Depois de deixar Eduarda em casa, segui com o pensamento pesado. Eu tinha que resolver de vez essa situação com Mateus. Por enquanto, ela estava sendo bem compreensiva comigo, mas sei que não podemos ficar nisso por muito tempo, não é legal com a gente e menos ainda com Mateus, que segue sendo o mais prejudicado por ambos os lados. Pensar nisso me dá calafrios, afinal eu nuca quis fazer esse tipo de trairagem com alguém, menos ainda com uma pessoa que é importante pra mim.

No final de semana seguinte eu viajaria com meu namorado, então na sexta resolvi me antecipar e mandar uma mensagem para a garota mais linda que eu conheço.

Mensagem On:

- Bom dia, Duda. Tem um tempinho na sua agenda pra mim hoje?

- Bom diaa, sempre tem um espaço pra vc, só me diz o lugar e a hora :)

Sério, ela é muito linda.

- Haha, pode ser as 16hrs aqui em casa, mas o lugar fica por tua conta. ;*

- Combinado, mil bjos...

Mensagem Off.

Depois de resolver as coisas com Eduarda, resolvi tirar um tempo para arrumar minha mala, estava um pouco desapontada pelo fato de ficar longe de quem eu tanto queria estar perto, mas por outro lado essa viagem me daria coragem para eu ir preparando a mim e ao Mateus para o fim do nosso relacionamento. Depois de tanto pensar cheguei à conclusão que por mais desconfortável que seja eu preciso estar livre, nem que eu e Eduarda tenhamos que esperar mais um tempo para ficarmos juntas de fato, mas estar sem alguém é uma prova real do que eu realmente quero que é estar com ela e somente com ela.

Essa viagem será uma espécie de despedida, eu gosto do Mateus, mas o que sinto por Duda nem se compara. Como pode em tão pouco tempo alguém se tornar tão importante e intenso? Eu também não sei, confesso que é louco sentir essa sensação, mas tenho certeza que compensa passar por tudo isso.

Com tudo arrumado, resolvi tomar um banho e me arrumar. Coloquei uma calça jeans branca, com um all star branco e como estava um ventinho, um suéter cinza. Uma make básica, pronto. Só esperar minha companhia chegar, o que não demorou, as 16 hrs em ponto ouço a buzina do carro e vou de encontro a ela.
Ela estava linda, como uma calça preta, uma blusa de lã preta com detalhes brancos e uma bota também preta e aqueles óculos de graus que a deixavam uma deusa.
Entrei no carro e ela seguia firme me olhando, ficamos nesse combate de olhares por alguns segundo, até que ela se aproxima e me abraça, sabe aqueles abraços que falam mais que mil palavras? Então, eu me sentia segura nos braços daquela garota, é como se estivéssemos em um universo paralelo de apenas duas almas apaixonadas, era intenso demais tudo aquilo.

- Olá! - ela disse olhando novamente em meus olhos - eu já estava com saudades.

- Eu também estava morrendo de saudades sua. - me aproximei devagar e dei um beijo nela, que boca Deus, ela me deixava em êxtase com apenas um beijinho, imagina o quão adolescente eu me sentia.

- Então, pra onde seguiremos? - questionou-me.

- Podemos ir à cafeteria? Aproveitar esse friozinho! - sorri.

- Você leu meus pensamentos, porque o que eu mais queria agora era um cappuccino, quer dizer, primeiro ver você e depois sim o cappuccino. - sorriu.

Será que eu estou apaixonada? Imagina!

~POV Eduarda~

Recebi uma mensagem de Larissa no primeiro horário daquela manhã ensolarada, ela queria me ver à tarde, e como nesse horário eu ainda estaria no trabalho, pedi uma folga para minha mãe, nessas horas é bom ter alguns privilégios de filha da chefona. (:
Como fiquei encarregada de escolher o destino do passeio, queria impressiona-la com algo que é muito importante pra mim.

Quando cheguei a sua casa, notei como ela estava: com uma roupa simples e mesmo assim tão linda. Adorava aquele jeito dela, hora menina ingênua, hora a mulher que me seduz só com o olhar.

