Letícia

Acordei 6:30 da manhã, ótimo, vou chegar atrasada. Levantei e fui até o banheiro tomar um rápido banho, vesti a primeira roupa que achei e corri para o meu carro. Dirigi em alta velocidade até a faculdade e como eu havia pensado não havia mais ninguém pelas redondezas, provavelmente o sinal já tocou e todos já estavam em suas respectivas salas, odeio chegar atrasada. Estacionei e bem ao lado do meu carro parou o belo Camaro branco que eu havia visto estacionado em frente à casa em que rolou a festa ontem, saí do meu carro e encarei por um breve segundo o carro estacionado ao meu lado, mas não pude ver quem era pois o vidro era totalmente escuro impedindo quem está do lado de fora enxergar qualquer coisa dentro do carro.

– Bom dia — disse uma voz conhecida enquanto saia do carro, mal acreditei.

– Diana? — Perguntei e ela me olhou sorrindo sapeca. – Bom dia.

– Cadê meu beijo? — Ela perguntou fazendo uma carinha fofa.

– Não sei — provoquei, ela riu debochada.

Fui até a mesma e empurrei-a de encontro ao seu carro, beijando-a avidamente, senti suas mãos em minha cintura apertando-a firmemente e deixei um suspiro escapar, finalizei o beijo e encarei sua carinha sapeca.

– Pronto — disse assim que separamos nossos lábios, ela abriu um sorrisão me fazendo rir.

Nos afastamos e começamos a caminhar em direção à entrada do campus, nos despedimos com um selinho e cada uma partiu para sua respectiva sala.

Cheguei à minha sala e a aula já havia iniciado, caminhei até um acento ao fundo e me concentrei na aula.

Diana

Entrei na sala e a aula da professora Stela já havia começado, falei rapidamente com Luana e me sentei ao lado de André, como ela estava falando apenas do trabalho sobre o jornal que faremos, decidi ouvir uma nova música que havia baixado, coloquei meus fones de ouvido e fechei os olhos deixando a música me levar. Alguns segundos depois senti alguém me cutucar e ao abrir os olhos, me deparei com a figura de Stela aparentemente irritada à minha frente.

– Senhorita Diana, ouvindo música durante a aula? – Perguntou de braços cruzados. – Parabéns! A senhorita acaba de ganhar uma redação de 300 linhas.

– 300 linhas? — disse assustada. — Mas...

– Até amanhã! – Decretou, bufei insatisfeita, mas sabia que não adiantaria reclamar.

Ela retornou a sua mesa e continuou falando sobre nosso trabalho que seria entregue na próxima semana, olhei para o lado e encontrei André me fitando.

– O que foi, garoto? — Perguntei e ele balançou a cabeça.

– Tem que tomar mais cuidado, essa mulher é uma bruxa disfarçada de professora — comentou essa última parte sussurrando, segurei o riso.

– Eu sei, vacilei — admiti fazendo uma careta, ele sorriu.

– E a garota de ontem? — Perguntou levantando as sobrancelhas repetidas vezes, me fazendo rir solta.

– O que você acha? — Respondi com outra perguntando, arqueando a sobrancelha.

– Essa é minha garota — ele disse orgulhoso, me abraçando teatralmente.

Depois de mais algumas brincadeiras eu decidi focarmos em nosso trabalho para a próxima semana, nos reunimos com o grupo e dividimos as funções, eu fiquei com a política, Luana com artes, André com esporte, e os outros três: lazer, economia e o último falaria sobre a poluição em massa dos últimos tempos.

O sinal para o intervalo tocou e seguimos para a cantina para encontrar Paty, Lisa e Marcos que estudavam em outras turmas, nos sentamos em uma mesa no centro e logo iniciou-se o relato de suas respectivas aulas.

– Aquela Stela vou te dizer... Ô mulherzinha chata — comentou Luana. — Deve ser o efeito da menopausa. — Todos riram, e André logo emendou.

– Sabia que ela deu em cima do Roberto na semana passada? — Todos olharam-no incrédulos, Roberto era um rapaz tímido e meio perdido no tempo que estudava conosco, andava sempre muito aéreo. — Coitado ficou mais perdido que cego em tiroteio, pudera né... — Comentou e outra vez nós gargalhamos.

– Ele deve ter gaguejado mais que tudo, é tão tímido — comentou Paty mostrando-se solidária, Lisa revirou os olhos.

– Olha o nível de desespero dela, dar em cima do Roberto... — Lisa comentou, Paty a censurou com o olhar arrancando assim outra risada do grupo.

– É, querida Diana – disse Lisa chamando minha atenção, a encarei. — Soube que perdi a aposta — ela comentou e fingiu tristeza, eu sorri e pisquei o olho pra ela.

Somente nesse momento eu olhei em volta e me deparei com a cena: Letícia sentada em uma mesa tomando seu suco de caixa enquanto aparentemente Jorge, um dos colegas de time de André a cantava descaradamente, trinquei os dentes de forma extintiva e cerrei os punhos, André se ateve a minha reação e seguiu meu olhar, encontrando a cena que se passava na outra mesa.

– O Jorge é patético — disse Luana. — Se eu fosse você iria marcar território, esse mané adora enrolar as novatas.

– Só uma novata mesmo pra cair no papo desse troglodita — Lisa disse e revirou os olhos demonstrando insatisfação.

– Quer ir lá? — André perguntou, estava pronta para recusar ponderando que não teria sentido eu ir cobrar algo dela, mas quando vi o Jorge deslizar a mão asquerosa dele pelo rosto de Letícia levantei abruptamente e caminhei em direção à eles, sendo seguida por André.

– Eu podia te mostrar uns lugares bem bacanas, tenho certeza que você vai adorar — ele dizia ainda com a mão no rosto de Letícia que estava nitidamente constrangida.

– Oi Lê, posso falar com você? — Perguntei de forma íntima, interrompendo a conversa.

Jorge me olhou insatisfeito e Letícia estava visivelmente desconcertada, ele levantou e se pôs a minha frente.

– Ela está ocupada agora — disse ele de forma possessiva, revirei os olhos.

– Não vejo nada que a impossibilite de falar, para você tomar a função de mensageiro — provoquei com minha cara mais cínica, sua expressão ficou irada e antes que ele falasse algo, André se pôs a minha frente e o puxou pelo braço.

– Quero bater um papinho com você — disse o arrastando dali, Jorge nem relutou pois sabia que André poderia se vingar o retirando de seu lugar como titular no time.

– Ai meu Deus, acho que ele não entendeu quando eu recusei da primeira vez — comentou ela ainda sem graça.

Me sentei a sua frente e olhei-a nos olhos, me perdendo naquele brilho que emanava de seus olhos cor de mel.

– Esse garoto é meio sem noção — revirei os olhos e ela riu. — Mas sabe, né? Tá comigo, tá com Deus — disse me recostando a cadeira e ela novamente riu do meio jeito.

– Bom saber... — Ela disse e me lançou um olhar profundo. — Ah, achei legal você me chamando de Lê – comentou tímida, eu sorri encantada com jeito daquela menina.

Fim do capítulo