Capítulo 20
Quando chegaram na fazenda, era noite. Rafael dormia. Açucena o pegou da cadeirinha com cuidado, Rafa apanhou as mochilas e elas subiram os degraus de entrada da casa.
– Ah, como eu gosto desse climinha do campo, de interior – Açucena disse antes de elas entrarem.
– Eu também descobri esse gosto peculiar há pouco tempo – Rafa deixou as bagagens no sofá da sala e pegou o celular, ligando para Júlia.
– Oi, mãe, chegamos. Tá tudo bem, não se preocupa.
– Tá bom, meu amor – disse Júlia do outro lado – Aproveitem o fim de semana. Eu estou muito feliz por vocês, graças a Deus está tudo bem agora.
– Pois é, mãe. Espero que continue.
– Vai dar tudo certo, filha.
Rafa desligou e subiu para o quarto com Açucena. Ela acomodou o menino no berço.
– Ele não comeu nada. Vai acordar morrendo de fome.
– Eu sei. A gente faz alguma coisa pra ele comer – Rafaela se derreteu num sorriso, observando com ternura o filho dormir.
– É, eu podia acordar ele agora, mas dá uma peninha.
– Não, melhor deixar ele dormir. Está cansado da viagem.
– É...
Elas ficaram um minuto o contemplando em silêncio.
– É tão bom estar assim nós três juntos, eu, você e ele – Rafa estendeu o olhar afetuoso a Açucena – Parece um sonho…
Açucena não pôde deixar de se comover. Um calor reconfortante a envolveu por ouvi-la falando daquele jeito.
– Mas ainda bem que é real.
– Eu amo muito você, muito, muito mesmo. Espero que nunca mais duvide disso.
Açucena pegou a mão dela e ergueu até seus lábios, pousando um beijo carinhoso ali.
– Eu vou me esforçar pra que não. Vem, vamos deixar nosso príncipe dormir – e foi levando Rafa para fora do quarto, deixando a porta aberta, assim ouviriam se o menino acordasse.
Quando cruzaram a soleira da porta, Rafa a prendeu pela cintura, unindo os lábios aos dela, trazendo o corpo dela para o seu, desejara isso desde o percurso, quando a olhou no carro, linda, sentada ao seu lado naquele vestido fresco, os cabelos soltos. Açucena soltou um murmúrio de prazer ao sentir a língua dela encontrando a sua e o corpo dela pressionando o seu na parede. Ficaram uns minutos esquecidas naquele beijo no corredor. Até que Rafa abriu a porta do quarto ao lado e Açucena foi puxando-a para dentro. Ela se afastou, o olhar queimando no da outra, pegou o vestido e subiu-o pelos braços, tirando pela cabeça e deixando-o resvalar para o chão. Usava uma lingerie de renda bordô que realçava o bronzeado natural de sua pele.
Rafa mordeu o lábio, extasiada com aquela imagem. Aproximou-se e a pegou de novo, retomando o beijo, juntando seus corpos de modo sensual. Arrancou suas próprias roupas rápido, uma tortura se desgrudar da boca dela.
Num beijo seu
Num sonho meu
Será que o nosso filme tem final feliz?
E estavam desabando na cama, imersas na vontade uma da outra, embebidas em beijos e carícias ávidas, corações desenfreados. O toque era um parco regozijo, diante do desejo delirante, insaciável. Rafa resvalou a boca esfomeada pelo corpo estremecido de sua loira, espalhando um rastro de saudade quase saciada, Açucena rendida, as mãos agarrando o lençol, os suspiros inconscientes. O prazer doía, tamanha era a saudade, a paixão antiga e renovada que sufocava. Voltaram a fundir as bocas, em beijos insuficientes, os corpos queimando, um entrelaçado no outro.
Naquela entrega plena, fizeram amor por várias horas. Refizeram o amor. Depois dos enganos, da história mal vivida daqueles dois anos de uma mentira, a verdade resplandecia e o amor podia renascer. Será que podia?
O futuro não importava, agora que o passado ficara para trás. Só queriam o agora, aquele agora de prazer inebriante. O mundo para além daquela cama era insignificante. A não ser…
Ouviram um ruído de choro no quarto ao lado. Pararam, se encarando ofegantes. Trocaram um sorriso doce.
