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Linha Dubia por Nathy_milk

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Palavras: 3880
Acessos: 3163   |  Postado em: 24/06/2019

Notas iniciais:

Bom dia pessoal, tudo bem?

Como prometido, estou postando um epilogo hoje. É um texto um pouco mais simples, mais curto, apenas para mostrar o depois, o e... Espero que gostem e nos vemos na proxima. 

Beijos

Capítulo 61

Capítulo 61 - Epílogo - Caroline


O dia no hospital foi fodidamente tenebroso, tive 4 cirurgias pesadas. Quando finalmente terminei a última paciente, o residente entrou esbaforido no centro cirúrgico. A primeira paciente do dia estava sangrando muito, quase entrando em choque, teríamos que operar de novo. Só posso dizer que a minha mulher com certeza vai me odiar. Antes de reabordar a paciente eu liguei pra casa, avisando que eu iria atrasar mais quatro ou cinco horas.

Hoje em dia eu estou morando em Maçores, compramos uma casa nossa e decoramos com nosso jeitinho. Caraca, posso dizer a vocês que ficou lindo, nunca me senti tão parte de algo ou parte de alguém na vida. Do hospital até em casa vai uns 20 a 30 minutos, trajeto que fiz no meu carro quase dormindo no volante. Fui o tempo todo cantarolando e tomando vento no rosto para não apagar, nem imaginam a bronca que eu iria tomar se batesse o carro por dormir dirigindo.

Estacionei o carro na parte de fora da casa, ao lado do carro verde amarronzado dela. Há muito tempo deixamos extremamente claro que cada um tem seu próprio carro, eu sou organizada demais para lidar com a bagunça no banco de trás do carro dela, mesmo apesar de todas as especificidades. Desci do carro, peguei minha mochila, na porta de casa eu parei e tirei minha bota, chegar em casa depois das 21 horas exige o silêncio como regra básica e primordial.

A única coisa é que esquecemos de avisar o Whisky que é importante o silêncio esse horário. Whisky é um vira lata lindo, que adotamos assim que viemos morar em Maçores, um jovem pulguento, pequeno porte, que é todo pretinho, mas com o rosto e as orelhas marrom, normalmente ele é super calmo, mas quando eu ou minha esposa chega em casa é um escarcel de barulho. Tentei acalmá-lo como deu, fazendo um carinho e brincando com ele, sério, silêncio é a norma esse horário.

Subi as escadas quase que flutuando. Meu quarto é o da direita, logo que acaba a escada. Estava tudo apagado. Entrei com calma, coloquei a bota ao lado da cama e dei uma olhada. A Julia estava dormindo, calma e plena, na lateral da cama. Sei que é errado, mas confesso que agradeci a todos os deuses por ela estar no décimo sono, eu realmente estou muito cansada no momento, amanhã cedo estarei com todas as energias necessárias para encarar minha menina. O Pingo velho, dos pelos brancos, estava deitado na lateral da cama, apenas levantou a cabeça, conferindo se era eu mesma.

Fui direto ao banheiro, sem nem acender a luz para não acordá-la. Eu já havia tomado banho no hospital, então apenas escovei os dentes, lavei o rosto e me troquei. De pés descalços fui até o quarto do meio. A porta já estava aberta, apenas coloquei meu rosto pra dentro e como o esperado lá estava ela. A Fernanda, dormindo na poltrona, com o pescoço esticado para trás, segurando o Samuel preso no peito dela. Não pude deixar de olhar minha esposa linda dormindo. Acreditem o sonho de ser mãe era meu, mas ela pegou pra ela de uma maneira tão absurda e visceral. Primeiro passei meus braços pelo menino, segurando-o, enquanto encostei perto da Fer e fiz um carinho leve no rosto dela. Minha esposa acordou assustada, perdida no tempo e espaço.

- Que horas são?

