Just Friends por Amy
Capitulo 7
- Atrapalharia muito se eu pedisse pra você tomar um suco comigo? – perguntou Júlia
- Poxa, Júlia. Infelizmente eu tenho tanto trabalho para fazer – falei me justificando
- Sério? Em pleno final de semana? – questionou – Vamos lá, não vou tomar muito seu tempo, só um pouquinho vai – insistiu
- Tá bem, só porque você está insistindo e meu coração é muito mole – falei dando risada
Ela sorria pra mim e nós seguimos para a cafeteria que era próxima ao studio. Entramos e nos acomodamos próximo ao jardim de inverno do local que era lindo.
- Então moça, você não tinha que estar ensaiando? – perguntei pra ela
A garçonete chegou e eu pedi um cappuccino e ela um suco de abacaxi com hortelã.
- Sim, eu tive um ensaio e cumpri minha função de passar a coreografia pra Isa – respondeu – Eu já havia passado pro grupo, mas como ela chegou atrasada né... Eu sei que eles vão passar direitinho pra ela– disse
- Acho que esse atraso é culpa minha – falei – estávamos resolvendo o lance do projeto da casa dela.
- Você é designer? Arquiteta? – perguntou curiosa
- Sim, sou arquiteta recém formada – respondi
Nossos pedidos chegaram e começamos a beber nossas bebidas.
- Você e a Isa não se conhecem por conta do trabalho não né? Pareciam tão próximas – me perguntou
- Não, nós nos conhecemos a muitos anos. Somos amigas de infância – respondi
- Engraçado, eu nunca te vi por aqui ou perto dela – falou Júlia
-Sim, eu estava estudando na França e acabamos nos distanciando. Agora eu voltei e estamos tentando nos reaproximar – eu disse com sinceridade
- Entendo – falou pensativa – Nossa, que mundo pequeno não é? – sorriu
- Sim, Sim – falei – E você? Faz algo além da dança?
- Cara, a dança é minha vida sabe. Mas eu tenho outras prioridades como a faculdade por exemplo – disse
- Caramba, e você cursa o que? – perguntei com curiosidade
- Eu faço medicina – falou ela tomando o suco
- Que? – eu disse incrédula
- Por que a surpresa? Uma mera dançarina como eu não pode fazer Medicina? – me questionou fingindo seriedade
- N-não, não é isso me perdoa. É que eu sei que é um curso que exige muito do tempo da pessoa. Como você trabalha e se dedica pro curso? – perguntei
- Olha, minha história é cheia de altos e baixos. Mas eu nunca desisti – falou – Eu me formo esse ano, mas já estou com 7 anos de curso. – deu uma pausa pra tomar mais suco – Acontece, que eu tive que pegar menos disciplinas pra poder trabalhar e me sustentar, e eu só danço nos shows da Isa nos finais de semana. Durante a semana eu estudo e monto novas coreografias. – ela disse
- Caramba, deve ser puxado – eu disse – você gosta dessa correria?
- Ah eu adoro, nasci pra correr e agir minha vida. Depois que eu me assumi, meus pais meio que pararam de me ajudar financeiramente. Eu me viro como posso - falou
- Parabéns, você é um exemplo de vida – falei sincera
- Que nada, eu penso que quem tem amigos tem tudo. A Isa me ajudou muito nos últimos anos, a gente tem uma história de vida meio louca – falou
- Vocês se conheceram por causa da música? – perguntei
Agora quem ia fazer as perguntas era eu.
Ela me olhou um pouco, ficou pensativa.
- A gente se conheceu através de amigos de amigos, daí ela ficou famosa e me chamou pra trabalhar com ela. - falou sorrindo
Sabe quando a pessoa demora pra responder? Aquela informação não parecia completa.
- Entendo, fico feliz por isso. A Isabela é uma pessoa incrível e você eu sei que também é – terminei de tomar meu cappuccino;
- Obrigada pelo elogio – disse me olhando
Ficamos nos olhando um pouco e eu desviei o olhar enquanto ela sorria. Gente que mulher galanteadora.
- Se eu te chamasse um dia pra jantar, você toparia? – perguntou
- Bom, se você tiver um tempinho nessa rotina pesada eu topo sim – respondi
- Amanhã a gente tem dois shows, um a tarde e outro a noite e domingo mais um se eu não me engano. Poderia ser na segunda ou é muito complicado pra você por conta do trabalho?
- Claro que pode, não tem problema nenhum. – falei
- Ótimo então, Ana. – Júlia levou a mão até a minha, acariciou um pouco minha mão.
- Você é sempre assim tão galanteadora? – perguntei pra ela
- Dificilmente eu me esforço assim pra conquistar alguém – respondeu
Ai meu Deus!!!!!!!!!!
