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Meu lugar no mundo por Kiss Potter

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Palavras: 3879
Acessos: 727   |  Postado em: 06/04/2019

Capítulo 1 - Angra dos Reis

 

CAPÍTULO 1 – ANGRA DOS REIS

 

“Vai ver que não é nada disso
Vai ver que já não sei quem sou
Vai ver que nunca fui o mesmo
A culpa é toda sua e nunca foi”

 Angra dos Reis - Legião Urbana

 

Era bem cedo da manhã quando Júlia deu a partida em seu carro. Estava indo em direção às suas merecidas férias depois de todos os esforços do semestre na faculdade. Não que fosse cansaço apenas dos estudos. O trabalho na empresa do seu pai havia consumido bastante de suas forças também. Júlia sabia que não devia se sentir tão cansada daquela forma, era jovem ainda. No entanto, se sentia com a idade de 60. Não sabia se era fraca assim ou se o cansaço vinha da falta de amor pelo que fazia.

         Sabia que poderia estar fazendo tempestade em copo d’água uma vez que, olhando para as oportunidades que tinha, quando via os colegas de classe se matando para conseguir um estágio que rendesse o mínimo de experiência a fim de garantir uma vaga em alguma empresa, por menor que fosse, sabia que tinha sido abençoada. Porém não conseguia se sentir bem e realizada no momento. Sabia que deveria se esforçar mais e ser grata por tudo o que tinha.

          Quando estava se despedindo da mãe, sentiu uma pontada de tristeza e felicidade ao mesmo tempo, seu pai não tinha ido se despedir dela. Muito pelo contrário, ele foi contra a viagem desde o começo dizendo coisas como: “não se tira férias do próprio negócio” e “tem que aprender a lidar com isso” ou “você não dá valor ao que tem”. Na verdade Júlio era um homem um pouco fechado e ríspido, às vezes era difícil conviver com ele. Sentia tristeza por não se dar tão bem quanto gostaria com ele e felicidade porque ao menos passaria um mês longe daquela confusão que embaralhava a sua mente.

              - Me prometa que vai ligar avisando assim que chegar lá. – Disse a mãe, Ana, após lhe dar um abraço caloroso de despedida. – Espero que tenha uma viagem agradável.

              - Obrigada, mãe. Vai ser ótima, eu sei.

              - Oh querida. – Disse Ana passando a mão por sua face com doçura. – Ainda não acredito que fará essa viagem sozinha. Aquele cretino! – Disse, referindo-se a Marcos, o mais recente ex-namorado de Júlia.

              - Eu não quero pensar nisso agora. – Falou, tentando espantar os pensamentos e não aparentar tristeza. – Fazer isso sozinha será bom para mim. Estou precisando me desligar de muitas coisas. E outra, eu posso fazer amizades novas por lá, não é mesmo?

            Ela deu uma piscadinha para a mãe que sorriu de volta. As duas se despediram mais uma vez e assim que Ana fez as últimas recomendações com os cuidados na estrada, Júlia finalmente foi de encontro ao seu destino.

O que ela mais queria era se desligar das responsabilidades do trabalho. Pensava que se realmente amasse o que fazia talvez não se sentisse tão cansada e amarga. Com certeza acharia forças e motivações para continuar sempre em frente. Ela até gostou de trabalhar na empresa inicialmente, mas depois que começou a fazer o curso de administração, estava se sentindo desmotivada e não entendia o motivo. Gostava de ver a rotina dos operários e conversar com os outros funcionários. Poderia até ser que se identificasse mais em um setor de RH do que com um cargo de gestão onde se via rodeada por números e quebra cabeças para tomada de decisões.

Desde cedo seu pai a instruíra a fazer parte da empresa da família. A Metalúrgicas Castro era uma companhia grande, rica e tradicional que já vinha sendo passada há cinco gerações em sua família. Com esse peso sobre os ombros talvez por isso ela se sentia pressionada e confusa. Além das cobranças do pai ainda tinha a tensão de se tornar a gestora da empresa e ter sobre os ombros o peso de ser tão quanto ou até mesmo melhor do que os antepassados que geriram outrora.

