- Capitã. Lúcia e Luana bateram continência ao verem a morena adentrar o escritório acompanhada por Jade. Júlia= Respondam,o que está acontecendo aqui? Qual é o motivo para tanto barulho? Lúcia= Desculpe-nos,tivemos um pequeno problema que acabou saindo um pouco do nosso controle. A agente apontou Ivy com a cabeça. Júlia= Quem é ela? Luana= Uma surtada que encontramos na casa de máquinas,foi ela quem desligou as luzes do bairro. - Sem falar que já chegou quebrando as coisas da minha casa e você sabe bem o quanto eu gosto disso. Karen saiu de por detrás das mulheres e seu coração palpitou ainda mais forte ao ver a morena. Júlia= Vamos conversar sobre tudo isso depois,o que quero agora é saber se estão todas bem.- Falou tentando desviar seu olhar da linda menina parada logo à frente. Lúcia= Estamos sim e vocês? E a Paula? Júlia= Infelizmente a Paula não está muito bem,íamos tentar remover a bala da perna dela quando ouvimos barulhos aqui embaixo. Temos que voltar rápido pra lá. Luana= Então vamos logo,não quero que minha amiga perca a perna e acabe morrendo. - Você não é a única.- Jade falou pela primeira vez desde que chegou com Júlia.- Estamos todas preocupadas com a Paula e faremos o impossível para ajudá-la. - Só não me incluam nessa.- Ivy alertou e as mulheres a encararam.- O que foi? Não vou me arriscar,ainda mais por uma pessoa que pelo visto já está morrendo. Júlia se aproximou da mulher que tentou não se intimidar mas acabou recuando um pouco. - Se eu ouvir mais um piu saindo dessa sua boca,amordaço você. Isso no melhor dos casos,no pior, eu corto a sua língua. Ivy fez menção de sorrir mas ao reparar nas mulheres todas sérias achou prudente ficar em silêncio. - Estamos entendidas?.- Júlia perguntou e a moça assentiu.- Boa escolha. Vamos subir mas com cuidado,ainda não tivemos tempo para revistar a casa. Saíram todas do escritório,Júlia e Jade na frente,Ivy e Karen no meio e Lúcia com Luana mais atrás. Atravessaram a sala e subiram a escada. Nos corredores,corpos e mais corpos infectados fizeram Karen pensar no trabalhão que daria limpar tudo aquilo. Caminharam um pouco e pararam em frente a uma porta trancada onde Júlia fez sinal com a cabeça para Jade que assentiu e entrou no quarto ao lado,não demorou para que a passagem fosse aberta e as mulheres pudessem se reunir às outras. Luana foi rápido para perto da amiga que jazia sobre a cama lutando contra a dor imensa que aquele ferimento estava lhe causando. - Como você está?.- Perguntou a ruiva. - Ótima.- Paula respondeu fracamente. - Eu reparei. Não se preocupe,vai ficar tudo bem. - Você acha? - Tenho certeza. - Onde vocês encontraram isso?.- Karen apontou para a caixa metálica com uma cruz vermelha na tampa. Júlia= No quarto dos seus pais,foi o único lugar onde encontramos algo que pudesse ajudar e...acho que te devo mais uma porta. Karen= Considerando o estado em que está essa casa,acho que uma porta a mais ou a menos é o menor dos problemas. Além do mais,há uma vida em risco e também eu sempre pensei que o meu pai havia se desfeito dessa caixa. Júlia= Que bom que ele a guardou.- Virou-se para Vera.- Você esterilizou os objetos? Vera= Sim senhora. Júlia= Vamos lá então. Todas,com exceção de Ivy,se aproximaram da cama. Júlia= Paula? Nós vamos expor o ferimento agora para podermos retirar a bala,vai doer mas preciso que você seja forte. Entendeu soldado? Paula= Sim senhora. Vera começou a retirar o pano que estava estancando o sangramento da colega e esta já gemia de dor,nunca em sua vida sentira algo parecido com aquilo. Karen= Esperem,isso já aconteceu com vocês? Lúcia= Quer saber se alguma de nós já foi baleada antes? Sim,a Júlia no braço esquerdo e a Luana na panturrilha direita. Karen= E quem removeu as balas? Júlia= A Paula removeu. Karen= E quem vai fazer isso dessa vez?.- As mulheres se olharam sem nada dizer.- Eu posso ver? Júlia assentiu,a menina se aproximou e sentou na beirada da cama. Karen= Me empresta a sua faca.- Pediu e a morena logo o fez. Rasgou a calça de Paula deixando o ferimento totalmente à mostra.