Capitulo 12 - Amor, essa palavra de luxo
Giselle corria na pela Praça de São Norberto, sua corrida matinal sempre rotina em sua vida quando estava em casa. Ela sabia que estava entrando numa área de risco nas últimas semanas. Havia se permitido envolver-se em um relacionamento com a bela e divertida jornalista amiga da mulher de Michel e sabia que já havia passado da hora de parar com tudo aquilo.
Porém, para sua surpresa, o que começara como uma inesperada paquera tomava dentro de si uma proporção gigantesca. E não era o medo de magoar Duda, mesmo já sabendo que a mesma acabara de se decepcionar intensamente em seu último relacionamento amoroso.
Giselle não sabia como agir. Durante sua vida apenas uma vez havia se envolvido com uma mulher e não passara de uma noite em que bebera além da conta em uma festa do IBBIN.
Agora aquilo era mais sério. Durante o dia se pegava pensando em Duda, imaginando o que ela estava fazendo, se estava bem, se havia se alimentado direito, se estava pensando nela também.
O dia custava a passar, tentava terminar as missões de forma mais rápida para voltar mais cedo e encontrá-la.
Imaginava sua feição sorrindo, esbravejando, falando, prestando atenção.
Sabia cada reação da jornalista.
E é claro que já sabia tudo que sua posição permitia que ela soubesse: local de trabalho, salário, dados pessoais como o nome do pai, da mãe, o endereço do pai já que a mãe parecia não mais existir. Procurou por certidão de óbito da mãe, não encontrou. Haveria algo de doloroso ali também?
Também sabia a escola, a faculdade, as notas da faculdade, os registros da carteira de trabalho, enfim, tudo que poderia saber em uma rápida conversa, mas estava tão eufórica para saber mais sobre aquela mulher, que já na primeira noite em que a vira, após a festa na casa de Michel e a coincidente carona, pesquisou tudo no dia seguinte, já que mal dormira aquela noite, sentindo “coisas” que até então pensava fazer parte apenas dos raros romances que lera à força na escola.
Quando se aproximava de Duda, sentia palpitações, as pernas e mãos trêmulas, o coração disparado, um incômodo na região abdominal e muita, muita vontade de beijá-la, não importando onde ou quando.
A princípio achou tudo aquilo divertido, depois percebeu que não era algo que passaria assim tão rápido e seu próximo passo foi tentar diminuir a pessoa da jornalista para tentar se convencer da bobagem que estava cometendo.
“Ela é apenas uma jornalista, é bonita, mas convivo com pessoas muito mais lindas e ricas, além de bem estáveis. Ela trabalha para um jornal pequeno sem muito futuro e o pior, ela é pouco ambiciosa, está mais para ficar em um lugar e vender livros do que sair correndo atrás de sonhos grandiosos. Preciso de alguém forte amo meu lado, alguém que pense mais próximo do que eu penso, que queira almejar grandes desafios.”
_ O amor não é um contrato, você está interligando a sua vida tanto ao trabalho que trata as pessoas como se as mesmas fossem previsíveis, dando a sua opinião como certa, absoluta. Essa forma de ver o mundo e as pessoas pode te limitar e muito. _ Maldonado conversava com ela entre um cigarro e um copo de tequila. Há tempos ele e Anabelle eram amantes e agora era a primeira vez que Anabelle não conseguira ir além de beijos frios com o americano pra lá de charmoso.
_ Sei que deveria está te falando o contrário, te aconselhando a esquecê-la, mas estamos num quarto luxuoso de hotel, eu estou sem camisa, você está apenas de calcinha e não sou o seu chefe o tempo todo. Sou homem e sei o que está se passando pela sua cabeça.
Maldonado levantou- se da poltrona de couro em que estava sentado nos últimos minutos escutando o depoimento desesperado de Anabelle. Andou pelo quarto enquanto os belos olhos azuis que tantas vezes o havia tirado o sono, o seguiam de perto.
_ Anabelle, minha linda, você sabe a burrice que cometi me apaixonando por você, não sabe? Porém, um homem do meu nível e com o meu dinheiro pode se dar o luxo de se apaixonar e apesar de sonhar escutar da sua boca que me ama como eu amo você, fico feliz que você tenha a capacidade de ao menos se apaixonar. Por um longo tempo pensei que nem isso você era capaz, que algo teria a feito ficar dura demais até para ser imperfeita, humana, errada.
Anabelle prestava atençao ao discurso de Maldonado com atenção, ela também tivera esse medo. Todas as mulheres com que conversava durante toda a sua vida desejavam ter um relacionamento, construírem algo e ela sempre as julgava infantis e muito previsíveis.
Imaginava uma vida diferente para si, não conseguia se imaginar presa a alguém. E mais, ela não era uma mulher qualquer, era uma espiã, seu trabalho poderia expor além do seu pai, quem ela estivesse se relacionando.
Com certeza, Maldonado já sabia há tempos que estava saindo com a jornalista e ela como os outros com quem se envolveu desde que estava na IBBIN, a pequena já deve ter sido investigada também.
Anabelle ou Giselle, dois nomes amando a mesma mulher. Duas pessoas distintas que agora se chocavam. E assim estava Anabelle: perdida pela primeira vez ou na visão dos românticos: amandoFim do capítulo
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