Esconderijo por Lou
Capítulo 22 - Reaproximar
Capítulo 22 – Reaproximar
Ana Júlia se deixou levar ao sentir os lábios de Laísa tocarem os seus. O beijo começou com um leve roçar dos lábios, que se conheciam e reconheciam, sem pressa, teve gosto de saudade e sentimentos para as duas. Mas num lapso de consciência, Ana Júlia afastou Laísa e foi para longe.
- O que houve? – Laísa perguntou surpresa.
- Eu… Eu preciso de um pouco de calma, Laísa. – Ana Júlia falou recuperando o fôlego que lhe faltou. – Eu não estou disposta a servir de consolo para seus problemas com Vitória.
- Ana Júlia, será que você pode deixar a sua prima de fora da nossa conversa? – Laísa revirou os olhos, mas entendia aquela certa insegurança. – Eu não posso negar a minha história com a Vitória e nem que ainda existem sentimentos por ela, mas isso não quer dizer que ela tem que estar sempre entre nós, isso sequer me impediu de me apaixonar por você. Aliás, você ouviu essa parte? Eu me apaixonei por você, Ana Júlia!
Laísa tentou se aproximar novamente, mas foi repelida pelo olhar sério de Ana Júlia.
- Sim, eu ouvi tudo que me disse e você não imagina o quanto eu desejei ouvir isso, mas eu realmente preciso ir devagar com isso aqui. – Falou apontando para as duas. – Eu não quero me magoar e acabar criando uma nova guerra com Vitória.
- Tudo bem, eu só não quero me afastar de você outra vez. – Laísa falou carinhosa e Ana Júlia sorriu, percebendo que seu encanamento pela loira continuava o mesmo. – Acho melhor eu ir para o meu quarto então.
- Não, não precisa ir.
Ana Júlia se acomodou no pequeno sofá que tinha no quarto e fez um gesto chamando Laísa.
- Me conta tudo que eu perdi enquanto estive fora.
Laísa foi até o sofá e deitou, se aconchegando no peito de Ana Júlia, que sorriu feliz com aquela pequena atitude.
As duas conversaram por um tempo, Laísa falou sobre os acontecimentos que Ana Júlia perdeu quando não estava presente, enquanto ela contou tudo sobre seu tempo em Londres, e depois apenas ficaram ali deitadas e sentindo o carinho uma da outra até pegarem no sono ali mesmo.
Laísa foi a primeira a acordar e com cuidado se desvencilhou do abraço de Ana Júlia. A loira sorriu encantada ao observar o sono profundo de Ana Júlia naquele pequeno sofá e decidiu ir até seu quarto e tomar um banho antes de começarem um novo dia. Ainda era sábado e as duas tinham um longo dia de evento pela frente.
Feliz, Laísa tomou um banho relaxante em seu quarto e aproveitou para ligar para sua mãe.
- Oi, mãe! Estou com saudade, como estão as coisas por aí? Papai está bem?
- Oi, filha, que bom falar com você! Estamos todos bem, seu pai está ótimo e com saudade de você também. Como está tudo aí, filha? Tá com uma voz animada, deve estar aproveitando bastante!
- O congresso está sendo ótimo, mãe, mas eu tenho uma novidade que vai te deixar muito mais animada. – Laísa fez um suspense e escutou a mãe resmungar do outro lado da linha. – Ana Júlia está aqui comigo!
- Como assim, filha? Vocês foram juntas e não contaram para ninguém? Bem que ela me disse que estava voltando para o Brasil.
Laísa contou o que tinha acontecido para Adriana, que ficou feliz por saber que as duas estavam se acertando, já que torcia pela felicidade de ambas, da forma que fosse. Mas não deixou de pedir a filha que tivesse realmente calma naquela reaproximação, pois estava passando por várias coisas ao mesmo tempo e acabara de sair de um relacionamento.
As duas acabaram perdendo a noção do tempo naquela conversa e quando Laísa deu por si já estava atrasada. Então se despediu da mãe e correu para terminar de se aprontar.
Ana Júlia acordou e procurou por Laísa, na esperança de encontrar por ali ainda, mas notou que a loira havia ido embora.
Um misto de coisas passou pela sua cabeça, que ainda não tinha total segurança naquilo que estava começando entre elas. Mas Ana Júlia resolveu confiar em Laísa e em tudo que ela lhe disse na noite anterior e deixou suas confusões de lado.
