POV Sophie:

De onde saiu essa mulher!!!? Quando eu percebi ela estava do lado de fora do carro muito próxima de Ashley até que falou algo e deu uma encarada na minha direção. Tudo ficou vermelho quando vi ela puxar a loba para um beijo. Ashley sua desgraçada tu me paga! Sacha estava muda no banco de trás, mal me viu voar pelo assento dianteiro para sair do carro.

Reparei que algo estava errado quando a garçonete amparou Ashley, sem desgrudar os lábios ela segurou a loba sem nenhum esforço. Mas que inferno! Como nesse fim de mundo fomos esbarrar em uma súcubos!

“Solta ela sua vaca!”, empurrei a súcubos, Ashley mal se aguentava em pé, vi quando ela se escorou no carro e parti para cima da Peggy Sue do Inferno.

“Calma aí moça! Ela não está machucada, só vai ficar fraca por umas horas.” Se defendeu a garçonete enquanto eu caminhava em sua direção.  Sacha novamente interviu, ela estava começando a me irritar bancando sempre a sensata.

“Vamos parar com isso! Estamos no estacionamento em segundos as pessoas vão se interessar pelo que está acontecendo aqui fora!” falou a humana.

Eu parei por alguns segundos e olhei para Ashley que estava sentada dentro do carro, de olhos fechados com a cabeça encostada no painel. A garçonete estava com as mãos erguidas em um gesto pedindo calma. Decidi levá-la conosco para interrogá-la.

Movi a loba para o banco do carona e fiz a súcubos entrar no banco de trás junto com Sacha. Liguei o carro e escutei: “Que hidratante você usa? A sua pela parece tão macia...aposto que usa o Flor de Pêssego da VS né? Com certeza deve ter até gosto de pêssego...hummm”.

“Vamos trocar de lugares! Ashley vai para o banco de trás e a súcubos vem na frente comigo!” mal falei e escutei uma risada da garçonete com fogo no rabo. Sai do carro e ergui a loba para acomodá-la no banco de trás. A súcubos se levantou e esperou para entrar na frente, ao colocar Ashley ao lado da humana recebi um olhar irritado. “Me senti com 14 anos agora!” falou Sacha na minha direção. “Você vai me agradecer por continuar viva!”

“Ei! Eu estou aqui...” gritou a súcubos, “Meu nome é Angelina a propósito!”, “Claro que é, senão seria Sharon ou Scarlete...vocês tem sempre nome de femme fatale.” – gritei de volta. Sim essas mulheres não são de brincadeira, tudo nelas é feito para deslumbrar as pessoas. A segunda predadora mais perfeita do mundo.

Entrei no carro e finalmente fomos em direção ao Motel 6. Chegamos rápido e entramos todas no quarto. Acomodei a loba na cama que murmurou algo sobre eu tirar a minha roupa também. A gata pulou na cama e se aninhou nos braços de Ashley.

“Muito bem, agora me explica o que uma súcubos está fazendo aqui nesse fim de mundo e porque parece uma garçonete decadente?”

POV Sacha:

Súcubos! O que será que não existe? Vou perguntar depois, já pensou se existirem sereias? Elas poderiam me ensinar a surfar...eu sempre quis aprender!

O cheiro dessa mulher é de-li-ci-o-so, tenho certeza que a pele dela deve derreter na língua. Eu só beijei uma mulher na minha vida, o beijo foi bom, mas não o suficiente para me fazer gostar de mulheres, mas essa loira eu pegava.

POV Sophie:

E ela começou a falar, e a se ajeitar enquanto isso, em segundos ela limpou o batom dos dentes e arrumou o cabelo. Tirou uma presilha e arrumou as madeixas com os dedos. Abriu dois botões da blusa do uniforme e ajeitou a postura. Sim, ali estava em questão de segundos a mulher fatal.

E ela contou que foi obrigada usar esse disfarce depois do rosto dela aparecer na lista de procurados da INTERPOL fruto de alguns golpes malsucedidos em velhos ricos. Ela ainda tem dinheiro guardado, mas não tem como acessá-lo sem levantar suspeitas. Então enquanto espera a poeira baixar ela se esconde passando poucos meses em cidadezinhas como essa.

“Eu estava faminta quando vocês entraram no restaurante. Venho me alimentando de humanos há bastante tempo, e para não levantar suspeitas retiro somente o mínimo de ‘chi’ necessário para minha sobrevivência, quer dizer, sem matar ninguém! Quando vi a loba entrar nem acreditei na minha sorte!”