Ela tratou de colocar um ponto final nos pensamentos mesmo que fosse quase impossível fazê-lo e tratou de pensar nas coisas maravilhosas que faria quando chegasse ao Resort. Ela virou para entrar na rodovia que a levaria para Angra dos Reis. Este ano ela queria permanecer em seu País e relembrar as belezas do lugar. Por mais estranho que fosse ela só estivera lá uma vez e desde sempre passava as férias na Europa.

Seguiu sem correrias pela estrada. Como saíra cedo de casa teve a sorte de não pegar muito engarrafamento e com calma foi aproveitando cada minuto da viagem com o som ligado em uma rádio de MPB que a acalmava muito. Estava sozinha com os pensamentos.  Não tinha planejado fazer essa viagem sozinha. No começo do ano planejara tudo com Marcos, seu ex-namorado. Júlia achava que estava apaixonada por ele, mas depois de alguns poucos dias do término ela não lembrava mais da dor que sentiu nos primeiros dias.

Aliás, a dor não era pelo término em si, mas sim pela vergonha de ter sido traída e pelo fato de que muitas pessoas conhecidas sabiam disso, nada podia ser mais humilhante. Contudo, já havia formado a ideia da viagem na mente e tinha já pesquisado pacotes de acomodações e visto várias fotos. Não sabia porquê, mas dessa vez ela queria se conectar com a natureza e as maravilhas de um lugar conhecido e familiar no Brasil e estava ansiosa para chegar no hotel que na verdade era um Eco Resort com vista para o mar e para a mata. Nem mesmo o fato de estar sozinha a intimidava, estava até gostando da sensação de liberdade e independência que isso lhe traria, então aproveitou.

A viagem durou por volta de duas horas e meia. Cada vez que chegava mais perto de Angra dos Reis por onde passava as paisagens iam ficando cada vez mais litorâneas. Desligou o ar condicionado do carro e deixou a brisa fria preencher o veículo. Parecia um sonho de tão lindo. O Resort ainda ficava mais distante do Centro de Angra e depois de mais meia hora dirigindo, finalmente chegou na estrada de terra que a levaria para o seu destino. Admirou-se ao ver uma linda mata ao redor da estrada fazendo o vento ficar ainda mais frio e puro e depois de poucos minutos ela parou no portão do Resort, onde um guarda veio falar com ela imediatamente.

Era um senhor de cabelos pretos e de origem oriental, coreano talvez, muito prestativo, educado e simpático e assim que confirmou a reserva dela através de um tablet, lhe deu as boas-vindas e fez as recomendações de como chegar no estacionamento da área que iria ficar, por fim fez sinal para que o portão fosse aberto.

Ao chegar no hotel Júlia teve uma bela surpresa. Era realmente muito ecológico e verde, tudo lindo, organizado e bem conservado. Haviam caminhos de pedra ladeados por flores e pedrinhas multicoloridas, uma variedade de plantas bem cuidadas e vivas. Havia uma piscina enorme no centro do Hotel que praticamente preenchia bem o espaço e todas as estradas que levavam aos quartos a rodeavam. Já havia alguns hóspedes lá tomando banho de sol, todos pareciam extremamente tranquilos e felizes.

Antes de chegar ao quarto teve de passar pela recepção e fez o check-in rapidamente. A recepcionista da parte da manhã que a atendeu se chamava Juliana e as duas sorriram do fato de que os seus nomes se pareciam, ela também era muito simpática. Assim que terminou de preencher tudo, a sua bagagem foi levada pelo ajudante que estava na portaria. Com um sorriso e um aceno ela agradeceu ao rapaz magricela, que pôs as suas malas perto da cama e deixou-a sozinha com educação e lhe desejando, novamente, uma boa estadia.

