, esqueceu que o sistema de saúde já n é lá essas coisas e se satura de tanta gente n há rico, pobre ou quem seja q sobreviva assim. Enfim, cada um com seu livre arbítrio, n é mesmo?! Estamos tendo uma oportunidade de traasformacao como nunca e é tempo de ver o que é importante..o material nunca foi, se perde...muita família se acercando nao, isso é bom!Fiz live com meus familiares nesses 3 dias, estou mt feliz!! Vamos ver pelo lado bom!!Muito certo essa frase que colocou do centro espírita. O comportamento do homem traz essa consequência pro planeta, o que fazemos repercute n só em nós, mas no outro e onde vivemos. Quando usamos mal nosso libre arbítrio, termina que se desencadeia energias com grandes vibracoes negativas e de consequências terríveis onde perdemos o controle de tudo. Assim que aqui estamos sofrendo por essas energias criadas por nós mesmos. O que causa? Expiacao coletiva pq n tamos sozinhos n!! Sofre todo mundo!! E devemos aprender a ser solidários, amorosos, pensar no próximo e obrar sempre no bem! As oracoes tao fazendo mt bem,né?!
Vem cá, minha amiga, povo fica falando abestalhamento com essas zuadas q ficam dizendo q tá tendo..isso é de que? N qr falar besteira por isso n vou dizer o q penso kkkkkkkkkkkkkkk.
Mariah vai ficar mais madura, mais forte com essa situacao tb pq tá tendo que passar por muitas perdas e meio sozinha, mas as vicissitudes da vida nos faz crescer!! E ela tá trabalhando intensamente pra ajudar.
Acabamos vendo como a ciencia é importante,né? As pessoas vao parar c isso de achismos e acha q sabem td e que n precisa do conhecimento científico. Na hora que mais se necessita da ciência e ela tá sem apoo, mas depois dessa as coisas vao mudar, eu tenho fé!!
Vamos falar de coisa boa? Me mata suas paródias, essa do final, ri muito! Chicote entao, n aguentei Tava com saudade da pistinga!!!
Te falar algo.. Yasi era barba roja, viu! kkk Eita mulher que ficava c gente kk.Como faz n sendo assumida?Onde esse povo adulto se encontra, se n vai pra boate?? Se me separar vou me danar toda! Alone forever. Internet está fora de cogitacao pq n me mudarei pra canto nenhum de novo!!
Adoro León Denis!
Eu li um livro que fala de formas- pensamento..mt bom!!
Vixi, ficou foi grande!! Vc vai me matar !! Mas achei esse capítulo mais objetivo, tive dificuldade em comentar pq vc já tinha destrinchado td..rsrs. Imagine se nao fosse assim! Mas vc tá acostumda a ler monografias!!
Ah, que n acho Yasi egoísta, n de propósito, pq egoísta somos e muitas vezes n vemos, mas que bom que percebeu, já repeti, tô orgulhosa dela e o momento fofo dela e Mariah, mt bonito!!
Santinha ou melhor, Sofia, que triste tb, ter que viver escondida de tantas formas a ponto de ter tido que oferecer seu corpo pra ter um pouco de plenitude por uns momentos por essa sociedade ignorante e que tb é hipócrita pq se escondem tb. Mas ela se declarou a prima e ao menos foi mais em paz..
Espero que tenha gostado até aqui, li com carinho e tentei plasmar o melhor que pude.Mas o q vale é a intencao, né?!
Um beijo gigante, sadikki e cuidem-se, corpo, mente e espírito!(Olha quem fala..rs).
PS:Depois te respondo os comentários.:)
Resposta do autor:
Lailinha!!!
Você voltou!
Ah, eu sabia que você ainda ia fazer amizade com a Yasirah. Este capítulo trouxe um monte de verdades e revelações. Nos momentos de fragilidade, as pessoas ficam mais propensas a falar de si e abrir o coração.
Eu sei que você gosta mais de Amina, mas Kalila também tem sua sabedoria e aquela coisa da mãe com seu amor aceitação. E ela foi o elo para unir a família e trabalhar as verdades que finalmente vieram à tona.
Há muitos "falsos profetas" por aí, enganando o povo e usando a religião para ganhar dinheiro e como válvula de escape para suas vaidades e paixões.
Sorte sua que tem um presidente para admirar. Eu não tenho; longe disso!