Nesse momento dei um olhar furioso na direção dela, a loba em questão estava desmaiada desde que serviu de refeição.

“Você sabe que é impossível para nós matarmos qualquer imortal enquanto nos alimentamos. Logo o metabolismo dela vai trabalhar e repor todo chi perdido. Ela vai se regenerar! Por isso é tão irresistível, uma fonte de alimento ilimitada.” Falou Angelina pensando que iria me acalmar e me deixando mais irritada.

 “Angelina você sabe quem eu sou?”, sondei para saber até onde as notícias sobre o meu desaparecimento havia chegado.

“Inicialmente eu não sabia, depois liguei os pontos. Quando vi a humana junto imaginei que vocês seriam a guardiã e a princesa fugitiva.”

Nesse momento Sacha que estava com um dos pés apoiado no braço da cadeira da súcubos perguntou: “O que uma humana estaria fazendo junto com a loba e a vampira?”

“Lanche!” respondeu a súcubos sem pestanejar. “É bom que vocês saibam que existe uma recompensa pela cabeça das duas. Você deve ser devolvida viva, a sua guardiã somente a cabeça. Mas não precisa olhar para mim desse jeito eu só quero fugir daqui.”

Sobre a recompensa eu já imaginava. Mas não tinha a ideia de quanto a notícia já havia se espalhado. Saber que Ashley poderia ser morta no momento que eles nos encontrassem me tirava o ar. Desde que eu a conheço ela sempre esteve pronta para morrer por mim, era o seu trabalho, simples assim. Nunca pensei muito sobre isso, mesmo quando ela me carregou meio mundo em fuga. Eu aceitei fugir porque confiava nela, ela sempre me inspirou isso, mesmo nos primeiros dias em que foi minha guarda. Quando ela foi empurrada para mim, digamos assim, sei que foi a contragosto, ela deixou isso bem claro quando resmungou algumas vezes sobre estar brincando de boneca enquanto poderia estar lutando. A sua integridade e ética transpiravam em todos os seus gestos. Era fácil admirar e respeitar alguém como a Ashley. E no meu íntimo sempre imaginei que um dia seriamos pegas mais cedo ou mais tarde, e esperava que poupassem a vida dela. Fiquei em silêncio presa nos pensamentos de um futuro hipotético enquanto admirava o sono da loba. Com o canto dos olhos vi Angelina e Sacha se encarando em silêncio, a mais velha massageando o pé da mais nova. Um metro de distância entre as duas e eu conseguia perceber uma névoa espessa de luxuria as envolvendo naquela troca de olhares.

“Angelina, por favor! Se eu não fui clara, vou explicar...vou te matar se você comer essa humana! Mais uma informação, ela é parente distante da loba. Então, você vai ter dois tipos de morte no cardápio. Poderá ter os membros arrancados ou ser comida viva. Você quem escolhe.”

“Pela amor de Lilith! Eu jurooooo que não vou encostar nessa lindinha aqui. Ela pode rebol*r pelada em cima de mim, que eu vou manter meus lábios selados e as mãos fechadas. Ok?”

Gritou a súcubos ofendida, kkkkkkk. Se levantou e olhou a janela. Deu um sorriso de contentamento com o que viu lá fora e falou: “Bom, a gente ainda pode se divertir né? Que tal se eu te ensinar um truque ou dois?” e olhou para Sacha que se levantou em um salto em direção à janela. “Vamos!”

A humana pegou no braço da mais velha e saíram porta fora. Olhou para mim e piscou: “Não me espere acordada!”. Gritei: “Se comportem!” E as duas já fora do quarto gargalharam em resposta.

Fechei a porta, olhei para a loba ali deitada. Tirei toda minha roupa e me enfiei embaixo da coberta com ela. Automaticamente ela me envolveu com o seu corpo e suas mãos estavam na minha barriga e quadril. “Pelada”, ela sussurrou e tirou as próprias roupas em fração de segundos. Agora eu sentia a sua pela me envolvendo, sua boca roçando no meu pescoço e orelha, e suas mãos me puxando para mais perto, encaixando minha bunda completamente na sua pélvis, seus seios nas minhas costas, meus calcanhares na sua canela. Eu gostaria de me virar naquele momento e devorar a sua boca, mas precisava esperar a exaustão passar, e me contentei em fechar os olhos assim envolvida por ela e apreciar a sinfonia proporcionada pelos seus suspiros. Quase um ronronado baixinho de contentamento enquanto ela dormindo passava a mão pelo meu corpo.

Fim do capítulo