Sentindo-se tão bem recepcionada foi fácil se sentir à vontade. Ela escolhera um quarto com vista para a praia e a primeira coisa que fez foi ir até a varanda feita toda de madeira que era bem espaçosa e ventilada. Lá tinha duas preguiçosas acolchoadas estampadas de verde vivo e uma rede grande de tecido grosso e macio com varanda também verde e detalhes pretos. E finalmente a vista. Lhe tirou o fôlego. Era praticamente dentro da praia e de lá ela podia ter uma visão privilegiada da imensidão azul do mar. Tão claro e límpido ela teve o ímpeto de sair correndo pela praia e atirar-se nas águas como uma criança maravilhada faria. Ali era quase impossível de pensar nos problemas.

Já era dez da manhã e a maré estava baixa agora. Reparou também que havia várias pedras ao longo da areia até o mar, com certeza quando a maré estava alta as cobria. Sentou-se na rede e ficou observando a vista mais um momento. A praia também demonstrava a vista para a mata verde, viva e espessa. Ela ficou maravilhada com aquilo e o som ambiente do lugar era também incrível. Júlia fechou os olhos e apreciou o canto dos pássaros e o som das ondas quebrando na praia. Tinha certeza que tinha acertado no destino, com certeza era disso que ela precisava. Apenas nesses instantes em que se instalara no Resort o seu coração já parecia estar mais leve. Se pudesse moraria ali para sempre e talvez escrevesse um livro tamanha seria a sua inspiração sobre o local.

Voltando para o quarto, que era bem equipado com frigobar, ar condicionado, tv a cabo e um armário embutido, vendo isso, aproveitou logo para desfazer as duas malas antes que a preguiça tomasse de conta. A cama tinha um edredom branco alvo como neve e só naquele momento ela reparou que havia um cartão na cabeceira e sobre ele tinha algumas trufas de chocolate, mimos que ela amou receber. Começou a ler, era um cartão de boas-vindas ao Resort, lhe desejando uma boa estadia e com dicas dos horários do café da manhã, almoço e janta do restaurante do hotel e mais abaixo, senhas dos pontos de internet distribuídos pelo Resort.

Quando terminou de guardar a roupa, ela pôs dinheiro e cartões de crédito guardado em um cofre disponibilizado pelo hotel e tratou de decorar logo a senha, pois era horrível em esconder coisas. Depois de três tentativas em abrir e fechar o cofre, rasgou o papel em pedaços miúdos e os jogou na privada, dando a descarga logo depois. Nunca era demais se prevenir, ela achava que era difícil algo do tipo acontecer ali, mas não era bom facilitar. Vestiu-se com roupas de banho e foi em direção à praia.

Para chegar na praia ela passava por toda a extensão do Resort. Tinha uma saída pelo restaurante que era bem em frente à praia, através de um corredor de pedra que não precisava passar por dentro do mesmo e não interferia em nada. Ela tirou os chinelos ao chegar na areia branquinha, fina e gelada, não tinha sensação mais gostosa que sentir a areia da praia sob os pés. Era como se a natureza falasse com ela, passando energias boas e positivas para a sua mente e coração. Pôs a toalha sobre uma das pedras grandes e foi deleitar-se nas águas salgadas. Pode observar que era tudo muito tranquilo e como se tratava de uma reserva particular, percebeu que havia poucos banhistas mesmo naquela hora de pico do sol.

Enfim, o Resort era um destino para quem gostava e queria privacidade e muito sossego. Não soube dizer quanto tempo passou na praia. Tomou bastante banho, caminhou pela areia e tirou algumas fotos, mas só voltou ao hotel quando começou a sentir fome. Encaminhou-se para o restaurante e ficou na parte que era servida na areia da praia. Ela fez seu pedido e pediu que adicionassem tudo na conta do quarto depois de mostrar o cartão-chave.

O almoço foi bem reforçado e Júlia sabia que se todas as refeições fossem assim, sairia dessas férias feito uma bola. Iria procurar coisas mais leves da próxima vez que fosse ter alguma refeição. Depois de saborear um picolé de limão (seu sabor favorito), voltou para o quarto onde tomou um banho quente na banheira espaçosa e depois atirou-se na cama. Em pouco tempo caiu em um sono profundo e dormiu a tarde toda para descansar da viagem de carro e curtir mais pela noite.

Já era quase seis da noite quando ela finalmente despertou. O quarto estava alaranjado, meio na penumbra com o pôr do sol daquela hora que entrava pela janela. Júlia fez questão de deixar a grande janela de vidro aberta. De jeito nenhum que iria usar o ar condicionado com um vento maravilhoso e puro como aquele, até mesmo de noite permaneceria aberta se fizesse calor, o que ela achava difícil de acontecer. O quarto era amplo e bem arejado, não teria a necessidade.

Andou calmamente até o frigobar e analisou cuidadosamente tudo o que tinha nele. Algumas bebidas que ela mesma havia solicitado, frutas e água. Pegou uma garrafa pequena, saindo em direção a varanda. A vista era de tirar o fôlego, o sol se pondo era lindo, o céu estava todo alaranjado e distante ela via os morros de areias alvas. Tomou sua bebida para relaxar ainda mais, não podia ser mais tranquilizador. O canto dos pássaros não cessava e mesmo agora, já de noite foi atenuando um pouco mais.

Beber não tinha sido uma boa ideia. Não percebera antes, mas seu estômago estava vazio e ficou embrulhado quando terminou sua bebida. Ela apressou-se e foi tomar um banho rápido para espantar a sonolência. Arrumou-se de forma simples e desceu para aproveitar a noite. Era quase sete da noite e a distância até o centro da cidade era de apenas dez minutos. Ela andou até o estacionamento e saiu em seu carro.

Ao chegar até os portões de saída do hotel, o mesmo senhor de olhos puxados ainda estava lá. Ele parecia passar instruções a um outro rapaz. Talvez seu turno estivesse chegando ao fim. Havia se sentindo muito bem ao falar com ele e fez a questão de baixar o vidro para lhe desejar boa noite. Ele foi até ela e a cumprimentou.

- Boa noite, senhorita. Espero que tudo esteja do seu agrado. – Falou educadamente.

- Está sim, estou me sentindo mimada até demais. – Respondeu com um sorriso gentil. – Desculpe, mas qual o nome do senhor?

- Me chamo Álvaro.

- Ah, senhor Álvaro, estou me sentindo muito bem acolhida, agora vou aproveitar um pouco no centro da cidade. Teria alguma recomendação para mim? – Ele sorriu satisfeito com a conversa e lhe respondeu prontamente.

- Tem um restaurante com uma culinária local maravilhosa que eu vou sempre que posso. O nome de lá é Oca dos Guaranis. Você será muito bem atendida lá.

- Ok. Muito obrigada então. Até mais senhor Álvaro.

Seguiu as instruções de como chegar lá. O percurso foi calmo e tranquilo, enquanto dirigia começou a perceber as luzes do centro da cidade. O lugar era envolto em uma calmaria peculiar. Não havia sons estridentes de músicas, só os sussurros ao longe dos transeuntes a conversarem. Estacionando o carro em um acostamento ao longo de um calçadão, Júlia fez questão de andar um pouco pelo parque.

Tinha vários vendedores ambulantes nas calçadas vendendo suas artes, mas uma barraca em particular lhe chamou a atenção. Um senhor muito moreno de barba comprida desenhava com algo parecido com carvão em um pedaço grosso e amarelado de papel. Os desenhos eram peculiares e muito detalhistas. Eram desenhos aleatórios que exaltavam em detalhes características de cada imagem. Vendo que ela observava com curiosidade os seus desenhos ele falou:

 - Moça morena de berço, gostaria de um desenho? – A voz do senhor era um pouco rouca e marcante. Ela o olhou por um momento, estranhando o que ele falara.

- O que o senhor disse?

- Perguntei se quer que eu desenhe a sua alma! – Respondeu com sua voz profunda e com uma calma incomum.

- Quanto custa, senhor? – Perguntou curiosa e meio assustada também. Era estranho um desconhecido falar assim sobre sua alma.

- Nada que a senhorita não possa pagar. – Ele a olhou bem nos olhos e sorriu.

Júlia emudeceu com isso e apenas sentou-se no banco de frente para o senhor que rapidamente começou a desenhá-la. Ele tinha uma concentração impressionante e era habilidoso. Rascunhava rapidamente e mesmo assim com uma quietude que a tranquilizava. Em certo momento, enquanto ela olhava ao redor, observando as outras coisas ele voltou a falar depois de muito tempo:

- Senhorita, preciso que olhe bem para mim agora. Eu vou desenhar sua alma. – Ele falou sério e começou a olhar atentamente para os olhos dela. Júlia sentiu-se intimidada. – Você é bem calada, não é? É algo incomum isso. Geralmente as pessoas que pedem por essa pintura são bastante alegres e falantes.

- O que o senhor quer dizer com isso?

- Que nem todos os acanhados e sérios gostam de ter a sua alma revelada.

Júlia não conseguia entender como ele conseguiu destrincha-la daquela forma em questão de minutos, chegava a ser intimidador e meio que místico. Ele tinha uma aparência bastante parecida com a de um índio e ela pensou se talvez ele não fosse descendente. Sabia que em angra dos reis havia uma quantidade considerável da tribo Guarani naquelas regiões. Ela sempre respeitara bastante os índios, os fundadores de seu país. Se sentia miserável por dentro quando via nos jornais o descaso para com eles.

Depois de mais algum tempo, ele começou a rabiscar menos e em seguida jogou um pó branco em cima do papel, esfregou e assoprou, entregando-o a Júlia. Assim que pôs os olhos no desenho, finalmente, ela ficou impressionada em como ele desenhara o seu olhar. Embora ela estivesse bem naquele dia e se sentindo alegre, o detalhe desta pintura havia capturado uma tristeza incontestável em seu olhar. Júlia suspirou profundamente e olhou para ele, entendo agora o que ele falara sobre a pintura da alma. Era tudo através dos seus olhos. Mas como ele conseguira capturar isso?

- Ficou perfeito! – Júlia disse com admiração e sorriu para ele.

- Eu disse que iria desenhar a sua alma. Geralmente as pessoas ficam maravilhadas quando eu consigo fazer isso. Nem todo mundo merece essa atenção toda.

- Como assim? – Perguntou curiosa e franziu o cenho.

- A alma de muitas pessoas é feia. E nem todos gostam de ver a verdade. Por isso às vezes eu não faço o desenho tão caprichado.

Júlia calou-se novamente e voltou a encarar para o seu olhar triste.

- Quanto eu devo ao senhor?

- Quanto você acha que isso vale? – Rebateu ele. Júlia sorriu e sem pensar puxou uma cédula de cem reais da carteira e deu a ele. Não lhe faria falta e mesmo assim a conversa tinha sido reveladora.

- Eu disse que não era nada que você não pudesse pagar.

Acenando com respeito para ele, ela deu obrigada e enrolou o papel cuidadosamente. Ainda se sentia esquisita com o que tinha acontecido, mas estranhamente sentia uma sensação boa e diferente. Sentindo ainda mais fome, ela caminhou rapidamente para o restaurante a fim de encerrar a noite com chave de ouro.

O restaurante a agradou logo de cara tamanha era a sua simplicidade, mas ao mesmo tempo um clima bem decorado e aconchegante. O teto era todo de palha por dentro e as paredes eram antigas feitas de barro, tudo muito rústico e natural. Do teto, luzes preenchiam todo o restaurante, pendendo das mais diversas cores e formatos, deixando tudo na penumbra com a diversidade de tons, muito lindo. Tocava uma música de MPB e não estava nem alta nem muito baixa, mas em um som ambiente gostoso que Júlia amou.