- Já passou das onze. Me dá ele, vai deitar. Eu coloco para dormir. - Ela soltou as mãos do corpinho dele, deixando-o em meus braços. Eu sorri pra ela, como se agradecesse por esse momento. Demos sorte de ter um menino que quase não dá trabalho, coloquei  ele no berço, com a cabeceira elevada e de lado, para evitar que ele engasgue. Ter uma pediatra em casa pode ser uma dádiva e ao mesmo tempo um martírio. Fiz um carinho no rosto dele e sai do quarto. Ela estava no corredor me esperando, mesmo na luz mais baixa da casa eu podia ver ali a minha mulher, mais magra que quando eu conheci ela em Trás os montes, muito mais madura, com os cabelos no habitual coque e com a franja de lado. Os olhos estavam cansados, com olheiras e se conheço bem os filhos que tenho, ela deve estar desejando dormir.

- Você está cinco horas atrasada. A mamada da madrugada é sua! - falou em um tom leve, sem bronca. Não resisti e tasquei um beijo naquela boca linda. - Você jantou princesa?

        - Nem comi amor. Só tomei um banho e vim pra casa. O residente tapado não apertou bem o ponto da paciente, tive um trabalho pra consertar a merd* dele. Quando acabou eu só queria um banho e casa.

        - Vou precisar me preocupar com ele?

        - Não mesmo. Ele vai dar ponto de algodão até a mão dele fazer o ponto sozinho, sem nem pensar no que está fazendo. Quem sabe quando ele se formar, eu deixo ele fazer algo além do ponto.

       - Tenho dó da alma deste menino.

       - É pra ter mesmo. Vai aprender ou vai aprender. Amor, quer que eu coloque a Julia na cama dela ou ela dorme lá com a gente?

- Não encosta nela! - foi quase um grito - deixa ela dormindo! Aquela menina dorme 2 minutos e recarrega a pilha para uma vida, deixa dormindo.

- Hahahah. Tudo bem amor, a Julinha dorme com a gente.

- Vou arrumar algo pra você comer, vem! Vamos descer!

- Amor, só dormir, por favor. Juro que como algo bem forte amanhã! - Fomos para o quarto, no começo do corredor, o Whisky todo o tempo seguindo a gente, em silêncio agora, mas seguindo, ele deve ter uns quatro anos agora ou um pouquinho mais. Deitei primeiro, para me aconchegar perto da julia, que estava no meu lado da cama. Assim que deitei, parece que a gravidade do dia todo caiu sobre o meu corpo e me empurrou contra o colchão, que cansaço. De um lado a Fernanda se enroscou em mim, deitando no meu braço e com a mão na minha barriga, do outro, o clone dela se enroscou do mesmo jeito, só que a perna jogada em mim. A Fer em dois segundos estava dormindo, já a Julia, quando olhei, estava com os dois olhinhos abertos.

- Oi mamãe!

- Oi filha, vamos dormir? Está tarde!

- Amanhã a gente vai ver o Bruno?

- Vamos filha! Mas tem que dormir, se não dormir não vai ver o Bruno, nem o tio Lucas.

- Mas é chato dormir!

- É chato, mas precisa! Vem, a mãe vai colocar na cama!

- Deixa eu “qui” mãe, “favorzinho”.

- Se você fechar os olhinhos e dormir a mamãe deixa. Mas é agora. Olha lá a mãe Fer, já está dormindo, só falta você. Até o Whisky dormiu. Fecha os olhinhos! - fiquei fazendo carinho nela e soprando o rosto dela, levemente, até que eu cansei e dormi, se ela dormiu eu não sei.


A Julia é nossa encomenda aos céus, por mais que não tenha nascido nem de mim, nem da Fernanda, ela é o clone da minha esposa. Ela tem os mesmos cabelos morenos que a Fer tem, até aí ok, mas a personalidade é igualzinha. Eu não conheci a Fernanda quando criança, mas quando vejo a Julia imagino a Fer criança. Nossa filha é esperta, tem resposta para tudo, um gênio forte que vai dar muito trabalho na adolescência.Toda noite colocamos ela para rezar pela “mãe que deu a barriga pra eu crescer”.

