Entre nós por ssobrevivi
Capítulo 2
CAPÍTULO II
Uma batida leve na porta interrompeu os pensamentos de Cecília.
— Entrem, meninos.
Pedro entrou no escritório acompanhado pelo marido, Ricardo, os atuais responsáveis pelo restaurante no térreo.
Com um sorriso, Pedro perguntou:
— Brigou com a namorada nova, Ceci?
— Oxe! Tenho namorada e nem sabia?
— Minha linda, quem é a gatona séria que acabou de sair daqui... não se faça!
— É a arrogante da Érica Bulamarqui, tá interessada em comprar o prédio.
— E você vai vender? — Perguntou Ricardo preocupado.
— Não, Rick. É exatamente esse o problema. Não quero vender, e ela não quer desistir de comprar.
— Quer dizer que não era sex* que estavam fazendo... — Pedro afirmou desapontado.
— Tá de brincadeira, né? Com aquela aquariana arrogante?
— Aí... até suspirei aqui... Sexo com aquarianos é outro nível. — Pedro piscou para o marido.
— Cecí, eu só quero pedir que tenha cuidado. Essa mulher não é de brincadeira. — Rick, aconselhou a amiga.
— E quem disse que eu quero brincar?
— E as dívidas do Prédio, amiga? — Rick e Pedro se entreolharam, preocupando Cecília, ao notar o olhar trocado pelo casal.
— Ei, fiquem calmos! Vou resolver tudo isso. Prometo!
— Você diz isso desde 2015 — comentou Pedro.
Ricardo concordou com o marido:
— Cecília, talvez devesse considerar a proposta de venda, para se livrar de tantas dividas. Acumular problemas, não vai te ajudar. E esse confronto com a Érica Bulamarqui é desnecessário. Já cogitou de a proposta resolver seus problemas?
— Não! Nem pensar! Eu vou resolver, já disse.
— É o que sempre diz.
— Esperem até ouvir o que eu tenho em mente...
Já era noite, o fluxo de pessoas na avenida já tinha diminuído. Mas, Cecília ainda pensava nos últimos detalhes de sua estratégia. Andando pelo prédio vazio, mais uma vez compreendeu a importância daquele lugar para ela. Mas, a situação estava fora do controle. O acumulo de dividas, as ameaças de cortes, a inclusão do seu nome no cadastro de mal pagadores. Isso estava tirando o seu sono, embora ela amasse cada tijolo daquele imóvel velho, cada infiltração, cada parede, cada lembrança.
Apanhou a lixadeira no chão e uma pilha de pallets que teria de transformar em peças para um cliente, durante o fim de semana. Era esse o seu “sextou”. Uma programação não tão animada, porque tinha prazos para obedecer. Precisava de entradas, para arcar com tantas saídas do seu orçamento desorganizado.
Cecília terminou a confecção das peças, as 4:00 da manhã. Guardou tudo no andar que funcionava como um ateliê improvisado e saiu, pensando no prazer que sempre experimentava ao percorrer a curta distância de um andar ao outro. Ela subiu até sua casa que ficava no terceiro e último andar.
Minutos depois, apesar da fome, decidiu que a comida podia esperar. Foi direto para o banheiro, abriu a torneira de água fria e despejou uma boa quantidade de shampoo nas mãos cansadas. Aquele banho conseguiu acalmar seu pensamento. Depois que entregou-se ao prazer de sentir a água acariciando sua pele. Estendendo o braço, desceu a mão até o sex*. Sentindo-se. Explorando as sensações que aquele toque estava proporcionando. Deixou que os dedos aumentassem o ritmo, quando se percebeu imaginando que a empresária arrogante, a ch*pava em cima da mesa. A imaginação só ganhava mais vida, quando se ouviu gem*r, ao imaginar agora, agachada, esfregando seu sex* molhado naquela boca gostosa de Érica, que com uma destreza onírica, a colocava numa posição nova, possibilitando que a morena entrasse e saísse dela com aqueles dois dedos firmes que a fizeram chegar num intenso clímax de desejo e gozo.
