Capitulo 14 - Avisos
Heloísa não gostou do que Duda lhe contou sobre ela e Giselle estarem namorando. Deixou a amiga sentada na beira da piscina e foi até a cozinha onde o marido temperava uma carne para assar para os variados amigos presentes no seu aniversário.
_ Isso está passando dos limites.
Michel não entendeu a cara da esposa e perguntou:
_ Giselle resolveu levar essa história de ficar com Duda realmente a sério. Parece que ela não liga mesmo para o risco de machucar para valer a minha melhor amiga.
_ Calma, amor, você não pode controlar tudo ao seu redor. Tenho certeza que as intenções de Giselle são as melhores.
Helô achou graça nas palavras do marido.
_ Ela ao menos vai aparecer hoje?
_ Não, ela tem trabalho.
Helô foi até seu quarto e pegou a bolsa, passou correndo pela cozinha e disse para o marido.
_ Estou indo e você sabe aonde e não me pergunte como eu sei onde aquela desgraçada se esconde, apenas tente manter suas coisas mais organizadas pela casa.
Michel não teve tempo para responder.
Com uma grande fatia de filé nas mãos ensangüentadas, viu Helô abrir a porta e sair.
Helô chegou à porta de Anabelle e bateu campainha.Lá dentro, uma bela mulher estava terminando de arrumar sua bagagem. Há poucos minutos, havia pedido um taxi, mas a rapidez do mesmo chegou a pegá-la de surpresa.
Abriu a porta e deu de cara com Helô. Uma Helô transtornada.
Sem ligar para os preparativos da viagem, Helô empurrou Anabelle e fechou a porta atrás de si.
_ Você quase acabou com meu casamento, mas não vai estragar a vida da minha melhor amiga. Você pode ter a mulher que quiser, por que mexer logo com ela? Não vê que ela está totalmente apaixonada por você? Está sendo divertido para você?
Anabelle estava cabisbaixa.
Só agora Helô pode notar a arma na cintura da mulher vestida para agir em alguma missão super especial em algum país da América Latina.
_ Eu a amo.
Helô não sabia o que dizer. Anabelle a pegara de surpresa.
_ Que...o que?
_ Isso mesmo, Heloísa. Não sou nenhuma santa, mas eu também fui mais longe do que esperava, eu tentei me controlar, seguir os padrões de não me envolver. Só que não deu, dessa vez eu perdi. Dessa vez seu sentimentalismo barato parece fazer sentido. E não me olhe assim, eu não sei o que vou fazer.
_ É melhor você voltar dessa bendita viagem sabendo o que vai fazer, senão vai se vê comigo.
Helô caminhou para a porta de saída, mas se virou:
_ Só mais uma coisinha: sobre o meu marido estar novamente nessas merd*s de missões especiais, sempre soube que você voltaria para destruir tudo, para roubá-lo de mim. Você pode ter convencido ele a voltar, mas não me convenceu a concordar com tudo isso. Estou de olho em você, é bom você não errar, não com a Duda.
Parada vendo Helô sumir pela porta, Anabelle teve vontade de desaparecer, afinal era especializada em não deixar pistas. Mas não conseguia, sair do país ainda era uma difícil missão. Imaginava Duda sentada à beira da piscina com seu inseparável computador sobre a mesa lendo notícias ou escrevendo belas crônicas.
Entrou no taxi minutos depois não sem antes se arrepender de ser tão fraca e se deixar levar por sentimentos, sentimentos tão puros como o amor e a saudade.
Sentir saudades.
Anabelle desceu no aeroporto do México e um homem moreno a aguardava impaciente. Cumprimentaram-se formalmente e ele a entregou uma chave e um envelope preto.
_ Tudo o que vai precisar está aí dentro. O Dr. Maldonado a aguarda daqui a quarenta minutos no Hall do hotel em que a hospedou.
Calada, se dirigiu até o estacionamento, reconheceu seu velho carro e entrou nele sem tempo para respirar. Precisava correr se quisesse chegar a tempo.
Após tomar um demorado banho, vestiu um belo vestido que comprara no dia anterior. Calçou belas e caras sandálias e após se maquiar, desceu as escadas, já avistando Maldonado em pé acompanhado de três homens, seus homens.
_ Anabelle querida, você está ótima. O amor parece lhe fazer bem.
Anabelle apertou a mão estendida para ela e sorrindo o seguiu até o carro.
Dentro do carro, o silêncio do chefe a deixava louca até Maldonado jogar uma pasta sobre as coxas de Anabelle.
Anabelle a abriu. Era tudo sobre Duda.
_ Olha, Anabelle, espero que não fique com raiva, precisava ter certeza que ela não era perigosa e olha só, ela parece ser incapaz de fazer mal a uma mosca! _ ele disse tranqüilo apontando para uma entre tantas fotos de Duda que estavam dentro da pasta. _ Ela é uma escritora, uma artista!
Apesar do seu jeito aborrecido de sempre, como se o mundo inteiro fosse um erro que pesava sobre suas costas (o que na maioria das vezes era correto), Maldonado havia gostado da menina, Anabelle sabia disso. Sorridente, devolveu a pasta a ele e mais relaxada se pôs a brincar com a situação.
_ Não vejo a hora de ver a sua cara ao conhecê-la.
_ Não brinque, Anabelle, isso não são horas. Você sabe o risco que corre se envolvendo com alguém e o risco que ela corre por se envolver com uma agente de operações secretas do governo norte- americano. Você e a nossa organização junto a vitórias colecionam inimigos. Por favor, tenha cuidado e é claro que você vai precisar enfrentar muitos problemas por causa dessa sua nova paixão.
_ Não é paixão, é amor.
Maldonado a olhou decepcionado.
_ Como sabe? Nunca amou ninguém além de você mesma. Vai ter que mudar muito. Para ela vai ser difícil entender a vida que você leva, todas as mentiras que contou, até o seu nome não é seu, você acha que ela será capaz de superar isso tudo por você?
Anabelle começava a não gostar do rumo da conversa.
_ Sim, é claro, ela me ama como eu a amo.
_ Vocês duas têm um longo caminho a percorrer até saber o que é o amor.
_ E eu quero percorrer, não importando os riscos.
Maldonado começava a suar.
_ Tem certeza? Você está há meses com essa menina e nem sequer se preocupou em saber se ela estava sendo seguida ou coisa do tipo. Deveria se envergonhar pelo seu descuido que eu, como sempre, tive que consertar.
_ O que quer dizer com isso?
_ Ela já está na mira, você se quiser levar isso adiante, terá que conversar com ela. Ela já está na mira dos seus inimigos e eu não seria tão incompetente como você deixando-a sozinha enquanto viaja. Há um homem nosso na cola dela. E ela tem o direito de escolher se quer ou não assumir essa vida contigo.
Anabelle desceu do carro como uma adolescente que acabara de receber uma bronca merecida do seu pai. Apesar disso, seu orgulho sempre tão feroz, parecia prestes a sair goela a cima. Com cuidado, escolheu as palavras para se referir ao chefe sem confrontá-lo:
_ Agradeço o cuidado com a Duda. Creio que estou em dívida com você.
Maldonado sorriu. Ela havia entendido o recado, de um jeito ou de outro.
_ Eu gosto dela, não sei o porquê, mas eu gosto dela.
Calados entraram no enorme edifício a frente. Havia missões a se cumprirem.
Fim do capítulo
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