Eu estava de plantão no pronto socorro da maternidade, ou seja, é dia de emergência, bomba e casos graves. Uma menina chegou sangrando, não devia ter mais que 16 ou 17 anos, sem pais, sem familiares, sem o pai da criança. Eu atendi com toda a atenção que toda paciente recebe na minha mão. Infelizmente depois de um dado tempo de trabalho, acabei tenho o feeling de saber quem teria um parto liso, sem complicações e quem daria trabalho, assim que examinei a menina, soube que não seria algo fácil. Conversei com ela, com calma, ela falou que não tinha ninguém no mundo e ninguém precisava saber dela, deu entrada sem documentos, sem identificação, claro que sem  pré natal, nenhuma consulta se querem saber.

Quando o sangramento acabou se intensificando eu não pensei muito, entendi que a melhor opção pra ela e pra criança seria uma cesariana rápida. Avisei a paciente, com muita calma, explicando tudo, foi quando a menina segurou a minha mão e me falou:

- Dra, escolhe a minha filha, ela precisa viver.

- Que tal a gente escolher vocês duas? Vai dar certo, vou dar meu melhor para as duas. - Ela segurou minhas mãos e me puxou, de um jeito diferente, que mesmo depois de 13 ou 14 anos de parto eu nunca tinha visto, e voltou a falar.

- Eu não vou sair. Ela vai nascer pra ser sua filha, não minha. Promete isso? - minha garganta deu um nó, que não sei explicar pra vocês, se houvesse outro médico naquele momento eu não teria entrado naquele parto. Apenas sorri para a menina, com o máximo de calma que eu consegui e segui em frente. Quando entramos na sala cirúrgica, ela já não estava mais falando, o sangramento tinha ficado intenso, forte demais pra controlar. A anestesista fez uma geral nela e segundos depois, em uma cesária de emergência, a pequena Julinha estava nos meus braços, pálida, sem respirar.

Entreguei rápido para o neonatologista da sala e esqueci do mundo, me enfiei na menina como se minha vida dependesse disso. Mas não teve como, parece que tudo estava lá, encaixado para dar errado. Um sangramento incontrolável, o útero que não voltou ao lugar, a placenta que colou, todas as emergências obstétricas em uma única pessoa. Ao fundo as pessoas da equipe me chamavam, falavam o meu nome, mas eu não queria escutar, não queria acreditar que tinha perdido essa paciente. Quando finalmente aceitei que ela tinha morrido, todos na sala me olhavam, atentos, esperando o próximo passo, cansados do tempo de “massagem” cardíaca que tinham feito.

- Hora do óbito: 16h45 - o silêncio era sepulcral, foi apenas cortado mais uma vez pela minha voz - Quero saber da criança, alguém descobre isso. - O silêncio da sala se manteve, cortado apenas pelo barulho das pinças e do equipamento que eu usava para fechar o corpo da menina.  Quando acabei tudo e deixei ela limpa, fechada e vestida, terminei meu ritual colocando o lençol por cima, como se significasse que acabou.

Quando sai da sala cirúrgica, todos me olhavam, como se esperassem o próximo passo. Olhei para a enfermeira e perguntei mais uma vez da criança, tive como respostas “Está na UTI neo”, apenas isso, mas isso pode significar um rio de coisas. Sai do centro obstétrico e fui direto para a sala da Fernanda, por mais que a gente trabalhe no mesmo hospital, são raros os momentos que nos vemos no decorrer do dia. Quando bati na porta dela, ela se assustou:

- Está livre? -  ela viu minha cara e não demorou a se levantar da cadeira e vir em minha direção

- Tudo bem? Entra. - eu não respondi, ela me abraçou forte e eu apenas chorei, como se não houvesse amanhã. Ela não me perguntou nada, apenas me abraçou. Depois de um tempo puxou a cadeira, sentou, eu sentei nela, abraçada e assim fiquei, até me acalmar. Depois de todo o tempo que precisei e quando ela me viu mais calma, soltou - Quer me contar o que aconteceu?