Como se fosse para confirmar seu pensamento, Ana Júlia escutou leves batidas na porta e em seguida Laísa entrou em seu quarto. A loira estava tão sorridente que Ana Júlia não conseguiu evitar sorrir para ela também.
- Bom dia, princesa! – Laísa falou animada, fazendo Ana Júlia sorrir ainda mais.
- Bom dia!
Laísa se aproximou e deu um beijo no rosto de Ana Júlia. Estava disposta a levar as coisas com calma, não queria que nada desse errado entre as duas e não se perdoaria se magoasse Ana Júlia novamente.
- Já está pronta? – Laísa se jogou na cama, que estava arrumada. – Pensei em te acordar para deitar aqui mais cedo, mas você estava dormindo tão profundo que não quis incomodar.
- Sim, já estou pronta! – Ana Júlia se olhou rapidamente no espelho. – Poderia ter me acordado, estou com uma leve dor no pescoço e nas costas por ter dormido nesse sofá.
- Bom, já que a culpa foi minha, prometo te fazer uma massagem mais tarde. – Laísa piscou maliciosa, fazendo Ana Júlia sorrir. – Vamos então?
- Vamos!
As duas deixaram o quarto e Laísa se surpreendeu quando sentiu Ana Júlia segurar sua mão, mas logo retribuiu o carinho e as duas seguiram sorridentes.
…
Vitória acordou naquele sábado sentindo todo seu corpo doer e sua cabeça mais pesada que o normal. Apesar de saber que não estava nada bem, não sentia qualquer vontade de tomar uma atitude que a tirasse daquela situação.
Na noite anterior, descobriu ao ver fotos em redes sociais que Ana Júlia fora uma das palestrantes do dia no congresso onde Laísa estava. Num ataque de fúria, jogou seu celular contra a parede.
Agora tinha total certeza de que estragou tudo e perdeu Laísa, mas não para Ana Júlia, e sim para si mesma, para seus fantasmas do passado que ela mesma permitiu que voltassem a assombrá-la.
Vitória não tinha vontade de sair de casa, nem de trabalhar, que sempre fora sua paixão, estava entregue a culpa que carregava por todas as suas atitudes egoístas e impensadas nos últimos anos. Mesmo recebendo ligações e sendo procurada pelos funcionários do escritório, que não entendiam seu sumiço, Vitória não saia de casa há alguns dias e não pretendia mudar tal situação, já que dentro da sua casa poderia simplesmente fingir que o resto do mundo não existia e se afundar em bebidas alcoólicas que a faziam relaxar por alguns momentos.
…
Ana Júlia e Laísa passaram o dia de sábado juntas, ambas sentindo-se felizes por estarem recuperando a amizade e o companheirismo que sempre tiveram.
Ana Júlia fez questão de apresentar Laísa para todos que conhecia, o que era muito bom para a loira que ainda estava em início de carreira.
Depois de um longo dia, com o fim dos eventos, as duas foram junto com alguns amigos de Ana Júlia para um bar da região para aproveitar a noite de sábado, já que no dia seguinte apenas teriam um café da manhã e o encerramento do evento e partiriam para casa.
Marcos e Thaís eram dois amigos que estudaram com Ana Júlia na faculdade e estavam na mesa com elas, além de Natália e Sara, duas arquitetas que Ana Júlia conhecera em edições anteriores do congresso. Todos estavam sentados na mesa já um tanto alterados depois de algumas rodadas de cervejas.
- Eu animo uma rodada de tequila! Por minha conta! – Marcos sugeriu animado.
- Eu passo! – Sara falou com uma careta.
- Passo também! – Agora foi a vez de Thaís negar.
Ana Júlia olhou animada para Laísa, mas a loira fez uma careta só de imaginar tomar aquela bebida.
- Tô com as meninas nessa! Eu passo. – Ana Júlia fez uma cara de emburrada que acabou arrancando risadas de Laísa. – Nem adianta fazer essa cara, eu tô fora.
Ana Júlia revirou os olhos contrariada, mas logo sorriu para os amigos.
- Eu topo! E a Natália também! – Falou animada e recebeu um tapa da amiga. – Aí, para com isso, até parece que você iria recusar bebida de graça.
- Isso aí! Por isso eu me amarro na Aninha! – Marcos comentou e recebeu um olhar desconfiado de Laísa. – Com todo respeito, é claro!
As duas não tinham falado nada aos amigos sobre estarem juntas, mas todos perceberam o clima entre elas.
