Depois dos ânimos terem se acalmado a briga entre André e Nicola ficou para trás. O avô deu por encerrada a discussão e com isso todos voltaram a se divertir, mas o assunto principal era os dois irmãos. Perfídia sendo a mais velha chamou André e Nicola para a biblioteca do avô e lá começou a falar:

-- André Roberto e Nicola Augusto eu vou perguntar somente uma vez e quero uma resposta plausível. O que foi aquela rinha de galos lá na varanda?

Os dois irmãos se olharam e depois Nicola tomou a palavra:

-- Acontece Perfídia que nós estávamos brincando e o André não sei por que me mandou calar a boca. Gritou comigo e eu não aceitei, ele não é nenhuma das nossas mães para me mandar ficar quieto e ainda mais na frente dos outros. Perdi a paciência e sei que estou errado, mas fui provocado.

-- E você André o que tem a dizer sobre isso que você fez?

André estava envergonhado e não encarava a irmã, porém somente respondeu:

-- Eu errei Perfídia, afinal eu só erro. Brigo com o Gabriel que parece ser uma coisa que me transforma, ele me irrita e eu acabo descontando nos outros. Disse com a voz alterada.

Perfídia achou estranho o jeito que o irmão falou. Parecia que não era André quem estava lá e sim outra pessoa. Sentiu um arrepio quando viu algo atrás do irmão. Uma nuvem escura se formara ao redor de sua aura. Rezou silenciosamente e viu quando o espírito de um senhor chegou próximo a André e sorriu para ela. Perfídia pôde ver claramente quem era. Sim, era o avô paterno de sua mãe o coronel Genaro, ou seja, seu bisavô.

-- Olha aqui André eu sei que alguma coisa não está bem com você. Mas por favor, tentem não ficar brigando uns com os outros, vocês viram como as nossas mães ficam chateadas? -- Principalmente a mãe Márcia. Portanto meus amores vamos tentar não deixar isso acontecer está bem? – E você André deixe de brigar com o Gabriel e com a Antônia, você já percebeu que ela não leva desaforos para casa.

-- Está bem Perfídia vou tentar não errar tanto.

Perfídia abraçou os dois irmãos e logo depois voltaram para a varanda. A coronel quando viu os três filhos perguntou:

-- E ai filha como foi a conversa?

A moça olhou para as mães dizendo:

-- Foi tudo bem mãe Márcia, mas o problema do André é outro. Eu preciso conversar com a coronel Monteiro.

-- Mas por que filha? Perguntou Andressa.

Perfídia respondeu na lata para as mães:

-- Porque o problema do meu irmão é espiritual. Agora pouco quando eu estava conversando com eles, eu vi um vulto escuro em volta do André, mas depois eu vi o meu bisavô Genaro ao lado do meu irmão e com isso a sombra se foi e tudo voltou ao normal.

A coronel ficou preocupada com a conversa e foi procurar os coronéis Monteiro e Tavares que assim como o capitão Prado e outros eram também espíritas. Quando ela se aproximou Cláudia perguntou:

-- Então amiga, a sua filha é que teve a missão de descobrir o que você e a Andressa não perceberam?

Macia ficou sem entender a razão da pergunta e Cláudia percebendo tratou logo de explicar o que provavelmente estava acontecendo com o mais velho dos filhos homens da coronel.

-- Então, vou direto ao assunto. O seu filho está com um espirito obsessor e esse é o seu finado sogro que ainda continua no umbral e não se deu conta que precisa aceitar o que aconteceu para conseguir chegar aonde se encontra a luz. O que aconteceu hoje mostra uma clara e fácil influência e tudo isso porque o André é médium e não sabe ainda lidar com essa situação porque não é desenvolvido.

-- Mas o que eu e a Andressa podemos fazer Cláudia em relação a isso? Perguntou aflita a coronel.

Percebendo a aflição e o desespero que começava a tomar contas das amigas, Cláudia explicou como deveriam agir.

-- Na segunda-feira em sua casa eu quero que vocês façam o seguinte: preparem uma mesa com toalha branca, uma jarra de água e uma vela de sete dias também branca Pode ser na sua sala de jantar. Prepare tudo do jeito que estou falando, depois de tudo preparado e com os médiuns presentes, eu vou invocar o espírito de porco do seu finado sogro, o major Pires Paiva. Lembrem-se que tudo deve ser preparado antes das seis horas da tarde.

-- E porque antes das seis comadre? Perguntou Andressa.

-- Porque é depois desse horário que geralmente os desencarnados começam a vagar pela atmosfera terrestre e eu tenho certeza de que o major estará bem perto.

-- Entendi Claudinha, será feito do jeito que você pediu. Se isso curar o meu filho eu serei eternamente grata á todos vocês meus amigos. E aos mentores também.

-- Mas agora vamos esquecer temporariamente esse assunto e nos divertir. Já tivemos muita emoção por hoje. Disse Tavares.

-- É verdade compadre vamos nos divertir. Respondeu Andressa.

Quando voltaram para a varanda o clima era maravilhoso. Os filhos estavam brincando com as outras crianças e o grupinho só tendia a crescer. Cada um estava com seus pares e aquela alegria deixava tanto o velho coronel quanto a esposa felizes.

A família Mantovanni  assim como toda boa família italiana sempre foi dada a festas, mas por um tempo o coronel com a esposa e os filhos deixaram de frequentar a casa de Francesco que era seu avô paterno. O velho Genaro Matovanni sempre tentou convencer o filho a participar das festas da família, mas o jovem Giuseppe quando tomava uma decisão era muito difícil voltar atrás. Nem a jovem esposa Carlota fazia com que ele mudasse de ideia e essa situação se deu por um bom tempo até que Francesco por estar muito doente, resolveu ceder e acertar os ponteiros com o neto e a esposa desse.

Mas voltando na atualidade, a festa continuou e muitas coisas foram relembradas. Mas o que preocupava a coronel era o assunto relacionado ao filho mais velho dos homens. Andressa também estava preocupada e não via a hora de ir para casa.

Por volta de uma hora da manhã Márcia, Andressa e os filhos se retiraram. Os velhos também estavam cansados e Marcelo juntamente com a esposa iriam ficar na casa dos pais. O restante dos convidados voltariam para a soca porque havia sobrado muita comida e assim ficou combinado que se encontrariam na  casa do coronel. Perfídia e a noiva também ficaram na casa do avô e assim mais uma noite findava.

Quando chegou em casa Márcia e Andressa levaram os filhos para seus respectivos quartos e depois de tudo organizado foram dormir. Márcia estava com insônia e disse para a esposa que iria fumar um cigarro, porém, Andressa não deixou e fazendo uma prece  com auxílio do avô da coronel, conseguiu que ela se acalmasse e conseguisse dormir.

-- Durma em paz meu amor, porque amanhã ainda temos o assunto dos pés de maconha para resolver.

--Obrigada meu anjo, durma bem!

Fim do capítulo