- Sei... – respondi – Olha Jú, eu vou ter que ir – retirei minha mão levemente - Realmente tô cheia de projetos pra entregar essa semana.
- Tá certo, já tomei muito o seu tempo. Adorei te conhecer um pouco – falou
- Eu também, e sei que temos muita história pra contar – sorri pra ela
Nós nos despedimos na frente da cafeteria e eu segui pra casa.
Cheguei em casa bem cansada, o dia foi um pouco puxado mas eu confesso que eu tinha adorado. Enfim eu e Isabela estávamos tentando trazer a nossa amizade de voltar e do fundo do meu coração eu espero que a gente consiga isso.
Acordei no sábado disposta a trabalhar muito, de certa forma eu já me sentia com o coração um pouco mais aliviado com relação a Isabela. Passei o sábado todo projetando e estava muito cansada, recebi uma milagrosa ligação da minha mãe que alugou meus ouvidos por horas para falar dos novos produtos da clínica de estética dela. Meus pais são meio loucos, sempre focados em seus respectivos trabalhos, mas quando se tratava de afeto e carinho eles agiam de forma estranha. Embora eu já esteja acostumada, as vezes isso me cansa. Trabalho, trabalho e trabalho. Foi dessa maneira que eu fui criada, sem muitos vínculos afetivos.
Antes de dormir, recebi uma foto da Júlia toda produzida, ela estava linda com uma make toda colorida e uma roupa super sensual com a seguinte legenda na foto “Não vejo a hora da segunda-feira chegar logo”
Eu sorri e respondi “Eu não sei você, mas não vejo a hora desse final de semana acabar porque eu tô atolada de projeto pra entregar. Divirta-se, até segunda. Um beijo”
Ela respondeu “Segunda eu recompenso com uma comida gostosa, um beijo”
Eu estava sorrindo feito boba. A real é que eu me sentia super a vontade perto da Júlia, porque ela me transmitia segurança e até porque ela é linda pra cacete.
O domingo se passou e mais uma vez sem nenhuma novidade eu estava cheia de trabalho. De certa forma, eu precisava organizar minha vida para descansar nos finais de semana. Entretanto, no início da carreira a gente tem que trabalhar em dobro pra poder alcançar uma carreira promissora. Nesse meio tempo, troquei poucas mensagens com a Isabela a respeito da reforma na casa dela. Além de ela estar trabalhando eu não sou do tipo de pessoa que fica mandando mensagens porque eu sempre acho que estou incomodando.
A segunda chegou e no trabalho eu atualizei pro Jorge todas as novidades.
- Mas chefe, você não acha isso meio louco? – perguntou
- O que exatamente? Por que pra mim tá tudo muito louco – falei
- Sei lá, você e a Isa são amigas e se pegaram e agora a dançarina dela quer pegar você... Você não acha que isso pode dar uma merd* grande? – perguntou olhando seriamente pra mim
- Acho que esse lance com a Isa foi uma perturbação das nossas cabeças, agora tá tudo bem. Somos amigas, não vai e nem pode passar disso.
O telefone do escritório tocou e o Jorge atendeu
- Sim – disse ao telefone – Sim, senhor Schneider vou passar pra ela. Jorge colocou a mão no telefone e disse pra mim
- O Senhor Schneider deseja falar com você Isa.
Caminhei em direção a minha sala rapidamente, peguei o telefone
- Oi, Pai – falei
- Oi, filha. Como você está? – perguntou
- Estou bem pai, maior correria aqui. E você e mamãe?
- Estamos bem, minha filha. – disse – O projeto do prédio da empresa de telemarketing ficou pronto?
- Sim, exatamente como pediram. Já enviei para o Sr. Weber para a aprovação, e caso aprove resolverei os trâmites burocráticos. – falei
- Ótimo, tenho certeza de que aprovarão. – disse meu pai
- Pai, posso te perguntar uma coisa? – perguntei pra ele
- Sim – respondeu
- Por que você ou mamãe nunca me falaram a respeito do sucesso da Isabela? – perguntei
- Ana, não achei que isso fosse importante. Afinal, você tinha um curso para terminar. Eu não queria você envolvida com esse tipo de coisa – respondeu ríspido
- Entendo – respondi
- Ótimo, agora tenha um ótimo dia de trabalho. Qualquer coisa me ligue - despediu-se
-Ok pai, tchau - desliguei
Respirei fundo, massageei as têmporas.
- Que ótima família que eu tenho.
O dia seguia e eu continuava trabalhando. Por volta das 17h eu recebi uma ligação. Era Júlia. Atendi.
- Olá – falei
- Ei linda, como vai? – perguntou
- Estou bem e você?
- Estou ótima, e aí tudo certo pra hoje?
