CAPÍTULO VINTE E TRÊS

As flores, também tem seus espinhos

                Todo início de namoro é uma maravilha e não seria diferente para o novo casal. Maria Eduarda e Luiza estavam sempre se esbarrando pelos corredores da faculdade. Escapadas para beijos e amassos na biblioteca. Até mesmo nos reservados dos banheiros. As duas pareciam adolescentes. Com o namoro, Duda que tinha fama de patricinha teve que vencer a barreira que construirá ao longo dos anos para pode se aproximar dos amigos de Luiza. A morena sempre procurava um motivo para ficar por perto. Por isso, passou a se comunicar mais com as pessoas próximas da loira. Uma delas era Gabi, que era muito amiga da Erica, que por tabela tornou-se muito amiga da Luiza. Mas, apesar daquela adrenalina do namoro escondido, a morena começava a cobrar uma postura da estudante. Assim como seus amigos, Maria Eduarda também queria sair com a namorada. Era nos finais de semanas que as brigas se tornaram mais frequente. Afinal, a loira precisava trabalhar. As desculpas tornavam-se insuficiente. E para ajudar, Amanda passou aporrinha sua vida. Sempre que a encontrava dava uma investida principalmente quando sabia que Duda estava observando. O que gerava mais briga.

***

Três semanas depois, sábado à noite.

                — Você nunca pode Luiza! Qual é o problema de ir no aniversário da Malu comigo, ela é minha amiga? — questionou a estudante.

                “Amanda estará lá” pensou a loira. — Tivemos uma semana cheia, estamos em época de prova, não entendo essa necessidade de vocês estarem em uma festa todo final de semana — replica a loira.

                — A vida não é apenas faculdade — rebate. — O problema que você nunca quer sair comigo e meus amigos. Não tem nada mais desagradável do que ter uma namorada e mesmo assim ter que ir sozinha para os cantos.

                — Duda, há pessoas que não tem pais ricos. — Disparou a loira no automático. — Que precisam ralar para ter as coisas sabia? — Luiza se arrependeu no mesmo instante. Tratou logo de emendar antes que perguntas começarem a se forma na cabeça da sua oncinha. A loira abraçou a namorada. Mudou de tom. — Estou muito cansada, pensei em pegar um cinema com você, ou melhor, podemos ficar em casa, escolhemos um filme, compramos pizza, tomamos sorvete, fazemos amor… — a última frase saiu num sussurrou, a loira deu uma leve mordida na orelha da outra. Duda se desmanchou, estava morrendo de saudade de ficar a sós com sua namorada.

                — Você só quer ficar na sua casa, vamos então pra minha.

                — Tá bom!

                Luiza não gostava de ir à casa da namorada, mas não estava em condições de fazer exigência, foi até seu quarto, pegou algumas mudas de roupa, depois voltou a sala. Em seguida seguiram para o apartamento da estudante. As duas já tinham feito amor e agora estavam deitadas no sofá da sala se empanturrando de sorvete e vendo um filme que a morena escolhera. No entanto, o sossego acabou quando o telefone da loira tocou em sua bolsa.

                — É seu telefone — informa Duda.

                Luiza levanta-se e vai até sua bolsa. O coração acelera. “Amanda”. A loira rejeita a ligação. Mas o telefone volta a tocar. A loira sabia o quanto a morena era insistente. Caminhou até a varanda.

                — O que quer? — pergunta entre os dentes.

                — Quem é amor? — pergunta Duda curiosa.

                Luiza segura no fone e faz sinal para ela esperar. — O que você quer comigo? — pergunta baixinho.

                — Sexo — disse Amanda em uma alta gargalhada. — Você não sabe que é minha vadia favorita.

                — Já disse que não trabalho para você.

                — Não me faz ri Luiza, você não passa de uma vagabunda. Mas vou refrescar sua memória. Você me deve esqueceu? Afinal, até onde sei você é uma mulher de palavra. Paguei muito bem pelos seus serviços quando transferir para conta da Sra. Heloísa — dispara. — Estou carente, então hora de cobrar velhas dívidas. Não sou muito boa em cálculo. Me diga, quantos programas tenho direito? — pergunta com desdém.

                — Olha aqui guria… — segurava o telefone com força. Uma raiva emergia dentro dela. Queria gritar, mas Duda já estava em sua frente de braços cruzados.

                — Porque você estar conversando baixinho. Quem é Luiza? — perguntou séria.

                — Ninguém importante — desconversa desligando o telefone.

                — Se não é ninguém de importante porque não me diz quem é?

                — Duda, por favor!

                Duda foi dominada pelo ciúme. Tomou o celular da mão de Luiza bruscamente e tentou olhar a chamada. Luiza irritada pela ousadia pegou o telefone de volta deixando a namorada furiosa. Duda volta a tentar pegar novamente o aparelho. As duas passam a discutir. Sem querer Duda toma o celular da loira que espatifa no chão.

                — Satisfeita — ralha a gaúcha.

                — Me desculpa — a morena pega o aparelho no chão, mas tela estava toda quebrada. — Quem era a mulher com quem estava falando? — recupera a pose.

                Luiza num movimento rápido toma o celular das mão da namorada. A loira fica nervosa.

                — Que mulher guria, está ficando doida?

                — Era mulher sim, eu escutei bem como você disse GURIA… Você ficou toda nervosa, quem é essa piranha? — Duda estava tomada pelo ciúme, exigia uma resposta. Segurou Luiza pelo pulso.

                — Me solte — Luiza dispara, enviando um olhar gelado para a namorada.

                Duda recua e a solta. — Se não era nada demais, porque não diz quem é?

                — Maria Eduarda estou ficando cheia do seu ciúme. Que droga! Ninguém pode me ligar que você quer saber quem é ou deixou de ser.

                — Isa se eu te pegar com alguma rapariga eu quebrou as pernas dela…

                — Não me ameace Maria Eduarda. E sabe de uma coisa, vou embora.

                Duda pede desculpa a namorada, mas Luiza estava irritada demais para ficar naquela casa. Amanda havia conseguido enfurecê-la. A loira saiu em disparada.

***

Em casa

                — O que foi guria? Tu não ias dormir na casa da Duda. — Pergunta Isabela ao ver a prima entrando em casa batendo a porta.

                — Estou perdida. Amanda ligou me cobrando.

                — E desde quando você está devendo e ela?

                — Desde que ela transferiu dinheiro para mamãe.

                — Isa, já parou para pensar que esse perrengue todo deve ser porque essa guria deve ter se apaixonado por você. Isso explica toda essa obsessão. E quanto é?

                — Cinquenta mil reais.

                Isabela abriu a boca em formato de O. — Isso é muito dinheiro.

                — Para gente é sim.

                — Você está assim por causa da Duda, não é?

                — Se ele descobrir a verdade nunca vai me perdoar.

                — Então é melhor arrumar um jeito de devolver esse dinheiro, e a única forma é pegar o telefone e ligar para Tia Helô. Melhor encarar sua mãe do que ficar nas mãos dessa guria.

Fim do capítulo