– Talvez devêssemos ter trazido a babá – Açucena lembrou, os olhos nos de Rafa irradiando desejo ainda.
– Na verdade acho que perdemos a noção do tempo – Rafa disse, sem querer se desprender dos olhos de mel dela.
Açucena deu um riso, desabando com a cabeça no travesseiro, exausta.
– É verdade.
Rafa notou a escuridão para além da janela aberta. Voltou a beijá-la, aquele último beijo com um sabor delicioso de começo.
Desgrudaram-se a contragosto, Rafa consultou a hora na tela do celular sobre o criado mudo: quase meia-noite. Haviam chegado à sete da noite.
– A mamãe me mataria se visse isso, o Rafinha sem comer até essa hora – Açucena vestiu o robe depressa e foi correndo para o outro quarto ver o filho.
– Eu vou descer e fazer alguma coisa pra ele e pra nós comermos, tá?
– Tá bom.
Açucena deu um banho rápido em Rafael e quando desceu, encontrou Rafa com a mamadeira dele pronta e arrumando os ingredientes para cozinhar algo para elas.
– Ah, esqueci de trazer manteiga de amendoim – lembrou-se, chateada.
Rafa abriu a geladeira e mostrou o pote, que para Açucena, pareceu reluzente em sua mão.
– Botei no carrinho e você nem viu.
Açucena derreteu-se num sorriso para ela.
– Obrigada por lembrar – pegou a mamadeira e começou a alimentar o filho.
– Eu nunca me esqueceria.
– É por isso que amo você. O que vamos comer?
– Quer fettuccine?
Açucena sorriu de novo.
– O que você acha? – ela adorava massas, não tinha jeito.
– Então eu faço, deixa comigo.
– Eu sei que vai ficar maravilhoso, como sempre – Açucena levantou-se, com Rafael no colo, deu um beijo nela e foi saindo para a varanda.
Rafa abriu uma garrafa de vinho que pegou na adega de Dione, despejou numa taça, degustou o primeiro gole. E começou a cozinhar.
Açucena sentou-se numa das poltronas da área coberta, perto do deck da piscina, olhando o céu que estava lindo, cheio de estrelas, enquanto Rafael se concentrava em tomar o mingau que adorava. Ela ficou pensando que elas ainda não haviam conversado direito sobre tudo o que havia acontecido e ela nem queria, tinha medo de remexer naquele assunto. Se pudesse, deixaria tudo assim, como se aqueles dois anos nunca tivessem existido, mas era preciso esclarecer tudo, mexer nas peças e encaixá-las em seus devidos lugares.
Rafa terminou de preparar o jantar e foi tomar um banho rápido. Desceu vestida num roupão azul marinho. Açucena estava sentada na grama, fazendo gracejos para o pequeno, que dentro do cercadinho ria e batia palmas. Rafa observou-os um minuto, o coração aquecido com aquela imagem inesquecível dos dois amores da sua vida.
– Quer que eu fique com ele um pouco?
– Quero – ela se levantou, se aproximou de Rafa, entrelaçando as mãos por seu pescoço e surpreendendo-a com um selinho – Vou tomar banho também, porque tô morrendo de fome.
Ela saiu do chuveiro rapidinho também, secou o cabelo, botou uma lingerie preta, com uma camisola preta de renda e o robe de seda por cima. Saiu do quarto e deparou-se com Rafa no corredor. Rafael havia voltado a dormir, já passava da 1 da madrugada.
– Tadinho do meu pequeno, amanhã temos que voltar com a rotina dele – Açucena olhou para o menino com ternura – Em um dia normal ele nunca estaria acordado a essa hora.
– Eu sei. Mas vamos consertar isso, né, meu amor? – Rafa tirou uma mecha do cabelo castanho do menino de sobre os olhos. Ele nem se moveu em seus braços.
Açucena deu um beijinho no rosto dele e Rafa o levou para o quarto. Ele se mexeu um pouco assim que ela o acomodou no berço, soltou um murmúrio quase inaudível, mas voltou a dormir profundamente.