Eu contei cada detalhe do que aconteceu. A fernanda ouviu atentamente cada detalhe, depois em silêncio, pegou o telefone e ligou na Uti, falou com o médico de lá, de pediatra para pediatra. Desligou o telefone e olhou pra mim:

- A criança está bem, bem dentro do que dá pra estar bem. Está entubada, recebendo medicação para amadurecer os pulmões, é baixo peso, tem um caminho muito grande pela frente. Carol, não tem como pegar uma criança assim, do nada.

- Eu não estou falando de levar ela pra casa hoje Fer. Dá pra comprar as coisinhas pra ela, arrumar o quarto.

- Princesa, não estou falando disso, estou falando que essa criança tem uma família. Alguém em algum lugar deve estar procurando uma menina de 16 anos, grávida. Tem um trabalho pela frente ainda. E depois se ninguém realmente aparecer, tem a questão da fila de adoção, sermos escolhidas, todas essas coisas. Vamos com calma, tudo bem? Eu vou chamar o pessoal do serviço social, eles que cuidam disso. E hoje eu quero que você vá pra casa, chega de pacientes.

- A maternidade está sem ninguém.

- Fica aqui, eu vou ligar pro Costa. Peço pra ele assumir seu lugar. Você não está bem para cuidar de mais ninguém.


Nos dias seguintes houve uma procura social e policial atrás da família da menina, alguém que conhecesse ela. Mas não conseguimos achar ninguém. Escondido da Fernanda, eu comecei a tomar medicação para estimular a amamentação. A Fer ia todos os dias, dua ou três vezes, visitar a criança, ela jurava pra mim que era apenas como chefe do serviço, mas eu soube que era mais quando ela chegou em casa um dia e soltou:

- Carol, posso usar você de ginecologista?

- Nossa, que sério. Tudo bem, pode. Mas já te aviso que pelo seu ultimo exame físico, estava tudo certo com você.

- Que ultimo exame físico, você nunca me examinou!

- Ah, você passa por uma criança e não dá aquela olhadinha? Ah, está desnutrida ou ah, precisa de um xarope pra tosse, essas coisas de pediatra?

- Tá, dou!

- Eu também dou uma olhadinha em você.

- Aff, que boba! Só espero que as outras que você examina, não tenha cunho sexual.

- Eca, claro que não. É que é bom cuidar de onde gosto de, você sabe, cair de boca - quase tomei um tapa dela, mas o rosto vermelho foi lindo. Adoro deixar ela sem graça - Mas em que posso te ajudar hoje?

- Eu to com uma secreção branca dos seios, líquido. Sem cheiro, começou faz uns 3 ou quatro dias. As mamas estão duras, incômodas, doloridas. - em um segundo eu entendi o que era, fiquei com raiva, mas não é culpa dela. Eu tomando medicação para conseguir amamentar uma possível cria que nem sei se virá e a Fernanda sozinha já produzindo leite. Eu examinei as mamas dela, mas era bem provável que fosse apenas isso, leite.

- Eu quero um ultrassom das suas mamas e um teste de hormônio. A gente faz isso amanhã.

- O que acha que é? Devo me preocupar?

- Fer, eu acho que suas visitas a maternidade estão te fazendo muito bem. Pra mim, isso é apenas seu corpo produzindo leite. Quero os exames para descartar qualquer coisa, mas tem cara de leite. De que seu corpo já aceitou algo que sua cabeça está com medo de aceitar.

- Faço o exame com o Costa amanhã.

- Não mesmo meu amor. Eu gosto do trabalho dele, mas não o suficiente para te deixar nas mãos dele.


No dia seguinte exatamente quando terminei de fazer os exames dela, meu celular tocou. Eu saí para atender o telefone e ela ficou se trocando, eu voltei dois minutos depois, com os olhos cheio de água. Ela não precisou perguntar nada, apenas falou bem alto:

- Puta que pariu, onde vou achar um berço? Deveria ter te escutado, cacete - A cena foi bizarra, saímos as duas igual loucas atrás de berço, de roupa, de mamadeira, de tudo. A assistente social liberou a gente para uma guarda provisória, de adaptação ou algo assim, até passarmos por mais uma avaliação, que determinaria a guarda definitiva ou não. Como perceberam, a Julia tem a personalidade da Fernanda e no auge dos seus quatro anos já é turrona igual a mãe, então no final conseguimos ficar com a guarda definitiva.

