Onde reside o teu coração – Rachel Carvalho
Naquela manhã, eu tinha o nascer do sol como testemunha do amor que nos envolvia, onde tímido, adentrou a janela do quarto de meu apartamento. A cama emaranhada ainda exalava o aroma sedutor e libidinoso do corpo da minha encantadora amante, que por tão pouco não tornou-se minha mulher.
Ainda letárgica com a tua partida, contemplei a cama vazia e lembrei-me da noite anterior: Tua voz suave parecia proferir encantamentos, teus olhos negros penet*antes e sensuais invadiam todo o meu ser, me consumindo. Aqueles lábios rosados e carnudos me aliciaram a todo momento. Ela me provocara desejos excêntricos. Meu corpo vibrou e senti um pulsar fervente por entre as minhas pernas, quando ela levou com sensualidade a cereja até a tua boca. Mordi meus lábios com a indecência de teu sorriso ao ch*par a extremidade do teu dedo.
Sim, a noite anterior foi quando finalmente pudemos realizar o que sonhávamos há meses. Acariciei os lençóis macios, onde ela me teve por completa e entregastes teu corpo aos meus desejos mais insanos. Cativastes a mim como uma feiticeira impiedosa, domou meu coração como bem cobiçou. Já entregue a ti, rezei para que teu coração me pertencesse, percebi o mesmo desejo em teus olhos negros cativantes. No entanto, a realidade era implacável e a minha amada, arranhou-me e corrompeu minha alma ao me deixar.
Ao olhar para fora da janela, o mundo prosseguia. Os prédios cinzentos ao longe, o céu pintado de azul, puro e livre. Os passos céleres dos pequenos pontos na rua. Sim, o tempo não se estagnou, embora para mim, o tempo pregara uma peça. Senti que toda a loucura da paixão me aprisionara em um calabouço sufocante e só o que supliquei foi que voltasses para mim, minha amada, minha lasciva amante, meu desejo insaciável. Libertai-me de teus encantos, pois dolorosas serão as minhas lembranças do néctar de teus lábios adocicados, da tua pele sensualmente bronzeada e de teu toque provocante que me causava delírios de prazer ecoados e abafados pelas paredes do refúgio do nosso amor.
Não sei por quanto tempo durou a minha inércia a tua partida. O quarto frio tocado pela aura gélida matutina era torturante, mas meu corpo se mantinha aquecido, pois no fundo da minha alma eu sentia que em teu coração existia amor e que não me aquietaria enquanto não fosses minha e eu tua, para vivermos sem medo do mundo lá fora. Longe deste quarto, seria minha mulher, para sempre.
Ali naquele aposento vislumbrei a janela novamente, aquela fotografia do mundo temeroso, aquele pequeno quadro delimitado me mostrara que nós duas poderíamos ser felizes. Fora daquele quadro havia o mundo inteiro para ser descoberto. Senti meu peito apertar, me afligi ao conter o choro que suplicava para libertar-se. Fechei os olhos e vi a tua imagem vívida. Sorri espontaneamente ao lembrar do último sorriso que me destes.
Assim permaneci por minutos.
Ouvi uma batida leve na porta. Meu coração disparou. Corri apressada por desejar que fosse a minha amada. Ao abri-la, fui presenteada com o teu retorno. Teus olhos úmidos e tua face ruborizada revelou a mim um sorriso apaixonante.
–– Helena... –– Minha voz soou como em um sussurro já que minha garganta estava sufocada com a emoção.
Ela se atirou em meus braços e tomou com fervor os meus lábios que já eram dela. Me enlouqueceu ao me empurrar para dentro do quarto e fechar a porta atrás de ti. Tuas mãos emaranharam os meus cabelos e teu corpo emanava desejo e sedução. Entreguei-me como sempre aos teus toques de fada. A despi completamente. Minhas mãos apalparam com deleite a macieza de tua pele e minha intimidade derretia-se de prazer com os teus gemid*s enlouquecedores em meu ouvido.
Nossos corpos quentes amaram-se novamente naqueles lençóis já úmidos ao exalar amor e paixão. Estávamos tão conectadas com o atrito dos nossos sex*s naquele movimento frenético de vai e vem voluptuoso, que senti como se nos entrelaçávamos até a alma. Teus gemid*s safados me convidaram a possuí-la e dominá-la de diferentes maneiras. Ela ofegara alucinada com a luxúria de nossa paixão. Já não sabia por quantas vezes fomos tomadas pelos espasmos avassaladores do nosso prazer.
Já deitadas com nossos corpos exaustos e suados, tua boca procurara a minha a cada segundo. Ao interrompermos o nosso beijo apaixonado, ela fitou penet*ante os meus olhos, embevecidos de amor.
–– Voltei para ti, Belle! Minha vida lá fora já não é mais real para mim, mas estes lençóis onde me dominas e me completas, é onde existo, é a minha realidade e minha paz. É em teu sorriso encantador, em teus braços calorosos, em teus beijos lascivos e em teu amor onde reside o meu coração. Fazes de mim tua mulher e o único quarto ao qual pertencerei sempre, será o teu, onde à noite a lua nos espia pela janela e ao acordar, o sol nos beija com teu calor. Eu te amo, meu amor.
Fim do capítulo
O Grupo Conexão Literária Agradece a Participação da Autora e informa que a mesma autorizou o compartilhamento do seu texto.
Comentar este capítulo:
Manuella Gomes
Em: 11/07/2020
Poesia.
Conto delicado e sensível.
rhina
Em: 10/08/2019
Olá
Boa tarde.
O mundo lá fora.......anseios.....rotina .....trabalho. ...sonhos.....buscas.........amores universais .....que Tudo que toquemos que seja por e com amor......assim família .....amigos e certamente si próprio.......amor......mas naquele encanto.....naquele brilho......que aquece e vibra.....repousa em movimentos tão intenso um Amor.....que provoca licitação ainda que os pés estejam bem fincados no chão ......
Ainda que possua o mundo inteiro .....dentro do seus braços cabe tudo que preciso......onde quero ficar........Amor
Rhina
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