Capitulo 3
Brenda foi se aproximando de casa e já conseguia ver Amanda sentada na calçada e não parecia nada bem.
- Pensei que não vinha mais – Amanda mal deixou a outra respirar – Podemos entrar por favor, não aguento mais ficar aqui fora.
- Que autoridade é essa pro meu lado? – Falou irritada. – Eu só posso ser louca mesmo em deixar você vir aqui em casa depois de tudo que você aprontou e vem aprontando comigo e Melissa. – A raiva que sentia era nítida.
- Por favor Brenda, a coisa é séria – Suplicou.
- Entra criatura – Falou abrindo a porta – O que aconteceu?
- Eu tô gravida – Foi direta e quase mata a outra engasgada.
- É o que homi? – Arregalou os olhos – Como? Amanda você tem certeza? – Estava incrédula.
- Brenda não me deixa mais nervosa do que já estou, senta aí – Puxou a mulher para se sentar.
- Só mais uma coisa – Olhou desconfiada para uma Amanda aflita. – Eu não sou o pai né – Gargalhou e levou um tapa da outra – Aí isso doi.
- É pra doer mesmo, fica quieta e deixa eu contar – Respirou fundo. – Lembra aquele dia na praia que encontrei você e Melissa aos beijos?
- Uhum – Azedou a cara.
- Eu nunca me conformei com nosso termino, por mim dava pra gente ter continuado – Suspirou – Eu fiquei devastada com aquela cena, depois do meu acesso de raiva – Sentiu vergonha. – Eu fui para uma festa e chutei o pau da barraca, fiquei com um carinha, mas não usamos camisinha,, trocamos algumas mensagens depois e foi só isso. – Estava aflita.
- Só quero saber porque você não me deixou em paz, eu e Melissa, por que Amanda? – Falou sério.
- Nem eu sei explicar o motivo Bê, eu nunca deixei de te amar – Olhou nos olhos da outra e pegou em sua mão.
- Saí pra lá Amanda, nada de mãos – Foi grossa.
- Tudo bem – Suspirou – Voltando... – Retomou o assunto – Minha preocupação agora são meus pais, eu vou ser expulsa de casa Brenda, eu não quero essa criança – Foi firme em sua fala.
- Amanda você tá doida, jamais entendeu? Jamais, isso é perigoso – Falou em um tom autoritário. – Vamos por partes – Assumiu um tom mais ameno na voz. – Primeiro de tudo, você contou para o pai da criança?
- Claro que não Brenda, você é a primeira pessoa que eu contei. – Nervosismo.
- Você ainda tem o número desse cara?
- Sim
- Então você vai ligar pra ele e combinar um encontro para conversarem. – Brenda era dura e direta.
- Uhum.
- Segunda coisa que você vai fazer é falar com seus pais Amanda, se você quiser eu posso ir junto pra dar uma forcinha. – Falou tentando acalmar a outra que visivelmente estava cada vez mais nervosa.
- Nem sei como agradecer Brenda – Lagrimas começavam a surgir.
- Agradeça ficando longe do meu relacionamento com Melissa.
- Você gosta mesmo dela né – Começava a se render.
- Se eu não gostasse não estava junto né.
- Gentileza mandou lembrança, coisa grossa – Falou irritada.
- Vou falar bem sério com você, hoje pode ficar aqui, mas só hoje Amanda. Entendeu?
- Uhum.
- Fica no quarto de hospedes e vai descansar, você já conhece a casa, então tchau – Falou já indo em direção ao seu quarto.
- Pura gentileza – Falou revirando os olhos. – O que eu vou fazer com você serzinho – Falou baixinho acariciando a barriga.
***
Melissa
Dias atuais
Já havia passado quase uma hora e meia e eu já não aguentava mais sorrir para a câmera, eu tinha certeza que Bruna estava na mesma situação que eu. Faltavam apenas 30 minutos, mas a fome era grande.
- Meninas, vocês estão um arraso. Tenho certeza que vocês foram desenhadas – Peter falava enquanto capturava várias imagens nossas.
- Acho que ele tem problemas – Bruna sussurrou para mim enquanto eu segurava o riso.
- Ele é só um pouco acelerado – Não segurei as risadas.
