Capitulo 2 - Contemplação
Entram no apartamento e Duda começa a tirar a roupa ainda na sala.
Anabelle quer entrar no banheiro com ela, mas tudo o que lhe resta é a porta fechada. Pela primeira vez a porta do banheiro está fechada.
Enquanto isso, liga a TV e se arrepende logo em seguida. O escândalo já havia tomado proporções catastróficas. Ela poderia imaginar o Chefe detrás de sua mesa, tentando consertar o que não tem conserto, tentando subornar as emissoras para que parassem de noticiar tanto aquilo.
Estava exausta, há dias não dormia e todo esse mundo de espionagem parecia distante agora. Ontem cedo ela era uma agente secreta, hoje à noite ela não passa de uma desempregada com uma fama não muito boa.
Ainda por cima ela não contava com aquela reação tão ruim de Duda, pior, que ela estivesse no grupo de jornalistas que deveriam ser calados por estarem juntando provas sobre o trabalho sujo que a empresa fazia, sobre o trabalho que ela geralmente era a “líder”.
Bom, tudo havia acontecido, agora era esperar ser desligada oficialmente e se preparar para uma nova guerra a cada manhã. Era formada em Administração de Empresas e tinha pós em Relações Interpessoais. Era a hora de voltar-se para a sua vida acadêmica e seguir em frente.
Ao contrário de Ramon, possuía uma habilidade única de se adaptar aos diferentes tipos de vida e não teria problemas em abandonar a sua antiga vida, para falar a verdade estava meio cansada dela.
Seu único medo pairava de frente a ela agora, estava enrolada numa toalha azul e os olhos inchados denunciava que havia chorado no banheiro.
_ Você vai ficar aí sentada me olhando desse jeito? O que pretende fazer da sua vida agora?
A voz dela estava mais doce e Anabelle acreditou por um minuto que era capaz de conquistá-la novamente.
_ Eu vou começar pelo banheiro. Vou tomar um belo banho e depois vou me sentar e fazer um bom currículo. Tenho um bom dinheiro guardado e por isso tentarei arrumar um trabalho em algo que eu realmente goste de fazer.
_ Sim, está certa. Mas o que você gosta de fazer?
Anabelle mirou o quadro na parede da sala antes de responder:
_ Pintar, eu amo pintar, mas nesse momento eu preciso focar em algo que eu veja rentabilidade. Quem sabe ter a pintura como hobby?
Duda estava com os olhos arregalados.
_ Uau! Você não para de me surpreender!
Duda entrou para o quarto e bateu a porta. Cinco minutos depois estava vestida para matar.
Anabelle ainda mirava o quadro.
_ Onde você vai assim? _Anabelle sentiu algo dentro de si acordar, algo que até então não nunca havia sentido tão forte: ciúme.
_ Vou encontrar os meus amigos. _Duda sentiu os olhos de Anabelle de uma forma que nunca tinha sentido antes.
_ Você não vai. _ Anabelle estava com lágrimas nos olhos.
_ Quem vai me impedir? Você? _Duda caminhou para o corredor que levava a porta e Anabelle parou de frente a porta, impedindo a sua saída.
_ Eu me recuso a deixar você passar.
_ E quem você pensa que é para decidir esse tipo de coisa?
_ Sou sua mulher.
_ Não legalmente.
_ Por enquanto.
_ Por enquanto eu posso sair. Por enquanto você deve ficar longe de mim. Por enquanto eu preciso sair de casa e pensar se vale mesmo a pena continuar com essa mentira que se tornou o nosso relacionamento.
_ Se você sair assim vão atacar vocês na rua e você ainda me deve fidelidade, se não estou enganada.
Duda riu de forma nervosa:
_ Anabelle, não banque a infantil. Eu preciso ir e preciso ir agora.
Anabelle então começou a fazer algo que nem Duda poderia sonhar.
Caminhou até a sala e começou a tirar toda a sua roupa. O corpo dela estava tomado de hematomas e cortes, marcas dos embates físicos e psicológicos que vinha enfrentando, e ela começou a chorar de forma silenciosa.
_ Se você sair por essa porta, eu juro que vou me jogar dessa janela. Eu estou falando sério. Antes que você alcance o térreo eu já estarei morta.
Anabelle caminha em direção à janela. Duda larga sua pequena bolsa no chão e corre para fechar a janela.
Assim, nua, machucada e em prantos, ela via a mais bela mulher que já conhecera parecer uma menina frágil. Uma mulher que era considerada a melhor agente secreta de todos os tempos estava na sua frente totalmente desprotegida. E ela, o que ela faria?
_ Anabelle, por favor. Me diz quem fez isso com você.
Anabelle se ajoelhou no chão e Duda a abraçou com cuidado.
_ Não me deixa aqui sozinha, Duda, o mundo está desabando na minha cabeça e eu sou capaz de suportar tudo isso desde que você esteja ao meu lado. Sei que estou te pedindo muito, mas é que preciso demais de você agora do meu lado.
Duda a abraçou e elas se beijaram. Em minutos estavam se amando no tapete barato da sala.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Sem comentários
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook: