CAP IV
Batidas altas e insistentes na porta acabaram me acordando. Em um salto levantei do sofá, mas parei no meio da sala encarando a porta, sem saber o que fazer. Ouvi passos atrás de mim e rapidamente girei o corpo na direção do som. Dei de cara com Júlia, que pelos Deuses, ela estava ainda mais linda do que quando a deixei deitada em minha cama. O cabelo bagunçado emoldurava o seu belo rosto, os olhos estavam ainda menores devido ao seu recente sono e ela ficava uma graça vestida com a minha roupa.
As batidas ficaram mais fortes e me trouxeram de volta a realidade. Júlia arregalou os olhos e eu coloquei o dedo indicador sobre os lábios pedindo silêncio. Voltei-me na direção da porta e puxei o ar antes de falar.
-- Quem é?
-- Alex! Sou eu. Abre a porta.
Droga!
-- Só um minuto Bruno.
-- Pensei que estivesse morta. – comentou em tom jocoso - Faz séculos que eu te chamo. Abre logo essa porta.
-- Engraçadinho. Me dá só um minuto.
Caminhei até Júlia e segurei em seu braço, puxando-a com certa pressa de volta ao quarto. Sei que Bruno era meu amigo, na verdade, mais do que isso, era um irmão, mas não se poderia confiar nele a ponto de deixar que ele soubesse da existência de Júlia. Além do mais, Bruno não fazia jus à expressão “Minha boca é um túmulo”, principalmente quando ele estava em uma roda de amigos e tinha bebida no meio.
Já no quarto, olhei para aquele rosto angelical e deu pra ler claramente o quanto ela estava assustada. Ela prendia os lábios, os pressionando um contra o outro, e aquele mar azul começava a se tingir de vermelho. O medo que ela sentia de que eu a entregasse era gigantesco, só que ela não sabe que eu não tenho essa intenção, nem mesmo tenho coragem de fazer isso com ela. Minha razão e minha emoção são incapazes de deixar isso acontecer. De alguma forma muito estranha e inusitada, eu me sentia, como dizer? Presa a ela! Eu confiava na desconhecida.
-- Júlia? – ela não me olhou – Ei! Olha pra mim. – pedi tocando o seu queixo.
Quando seus olhos miraram o meu, senti meu estomago revirar. Sentimentos diversos conflitavam uns com os outros. Meu coração comprimiu ao ver aquela figura delicada e doce, fragilizada daquela forma. O queixo dela tremia na vã tentativa de segurar o choro que cada vez mais queimava, e tingia de vermelho aquele pequeno mar azul turquesa.
-- Júlia fica calma, eu não vou te entregar, não vou fazer isso com você. Acredite em mim, por favor! Fique tranquila. Você está na minha casa, e pode ficar o tempo que precisar. Eu vou te ajudar no que precisar, tá certo? Consegue confiar em mim?
Como resposta ela me abraçou. Um abraço apertado e que fez todas as células do meu corpo se agitarem fervorosamente. Arrepio. Frio na barriga. Coração acelerado. Sudorese. Fechei os olhos e abracei com carinho aquele corpo pequeno que agora balançava suavemente, entregue ao choro.
Afaguei os fios loiros que exalavam um cheiro gostoso que não pertenciam aos meus produtos e em seguida dei um beijo no topo de sua cabeça.
-- Obrigada. – ela disse contra o meu ombro.
-- Não precisa agradecer. Eu vou atender a porta, é um amigo meu, e se eu não abrir logo a porta é capaz de ele coloca-la abaixo. Não podemos correr o risco de mais alguém saber que você está aqui. Você fica aqui no quarto até ele ir embora, tudo bem?
Ela balançou a cabeça em sinal positivo. Afastei meu corpo do dela e imediatamente senti alguma espécie de desalento, praticamente gritando para que eu voltasse a acolhê-la junto a mim novamente. Quase a puxei de volta e a envolvi de novo em meus braços.
-- Eu não demoro. – disse e impensadamente dei um beijo em seu rosto.
Caminhei até a porta sentindo meu corpo um tanto dormente, eu diria que leve, não sei ao certo. Sorri involuntariamente ao me lembrar do rosto angelical de Júlia. Ah meu Deus, eu tô ficando doida!
Abri a porta e Bruno estava escorado no portal com a caixa dos meus pertences debaixo de seu braço. Estendi a mão e o puxei para dentro.