Rafa manteve aberta a porta do quarto e desceu. Uma música vinha do jardim. Ela parou na soleira da porta, os olhos embriagando-se com a visão de Açucena de pé perto da mesa posta, usando uma camisola preta que Rafa não conhecia e achou que ficou perfeita nela, e Açucena estava de costas e não a viu, tinha uma taça de vinho na mão e olhava pensativa para o horizonte estrelado. Agradeceu em silêncio por aquilo, por estar ali com ela, com os dois. Era tão perfeito que tinha medo. Aproximou-se dela devagar, foi enroscando as mãos em volta da cintura dela e pousou um beijo cheio de carinho em seu ombro.
Açucena se virou, a agarrando pela nuca em um beijo quente. Afastou-se sorrindo, dando uns passos para trás na direção da piscina, arrancando a camisola.
– O que tá fazendo? Pensei que estivesse com fome – Rafa sorriu, deslumbrada, deduzindo o que ela faria.
Açucena levou as mãos até as costas e desabotoou o sutiã preto, os seios delicados e etéreos iluminados pelas luzes do jardim. Virou-se de costas e foi descendo a calcinha pelas pernas, o coração de Rafa começando a bater descontrolado, seus olhos dominados pela visão dela caminhando nua para a água. Açucena mergulhou, planando perto da superfície e emergindo do outro lado.
Rafa mordeu o lábio, encarando-a, o magnetismo entre elas ultrapassando aqueles poucos metros. Ela se livrou do roupão e de suas roupas íntimas também e mergulhou ao encontro de sua loira, surgindo bem em frente a ela na água, a agarrando na borda da piscina e apossando-se de seus lábios. Fizeram amor na piscina só até perceberem que estavam mesmo morrendo de fome. Saíram da água, se secaram, se vestiram e se sentaram juntas numa espreguiçadeira para comer, Rafa sentada com as costas no encosto da cadeira e Açucena entre as pernas dela, daquele jeito que elas ficavam antigamente. E saborearam a massa calmamente.
– Então… me conta como tudo aconteceu, sabe, a Amanda… tudo mesmo. Nunca falamos sobre isso.
– Você nunca me deixou falar sobre isso.
– Eu sei. Pode falar agora.
Rafa começou por aquela manhã quando Amanda apareceu na casa delas com Artur trazendo uma mala enorme. Contou da história dramática que a ruiva contara para comovê-la. E do passar dos dias, Rafa admitiu que percebeu alguns sinais, sabia que aquela dedicação de Amanda tinha um motivo, mas o que podia fazer? Não podia expulsá-la, porque segundo ela, estava sendo perseguida pelo marido. E Rafa gostava da presença de Artur, se apegou a ele. Até que veio a noite da festa, quando ela havia chegado em casa e encontrado sua sala cheia de gente, música e bebida rolando. E de como estava há tempos presa a uma rotina de trabalho e acabou cedendo a tentação de curtir um pouco. Começou a beber, não tinha ideia do que Amanda planejava. Até que depois de um dado momento as memórias lhe fugiram. Não se lembrava mais de nada, só de acordar de manhã na situação que Açucena já conhecia.
– Eu me senti tão sozinha quando você foi pra Paris. Nem conseguia ficar em casa. Então a presença da Amanda trouxe algo diferente, eu relembrei com ela a amizade de primas que tínhamos desde pequenas…
– Amizade, sei… – Açucena ironizou, magoada
– Pelo menos da minha parte era amizade sim.
– Dividiu momentos com ela, nosso sofá, nossa cozinha… – Açucena mencionou, indignada.
– Eu sei, esse foi meu pior erro. Deixar ela entrar no nosso apartamento. Eu sei disso.
– Tá, tudo bem. Você já repetiu isso mil vezes.
– Será que você não entende? Não tem ideia de como foi difícil ficar sem você naquele apartamento. Eu fiquei péssima.
– Tá insinuando que a culpa disso tudo o que aconteceu foi minha? Foi você que decidiu ceder à choradeira dela e deixou ela ficar no nosso apartamento. Não precisava disso. Você tem amigas, não tava sozinha. E podia pelo menos ter contado pra mamãe, ela ia saber o que fazer, você podia até ter alugado um flat pra Amanda. Qualquer coisa, menos deixar ela ficar no nosso apartamento.