Com o Samuca foi um pouco diferente, além do claro desejo de mãe, eu sempre quis gestar, como diz a Fernanda ver um gremlin crescendo em mim. Três anos depois da Julinha chegar, sentamos e conversamos muito, decidimos que era hora dela ter um irmão e que estávamos em um bom momento para isso. Eu consegui ser uma grávida completamente sem fome, com menos fome do que a que já não tenho. A Fernanda ficou mais louca do que já é, entrava no centro cirúrgico perguntando se eu tinha comido, mandava o Costa, gineco assistente, vulgo quem iria fazer o meu parto, me dar comida. Foram 9 meses difíceis de segurar o cuidado em excesso da pediatra. Ela me apoiou todo o tempo, até quando eu não conseguia dormir por causa do tamanho da barriga ela estava lá, me ajudando.

A Fernanda se tornou muito madura nesses 7 anos que estamos juntas, dois só morando juntas e 5 de casadas. Além de uma médica de excelência, como poucas, ela se tornou uma mãe de ponta, coisa que eu nunca imaginei. Tenho muito orgulho da mulher que ela se tornou, sério.


O quarto ainda estava escuro, lá fora o sol começava a nascer, mas para a Julia já era meio dia. Acordei com ela puxando o Simba, um urso velho e fedido que ela nunca larga, e descendo da cama. Respirei fundo, só quero dormir mais um pouco. A Fernanda ao meu lado também respirou fundo e falou:

- Você tem certeza que ela é humana?

- A pediatra é você amor.

- Você que fez o parto.

- Parece que saiu de uma humana, mas nunca se sabe.

- Como ela consegue acordar com toda essa energia? - virei o corpo pra ficar de frente com a Fer.

- Ela eu não tenho ideia, mas já de você, posso dizer que alguém apagou! Bom dia

- Bom dia amor - rolou um beijinho rápido - Apaguei, estava muito cansada. O Samuca não acordou Caroline! - ela se assustou, sentando na cama

- Calma aí tigresa, ele mamou 4 vezes, tá trocado, limpo, lindo. Dormindo enquanto a Julia não acordar ele. - ela relaxou quando recebeu a passagem de plantão de que o menino estava bem, deitou de novo na cama e ficou me olhando. Isso é mais uma das coisas que adoro entre nós, esses carinhos bobos, sem motivos, só por carinho.

- E lá vem ela! Trazendo o Whisky! - o Pingo viu a festa, levantou, se sacudiu e subiu na cama, sendo seguido pelo menor que veio sem nenhuma educação me lamber e a menos educada de todas, tão pequena que parece que tem que escalar a cama.

- Mãe, que horas o Bruno vem?

- Filha, calma. Ainda está escuro, é muito cedo. O Bruno ainda está dormindo, o tio Lucas também.

- Que saco, todo mundo só dorme.

- A boca Julia -  até eu tenho medo da Fernanda quando ela dá bronca. O Samuel percebeu que a casa toda acordou e no auge dos seus cinco meses ligou a sirene do “alguém vem me buscar”

- Vou pegar o chorão. Já venho.

- Quer que vá?

- Não precisa! Já volto - Dois minutos depois estávamos os 6 na cama, conversando de alguma maneira que só nós somos capazes de entender.


Quando deu umas onze da manhã, a campainha da casa tocou, na verdade o sino da porteira. A Julia, claro, foi a primeira a sair correndo. Eu segui o furacão, por sorte ela ainda não tem altura e nem força para abrir o portão de madeira. O Lucas entrou com o carro, no banco de trás o Bruno pendurado mandando um oi para a minha filha. Abri a porta do lado do passageiro e peguei a vasilha que estava no colo da Clara, pra ela conseguir sair. Se bem conheço o irmão atento que tenho, só iria lembrar da namorada quando a carne estivesse pronta.