-- Você demorou hein? Tá com alguém aí? – perguntou olhando em volta.
-- Você é pior do que os meus vizinhos, sabia? Mas respondendo a sua pergunta: não, eu não estou com ninguém. Estava apenas descansando confortavelmente dentro da minha casa, se é que me entende.
-- Ah ta. – pigarreou desconcertado – Tudo bem. Eu trouxe suas coisas.
A minha vontade era de pegar aquela caixa, agradecer e manda-lo embora. Porém, não dava pra fazer isso, Bruno era esperto e perceberia que eu o estava expulsando dali e na primeira oportunidade que ele tivesse me encheria a paciência até arrancar de mim o que queria.
-- Obrigada.
-- Como você está?
-- Estou meio pra baixo cara. Ainda não sei o que vou fazer. Conseguir emprego aqui não tá nada fácil, ainda mais na nossa área. Mas a partir de amanhã eu vou começar a deixar meus contatos, em qualquer lugar, não importa. Preciso arrumar alguma coisa o quanto antes.
-- Não se desespera não Alex, vai dar tudo certo. E você sabe que se precisar, de qualquer coisa, eu estou aqui. Não sabe?
-- Eu sei! Obrigada.
-- Tem cerveja na geladeira? – perguntou já se encaminhando para a cozinha – Estou precisando de uma loira gelada.
Revirei os olhos ao me dar conta de que não conseguiria me livrar de Bruno tão cedo, porque geralmente, quando ele inventava de beber na minha casa, ele só ia embora quando acabava a bebida, ou quando ele tinha algum encontro marcado.
-- Deve ter alguma aí. – falei me largando no sofá.
-- Andou dormindo na sala? – perguntou sentando ao meu lado e me entregandouma cerveja.
-- Eu já disse que você é pior do que os meus vizinhos? Curioso! – dei um gole na bebida que estava extremamente gelada – Estou com problemas para dormir e venho pra sala pra assistir TV, ajuda no sono.
Bom, a parte de estar com insônia não era totalmente mentira. Por diversas vezes assisti os primeiros raios de sol invadir a janela de meu quarto. Não era tão regular, mas ultimamente vinha acontecendo com mais freqüência.
-- A sua gata não anda te dando o tratamento certo não? Devia ligar pra ela e pedir para ela dar um jeito nessa sua insônia.
-- Que jeito mais cafajeste de falar Bruno! – recriminei-o – Além disso, eu não posso mais andar trans*ndo com a mulher do Barão.
Bruno quase cuspiu a cerveja que havia acabado de bebericar. Me lançou aquele olhar espantado e ficou a me avaliar. Não falava, mas eu tinha certeza do que passava na cabeça dele, e ao mesmo tempo, sei que ele não teria coragem de perguntar por puro medo de me deixar chateada com a pergunta.
-- Não Bruno, eu não sabia que ela era casada, e menos ainda que ela fosse casada com o Barão. Você sabe que eu não iria me envolver com uma pessoa que é casada, eu não sou assim cara.
-- Então foi por isso que ele te demitiu?
-- Exatamente por isso, e com direito a justa causa, perdi todos os meus direitos. E ainda por cima me ameaçou, disse que eu não podia chegar perto da Sheila.
-- Isso é muito louco! Quer dizer que a mulher do Barão andava metendo o chifre nele com você? Ele deve ter ficado muito puto contigo.
-- É, ele ficou tão puto que me demitiu, idiota! – rolei os olhos.
-- Você já falou com a sua gata sobre isso? Será que ela sabia que você trabalhava na Tâmis e fez isso de propósito? Cara sua gata foi muito sacana contigo, porque ela sabia do risco do Barão acabar descobrindo que vocês estavam tendo um caso.
-- Primeiro, ela não é minha gata. E segundo, eu não sei se ela sabia ou não, e sinceramente, não quero mais saber. Quero distância de problemas.
-- De qualquer maneira, foi injusto ele te demitir por um assunto pessoal Alex!
-- Enfim, vamos deixar o Barão e todo esse assunto pra lá. Pelo menos por hoje eu quero um pouquinho de paz.
-- Tudo bem. Alex, - falou puxando o ar com força em seguida - você andou fazendo faxina na casa? Tem um cheiro diferente por aqui...
Tentei não sorrir, mas foi inevitável. Não fiz faxina alguma na casa, mas eu sabia muito bem a que se devia o cheiro diferente a que ele estava se referindo. E graças a Deus que meu amigo não percebeu o sorriso involuntário que teimou em se instalar em meus lábios. Ah Júlia...
Estacionei a moto no lugar de sempre, na frente do meu prédio quando já era noite. Passei o dia inteiro andando, rodando de um lado para o outro, oferecendo os meus serviços e deixando meus contatos em todos os lugares que eu conhecia na cidade. Não havia nada, nada na minha área disponível pra mim.
Frustração e preocupação me consumiam completamente, mas foi só entrar no apartamento e sentir aquele cheirinho diferente e peculiar que tudo pareceu se esvair como num passe de mágica. Fechei os olhos e inspirei discretamente aquele cheiro. Eu podia envasar, só pra ter uma amostra particular, só pra mim.
-- Júlia?
-- Já vou. – sua voz vinha do quarto.
Sentei no sofá e retirei os conturnos, os jogando ao lado do móvel. Estiquei e espreguicei o corpo sentindo aquela velha sensação de alívio em todas as articulações.
-- Oi. – disse sentando ao meu lado.
-- Oi.
-- Como foi o seu dia?
-- Foi longo, só não posso dizer que foi proveitoso. Não consegui nada.
-- Tenha calma, na hora certa vai aparecer alguma coisa, não perca a fé. E como lhe disse ontem, eu posso te ajudar, não tenho dinheiro, mas posso fazer alguma coisa.
-- Você não pode sair daqui Júlia, é perigoso.
-- Eu sei. Mas vou pensar em um jeito de te ajudar.
-- Não se preocupe.
-- É claro que eu me preocupo, querendo ou não, sou uma despesa a mais, e uma despesa não planejada.
-- Tenho economias, estamos bem por enquanto. Mas e você, como passou o dia?
Ela endireitou a coluna ficando ereta, respirou fundo e soltou o ar devagar. Eu no lugar dela teria ficado super entediada por ser obrigada a ficar dentro daquele apartamento minúsculo, sem ter o que fazer ou com quem falar.
-- Pode ser que você não acredite, mas ficar aqui dentro foi o mais perto do que eu cheguei da liberdade. O único problema é que precisei de algumas coisinhas para terminar o jantar e não pude sair.
-- Você fez o jantar? – minha barriga pareceu entrar em festa ao ouvir a última frase.
-- Fiz! – ela sorriu de um jeito que me deixou encantada – Bom, não sei se ficou muito bom porque não tinha todos os ingredientes nos armários e geladeira, mas acho que deu certo.
-- Aposto que ficou maravilhoso! E só pra você ter uma noção, faz séculos que eu não como outra coisa além de macarrão, porque é fácil de fazer e eu não mando muito bem na cozinha, e porque viver sozinha também não é nenhum incentivo.
-- Toma um banho, eu vou servir! – ela diz animada erguendo-se do sofá.
Depois do banho sentei na cama enquanto enxugava meus cabelos. Olhei em volta e percebi que as roupas que antes estavam no cesto de roupa suja agora estavam perfeitamente dobradas e separadas por cores. Júlia havia lavado minhas roupas sujas? Balancei a cabeça de um lado para o outro em sentido negativo. O que é que o tédio não faz, não é?
Aproveitei e procurei no meio daquelas roupas alguma que coubesse nela. Droga! Havia me esquecido de passar em alguma loja para comprar um par de chinelos e algumas calcinhas pra ela.
É...pensar em comprar calcinhas para uma mulher que você quase não conhecia era um tanto constrangedor, devo admitir. Será que foi justamente por isso que ela não me pediu nenhuma peça íntima ou pediu para que eu comprasse?
De qualquer maneira eu tinha que comprar algumas coisas pra ela, não dava pra ficar usando as minhas coisas o tempo inteiro, não que me importasse, mas acho que ela ia gostar de ter suas próprias coisas. Isso na verdade me fazia pensar que ainda não tínhamos conversado sobre ela, tudo o que eu sabia, era apenas o seu nome.
Ah! Lembrei-me de uma coisa que ela ia precisar, seria muito útil e a manteria em contato comigo quando eu não estivesse em casa, assim, ela poderia talvez me pedir algo, ou simplesmente conversar comigo quando se sentisse sozinha. Retirei a caixa velha que estava no compartimento de cima do guarda roupas e encontrei o aparelho que eu queria. O conectei ao carregador e o deixei sobre o criado mudo.