– Eu sei todos os erros que cometi. Paguei caro por eles. Admita que você foi um pouco egoísta indo passar todos aqueles meses em Paris, sendo que tínhamos nos casado há pouco tempo.
– Isso não justifica você ter botado uma ex no nosso apartamento! – Açucena levantou-se, incapaz de continuar aquela conversa. Enfim, haviam voltado ao assunto que sempre as magoaria. E isso era péssimo, não era para ser assim.
– Onde você vai? – Rafa perguntou ao vê-la caminhar para dentro da casa, enfezada.
– Vou dormir!
Rafa a seguiu, irritada com o resultado daquele papo, lamentando qualquer coisa que havia dito, desejando voltar do começo e não deixar as coisas chegarem naquele ponto. Se pudesse voltar no tempo mudaria tanta coisa.
– Amor, espera… – subiu as escadas, mas Açucena foi mais rápida, entrou no quarto e bateu a porta. Felizmente não a trancou. Quando Rafa entrou, deparou-se com os olhos cor de mel cheios de lágrimas e aquele olhar atormentado e ressentido de novo – Não foi pra isso que viemos aqui. O que importa é que não traí você, eu mantive minha promessa. Acredite em mim – chegou perto, Açucena imóvel e sem reação, só deixando aquela dor transbordar de seus olhos. Rafa segurou as mãos dela e beijou-as – Eu te amo, te amo tanto. Não posso apagar o que aconteceu. Mas podemos começar de novo, só me dê uma chance – puxou-a para seus braços e Açucena não conseguiu dizer nada, só chorar, por todos os minutos daqueles dois anos em que tentara odiar Rafaela e como sofrera ao constatar que era incapaz disso. Agora que sabia que Rafa não a havia traído, restava o ressentimento daquele período horrível de sua vida em que fora destruída por uma mentira. Uma mentira que Rafa, sem querer, havia ajudado a construir. Tudo de bonito que havia entre elas se quebrara naquela tarde em que Açucena havia visto aquele vídeo, aquela tarde horrível que queria esquecer, mas não conseguia. Será que era possível reconstruir o que elas tinham do ponto em que haviam parado? Aquela manhã em que entrara por aquele portão de embarque e elas haviam se olhado pela última vez antes de Açucena ir para Paris. Ela queria voltar naquele dia, desistir de tudo, que importância tinha qualquer coisa diante de Rafa na sua vida? Era um erro das duas, sim. Açucena admitia que errara, o casamento delas era recente. Não devia ter ido para Paris.
– Talvez seja tarde demais. Passamos tanto tempo ressentidas uma com a outra.
– Mas só depende de nós acabarmos com isso. Vamos deixar tudo pra trás. Eu amo você – Rafa a apertou afetuosamente nos braços, enchendo seu rosto de beijos – Confie em mim, por favor.
Açucena enterrou o rosto no ombro dela, submersa em sentimentos que a sufocavam, agarrando-se a ela, fechando os olhos, mas não conseguiu falar. Ergueu o rosto, a pegando pela nuca e a beijou.
Na manhã seguinte elas voltaram para a cidade. Rafa passou no apartamento de Açucena para deixá-la com Rafael e elas combinaram de ir mais tarde na mansão contar para a mãe direito sobre o que estava acontecendo. Despediram-se com um longo beijo, prometendo se encontrarem mais tarde.
Júlia ficou radiante ao vê-las chegarem de mãos dadas, Açucena com Rafael no colo. E passadas algumas semanas elas resolveram voltar a morar juntas, porque não conseguiam se desgrudar nem um dia. Ficavam se revesando na cama uma da outra e aquilo não estava certo. Prometeram não tocar mais em assuntos do passado, nada referente ao período em que haviam ficado separadas. Só iam pensar no presente e no futuro de agora em diante.
Numa tarde, estavam empolgadas, vendo um apartamento lindo com uma parede enorme de vidro na sala com vista para o mar, quando o celular de Rafa tocou. Ela atendeu, falou uns minutos, parecendo ser com alguém do escritório e quando desligou tinha uma carinha frustrada.
– Vamos ter que adiar a compra do apartamento pra semana que vem, amor.