É uma tremenda expiação coletiva depois da qual espero saiamos fortalecidos e melhores. As casas espíritas chamam a COVID-19 de "um ceifador" e dizem que virá outro após. E este dependerá de como estaremos após. São tempos difíceis, mas nós criamos isso, com toda certeza.
Mariah deu um salto e se tornou uma mulher ainda melhor.
Ciência é essencial. Falar que a Terra é plana é fácil. Quero ver prover soluções quando é necessário.
Gostou das musiquetas e do chicotinho de CONVIDEs? kkkk
Sobre as estripulias de Yasirah, mesmo sob disfarce, quando se viaja muito e se conhece muita gente é perfeitamente possível.
Santinha foi uma personagem que eu coloquei para trabalhar estas questões de se esconder sob posturas muito austeras para disfarçar o que se vai na alma. Ela é baseada em uma história que ocorreu nestes tempos de COVID-19.
Agora quero te ver comentando os outros dois capítulos!
Beijos e obrigada. Fique com Deus.
Sol
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Em: 13/04/2020
Oiee Sadikii!Olha quem veio te visitar!!
Vai entrar no e-mail e nem vai acreditar....
Você ganhou um presente porque me deixou muito feliz com suas palavrinhas! As palavras tem grande poder! As suas, para comigo, sempre me deixam com um sorrisao!Obrigada!! Até dancei a danca do siri....rs.
"Palavras sao, na minha humilde opiniao, nossa inesgotável fonte de magia, capazes de causar grandes sofrimentos e também de remediá-los!"
Interessante como a percepcao muda a depender do seu estado anímico!! Tô até gostando do casal, nao é que Yasi é fofa, no final das contas! kkkk
Nossa, muito bonito esse capítulo, emotivo, cheio de aprendizado pra Yasirah, nao?! É um pena que tenhamos que passar por dificuldades e sofrer para olharmos desde outro prisma. Seria tao mais fácil se soubessemos aprender pelo amor, mas a gente tem que perder e chegar ao desespero para dar impotância a certas coisas, achamos que vamos viver como queremos e as consequências nao vao chegar, mas o importante é que chegou, deu tempo, Yasi agarrou a oportunidade, refletiu, conseguiu se conectar com sua crianca interna e abracar a menina assustada de 11 anos e dizer pra ela que tudo ficaria bem, que n precisa mais ficar na defensiva, com medo pq agora a adulta veio proteger e cuidar dela.
Muito bonito qndo ela falou pra família, momentos como esses onde estamos todos sensíveis e com medo, principalmente de perder, sao mais fáceis de chegar no coracao, eu sabia que a mae de Yasi ia entender, ela é uma grande mae, parece Amina(apesar que amo mais Amina rs).Kali foi ótima e com o pai tb! E todos confesaram suas debilidades porque todos a temos, todos temos medo , n é verdade? De ser rejeitado ou qndo escondemos o que somos ou o que nos faz feliz. Um que tava c uma mulher que n queria, outro que bebia pq n podia viver com o q lhe faz feliz e Yasi, que tinha tanto medo que teve que focar sua atencao em algo que a deixava segura, as pessoas sao instáveis, n podemos controlar seus comportamentos, algo mais material é mais maleável. Ela obter sucesso na profissao dependia mais dela do que um relacionamento e q passou? A gente tem tanto medo de perder que termina perdendo pelo próprio medo, afinal, vale a pena?!!
Esses lideres religiosos tudo fanático, n é que apareceu umas coisas no face, povo querendo sair, tavam na rua dizendo que Jesús vai curar, n entenderam foi nada, fica deixando outros pesarem por eles, dá nisso, se entendessem realmente os ensinamentos de Jesús tavam em casa.
Sabe, tô admirada com esse presidente, até coloquei coracao no insta dele, vejo todas as lives dele, tem tomado boas decisoes, daquia pouco me apaixono.Nunca pensei que um político me conquistaria. Ele é um homem mt coerente,articula bem, sensato. Gostei tb das decisoes que anda tomando pra ajudar as pessoas que n tao podendo se sustentar,pq a coisa vai ficar mais braba ainda.Pobre fiicando mais pobre,os egoístas mais egoístas, povo se aproveitando e aumentando os precos das coisas.