- Por mim está tudo certinho – respondi – Onde e que horas? - Pode ser na minha casa? Vou fazer um jantar top pra gente – disse ela
- Claro que pode, me passar seu endereço pelo wpp que eu chego rapidinho. Vou passar em casa, tomar um banho e vou pra sua casa. – falei
- Tá certo então, te espero. Beijo.
Nos despedimos e eu levantei da cadeira para organizar minhas coisas para ir pra casa. Cheguei em casa, tomei um banho e me arrumei de forma casual pra ir pra casa da Júlia. Peguei um dos vinhos que eu havia comprado para colocar na minha mini adega e segui para dela.
No caminho, com um pouco de trânsito aproveitei pra mexer um pouco no celular. Nele havia uma notificação do Instagram, e era nada mais nada menos de que uma cantora com mais de 20 milhões de seguidores no Instagram pedindo pra me seguir. Vocês já sabem quem é. Aproveitei o tempo parado para seguir de volta e olhar os stories dela. Claro que tinha muito show, muita música, muito tudo.
Enquanto eu via as coisas dela, alguns perfis de fofoca começavam a tentar me seguir e é claro que eu recusava, provável que viram ela me seguindo e já foram tentar descobrir algo sobre mais uma amizade da Isabela. Acontece que involuntariamente eu acabei clicando em um desses perfis, e a primeira foto que eu me deparei foi com a Isabela beijando um cara, e se eu me recordo bem era um ator famoso.
Na foto a seguinte legenda “A cantora Isa segue em novo romance, o amor está no ar”.
Aquilo me incomodou, incomodou bastante.
Buzinas e buzinas me despertaram do transe de ódio e ciúmes.
Sim eu estava com ciúmes de ver a Isabela beijando outro cara. Segui com o carro e fiz questão de esquecer meu celular e aproveitar a noite que me esperava. Isabela não ia estragar minha noite hoje.
Cheguei no apartamento da Júlia, ainda incomodada e transtornada de ódio. Subi o elevador e toquei a campainha. Ela atendeu e estava linda, com um vestidinho curto e solto, e como sempre sorrindo pra mim. Ela é uma mulher incrível.
- Ei – disse ela
Eu entrei, coloquei minha mão na nuca dela e puxei ela pra mim dando um beijo intenso.
Julia colocou as mãos na minha cintura colando nossos corpos intensificando mais ainda nosso beijo. Com o pé fechei a porta e encostei Júlia na mesma enquanto ela explorava minha boca com a língua. Um beijo doce e gostoso. Ela mordeu meu lábio e sorriu dizendo
- Meu Deus, eu juro que não esperava por isso – me deu um selinho demorado
Coloquei minha mão no seu rosto, comecei a rir com vergonha
- Desculpa, Ju. – eu disse me justificando – Eu não sei o que me deu na cabeça.
- Não precisa disso, eu adorei. – disse ela segurando minha mão – Vem vamos comer, aposto que você está com fome.
- Nossa eu tô com muita fome e também trouxe um vinho pra gente – entreguei pra ela
- Arrasou, eu amo vinho – sorriu pra mim – Vou colocar o jantar na mesa pra gente tá bem? Fica à vontade
- Tá ok – respondi
Como assim eu entro na casa da garota fazendo isso? Que que eu tenho na cabeça?
- Ana? – chamou ela
- Oi – respondi
- Vem vamos comer!
- Sim, claro – falei
Nós sentamos e começamos a nos servir. A Júlia tinha feito um filé ao molho madeira com arroz a piamontese. Estava divino.
- Parabéns, você cozinha muito bem, dança muito bem e eu tenho certeza que vai ser uma médica maravilhosa – eu disse rindo
- Ahhh, eu fico grata com tantos elogios. Obrigada, Ana. – respondeu – Vem, vamos sentar no sofá pra conversar mais e beber também. Você arrasou no vinho.
- Meu pai sempre foi um apreciador de vinhos. Eu cresci bebendo vinho praticamente todos os dias desde a adolescência – falei enquanto caminhávamos em direção ao sofá com a garrafa e as taças –
Sério? E seus pais moram aqui no Rio? – perguntou
- Não, eles moram em São Paulo. Meu pai tem uma construtora lá e queria que eu abrisse um negócio aqui. Então, desde que cheguei da França eu logo me mudei pra cá. Julia me olhava atentamente enquanto levava a mão para acariciar meu rosto.
- Engraçado, a Isa nunca falou de você – disse ela
Aquilo me doeu um pouco, mas quem sou eu na fila do pão depois de ter abandonado Isabela.
- A nossa história é complicada, crescemos muito amigas até eu ir embora e fazer faculdade fora. Infelizmente perdemos o contato e nos afastamos.
- Ana, posso te perguntar algo um pouco pessoal ? – perguntou
- Sim, claro que pode. – respondi
- Você gosta da Isa?
Fim do capítulo
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