Laísa apenas sorriu enquanto os três saíram da mesa rumo ao bar.
- Não acredito que amanhã já acaba tudo e segunda-feira já volto para a rotina. – Thaís comentou desgostosa. – Eu amo meu trabalho, mas odeio aquele escritório.
- Está pensando em sair de lá? – Sara perguntou curiosa. – É muito ruim mesmo trabalhar em um lugar que não nos sentimos bem.
Laísa lembrou-se de algumas vezes Vitória ter comentado sobre a necessidade de contratar alguém, já que a vaga de Ana Júlia estava em aberto.
- Bom, o V3 está precisando de uma arquiteta para substituir a Ana Júlia, posso ver se consigo te ajudar de alguma forma, se você quiser, é claro. – A loira sugeriu.
- Nossa, eu iria adorar, Laísa. Não é todo dia que temos a oportunidade de trabalhar num dos escritórios melhores conceituados do país.
- Ah, eu não acredito que vocês estão falando de trabalho num bar em pleno sábado a noite. – Ana Júlia interrompeu claramente mais alterada depois de ter tomado sua dose de tequila. – Vem, Laísa, vamos dançar!
Ana Júlia sequer deu tempo para Laísa responder e já a puxou pelo braço para a pista onde as pessoas estavam dançando.
Laísa notou que Ana Júlia estava com um copo cheio de cerveja na mão e se preocupou com a ressaca que ela teria no dia seguinte.
- Eu acho que já está bom de bebida para a senhorita hoje, né?
Ana Júlia grudou seu corpo ao de Laísa e passou a dançar no ritmo da música que tocava.
- Agora que eu tô ficando mais animada? – Laísa escutou Ana Júlia falar em seu ouvido e sentiu um arrepio involuntário pelo corpo, mas se controlou e a olhou de cara feia. – Tudo bem! Esse é o último, ok?
Laísa sorriu satisfeita e as duas se deixaram levar pela música, apenas curtindo a sensação boa de estarem ali juntas.
Laísa tentava controlar as reações de seu corpo ao sentir a respiração de Ana Júlia em seu pescoço, mas também já estava um pouco alta pela bebida ingerida e seus arrepios não passaram despercebidos.
Ana Júlia distribuiu beijos pelo pescoço de Laísa, fazendo um caminho até seu ouvido, onde sussurrou.
- Eu quero ir para o hotel receber aquela massagem que você prometeu mais cedo.
Laísa respirou fundo, tentando controlar seus pensamentos e os desejos que sentia por Ana Júlia.
- E seus amigos, não vão se incomodar? – Perguntou tentando se manter séria. – Você nem terminou esse copo de cerveja.
Ana Júlia virou o líquido do copo de uma vez, sentindo sua cabeça pesar na hora. Laísa fez cara feia ao ver aquilo, mas deixou para lá.
- Meus amigos vão entender. – Voltou a falar no ouvido de Laísa. – Eu quero terminar essa noite só com você!
Laísa se deu por vencida ao escutar aquilo, afinal, também estava louca para ficar sozinha com Ana Júlia.
As duas se despediram dos amigos, que fizeram algumas piadas, e chamaram um carro. Logo, já estavam entrando no quarto de Ana Júlia novamente.
Laísa fechou a porta e antes mesmo de se virar, sentiu Ana Júlia colar o corpo atrás de si. A loira sentiu quando Ana Júlia afastou seus cabelos e começou uma linha de beijos em sua nuca, arrepiando aquela região.
- Você está tão linda hoje que eu passei o dia inteiro pensando em te beijar!
Ana Júlia falou e Laísa percebeu que sua voz já estava saindo um tanto embolada depois de tanto álcool consumido. Mesmo com tesão e desejando Ana Júlia, Laísa achou melhor cuidar dela naquela noite, estava receosa que ela pudesse passar mal.
Mas ainda assim era difícil controlar seu desejo. A loira foi pega de surpresa quando Ana Júlia virou seu corpo para si, mas gostou daquele contato e fechou os olhos por alguns segundos.
- Sua boca é a mais gostosa que eu já beijei. – Ana Júlia falou enquanto dava selinhos em Laísa. – Eu quero te beijar todo dia, toda hora...