Pensamos que muita gente vai mudar, eu sou uma pessoa que acredita mt que o próximo pode mudar, sou confiada e tenho mt fé na humanidade,mas tem gente que tá tao fora da realidade que só aprende mesmo qndo é com eles ou no seus familiares. Eu sei uma coisa,nada será como antes, n viveremos mais como antes, teremos que mudar a nossa forma de viver mesmo depois do corona.Enfim! Muitas mortes, uma tristeza, nunca pensei que um vírus pudesse chegar a fazer isso nesses tempos de hj e tudo isso pela ganância A itália que demorou a fazer o decreto, pessoas que viajaram e voltaram mesmo sabendo q tavam doentes e saiam e sem se importar c o outro, pensando que pq tem dinheiro poderia ter um atendimento melhor, esqueceu que o sistema de saúde já n é lá essas coisas e se satura de tanta gente n há rico, pobre ou quem seja q sobreviva assim. Enfim, cada um com seu livre arbítrio, n é mesmo?! Estamos tendo uma oportunidade de traasformacao como nunca e é tempo de ver o que é importante..o material nunca foi, se perde...muita família se acercando nao, isso é bom!Fiz live com meus familiares nesses 3 dias, estou mt feliz!! Vamos ver pelo lado bom!!Muito certo essa frase que colocou do centro espírita. O comportamento do homem traz essa consequência pro planeta, o que fazemos repercute n só em nós, mas no outro e onde vivemos. Quando usamos mal nosso libre arbítrio, termina que se desencadeia energias com grandes vibracoes negativas e de consequências terríveis onde perdemos o controle de tudo. Assim que aqui estamos sofrendo por essas energias criadas por nós mesmos. O que causa? Expiacao coletiva pq n tamos sozinhos n!! Sofre todo mundo!! E devemos aprender a ser solidários, amorosos, pensar no próximo e obrar sempre no bem! As oracoes tao fazendo mt bem,né?!
Vem cá, minha amiga, povo fica falando abestalhamento com essas zuadas q ficam dizendo q tá tendo..isso é de que? N qr falar besteira por isso n vou dizer o q penso kkkkkkkkkkkkkkk.
Mariah vai ficar mais madura, mais forte com essa situacao tb pq tá tendo que passar por muitas perdas e meio sozinha, mas as vicissitudes da vida nos faz crescer!! E ela tá trabalhando intensamente pra ajudar.
Acabamos vendo como a ciencia é importante,né? As pessoas vao parar c isso de achismos e acha q sabem td e que n precisa do conhecimento científico. Na hora que mais se necessita da ciência e ela tá sem apoo, mas depois dessa as coisas vao mudar, eu tenho fé!!
Vamos falar de coisa boa? Me mata suas paródias, essa do final, ri muito! Chicote entao, n aguentei Tava com saudade da pistinga!!!
Te falar algo.. Yasi era barba roja, viu! kkk Eita mulher que ficava c gente kk.Como faz n sendo assumida?Onde esse povo adulto se encontra, se n vai pra boate?? Se me separar vou me danar toda! Alone forever. Internet está fora de cogitacao pq n me mudarei pra canto nenhum de novo!!
Adoro León Denis!
Eu li um livro que fala de formas- pensamento..mt bom!!
Vixi, ficou foi grande!! Vc vai me matar !! Mas achei esse capítulo mais objetivo, tive dificuldade em comentar pq vc já tinha destrinchado td..rsrs. Imagine se nao fosse assim! Mas vc tá acostumda a ler monografias!!
Ah, que n acho Yasi egoísta, n de propósito, pq egoísta somos e muitas vezes n vemos, mas que bom que percebeu, já repeti, tô orgulhosa dela e o momento fofo dela e Mariah, mt bonito!!
Santinha ou melhor, Sofia, que triste tb, ter que viver escondida de tantas formas a ponto de ter tido que oferecer seu corpo pra ter um pouco de plenitude por uns momentos por essa sociedade ignorante e que tb é hipócrita pq se escondem tb. Mas ela se declarou a prima e ao menos foi mais em paz..
Espero que tenha gostado até aqui, li com carinho e tentei plasmar o melhor que pude.Mas o q vale é a intencao, né?!
Um beijo gigante, sadikki e cuidem-se, corpo, mente e espírito!(Olha quem fala..rs).
PS:Depois te respondo os comentários.:)
Resposta do autor:
Lailinha!!!
Você voltou!