- Isso garotas, sorrisos espontâneos, assim que eu gosto – Peter falava todo empolgado.
O ensaio já tinha ultrapassado os 30 minutos e eu pedia aos céus para acabar logo.
- Bem meninas, muito obrigada a vocês duas, espero encontra-las em outras ocasiões. Por hoje é só – Falou para meu alivio e de Bruna.
- Graças, já não aguentava mais – Bruna falou fazendo careta e provocando risadas em mim, como sempre fazia.
- Vamos comer Pretty Girl, tô morrendo de fome – Fiz drama.
- Calma Bad Girl, deixa pelo menos eu tirar essa roupa – Falou correndo para o camarim.
Não demorou muita para nós duas pararmos em frente ao N/Naka, eu adorava a comida daquele lugar, apesar de Bruna não gostar muito.
- É pedir demais arroz com feijão? – Bruna fez beiço.
- Tá com saudades mesmo do Brasil né.
- Sim, saudade da minha irmã, ela é minha única família. – Falou saudosa e aquela frase deixou meu coração apertado. E do que eu sentia falta? Não tinha nada no Brasil, a não ser... Espantei meus pensamentos.
- Então vou te dar uma colher de chá e vamos achar um restaurante com comida brasileira. – Falei para agrada-la
Demoramos alguns minutos para achar o restaurante, eu já estava azul de fome.
- Se eu desmaiar dentro desse carro, a culpa será toda sua – Falei fazendo drama.
- Vaso ruim não quebra – Fez graça e eu fingi que nem ouvi. – Hoje vamos sair para nos divertir e comemorar mais um ano de vida... no caso... sua vida. – Fingiu estar pensativa. Toda hora eu me perguntava de onde Bruna tinha saído, eu tinha muita sorte por tê-la.
- Já te disse que não quero comemorar meu aniversário Pretty – Fiz cara de poucos amigos.
- Você não quer, mas eu quero e nós vamos – Como sempre um ser humano insistente.
Demoramos quase duas horas no restaurante, comendo e conversando. Pra ser mais exata eu comia e Bruna tagarelava.
***
Narrador
Natal, Brasil 2016
O dia amanheceu chuvoso, Melissa mal acordou e já foi correndo para o banheiro fazer sua higiene, se arrumou rápido e saiu. As palavras de Dona Carla foram muito importantes para que Mel pensasse melhor e desse uma chance para Brenda explicar toda a situação.
***
Amanda nunca dava ponto sem nó, aproveitou que o sono de Brenda estava pesado e entrou no quarto. Se ainda conhecia aquela mulher, ela não acordava tão fácil assim. Brenda como sempre dormia apenas com calcinha e sutiã, foi tarefa muito fácil para Amanda retirar a calcinha da mulher a sua frente. Com todo cuidado Amanda se posicionou ficando de quatro e pronta para aproveitar aquele parque de diversões que era a intimidade de Brenda.
- Que droga é essa BRENDA – Melissa ficou ali parada, sem acreditar no que estava vendo. Amanda deu um pulo da cama, não esperava aquela surpresa, de certo Melissa tinha as chaves da casa.
- Hummm, que... que gritaria é essa... – Brenda falou sonolenta ainda de olhos fechados. Demorou alguns segundos para abrir os olhos e se dar conta que Amanda estava paralisada apenas de calcinha e Melissa na porta chorando. – Sua desgraçada – Brenda olhou com tanto ódio para Amanda que a outra ficou acuada. Brenda se levantou rápido e saiu em direção a Melissa que já corria em direção a saída.
- Mel por favor, Mel espera – Brenda nem se importou de estar apenas de sutiã, saiu correndo atrás de Melissa, conseguiu alcança-la segurando seu braço com força moderada.
- E eu pensando em largar tudo por você – Melissa olhou com rancor. – Me solta – Tentou se soltar, porém sem sucesso.
- Espera, me escuta, deixa eu explicar Mel, por favor – Brenda implorava, as duas já estavam a alguns passos da porta da frente.
- Não precisa explicar aquilo que está BEM explicado – A raiva de Melissa só aumentava.
- Mel eu tava dormindo, por favor – Brenda não segurava mais o choro.