Laísa ainda estava de olhos fechados quando sentiu Ana Júlia aprofundar o beijo e cedeu a vontade que também estava sentindo naquele momento. A loira abraçou Ana Júlia, que passeava as mãos pelo seu corpo, e se deixou levar por aquela dança sensual entre seus lábios e línguas. O beijo era carregado de desejo e volúpia, Ana Júlia beijava e ch*pava o lábio de Laísa, que retribuía na mesma intensidade. Mas agora fora sua vez de ter um lapso de consciência e afastar a outra.
Ana Júlia resmungou algo e tentou beijar novamente Laísa, mas a loira se afastou.
- Espera aí, Naju. Senta lá na cama que eu vou pegar um pouco de água para você.
Ana Júlia revirou os olhos contrariada e não obedeceu.
- Eu não quero água, eu quero te beijar, Laísa!
Laísa acabou rindo daquilo, o que acalmou um pouco seu corpo que ainda estava aceso por aquele beijo.
- Não vamos fazer nada hoje que você se arrependa amanhã. – Falou ao entregar o copo de água para Ana Júlia. – Amanhã você vai me agradecer por isso.
Ana Júlia tomou a água e ficou encarando Laísa, que estava achando graça naquela situação.
- Deixa eu tirar esse monte de roupas de você?
Laísa ajudou Ana Júlia a se despir e involuntariamente seu corpo reagiu a visão da mulher a sua frente apenas em trajes íntimos.
Ana Júlia sentiu sua cabeça pesar e seu corpo cansar e se deitou. Laísa até tentou vestir alguma coisa, mas o peso do corpo já quase adormecido não ajudava, então a loira resolveu deixar Ana Júlia dormir daquele jeito mesmo e vestiu em si mesma uma blusa de Naju e se deitou ao lado dela.
Laísa ficou observando o sono de Ana Júlia até que sentiu seus próprios olhos pesarem e adormeceu.
Quando acordou, Laísa se deparou com Ana Júlia acordada enquanto encarava o teto do quarto.
- Bom dia! – Falou baixinho, imaginando a dor de cabeça da outra. – Como está se sentindo?
- Bom dia. Parece que tem uma bigorna na minha cabeça e o quarto não para de girar!
Laísa sorriu e se levantou da cama em busca de seu celular, precisava olhar as horas já que não podiam perder o café da manhã e o encerramento do evento. Somente nesse momento, Ana Júlia reparou em Laísa e notou que a loira estava de calcinha e vestia uma blusa sua.
- Laísa? – Chamou baixinho. – O que aconteceu aqui ontem? A gente dormiu juntas?
- Sim, nós dormimos juntas. – Laísa confirmou distraída enquanto olhava algumas coisas no celular.
- Dormimos mesmo, digo, só dormir ou…?
Só então Laísa entendeu a pergunta e encarou Ana Júlia.
- Só dormimos! Você até queria mais, mas eu sou difícil! – Laísa piscou marota para Ana Júlia, a fazendo revirar os olhos. – Agora dá um jeito de sair dessa cama, já estamos em cima da hora do café da manhã e eu preciso ir ao meu quarto arrumar minhas coisas ainda.
Mesmo com a cabeça pesada e doendo, Ana Júlia obedeceu e foi tomar um banho e arrumar suas coisas, enquanto Laísa fazia o mesmo em seu quarto.
As duas combinaram de se encontrarem mais tarde e irem embora juntas, sem vontade de se desgrudar mais.
No café da manhã, as duas aguentaram alguns comentários e piadas dos amigos, mas nada que realmente tivesse incomodado. E depois do encerramento do evento, seguiram juntas para o aeroporto e descobriram que estavam no mesmo voo de volta.
- Ah, é muito bom finalmente estar de volta, agora para valer! – Ana Júlia falou quando as duas desembarcaram.
- É muito bom ter você de volta também. Espero que não invente outra fuga.
Ana Júlia sorriu e deu um beijo leve no rosto da loira.
- E aí, sua mãe vem te buscar? Quer dividir um táxi até sua casa? – Ana Júlia questionou.
Laísa lembrou que era domingo e sua casa devia estar cheia, com suas irmãs, cunhado e sobrinhos e que todos eles eram apaixonados por Ana Júlia.
- Quer dar uma passada lá em casa comigo? Minhas irmãs devem estar lá e meus sobrinhos não cansam de perguntar sobre a Tia Ju.
Ana Júlia gostou daquela ideia, já que tinha carinho pela família de Laísa e também gostava de sentir que a loira a queria perto de si e de sua família, mas precisava passar em casa, deixar suas malas e ver sua mãe, que estava ficando lá sozinha naqueles dias.