Ah, eu sabia que você ainda ia fazer amizade com a Yasirah. Este capítulo trouxe um monte de verdades e revelações. Nos momentos de fragilidade, as pessoas ficam mais propensas a falar de si e abrir o coração.
Eu sei que você gosta mais de Amina, mas Kalila também tem sua sabedoria e aquela coisa da mãe com seu amor aceitação. E ela foi o elo para unir a família e trabalhar as verdades que finalmente vieram à tona.
Há muitos "falsos profetas" por aí, enganando o povo e usando a religião para ganhar dinheiro e como válvula de escape para suas vaidades e paixões.
Sorte sua que tem um presidente para admirar. Eu não tenho; longe disso!
É uma tremenda expiação coletiva depois da qual espero saiamos fortalecidos e melhores. As casas espíritas chamam a COVID-19 de "um ceifador" e dizem que virá outro após. E este dependerá de como estaremos após. São tempos difíceis, mas nós criamos isso, com toda certeza.
Mariah deu um salto e se tornou uma mulher ainda melhor.
Ciência é essencial. Falar que a Terra é plana é fácil. Quero ver prover soluções quando é necessário.
Gostou das musiquetas e do chicotinho de CONVIDEs? kkkk
Sobre as estripulias de Yasirah, mesmo sob disfarce, quando se viaja muito e se conhece muita gente é perfeitamente possível.
Santinha foi uma personagem que eu coloquei para trabalhar estas questões de se esconder sob posturas muito austeras para disfarçar o que se vai na alma. Ela é baseada em uma história que ocorreu nestes tempos de COVID-19.
Agora quero te ver comentando os outros dois capítulos!
Beijos e obrigada. Fique com Deus.
Sol
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mtereza
Em: 08/04/2020
Espanta com tudo Santinha nunca imaginei . Quanto ao q estamos vivendo é realmente surreal e inacreditável ver que tem um montão de gente inclusive o presidente colocando o dinheiro o lucro acima das vidas das pessoas.
Resposta do autor:
Acho que estamos vivendo no Brasil a era dos fatos inacreditáveis. E de muitas mentiras também. Quanto a colocar dinheiro e lucro acima da vida das pessoas, acho que o capitalismo financista que vivemos hoje tem isso por premissa.
Quanto à Santinha, realmente foi uma surpresa até para minha beta (Samira). Mas, acontece.
Fico feliz que esteja lendo e comentando.
Beijos
Sol
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Irina
Em: 03/04/2020
Autora, minha kota... não está nos meus costumes criar perfis em sítios na internet e o fiz só por causa deste conto. Mereces!
O que dizer?
Lindo! Dramático, esclarecedor, envolvente!
Lindo! Humano, espiritual, social!
Lindo! Hilário, irônico, crítico!
Fico a pensar em como vai ser o fim.
A parte trans, ainda que uma citação... obrigada!
Resposta do autor:
Obrigada, Irina! Suas palavras poéticas me lisonjeiam. Você também escreve?
A parte trans é um aprendizado para mim. Uma questão muito complexa sobre a qual penso em escrever algum dia.
Beijos,
Sol
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sonhadora
Em: 03/04/2020
Então tudo explodiu de uma só vez!!! Primeiro a morte não escolhe quem pode ir...infelizmente a Yashirah vai conviver com esses pensamentos, mas espero que não se culpe, pq não há culpados. A conversa dela com a Mariah foi simplesmente lindo! A Yashirah ganhou vários pontos no meu conceito...kkk A Mariah coitada está sofrendo muito! Nada pode fazer a não ser orar!!
Muito bom esse capítulo e tenho fé que o nosso momento atual vai passar e vamos aprender muito ainda com tudo isso! Gratidão por ter nos dado esse presente!
Beijos de Luz!
Resposta do autor:
Boa tarde, amiga!
Yasirah foi forçada a enfrentar o que vinha evitando ao longo da vida: ela mesma, sua consciência, seus medos e fragilidades. Que bom que o que ela mostrou neste enfrentamento ganhou pontos contigo. rs
Mariah também está no processo de aprendizado. Ela precisa amadurecer sob certos aspectos.
Obrigada pelos seus elogios e por dispor de seu tempo para ler. Como escritora que é, fico lisonjeada com isso.
Beijos,
Sol
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Gabi2020
Em: 03/04/2020
Olá Solzinha tudo bem?
Capítulo tenso, triste e muito emocionante!