– O que houve? Algum problema?
– Vou ter que viajar pra Fortaleza urgente e passar três dias lá.
– Três dias? Sério? – Açucena abraçou-se a ela com uma carinha triste.
– Você sabe, né? Trabalho, fazer o quê.
* * *
No dia seguinte, uma ensolarada manhã de quinta-feira, Açucena estava no jardim conversando com a mãe à beira da piscina. Uma empregada apareceu com uma bandeja de suco de melancia, Rafael brincava com Maju no cercadinho em volta de vários brinquedos. Léo vinha descendo a escada e outra empregada entregou o telefone.
– Do que se trata, Mirna?
A moça demorou a responder, tinha uma expressão alarmada.
– São os bombeiros.
– Bombeiros? – Léo atendeu, pensando ser algum engano – Alô.
– É da residência da família Hoffmann?
– Sim. Em que posso ajudá-lo?
– Certo. Olha, houve um acidente na rodovia de saída da cidade... Os documentos de Rafaela Hoffmann foram encontrados perto do veículo… Provavelmente caíram antes da explosão...
– Explosão? – a voz de Léo saiu rasgada, o abalo o sobressaltando.
– Você é o quê da vítima?
– Vítima? – a palavra o deixou atordoado – Eu sou irmão dela. Leonardo Hoffmann. Pra onde ela foi levada?
– Sinto muito, senhor, mas a sua irmã não sobreviveu. O corpo foi encontrado… carbonizado e...
– Corpo? Carbonizado?
– Nós recebemos o chamado de acidente… O carro caiu num penhasco, bateu nas pedras e explodiu, o corpo foi encontrado no interior do veículo…
– Ah meu Deus! – Léo o interrompeu, porque era muita informação ruim para assimilar e seu cérebro se recusava a digerir aquilo. Houve um minuto de pausa, enquanto ele tentava recuperar o raciocínio, que ficara parado naquelas duas palavras… corpo… carbonizado…
Rafa?
– Senhor, ainda está me ouvindo? – a voz na linha o chamou de volta – A polícia está se encaminhando para o local agora para possíveis averiguações da causa exata do acidente. Preciso que alguém compareça ao IML…
– Ah sim… é claro – Léo mal conseguia pronunciar as palavras, tremendo, tentou se recompor, impossível. Mas reprimiu o desespero e respondeu, tentando manter a firmeza na voz – Ok, eu estou indo. Obrigado.
Ele despediu-se do homem e desligou o telefone sentindo como se um peso tivesse desabado sobre suas costas, a mão tremendo, quase deixou o aparelho cair quando foi entregar de volta à empregada. Ficou parado, o olhar perdido nas palavras do homem. Corpo carbonizado… Sentiu passos se aproximando, ergueu o olhar e viu a mãe entrando na sala, vindo do jardim, tranquila, com um ar leve, lamentou ter que dizer aquilo, como ia dizer? A expressão de Júlia se tornou pura preocupação assim que o encarou.
– O que aconteceu, filho? Quem era no telefone?
– A Rafa sofreu um acidente, mãe – Léo achou melhor dizer logo.
– Acidente? A Rafa? – Açucena entrou pela porta, logo atrás de Júlia, a testa franzida, como se ele tivesse contado algo que ia desmentir no mesmo instante. As crianças haviam ficado no jardim com a babá. Léo olhou para Açucena com um pesar profundo. Elas tinham acabado de fazer as pazes depois de dois anos separadas...
– Ela tá bem, não tá? – foi a primeira coisa que o coração aflito de Açucena gritou, Léo vendo o tom dela soar como uma súplica e lamentando ter que dizer o que ela não queria ouvir.
Ele a olhou, quebrado de dor, não aguentou, desabou num choro que dizia tudo.
– Não, ela não tá bem.
– Onde ela tá? Onde ela tá? É muito grave? Em que hospital? Fala! Em que hospital? – Açucena sacudiu o irmão, em desespero, não queria acreditar no que a falta de resposta e aquele choro dele significava. Não podia acreditar – Fala, Léo!