Assim que cheguei ao corredor senti um cheiro maravilhoso fazendo minha barriga roncar vergonhosamente. Eu estaria enrascada se a comida fosse tão gostosa quanto o cheiro, com certeza teria que dedicar mais umas horinhas do meu dia nas aulas de muay thai.
-- Esse cheiro está divino. – comentei quando a vi sentada à mesa.
-- Espero que goste.
Jantamos enquanto conversávamos, principalmente sobre mim. Eu adorava quando alguém se interessava por alguma história que eu tinha para contar. Às vezes acho que no fundo eu era muito carente, só não admitia isso em voz alta.
A comida era realmente divina, e não sei como ela havia conseguido fazer aquilo, provavelmente deveria ser mágica, porque na minha dispensa não tinha ingrediente suficiente para um jantar como aquele.
Por diversas vezes eu me senti tentada em perguntar mais sobre ela, mas ao mesmo tempo, tinha receio, tinha medo de sei lá, invadir a privacidade dela. Não sei! Acho que eu tinha mesmo era medo de fazer algo que a deixasse indisposta comigo, que a assustasse ou que a fizesse querer ir embora.
Sim, eu estava mesmo me sentindo presa a ela. Devia ser a carência, na verdade, eu tinha certeza de que era a carência. Estava começando e me acostumar com a presença inconstante de Sheila, e já fazia alguns dias que não nos víamos. Me apego fácil, fazer o quê?
-- Alex?
-- Hum?
-- Posso te pedir um favor?
-- É claro! Pode pedir.
-- Será que você poderia me comprar, é...umas... – soprou o ar – calcinhas?
Ela perguntou e desviou o olhar, mas ainda tive tempo de perceber suas bochechas assumindo um tom rosado. Devia ser difícil esconder o rubor, suas bochechas alvas sempre revelavam suas emoções. Já havia percebido que elas também ficavam rosadas em diversas situações e por diversos sentimentos e estado de humor.
-- Tudo bem, eu compro. Qual o tamanho e o modelo que você prefere?
-- Tamanho P, de qualquer modelo, menos as...hum...as que são muito...entende? – balancei a cabeça assentindo e também desejando não imaginar o tipo de calcinha que ela preferia usar - Eu não tenho dinheiro agora, mas, eu vou pagar por elas em breve, tá?
-- Não se preocupe com isso. Ah – levantei e fui até o quarto pegando o aparelho que eu havia deixado carregando.
-- O que é isso? – ela perguntou quando eu entreguei o celular.
-- É pra você! Assim não vamos ficar incomunicáveis, vamos poder nos falar quando eu estiver na rua. E quando você precisar de alguma coisa, qualquer coisa, pode me ligar. Meu número já está gravado aí, deve estar salvo com o nome de “filhota”. – suspirei – Era o celular da minha mãe, por isso vai estar com esse nome. Pode usar a vontade, se precisar falar com alguém, avisar que está bem, não sei...
-- Não vou precisar falar com ninguém. Obrigada. – disse sorrindo.
-- Como está o seu braço?
-- Ainda dói, e está um pouco vermelho.
-- Posso ver?
Ela assentiu e levantou a manga da blusa que ela usava. Com receio toquei o seu braço e o trouxe para mais perto. Novamente eu fiz careta. Aquilo não parecia estar melhorando, pelo contrário, quando ela disse que estava um pouco vermelho, ela estava diminuindo a situação, porque aquele corte estava muito vermelho, e muito inchado. Estava começando a me preocupar de verdade com isso.
-- Amanhã vou passar na farmácia e ver algum medicamento que ajude nessa cicatrização.
Levantei o olhar e encontrei aquele azul. Me perdi nele. Tive vontade de mergulhar dentro deles. Eles sempre me hipnotizavam, e de uma maneira que tinha bastante dificuldade para voltar a mim. Me desconcertava completamente!
-- Jamais vou ser capar de te agradecer pelo que esta fazendo por mim. Nunca vai ser o suficiente. Obrigada Alex. Eu não sei o que seria de mim se você não tivesse me encontrado, ou pior, não sei o que seria de mim se eu tivesse sido encontrada por outra pessoa naquela praia.