Pouco tempo depois de eu me mudar oficialmente para Portugal, a Clara terminou a faculdade e como o combinado, chamei ela para vir trabalhar comigo em  Urros. Primeiro ela foi meio resistente, sem querer deixar o Brasil, eu respeitei. Cerca de um ano depois, a Jaqueline que era casada com o Lucas resolveu ir para os Estados Unidos fazer alguma coisa por lá, acho que mestrado. Foi finalmente o ponto final do casamento forçado deles e eu saí no lucro, um ou dois meses depois estavam Lucas, Bruno e a Clara aqui em Portugal. Eles estão morando em uma casa próxima ao hospital, meio que entre aqui e a casa de pedra.

- Carol você “tá” dando o que pra esse moleque comer? Fubá?! - O Lucas é muito educado pra ficar de boca calada, falando ironicamente - Esticou muito da semana passada pra cá!

- É muito leite de mãe.

- Oi madrinha! - Veio o Bruno correndo, pegando nas minhas pernas, ele com uns 7 ou 8 anos, fofo, educado e aguenta super a Julia querendo brincar com ele. Estamos entrando no verão português, por isso, sempre que dá fazemos almoços juntos, em família. Eu e o Lucas sempre sonhamos com isso, família grande, filhos pela mesa e nunca, nunca, jamais, abandonar uma das nossas crias.

- Julia, só vai brincar depois de colocar a blusa de frio - ela me olhou com cara de “ah, que saco” - Agora!

- Oi Clara! Como está?! Vem, vamos entrando pessoal, a Fernanda está lá dentro. - Nossa casa fica em um  terreno parecido com a casa da Fazenda Ganate, mas claramente sem os hectares de oliveiras, mas com bastante espaço para as crianças e para os cachorros. Na parte da frente era praticamente uma casa normal, com espaço para os carros, mas na parte de trás ficava um quintal bem grande, de grama, com uma churrasqueira, xodó da Fernanda caminhoneira. O Lucas até tentou algumas vezes, mas ela nunca deixou ele chegar perto.

A mesa foi posta do lado de fora da casa, no gramado e apesar dos 13 graus que fazia, o sol estava brilhando no céu. O Samuca ficou a maior parte do tempo ou no colo das pessoas ou na cadeirinha, mas na hora específica do almoço já estava dormindo. Apesar da Júlia ter a personalidade da Fer, ela tem a minha fome, ou seja, fazer ela parar pra comer é um martírio, mas dessa vez o Bruno sentou e ela seguiu o primo. O cheiro de churrasco preenchia o nariz de todos enquanto tomávamos caipirinha ou cerveja, de alguma maneira conseguimos montar um espacinho do Brasil onde estamos agora.

 

Com a mesa já a postos e a carne pronta, Fernanda cheirando a carvão e todos sentados, eu me acomodei também. Quando olhei aquela situação me emocionei. Tudo que eu mais quis nos meus sonhos estava ali, uma família, uma mulher companheira, que me respeita, cachorros correndo, meu irmão perto. Tudo e todos ali, como se fosse um sonho, algo conquistado, uma paz plena, não algo definitivo, mas algo real, vivo, palpável, algo pelo qual batalho todos os dias para ter e jamais perder.


Fim do capítulo


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Comentários para 61 - Capítulo 61:
olivia
olivia

Em: 25/06/2019

Olá autora, é o primeiro comentário que, faço de seu romance, levei uma semana para ler. Amei cada capítulo, chorei com a Carol quando , a Cris a expulsou do quarto reclamando do cheiro, chorei também quando ela foi sequestrada,achei fofo o amor da Fernanda , emocionei descobrir que, Antônia e Marcela era um casal(eu também ou noiva e tenho 65anos)amo minha garota !!! Odiei a Milena pela falsidade e maldade! O final foi magistral , sou apaixonada por Épilogo ! Fechou lindamente seu trabalho!! Obrigada por me proporcionar , momentos inesquecíveis!! Abraços e 

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preguicella
preguicella

Em: 24/06/2019

Ai que lindo! Amei conhecer o foram felizes para sempre! Parabéns, a história foi ótima, fugiu bastante do lugar comum e, acredite, isso é muito bom pra gente que gosta de ler!

Bjão e volta logo!

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