– Em nenhum! Em nenhum hospital, minha irmã – ele disse, por fim, segurando carinhosamente o rosto dela entre as mãos, chorando e olhando nos olhos dela, tentando fazê-la entender, não queria dizer aquelas palavras horríveis, não queria, tentou com o olhar confirmar para ela o que ele mesmo ainda se recusava a aceitar.
– Meu Deus! – Júlia levou as mãos trêmulas à boca, em choque, o olhar perdido vagou pela sala, sem ver nada.
– O carro caiu num penhasco…
– Um penhasco... – Júlia esboçou, devastada, quase caindo, sendo amparada pela empregada, sua expressão perdida na dor, as lágrimas enchendo seus olhos. Léo se aproximou, caindo nos braços da mãe.
Açucena estava parada, suspensa num limbo de desespero, se recusando a assimilar aquilo, as vozes em volta sumindo, a sala, os presentes parecendo longe e a escuridão puxando-a sem escapatória...
Léo não conseguiu segurá-la a tempo, ela desabou, desmaiada no tapete.
– Filha!
Júlia e Léo se debruçaram sobre ela, assustados, entre o abalo do choque por aquela notícia terrível e o desmaio dela, a mãe erguendo sua cabeça, o irmão a chamando. A empregada correu, apanhou o telefone.
– Liga pro médico, Mirna, por favor! – Léo pediu, mais recuperado, pegando Açucena nos braços para levá-la ao quarto.
Júlia não subiu, não estava em condições de andar, apoiou-se no encosto de uma poltrona e desabou ali.
– Minha filha, minha… Isso não pode… não pode ser verdade!
Fim do capítulo
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sandrinha66
Em: 17/05/2019
Mds! Kkkkk autora você já desenvolveu em mim a síndrome do coito interrompido kkkk velho quando eu penso que elas tão quase lá, você vem e pá!!! Kkkkkkk manda essa. Aposto que tem dedo da vaca da Amanda aí. Bicha se humilha viu !?
Aí! Esperando ansiosa pelo desenrolar dessa história ????
Resposta do autor:
kkkk Sério que eu fiz isso? kkk Ah meu Deus, desculpa Sandrinha, foi mal mesmo.
A Amanda ficou obsecada por ter a Rafa, a rejeição teve um efeito devastador nela e a deixou doente. E tem o fato de a Açucena ter entrado pra família Hoffmann e tal e tudo isso despertou esses sentimentos extremos na Amanda, fazendo com que ela mostrasse sua verdadeira natureza.
Fico feliz que esteja gostando!
Obrigada pelo comentário.
Beijos
edilima
Em: 16/05/2019
Quando achei que a coisa ia ficar boa acinacon isso.
Certeza que e a Amanda aprontando so pode ser ela....parece a Nazaré kkkkkkk
Enredo maravilhoso.
Resposta do autor:
Oi edilima seja bem-vinda aqui! :)
Pois é, a família lá numa manhã feliz, as crianças brincando e pá, essa tragédia. Imagina!
Bem coisa de Nazaré Tedesco mesmo kkkk
Obrigada, que bom que gostou!
Beijos
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Endless
Em: 16/05/2019
Ah, meu Deus... Voltamos a estaca zero... Mais uma noite sem dormir! Tô que nem Pedro Malasartes, tô feliz, tô triste! Dona autora, pelo amooor!! Cadê aquele momento de paz e amor? Será que esse acidente é coisa da cramulhenta? Sei não... Brincadeiras a parte, é bom ler capítulos que movimente as emoções. Boa sorte sempre.
Resposta do autor:
kkkkkkk Poxa, mas pra estaca zero? Pelo menos agora elas não estão zangadas uma com a outra, né? A Rafa só tá supostamente morta, mass isso é só um detalhe rsrs
Ah não, mentira que eu deixei você sem dormir de novo, Endless, meu Deus!
kkkkk Pedro Malasartes é ótimo.
Mas nós já tivemos um capítulo inteirinho com essa paz e amor rsrs
Cramulhenta kkk eu nunca tinha ouvido isso! kkkk
Obrigada, obrigada
Valeu pelo comentário, Endless
Beijos
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Mille
Em: 16/05/2019
Oh Luh
Diz que é mentira Rafa não esta morta isso é coisa da Amanda.
Ah ruiva dos infernos.