Não consegui encontrar nada pra falar então apenas sorri. O problema foi que eu quase desfaleci quando ela me deu um beijo no rosto. Foi na bochecha, não chegou nem perto dos meus lábios, mas eu senti as minhas entranhas revirarem como se tivesse acabado de ganhar um beijo nos lábios da menina com quem eu estava tendo o meu primeiro encontro. Cheguei a suspirar.
Depois do jantar Júlia foi para o quarto enquanto eu lavava a louça e dava uma organizada na cozinha. Quando deitei no sofá liguei a TV a fim de me distrair, o beijo inocente que ganhara a pouco tempo de Júlia ainda parecia queimar a minha pele.
Durante a noite meu celular tocou algumas vezes. Era Sheila que me ligava. Deixei chamar até cair na caixa postal todas as vezes que ela me ligou. De maneira alguma eu atenderia uma ligação dela. Mas ela insistiu tanto que eu perdi a paciência e desliguei o aparelho. Era só o que me faltava mesmo, ter uma mulher casada que não largava do meu pé.
Já era madrugada quando desliguei a TV decidida a dormir. Puxei o cobertor sobre o meu corpo e fechei os olhos. Girei o corpo de um lado para o outro. Mas tudo parecia me incomodar: estava calor, o sofá estava aparentemente mais duro do que ontem e o meu cobertor parecia estar repleto de formigas.
Bufei e joguei o cobertor de lado. Levantei e tirei a roupa que eu vestia – para parecer mais “comportada” diante de Júlia – ficando só de top e cueca. Soquei o travesseiro tentando deixa-lo mais “macio” e voltei a deitar, mas nada deu certo. Que droga! Levantei e fui até a cozinha pegar um copo de água.
-- Alex?
A voz suave me chamou e eu quase bati com a cabeça na parte de cima da geladeira. Aprumei meu corpo e olhei na direção da voz.
-- Ah. Oi. Te acordei?
-- Não, eu estava acordada. Vim beber um pouco de água.
Estávamos paradas consideravelmente perto. Eu estava diante da geladeira aberta, a luz fraca iluminava parcialmente meu corpo. O olhar de Júlia passeava pelo meu corpo timidamente. Aquela “avaliada” que ela me deu me deixou dividida, senti meu corpo quente e também senti-me constrangida. Não me olha assim Júlia, por favor.
-- Toma. – estendi a ela um copo e enchi um para mim.
-- Obrigada.
Júlia já estava se retirando da cozinha quando parou do nada e me encarou.
-- Pode vir dormir no quarto, dormir nesse sofá deve ser desconfortável. Você é muito grande e ele muito pequeno, você fica toda encolhida.
-- Ah não, tudo bem.
-- O quarto é seu, a cama é sua, e eu vou me sentir menos culpada se você dormir confortavelmente em um colchão macio. A cama é grande Alex, não vou me incomodar de dividi-la com você.
Pensei em negar e dizer que ficaria no sofá mesmo, mas duas coisas não me deixaram responder isso: a primeira coisa é que ela tinha razão, aquele sofá era muito desconfortável e muito provavelmente minhas costas não agüentariam mais uma noite sobre ele, e a segunda é que eu não estava conseguindo resistir àquela coisa que estava me puxando na direção daquela mulher.
-- Tudo bem.
Ela sorriu e caminhou a minha frente de volta ao quarto. Do nada, minhas pernas passaram a pesar toneladas e o meu coração disparou.
Também não foi fácil deitar ao lado dela e dormir. Eu estava tensa, estava em alerta e estava me policiando para não permitir qualquer contato entre a gente. Mesmo de longe eu conseguia sentir o calor que emanava dela. O cheiro que vinha dos cabelos, e da pele dela estava me deixando inebriada. Concentra Alex, concentra!
-- Boa noite Alex!
Ela sussurrou tranquila, desconhecendo completamente todo o alvoroço que eu tinha dentro de mim. O mesmo alvorço que nem eu mesma conhecia em sua totalidade ou conseguia controlar.
-- Boa noite Júlia. – disse finalmente.
Continua...
Fim do capítulo
Boa noite meninas! Tudo bem?
E então, o que esão achando? Podem falar, falar qualquer coisa. Elogios são bons, mas críticas também são bem aceitas, então me deixem saber o que estão pensando.
Continuo ou paro?
Beijos e até o próximo!
Comentar este capítulo:
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]