Como estamos vivendo essa pandemia, confesso que tocou demais ler cada parágrafo, parei algumas vezes para respirar e retomar, pois é impossível não ler, já disse e repito a senhora dona caipura escreve divinamente bem.
A conversa de Yasirah com a familia e a com a Mariah foi muito bonita, profunda e de uma sutileza que é impossível não se emocionar.
Quanta sabedoria tem a mãe de Yasí, imagino ela uma senhora de interior, com hábitos simples , que não teve oportunidades na vida, mas com uma sabedora ímpar. Ah se tivessemos mais pessoas assim no mundo...
Rute merece ser aplaudida de pé, ela representa todos aqueles que lutam diariamente, vinte e quatro horas por dia pela busca incessante pela cura e pelo bem estar dos pacientes!
Lindo capítulo, parabéns Sol!!
Beijosss
Ps1. Santinha hein? Quem diria? Enfim, sem julgamentos... Bichinha
Ps2. Yasirah tem que ficar bem, pôxa a Mariah merece sr feliz e Yasí também.
Resposta do autor:
Esta pandemia é uma desaceleração do ritmo triste que temos vivido enquanto humanidade. Usemos toda esta problemática para refletir e nos ajudar.
A conversa de Yasirah com a família era mais que necessária, porém o momento facilitou para que a receptividade fosse melhor. Mariah e Yasirah estava devendo acontecer nos últimos dez anos. Precisou um vírus...
Existem várias Rutes por aí. E homens como Rute. Existem vários obreiros do Bem e nós devemos buscar nos unir a eles dentro do que podemos fazer.
Obrigada pelos seus elogios! Sempre muito gentil.
Santinha foi vítima dos preconceitos e ignorâncias da sociedade e dela mesma. Acontece muito!
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Samira Haddad
Em: 03/04/2020
Habibi esse é meu capítulo favorito. Tanto pelas revelações e pela intensidade quanto pelo humor. Aquele "para de rodar Satanás" e "até meu gato não mia" me mataram de rir!
Adoro essas loucuras que você faz! Sob todos os aspectos.
Vou continuar usando seu perfil e seu computador tá? uauaua
Continua e não deixe de escrever!
Resposta do autor:
Boa tarde,
Eu só te agradeço pelo seu companheirismo e apoio.
Não vou deixar de escrever, apenas demoro. Você sabe, conhece meu ritmo, meu cotidiano.
Mas não vou te deixar usar o meu perfil pois tem feito muita traquinagem. Ai, ai, ai...
Beijos,
Sol
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Cristina
Em: 03/04/2020
Oi Sol!!
Que emocionante este capítulo!
Que lindo e emocionante o diálogo de Yasirah e Mariah! Espero que Yasirah se recupere! E mesmo doente a mulher não para. kkkk
Vc conseguiu transcrever com muita poesia e realidade este momento de enfrentamento à pandemia.
Eu particularmente me atentei às falas e poderações de Rute porque também sou espírita.
Tenhamos fé que tudo isto irá passar e esperança em dias melhores!
Nem todo remédio tem sabor doce!
Precisamos manter os pensamentos positivos em alta para que possamos ajudar a nós mesmos e ao planeta com boas vibrações!!!!
Um grande abraço e obrigada por compartilhar conosco suas inspirações!!!!!!
Resposta do autor:
Olá Cristina!
Então você gostou mais deste capítulo, presumo. Fico feliz em saber!
Virão momentos de muitas dificuldades, além destes que já enfrentamos, pois a transformação do planeta é real e se intensifica. Desde o final do século XIX, o processo segue e a humanidade não cansa de se surpreender com as respostas da Terra em transição bem como com outras coisas como esta pandemia de agora. O conto CONVIDE-0, parafraseando a realidade (embora todo ele ficcional), é uma reflexão conjunta que despretensiosamente proponho a todas nós. Sei que você gosta destas reflexões e te agradeço por incentivá-la.
Beijos,
Sol
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Solitudine Em: 05/01/2025 Autora da história
Olá querida!
Ao que me parece o conto está te envolvendo. Que ótimo!
Muita coisa boa e ruim se manifestou durante a pandemia, é verdade, mas eu só faria uma modificação na sua frase: " e o quanto a sociedade está mal politizada e parcialmente descrente." Digo "mal" porque confunde-se política com partidarismo e "parcialmente" porque muita gente ainda acredita em certos mitos e lendas.
Beijos,
Sol