- A-C-A-B-O-U Brenda Maria – Melissa tinha secado as lagrimas – Toma teu rumo e me deixa em paz – Puxou o braço com força e saiu pisando duro.
- Espera por favor – Brenda olhava Melissa cada vez mais se afastando e não conseguia deter as lagrimas que surgiam.
***
- Como fui burra, como fui idiota esse tempo todo – Melissa falava sozinha enquanto caminhava em direção ao ponto de ônibus, não conseguia segurar as lagrimas. Colocou uma das mãos no bolso pegando as chaves da casa de Brenda, olhou por alguns instantes e com toda força jogou as chaves longe. – Nunca mais Brenda... nunca mais... – Conseguiu pegar o ônibus depois de alguns minutos. Sua decisão estava tomada.
***
- O que você ainda está fazendo aqui Amanda? Veste sua roupa e cai fora – Gritava de raiva. – Eu estava te ajudando, eu estava... como sou idiota, essa gravidez foi encenação né sua filha da...
- Olha como fala comigo Brenda, não te dou esse direito. – Foi altiva não deixando a outra terminar.
- Nesse exato momento você não tem direito de nada, vai EMBORA Amanda – A raiva de Brenda só aumentava.
- Foi tudo verdade Brenda, por favor, eu te amo, não sabia que ela iria aparecer, pensei que se a gente se aproximasse de novo, o sentimento iria voltar e a gente poderia cuidar dessa criança juntas. Eu te amo – Amanda chorava.
- Isso não é amor Amanda, você está louca? Eu amo a MELISSA e sempre vou amar, entendeu? – Segurou em seus ombros com violência.
- Me larga Brenda... tá... tá doendo – A vontade de Brenda era espancar a cara da outra, mas lembrou da criança que ela carregava na barriga.
- Quando eu voltar, não quero ver nem a sua sombra Amanda – Falou com ódio e saiu do quarto.
***
- Minha menina, porque nos últimos dias sempre que venho nesse quarto você está chorando?
- Ai Dona Carla – Melissa falou abraçando a mulher, seu choro era sentido.
- Calma – Acariciava seus cabelos – O que houve dessa vez?
- Eu... eu fui na casa da Brenda...e..e – Soluçava de tanto chorar.
- Respira minha menina, calma – Dona Carla tentava afagar Melissa.
- Tive certeza da traição Dona Carla, ela estava na cama com a Amanda, eu vi, ninguém me contou. – A tristeza na fala era visível.
- Vem aqui – Dona Carla não sabia mais o que falar para defender Brenda, talvez nem tivesse mais como fazer isso. Naquele momento apenas confortou Melissa.
***
- Desculpa a hora, tá podendo conversar? – Brenda falava ao telefone, a noite já dava o ar da graça.
- Depende, quem fala? – Gabriel estava confuso.
- Sou eu, Brenda, nos conhecemos no Rapadura.
- Aaaaah Brenda, desculpa – Riu sem jeito. – Podemos sim, hoje trabalhei mais cedo.
- Humm, onde nos encontramos?
- Lembra que eu queria te levar em um lugar?
- Sim
- Me encontra daqui a 20 minutos em frente ao Rapadura, eu moro perto. Pode ser?
- Claro, tô necessitada de uma boa conversa – Sorriu fraco.
- Imagino, beijo até mais. – Desligaram.
- Porque você não quis me ouvir? Eu te amo tanto Mel – Falava sozinha enquanto olhava fotos de Melissa no celular.
***
- Fiz essa sopinha pra você – Dona Carla mimava Melissa.
- Nem sei como agradecer Dona Carla, a senhora me ajudou todos esses anos e continua cuidando de mim. – Falou com gratidão.
- Não precisa agradecer nada, você é uma joia Melissa, tem um futuro brilhante. – Falou com doçura.
- Quero ir embora, eu aceito a proposta da sua amiga, por mim vou embora amanhã – Falou decidida.
- Não quer pensar mais Mel? Você não pode tomar nenhuma decisão com a cabeça quente. – Aconselhou.
- É isso que quero Dona Carla, quero ir embora.
- Tem certeza? – Olhou séria.