Ela logo foi muito bem atendida por um garçom, que usava uma blusa branca com bermuda também branca e havaianas, todos, aliás, vestiam-se assim. Ela fez o seu pedido e em menos de vinte minutos o seu delicioso bobó de camarão chegou. Estava divino, um dos melhores pratos que ela já havia provado. Era uma porção individual bem servida que a fez estufar-se de tanto comer e ainda sobrou. Depois do jantar maravilhoso, ela pediu algumas taças de um vinho maravilhoso que eles tinham e ficou mais um tempo desfrutando do local e falando através de mensagens com a sua prima, Cristina.

Júlia tentou persuadi-la a vir para Angra consigo. Cristina era filha de seu Tio Ricardo, irmão de sua mãe, Ana. No entanto, Cristina disse que queria ir a França naquele ano. Elas não eram apenas primas, eram muito amigas até hoje e desde de tenra infância. Ambas nutriam um sentimento muito bonito uma pela outra e Cristina era a única que sabia da situação chata em que Júlia se encontrava com relação a carreira profissional. Na verdade, ela também tentara convencer Júlia a viajar a França com ela. Respeitando a decisão uma da outra, só restava compartilharem fotos e comentários ou alguma história interessante que acontecesse uma com a outra.

Depois de pedir a conta, ela voltou para o Resort com um cansaço enorme. Não entendia já que tinha dormido a tarde toda. Contudo, aproveitou isso, afinal ela tinha feito essa viagem sozinha para aproveitar como quisesse, sentir-se cansada sem culpa e descansar o tanto que quisesse sem ninguém lhe cobrando nada. O caminho foi bem tranquilo na volta e ao chegar aos portões, imediatamente liberaram sua entrada. Já era quase dez da noite quando chegou ao seu quarto, que, por sinal, estava muito bem arrumado e perfumado. Com certeza as camareiras haviam arrumado quando estava fora. Ela abriu as janelas de vidro e foi tomar um banho quente e relaxante.

Quando se aprontou para dormir, sua mãe ligou pedindo todas as novidades que já havia acontecido no Resort, como se ali fosse um lugar onde coisas incríveis fossem acontecer. Apenas disse que era um lugar de sossego e a única coisa que havia feito fora dormir a tarde toda. Quando largou o telefone sobre o criado mudo, deixou-o carregando, pegou uma pequena cesta cheia de abacaxis que estava no frigobar e quando ia para a varanda observou o seu retrato sobre a cama. Ela pegou-o com delicadeza e levou consigo para fora, deitou-se na rede e fitou a imagem por um longo tempo. Havia sido um momento bastante peculiar aquele, será que ele era mesmo um índio? Ela fez uma nota mental de que iria perguntar se algo do tipo já acontecera ao senhor Álvaro, estranhamente ela já tinha se afeiçoado ao guarda simpático.

Pondo o desenho de lado ela admirou a paisagem escura do mar calmo não tão longe. Deitada, aproveitou os sons da natureza, enquanto comia a fruta na esperança de ajuda-la na digestão. O vinho fizera efeito e a sonolência bateu com força. Assim que estava próxima do adormecer, começou a escutar um som muito bonito e delicado de flauta, era tocante e muito melancólico também, ouvindo concentrada o som tão pacífico junto ao canto do mar caiu em um sono profundo ali mesmo.

 

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Espero que gostem mais dessa.

Por favor, aceito comentários, ok?

Bjs!


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Comentários para 1 - Capítulo 1 - Angra dos Reis:
Pandora
Pandora

Em: 14/04/2019

Amei o capítulo, ainda bem que ela não desistiu de ir viajar só porque o encosto a traiu.

Ansiosa pra ver a Júlia se sairá, belo trabalha com a história, meus Parabéns :)


Resposta do autor:

Que bom que você gostou da história. Em breve estarei atualizando o capítulo.

Obrigada por comentar.

Espero que continue por aqui com a gente.

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