Depois de nos cumprimentarmos e ficarmos numa sessão de olhares, fomos tomar um café antes do passeio. Chegamos à cafeteria e eu não conseguia disfarçar o quão feliz eu estava, sério, estar com ela ali e saber que naquele momento ela seria só minha me deixava muito bem. Nunca me senti assim, pensei que estava como meu pai disse que se fica quando estamos apaixonados. Agora consigo entender o porquê dele ficar daquela maneira quando fala da minha mãe.
Sentamos mais ao fundo, e eu coloquei minhas mãos sobre a mesa, nisso Larissa colocou suas mãos sobre as minhas e sorriu. Como ela era linda, aqueles olhos verdes expressivos me olhavam com tanta ternura que eu não podia cogitar a ideia de ficar sem olha-los para sempre.

- Então, o que nos traz aqui em uma sexta feira à tarde? - eu disse.

- Quero aproveitar a sua companhia ao máximo, afinal ficarei uma semana longe de você, e já estou com saudades antecipadas. - fez uma carinha desanimada.

- Nem me fala, àquela noite eu disse que aguentaria de boa uma semana sem você, mas agora estou quase te sequestrando pra ficar a semana inteira comigo.

- Olha, a ideia é tentadora. - ela disse me encarando profundo.

Mil coisas passaram por minha cabeça...

- É sério, espero que essa semana passe correndo. - me limitei a dizer isso.

- Eu também espero, mas em todas as oportunidades possíveis eu vou te ligar ou mandar mensagem pra você não se esquecer de mim.

- Nem que eu quisesse me esqueceria de você, Lari.- ah aqueles olhos estavam em chamas, eu sentia que era recíproco esse sentimento louco.

Conversamos por mais um tempo e decidimos ir para outro lugar.

- Aonde vamos agora? - Lari perguntou.

- Quero te levar em um lugar que eu costumo ir quando estou feliz ou triste, ele sempre me traz paz, por isso serve para qualquer situação.

- Ok, estou curiosa para conhecer seu refúgio, princesa.

- Haha, engraçadinha. Tu vai amar lá, tenho certeza.

Seguimos para o meu refúgio, esse foi o nome que eu dei para uma casa da arvore que meu pai construiu para mim e para Heitor quando éramos criança e que fica na fazenda do meu avô, Joaquim.
Era um pouquinho afastado da cidade, mas nada tão longe, algo entre 8 km e já estaríamos lá.

No caminho eu olhava para Larissa que parecia encantada com tudo que ia vendo.

- Você nunca esteve por essa região? - perguntei.

- Não! Acredita? Ela disse incrédula.

- Pois não sabe o que está perdendo, é um dos lados da cidade que eu mais gosto, é muito tranquilo e encantador.

Chegamos e logo avistei a casa colonial dos meus avós, apesar de meus pais batalharem a vida toda, meu pai era de uma família tradicional da região, os Marcolino eram conhecidos por suas construtoras, meu avô e seus irmãos tinham montado um grande negócio de construção, que lhe renderam um bom dinheiro. Apesar disso, meu pai nunca quis depender do dinheiro do meu avô, ele preferiu conquistar tudo por sua própria conta.

- Nossa realmente é lindo aqui. - Larissa falava olhando cada detalhe.

- É sim. Vem, vamos dar um olá para o pessoal.

Cheguei e fui cumprimentar os empregados da fazenda.

- Olá Fátima. Como estão as coisas por aqui?

- Oi Eduarda, está tudo bem. Quanto tempo você não aparecia por esses lados. - disse me dando uma leve bronca.

- É verdade, mas estou muito atarefada ultimamente, e a faculdade está me tomando boa parte do tempo. - sorri sem graça.

- Só vou lhe perdoar porque espero que você seja uma grande advogada como sua mãe é.

- Se Deus quiser! Bom, deixa eu te apresentar, essa é minha amiga Larissa, Larissa essa é Fátima, uma amiga de longa data dos meus avós, que também toma conta de tudo isso.

- Prazer em conhecê-la Fátima. Lari disse simpática.

- O prazer é meu, alias já gostei de você porque conseguiu trazer a Duda pra cá.

Rimos da brincadeira.

- E meus avós têm vindo pra cá? - questionei.

- Sim, ontem eles ainda estavam aqui.

- Ah, que pena! Queria dar um beijo neles.

- E o João Gabriel como está? - lançou.

Confesso que fiquei um pouco sem reação com a pergunta, olhei para Larissa que estava vermelha, achei um tanto engraçado.

- A gente terminou. - falei sem graça.

- Nossa Duda, eu achei que vocês iam casar, mas logo você acha alguém melhor.

- Com certeza, Fátima. Bom, vamos dar uma volta. Até depois.

Eu queria sair dali antes que esse assunto piorasse...

Fim do capítulo