- Absoluta.
- Então toma sua sopa que vou fazer alguns telefonemas. – Deu um beijo na testa da garota e saiu.
***
- Sobe aí – Brenda parou sua Fazer 150 e estendeu um capacete para Gabriel.
- É seguro? – Pegou o capacete desconfiado.
- Confia em mim, você é um homem ou uma beterraba?
- Sempre a beterraba – Sorriu.
- Sobe logo homi – Brenda fingiu perder a paciência.
- Calma mocinha, tô subindo – Falou e subiu na moto. No caminho Gabriel ia explicando as ruas que Brenda deveria entrar e seguir. Não demorou muito para eles chegarem na Ponta do Morcego, o lugar era lindo, dava para ver a lua de encontro ao mar, aquela iluminação fantástica.
- Como nunca vi essa beleza toda?
- Por que é besta – Gabriel brincou – Você deveria andar mais pela cidade.
- Concordo. – Brenda estava impressionada.
- Vem, vamos sentar naquelas pedras. – Gabriel saiu puxando Brenda. – Me conta, o que quer conversar?
- Primeiro eu acho que tô ficando doida, a gente só se viu uma vez e já estamos nessa intimidade toda.
- Almas gêmeas meu bem – Brincou. – Para de enrolar e fala logo.
- Olha o respeito garoto.
- Ou você conta ou vou comer uma pizza, tô com fome – Se referiu a uma pizzaria que tinha a poucos metros dali.
Brenda em poucos minutos fez um resumo da sua vida, de como conheceu, namorou e terminou com Amanda, de como tinha conhecido Melissa, até aquele dia desastroso.
- A coisa tá feia pro seu lado hein amiga – Gabriel falou.
- Sério? Não tinha percebido – Falou com deboche.
- Já vi que a gentileza não é seu forte – Brincou.
- Nunca foi... – Parou pensativa – O que eu faço Gabriel, eu não tive culpa, minha vontade é matar a Amanda – Falou com raiva.
- Tome jeito de gente, não vai matar ninguém. – Fez uma pausa - Brenda – Olhou para a mais nova amiga – A culpa não foi só da Amanda.
- Nem conhece e já está defendendo? – Se remexeu incomodada.
- Claro que não, mas porque raios você deixou ela dormir na sua casa sabendo que sua namorada odeia a garota? Você tem titica de galinha na cabeça?
- Isso, judia de mim, pisa mais... – Se fez de vítima.
- Que isso Brenda, tô sendo sincero. Quero ser seu amigo, e como amigo quero te dar um conselho – Parou pensativo – Deixa a poeira abaixar e depois procura a Melissa para conversar, mas não coloque a culpa toda na Amanda. Tente ver as coisas de todos os lados para tentar não ser injusta. Tenho certeza que essa garota sofre muito, por tudo que você me contou.
- Nem conhece e já tá com peninha da Amanda? – Olhou fingindo surpresa.
- Não é pena, mas também não tenho sangue de barata. Ela deve estar muito aflita com tudo. Foi muito errado o que ela fez, mas a culpa não é só dela. Pensa nisso – Falou e ficaram ali por mais alguns minutos conversando coisas aleatórias.
***
Brenda chegou em casa e foi direto para sua cama, estava exausta, sua mente estava cansada demais. Só queria Melissa por perto. Não resistiu e pegou seu celular, discou diversas vezes sem sucesso até que na decima vez, Melissa atendeu.
- Me deixa em paz Brenda, eu vou ter que trocar meu número?
- Por favor me escuta, deixa eu explicar – Implorava.
- Não tem explicação, a gente terminou, acabou, game over, aceita e ponto final – Foi seca.
- Você nunca falou comigo assim – A tristeza tomou conta.
- Pois é, também nunca fui traída.
Silencio
- Vamos conversar, passo aí amanhã, por favor – Brenda não se deu por vencida.
- Qual a parte do ACABOU que você não entendeu?
- Eu não aceito isso, você precisa me escutar.
- Já escutei demais Brenda, tchau – Desligou sem esperar resposta.
- Nunca vou desistir de você Melissa... Nunca – Foi a última coisa que falou antes de conseguir dormir.
Fim do capítulo
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