— O que está acontecendo comigo? — Cecília pensou enquanto deixava a água do chuveiro esfriar seu corpo. — Acabei de me tocar, pensando naquela arrogante! — Saiu do banheiro e optou por colocar apenas a blusa velha do Evanescence. Deitou na cama, e viu pela janela que já era manhã. Com o corpo relaxado. Intuiu que iria cochilar um pouco. Enquanto tentava não pensar na mulher que até então, ambientou sua fogosa fantasia sexual no banho. — Não! A capitalista, não.
Irritada, Cecília adormeceu. Vencida pelo cansaço. Deixou-se descansar ao lembrar do torpor que orgasmo a causara. — O que não tem remédio...
ÉRICA
Acordou as 5:40 da manhã, antes do que tinha programado no despertador. Era sempre assim. Despiu-se do pijama e olhou-se no espelho com ar crítico. Costumava ter orgulho de estar no auge de sua forma física. Geralmente, sentia atração por mulheres com um corpo escultural, como as garotas das propagandas de cerveja, mas dessa vez, quando examinava o próprio reflexo só conseguia lembrar-se de Cecília.
Foi para a cozinha, preparou seu suco detox matinal e uma crepioca de banana. Arrumou tudo milimetricamente no balcão da cozinha americana. Voltou para o quarto, onde ligou a televisão no canal de economia, ajustou o volume e entrou no chuveiro. No box, tentou lembrar de todos os seus compromissos, mas a vontade era de voltar no prédio e resolver o que tinha ficado em aberto. Mas, sua estratégia anterior não foi eficaz. Teria de repensar o que faria, já que estava lidando com a personificação da teimosia. — Uma teimosia bem desorganizada, a propósito. — A empresária refletiu. Tinha intolerância a pessoas desorganizadas. Como alguém que não conseguia nem organizar seu ambiente de trabalho, ia organizar a vida? Pessoas assim, costumavam ter descontrole em todos os aspectos. Tudo começava pela cama arrumada....
O suco não estava delicioso, mas ela não precisava sentir prazer comendo. Aquilo era só uma fonte nutritiva para auxiliar na construção muscular durante os exercícios físicos. As 7:40 saiu do condomínio de luxo que morava. Como toda manhã, cumprimentou suas vizinhas que chegavam da academia. Um casal lésbico. Deviam ter mais de 40 anos juntas, uma exceção nesse mundo de relações tão efêmeras, onde todos querem ser amados, mas muitos não se davam nem o trabalho de cultivar um território saudável para o amor.
— E quando vai jantar conosco, Érica? — A senhora mais alta perguntou simpaticamente.
— Em breve. Estou esperando vocês marcarem o dia e hora. — A empresária sorriu timidamente.
— Hoje é sábado. É um bom dia para um jantar, não é amor? — A outra senhora sugeriu animadamente.
— Pronto! Hoje, às 21. Está marcado.
Érica tentava controlar a surpresa. Odiava compromissos não esperados. Mas, não via motivos para não comparecer. Então confirmou educamente o dia e horário.
— Ah...fique a vontade de trazer companhia! — Acrescentou a senhora mais alta.
A empresária não pensou duas vezes ao mudar seu sistemático trajeto. Se viu estacionando na frente do restaurante. Quando lembrou que ainda estava cedo. Talvez Cecília ainda não tivesse chegado.
— Bom dia. — Cumprimentou a Pedro. — Você saberia me informar se a proprietária, já chegou aqui?
— Olá! Bom dia. Ela mora aqui, bebê. Terceiro andar. — Pedro piscou para a empresária.
Érica subiu as escadas já com medo de se perder na bagunça que deveria ser o lar daquela mulher. Mas ao contrario do segundo andar, o ambiente não estava empoeirado. Tinha uma decoração estilo industrial, não parecia um apartamento convencional. O jardim vertical na entrada, e o mezanino definitivamente, um charme. Ao notar que Cecília ainda dormia, Érica resolveu esperar a anfitriã acordar sentada no sofá. Após 20 minutos de espera, encomendou uma cesta de café da manhã, que chegou expressamente em 30 minutos. Depois, organizou a mesa da cozinha, com os alimentos e estranhou como alguém poderia ter um sono tão pesado?