- Eu vou adorar ver sua família, mas preciso passar em casa antes. – Ana Júlia falou e teve uma ideia. – Vamos até lá comigo, vai ser rápido, depois eu pego meu carro e vamos para sua casa.
Laísa concordou e as duas partiram para a casa de Ana Júlia. Somente quando já estavam chegando lá, Ana Júlia contou para Laísa que sua mãe estava em seu apartamento, o que deixou a loira nervosa instantaneamente, mas Ana Júlia não a deixou desistir e as duas acabaram subindo até o apartamento, mesmo com os resmungos de Laísa.
- Mãe? Mãe? – Ana Júlia entrou no apartamento chamando. – Mãe, cheguei!
As duas estavam na sala e logo Laísa observou uma mulher loira, mas que era a cópia fiel de Ana Júlia, se aproximar.
- Aninha, que bom que chegou, filha! Achei que chegaria um pouco mais tarde.
Ana Júlia abraçou a mãe e respirou fundo para apresentar Laísa, já que sua mãe sabia de toda a história entre elas.
- Mãe, essa aqui é a Laísa! Laísa, essa é Marta, minha mãe!
- Olá, dona Marta, como vai? – Laísa falou um tanto sem jeito.
Marta percebeu a hesitação da loira e se aproximou.
- Oi, Laísa, tudo bem? Não precisa chamar de dona não, viu!? – Brincou sorridente e deu um abraço na loira. – Você pessoalmente é muito mais bonita do que Aninha me contou.
- Ah, pronto! Não começa, hein. – Ana Júlia comentou encabulada com o que a mãe havia dito.
Marta já conhecia toda a história e sabia que sua filha fora passar um tempo com ela exatamente para ficar distante de Laísa, então ficou curiosa ao ver as duas voltando juntas e a loira também carregando uma pequena mala.
- Você também estava no congresso? – Laísa fez que sim com a cabeça. – E resolveram voltar juntas para casa?
Ana Júlia percebeu a curiosidade da mãe e entendia sua confusão, então resolveu intervir.
- Sim, mãe. Eu e Laísa estamos tentando nos entender. – Contou e segurou a mão da loira, tentando lhe passar confiança.
Marta ficou surpresa com aquela notícia, pois até onde sabia, Laísa era a namorada de Vitória. Preocupada com uma nova briga entre sua filha e sobrinha, resolveu perguntar, mesmo sendo um tanto indiscreta.
- Desculpa ser invasiva, Laísa, mas e a Vitória? O que aconteceu?
Laísa sabia que aquelas perguntas viriam e que teria que abrir o jogo para Ana Júlia sobre o que aconteceu em algum momento, então resolveu ser sincera.
- Eu terminei o meu relacionamento com a Vitória antes da viagem, Marta. Mas Ana Júlia não tem nada a ver com isso, eu sequer sabia que ela estaria lá, nós terminamos porque Vitória me traiu e não fez a menor questão de esconder de mim ou das pessoas do escritório.
Marta abaixou a cabeça chateada pelo comportamento da sobrinha, mas Ana Júlia, por outro lado, se enfureceu com a prima.
- A Vitória nunca vai ter jeito mesmo, vai ser sempre uma idiota. Foi com a Carla? – Ana Júlia imaginou aquilo, já que Laísa disse que sua prima não escondeu aquilo das pessoas do escritório.
- Calma, Naju, está tudo bem! – Laísa fez um carinho no rosto de Ana Júlia e Marta gostou de ver aquela cumplicidade entre elas. – Não, foi a Carla quem me alertou, do jeito dela, mas foi. O nome da mulher é Rebecca, alguém do passado da Vitória ou algo desse tipo.
Ana Júlia e Marta se olharam no mesmo momento, não estavam acreditando que aquilo poderia estar acontecendo com Vitória novamente.
- Rebecca? Você tem certeza que esse é o nome da mulher? – Marta perguntou aflita.
Laísa percebeu que tinha algo ali que ela não sabia.
- Sim, eu mesma li o cartão que ela enviou junto com flores para Vitória. – Laísa contou com uma careta.
- Eu não posso deixar a Vitória fazer isso de novo! – Marta falou impaciente. – Essa mulher não vai acabar com a vida da minha sobrinha, mas não vai mesmo!