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
Olha, se minhas personagens pudessem, elas iam se unir todas e me linchar kkkkk
A Amanda é sinistra. Se ela for a responsável por isso, aí a Açucena vai acertar as contas com ela. Mas se a Açucena matasse a Amanda, aí iria pra cadeia e a história não teria um final feliz, então... O que se pode fazer? rsrs
Valeu, Mille
Beijos
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My Queen
Em: 16/05/2019
Não creiooooooo! Não posso acreditar q Amanda vai nos dar esse susto!!!
Autora não ....ouse matar ninguém kkkkkk
Hora da nossa protagonista reagir e sentar o cacetes!!! Kkkkk
Reação! Reação!!!!
Beijos
Resposta do autor:
Pois creia rsrs
A Amanda é louca mesmo. Mas será que ela mataria a Rafa?
"Autora não ....ouse matar ninguém"
Senti a sutil ameaça kkkk
Acho que vou ter que mexer no enredo então kkkk
Calminhaa... Sério eu ri com esse comentário.
Valeu, My Queen
Beijos
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Vally13s
Em: 16/05/2019
Eu achei a Açucena super arrogante, a Rafa foi muito trouxa em volta pra ela sem colocar tudo em panos limpos. Rafa erro quando colocou ex sobre o mesmo teto, mas não justifica a Açucena fica julgando a Rafa da maneira que ainda estava, uma traição por mais difícil que seja não justifica tudo que ela pra alguém que ela diz ama. Açucena na minha opinião é uma arrogante que passou dois anos fazendo uma tortura psicológica na Rafa, não a merecia ter de volta tão fácil ainda nessa arrogância pois não vi se arrepender de nada do que fez e estaria casada com outra só pra machucar a Rafa. Talvez essa suposta morte dê a lição que tá merecendo.
Resposta do autor:
Sim, concordo que a Açucena se excedeu, fez mesmo tortura psicológica com a Rafa.
Mas pensa, ela se sentia traída, ela achava que a Rafa a tinha traído na cama delas, com a prima delas... Nossa, eu também ia ficar com ódio e ia querer ferir a pessoa... Claro que a Açucena deveria ter confiado mais na esposa, né? Mas mesmo assim o ciúme e a ideia da traição deixa as pessoas cegas. Quanto mais forte é o amor, mais dói a traição aí, já viu.
Mas a Açucena também sofreu muito, temos que concordar. Ao mesmo tempo em que torturava a Rafa, ela se torturava também, né? E esse casamento foi mais uma fuga, uma maneira dela de tentar seguir em frente, nesse momento ela já não estava mais querendo machucar a outra, estava querendo fugir do que ainda sentia por ela. Enfim. E a Rafa amava demais ela, não resistiria.
Nossa, Vally rsrs tadinha, essa punição aí é foda mesmo, passar dois anos maltratando a pessoa e quando vc consegue ficar de boa com a pessoa, ela morre. Caracaaa rsrs Isso que é castigo rsrs Mas é isso aí. Vamos ver.
Obrigada por suas opiniões, gostei de sua análise.
Valeu
Beijos
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josi08
Em: 16/05/2019
Nossa quando as coisas voltam a ficar mais tranquilas acontece outra bomba. Kkkkkk Autora vc é muito má com seus pobres leitores viu, coração não guenta essas emoções viu. Sera mesmo que a Rafa morreu?estou torcendo p que seja mais umas das armações de Amanda, e não vejo a hora da Açucena da uma boa surra nessa safada affff. Ela tem muito o que pagar.
Resposta do autor:
kkkkkk
Pois é, a vida delas não tem tédio, não tem mesmice nunca kkk Não tem perigo de o relacionamento cair na rotina, né?
Aaah eu não sou tão má assim, sou? Poxa rsrs Foi um acidente, né? Ninguém tá livre dessas coisas rsrs
Tô brincando, sério, isso já estava planejado para acontecer desde o início, é uma parte importante.
Vamos torcer pra que ainda possamos vislumbrar um final feliz.
Bem que a Açucena deveria dar uma surra nela mesmo, jogar ela na lama, esfregar a cara dela no chão, boa ideia kkk
Valeu, Josi
Beijos
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