Pegou o celular, e localizou o número celular de Cecília...
CECÍLIA
Quase caiu da cama ao atender o celular e ouvir uma voz conhecida. Aquela mulher novamente! Fechando os olhos, Cecília voltou a ver os olhos castanhos e sentiu uma onda de calor percorrer seu corpo. Incapaz de evitar as fantasias, imaginou como reagiria se ela estivesse na sua frente.
— Você está atrasada para o café. Prefere café ou suco?
A figura na tela era tão atraente quanto a que vira pessoalmente, e o jogo de sombras e luzes criava uma atmosfera de mistério que aumentava seu magnetismo. O ambiente onde Érica estava lembrava muito sua cozinha. Até mesmo a iluminação natural, parecia a mesma...
— Café. — Respondeu ainda sonolenta. — Alias, que café? Não lembro de ter marcado nada com você, Érica.
— Sim, é verdade — A empresária disse. — Resolvi te fazer uma surpresa. Desce, estou te esperando para o café.
A jovem artesã levantou e se viu observada pela mulher que desejou na noite anterior. Ainda com o celular no ouvido, prestou atenção no que Érica acrescentou:
— Espero você pôr a parte de baixo, mas não demora.
Só então Cecília lembrou que estava apenas de blusa. Mas não ia deixar se incomodar dessa forma. De frente para Érica tirou a blusa e numa lenta demonstração de conforto com a nudez e exposição do corpo.
— A casa é minha, eu ando jeito que eu quiser. — Cecília respondeu desligando a ligação. Deixando Érica boquiaberta com a atitude da artesã. Que sábado era aquele? Aquela mulher era inegavelmente sexy, mas despir-se daquele jeito, sem nenhum pudor, mexeu com todas as suas estruturas. A empresária sentia que seu sex* já respondia com desejo, a cena visualizada. O que aquilo significava? Porque seus pensamentos agora eram sexuais? Onde estava sua racionalidade? Onde estava seu juízo?
— Que foi, nunca viu uma mulher nua? — Cecília provocou sentindo o efeito que tinha causado em Érica.
— Não costumo tratar de negócios com proprietárias nuas. — Érica fingiu recuperar seu estado de espirito. — Você poderia vestir alguma coisa, por favor?
— Você poderia se despir, por favor? — Cecília a contrariou.
Que aquela mulher era teimosa, ela não tinha dúvidas. A empresária se orgulhava de saber lidar com pessoas difíceis. Mas, parece que estava bloqueada com Cecília. Não estava conseguindo lidar. Não sabia de fato, o que estava acontecendo com ela. Mas tinha que responder a altura, não se deixaria se manipulada pela aquela mulher.
— Porque eu faria isso, Cecília?
— Para conversarmos numa condição de igualdade — Sugeriu a artesã.
Érica subiu as escadas do mezanino, desabotoando a camisa branca. Quando chegou no piso, se livrou da blusa e a dobrou depositando em cima da cama.
— Mais alguma coisa?
— A roupa inteira. — Cecília mordeu os lábios não acreditando que Érica estava mesmo disposta a fazer isso.
Se viu em pé vendo a empresária tirar peça por peça e organiza-las na cama. Quando Érica finalizou retirando a calcinha. Cecília não conseguia mais pensar em nada, a não ser se aproximar daquela mulher. Érica não parecia tímida, mas não sabia realmente como agir. Ela estava nua na frente de outra mulher nua. Que aparentemente estava tão boquiaberta quando ela, a momentos atrás. Se sentia queimar dentro. Queria mesmo era que Cecília se aproximasse mais. A queria bem mais perto... — Cecília, você....
Fim do capítulo
Olá, meninas!
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