FELICIDADE por RAY F
Capitulo 1
DINHEIRO
Acho que minha vida pode ser resumida em uma palavra, não espera, talvez duas, dinheiro e poder. Essas são as únicas coisas realmente importantes no mundo, minha mãe Cora sempre falou isso e ela tinha razão, pena que demorei um pouco para descobrir, pois se tivesse descoberto antes teria mais façanhas pra contar e não teria perdido tanto tempo da minha verdadeira vida.
Você deve estar me julgando e pensando, que sou uma pessoa vazia ou que tenho uma visão equivocada da realidade, mas posso afirmar e te contando a minha história você com certeza vai concordar comigo.
Estou nesse momento na festa de aniversário de Sydney Glass, advogado e vice-presidente das minhas empresas, ele dá essa festa todo ano, na sua própria cobertura na 55 avenida, realmente tem um belo apartamento, vista linda para o Central Park mil metros ², que o mesmo finge não querer se gabar mas, sempre que tem oportunidade ressalta numa fingida casualidade, ter pago 115 milhões de dólares por ele. E com isso eu começo à provar pra vocês a minha teoria.
Sydney não é o tipo de cara bonito, na beira dos 59 anos, seu histórico de mulherengo o precede e suas infidelidades são pauta recorrente de vários tabloides e mesmo assim sua esposa é uma das mulheres mais lindas de Nova York. E como o mundo das socialites de Nova York é tão pequeno e vazio como o de qualquer outro lugar do mundo, ela sabe de cada uma das indiscrições do marido, mas, nunca vi em todo esse tempo de convivência qualquer discussão do casal por esse ou outro motivo. A explicação pra tanto amor e devoção da parte dela? Talvez a devoção comece na vitrine da Versace que ela ostenta nesse momento (vestido, bolsa, casaco e sapatos), que eu avalio ter custado próximo dos 100 mil dólares e que, como todas as vezes em que vi Malévola, não será usado novamente. O amor resida no colar de safiras combinando com os olhos da mesma, bem como nos brincos e anéis que fazem parte do look e são peças exclusivas, assim como várias joias valiosas que a mesma ostenta e que vejo Sydney enviar para casa com mais frequência sempre que as folhas dos editorias que ficam na mesa de centro do meu escritório estampam alguma escapada . E o próprio apartamento em que a anfitriã calorosamente nos recebe, talvez seja o responsável pela aparente cegueira ou “convicção por manter a família unida”, como você preferir chamar.
Quer mais provas do que eu digo?
Vamos lá, podemos continuar com o próprio aniversariante, que é um cara completamente enfadonho, do tipo que não dá pra conversar por mais de 10 minutos. Mas, pelas minhas contas hoje aqui, no que é considerada uma recepção para os mais íntimos, temos pelo menos umas 200 pessoas. E posso afirmar com convicção que não há mais de 5 pessoas que estejam aqui por vontade de comemorar o nascimento da figura.
Há os que não gostariam de estar aqui por conta da reputação, Sydney é o novo rico, apesar de ter construído uma fortuna considerável trabalhando para o meu pai, não tem tradição familiar, então algumas família nova-iorquinas simplesmente o abominam mas, à essa galera, o que sobra em tradição, falta em dinheiro pra sustentar seus luxos, o que Sydney tem, para investir em suas empresas, que doutra sorte estariam falidas.
Os outros grupos, se dividem em os que lhe tem gratidão (leia-se, lhe devem favor), os que ambicionam ser como ele, os que o invejam e por isso querem estar próximo, as alpinistas sociais e os parceiros de negócios e lógico a família que tem que parecer unida e perfeita.
Então, ainda pensa que há algo que não gire em torno de dinheiro e poder?
São esses dois atores que movem essa noite e que sempre moveram o mundo.
Enquanto tiverem dinheiro e poder, homens e mulheres enfadonhos, feios, vazios, artificiais, arrogantes, continuarão à ter seu apartamento lotado de pessoas super dispostas a comemorar consigo e oferecer companhia, mulheres lindas, famílias modelo e consequentemente satisfação, que é a busca de toda alma no mundo.
Ou mesmo homens e mulheres bonitos, inteligentes, sinceros, honestos e todas às outras qualidades que você admira, sempre terão mais chances de satisfação se tiverem dinheiro e poder como aliados.
Você deve estar se perguntando, quem é essa amargurada que fala com tanta clareza e objetividade da vida alheia?
Posso falar da minha também, se isso servir para convencer-lhe:
Eu sou Regina Mills, tenho 34 anos, presidente da Mills Company, uma empreiteira, que ao longo dos anos, construiu metade do mundo em parcerias com outras empresas e governos.
Os Mills tem tanto dinheiro espalhado pelo mundo em ativos, investimentos e propriedades, que sinceramente não sei como explicar a fortuna da minha família, e na última década, em que todo esse império esteve sob minha administração, posso gabar-me de basicamente ter duplicado em valores o nosso patrimônio, a Forbes do fim do ano, foi a edição inteira dedicada à mais jovem CEO a alcançar o posto de pessoa mais influente do mundo.
Sou morena, não sou muito alta para o padrão americano, deve ser minha herança latina, mas, quase sempre estou de saltos, o que faz com que minha estatura não faça diferença alguma, olhos castanhos, pernas grossas e mais uma vez recorro à herança latina pra explicar minha bunda, que eu tenho clareza de que deve ser valorizada em todos os meus trajes, pois é realmente muito bem torneada.
Então, posso dizer que estou no segundo grupo de pessoas beneficiadas pelo dinheiro e pelo poder, pois sou bonita, rica, inteligente e apesar de bastante exigente e pouco simpática, meus funcionários são bem remunerados e respeitados, logo não podem dizer que careço de senso de justiça.
Não me faltam companhias para as noites e viagens, apesar de evitar os relacionamentos, por serem complicados e pouco satisfatórios. Desde que Cora saiu de nossas vidas, eu, meu pai Henry e minha irmã Zelena, somos uma família maravilhosa. Posso dizer que sou uma pessoa satisfeita, o que pra mim é sinônimo do que as pessoas costumam chamar de felicidade, afinal, segundo o dicionário, felicidade é:
1. qualidade ou estado de feliz; estado de uma consciência plenamente satisfeita; satisfação, contentamento, bem-estar.
2. boa fortuna; sorte.
Logo, não há nada de mágico, ou inalcançável nela.
Fim do capítulo
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