- Temos que limpar isso primeiro. Naquela caixa menor eu vi gaze e soro fisiológico. Vera= Vou pegar. A mulher rapidamente buscou a caixa completa. Após limpar o máximo que pôde,Karen pôs a mão próximo ao ferimento e constatou o quão quente estava. Karen= Felizmente a bala não atingiu a artéria femoral. Luana= E como você sabe disso? Tem visão de raio-x agora? Karen= Sei pela posição do ferimento,mas com certeza passou bem perto,de quatro a cinco centímetros eu diria. Sem contar que pelo tempo em que ela foi baleada,já teria morrido se a artéria houvesse sido rompida. Júlia= Essa é uma boa notícia,e agora? Karen= Ela continua sangrando mesmo que lentamente,é uma hemorragia venosa. Está infeccionando também,onde estão os objetos esterilizados? Vera= Aqui. A menina pegou uma pinça fina e comprida com o cabo igual ao de uma tesoura. Karen= Depois que a bala for retirada a forma mais rápida de parar o sangramento é cauterizando a ferida. Luana= E como vamos fazer isso? - Com aquilo.- Karen apontou para um objeto na caixa metálica.- É um eletrocautério. - Ok. Júlia= Vera,verifique se está funcionando e o deixe pronto para uso. Vera= Sim senhora. Karen= É melhor dar algo pra ela morder e vocês terão que segurá-la,isso vai doer. Puseram um pano na boca de Paula e em seguida Luana e Júlia seguraram-lhe os braços,Jade e Lúcia as pernas. Karen= Posso começar? Júlia olhou para a agente deitada e esta assentiu com a cabeça. - Vamos lá.- A morena falou e Karen respirou fundo. Quando a menina começou a introduzir a pinça no ferimento,o grito abafado de Paula fez todas sentirem um arrepio terrível na espinha. A mulher se contorcia de dor e se não fosse o pano em sua boca já teria quebrado vários dentes tamanha a pressão que fazia para não gritar. Por fim,acabou perdendo os sentidos. Luana= Ela desmaiou. Júlia= É melhor assim. Karen,como está indo aí? - Estou quase lá.- A menina respondeu fazendo força com a pinça até que a sentiu tocar em algo.- Consegui,achei a bala. Com imenso cuidado o projétil foi finalmente retirado,Karen limpou o ferimento e o cauterizou rapidamente para que Paula não perdesse mais sangue. Karen= Bom,é isso. Ali tem alguns remédios que ela pode tomar para combater qualquer infecção. Júlia= Ela vai ficar bem? Karen= Ela perdeu muito sangue e está fraca mas agora com o ferimento fechado,vou ver o que posso fazer para aumentar a produção de sangue dela e aí sim ela ficará bem. - Obrigada por fazer isso,está salvando a vida dela.- Falou Luana. Karen= Vocês é que me salvaram quando apareceram aqui dias atrás derrubando a minha porta.- Olhou para Júlia que ergueu a sobrancelha.- Estamos todas juntas aqui,se não nos ajudarmos ninguém sairá com vida. Júlia= É isso aí. Mudando de assunto,está na hora da operação limpeza,temos que vasculhar a casa a procura de infectados. Karen= E de nos livrarmos dos corpos antes que sejamos nós as infectadas. Júlia= Alguém tem que ficar aqui com a Paula. Ivy ergueu a mão mas foi completamente ignorada. - Eu fico.- disse Karen.- Assim,quando ela acordar eu posso lhe dar os remédios. - Não.- interferiu Luana.- Você conhece a casa melhor do que todas nós,vai com elas que eu fico com a Paula,só me diz quais remédios ela deve tomar. Karen= Mas... Lúcia= Luana está certa,você vai saber onde procurar além dos lugares óbvios. Júlia= Então está decidido,Luana fica aqui e você...- apontou para Ivy.- Você vem com a gente. A mulher ia abrir a boca para protestar mas o olhar que Júlia lhe lançou a fez desistir. Jade= Capitã,eu posso verificar se as câmeras de segurança da casa ainda estão funcionando. Talvez elas nos ajudem a localizar os infectados aqui dentro. Júlia= Faça isso,Vera,vá com ela. Lúcia fica com a Karen e eu fico com essa outra. Ivy revirou os olhos. Após entregar os remédios à Luana,Karen saiu com Lúcia assim como Jade e Vera. - Tranque bem a porta.-Júlia falou para a ruiva e foi em direção à saída. Ivy olhou para Luana que pôs a língua pra fora e fez sinal de tesoura com os dedos. Irritada,seguiu atrás da morena deixando a agente com um sorrisinho malvado no rosto.

Fim do capítulo