Ana Júlia notou que Laísa não estava entendendo nada do que estava acontecendo e a chamou para sentar no sofá e então, ela e Marta contaram tudo sobre o envolvimento de Rebecca na vida delas.
- E foi isso! Eu acredito que Rebecca nunca gostou de nenhuma de nós duas, tudo sempre foi diversão, adrenalina, tesão. Ela arrumou um jeito de ter as duas e quando tudo desmoronou, ela nos deixou quebradas e foi embora.
- Mas por que essa mulher resolveu voltar agora e procurar a Vitória? – Laísa perguntou inconformada. – Agora entendia um pouco melhor o jeito de Vitória e sua frieza, sempre afastando as pessoas de si.
- Talvez ela tenha percebido que Vitória era mais fácil de manejar. – Naju comentou. – Quando eu realizei na minha cabeça que Rebecca não gostava de nós e só nos usou para se gabar, mostrar para os outros professores do que era capaz e aproveitar seu próprio desejo, eu a desprezei e me afastei, ela logo entendeu que de mim não teria mais nada.
- Isso é horrível. Como essa mulher é baixa! – Laísa comentou chateada com aquela situação. – Como Vitória foi se deixar levar depois de tantos anos?
- Vitória gosta de se mostrar uma mulher forte, insensível, fria, mas ela não é nada disso. Minha sobrinha tem um coração lindo, apenas sofreu muito desde sempre. – Marta comentou preocupada com Vitória. – Eu vou dar um jeito nisso dessa vez!
Laísa percebeu que as três passaram quase a tarde inteira naquela conversa e precisava ir para casa.
Como se lesse seus pensamentos, Ana Júlia olhou as horas e comentou.
- Você precisa ir, não é? – Laísa confirmou. – Mãe, eu vou levar a Laísa em casa, mas volto e nós jantamos juntas, pode ser?
- Sim, filha, eu mesmo preparo algo para a gente comer mais tarde.
Ana Júlia agradeceu a mãe e as duas se despediram de Marta, que fez questão de dizer que queria ver Laísa outras vezes.
Quando chegaram na garagem, Ana Júlia notou que esquecera o mais importante, a chave do carro. Então deixou Laísa lá embaixo, já que a loira estava com sua mala pesada e subiu para buscar a chave.
Depois de finalmente pegar a chave de seu carro, Ana Júlia já estava prestes a sair do apartamento novamente quando escutou a campainha tocar e estranhou, já que não estava esperando por ninguém.
Mas assim que abriu a porta sua surpresa foi instantânea, já que era a última pessoa que esperava ver na porta de seu apartamento.
- Vitória? – Ana Júlia ainda não estava acreditando. – O que você está fazendo aqui?
Ana Júlia notou que a prima estava desleixada e descuidada, seu semblante era triste e a morena parecia ter bebido.
- Eu preciso falar com a Laísa! Eu sei que ela está aqui, será que você pode chama-la?
Marta estava na cozinha quando escutou a voz da sobrinha, mesmo não a ouvindo há anos, jamais deixaria de reconhecer.
Ana Júlia não sabia o que fazer, mas achou que Vitória não estava em condições de conversar com Laísa naquele momento.
- Laísa não está aqui, Vitória!
- Mentira! Chama a Laísa, por favor? – Vitória tentava manter a voz firme e altiva, como se estivesse em posição de ordenar. – Eu preciso realmente falar com ela.
Ana Júlia sentiu dó de ver a prima naquele estado, sabia que ela estava sofrendo por seus próprios erros.
- Ela não está aqui! – Ana Júlia insistiu.
Vitória fez que não com a cabeça, sem saber o que fazer e começou a se afastar.
- Eu vou embora, mas eu não vou desistir de falar com ela!
Ana Júlia fez menção de fechar a porta do apartamento, mas sua mãe a interrompeu e saiu para o corredor.
- Vitória!
Vitória também reconheceu a voz de sua tia e se voltou a ela, surpresa por vê-la ali.
- Você não vai embora, sua conversa agora vai ser comigo!
Fim do capítulo
Mais um capítulo, espero que gostem, meninas!
Estou um pouco corrida esses dias, por isso acabo postando só um capítulo por semana, mas prometo tentar melhorar essa frequência.
Volto logo!
Bjs,
Lou.
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lia-andrade
Em: 08/10/2019
Agora é aguentar as consequências dos próprios erros.
Vamos ver o nossa querida autora tem reservado para nós. Ainda na torcida pela Vitória. 🙈
Bjos, até o próximo.
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