ERA PARA SER por Yannisu
CapÃtulo 3 - Era para ser nós dois
Foi na sexta feira, como um enlace oportuno, ele veio até a mim. Eu estava naquela mesma cadeira, observando mais uma vez ele e seus amigos. Suas amigas. Ele chegou. Sorriu, com aquele sorriso de canto da boca, com gestos tão lentos, se sentou ao meu lado. Eu não não conseguia respirar. O que ele fazia ali? Ele me olhou. Passou as mãos sobre os cabelos pretos. Sorriu novamente.
- Tudo bem? - Eu me tremi. Era comigo? - Oi. Tem alguém em casa? - Como quem fala merd* eu falei:
- Porque sentou aqui? - Ele sorriu. Ameaçou se levantar.
- Se quiser posso ir. - Idiota, como sou idiota pensei.
- Não pode ficar. Eu estou bem. - Ele sorriu. Maldito sorriso devorador.
- E ai como está a faculdade? - Porque ele sentou aqui? Minhas mãos frias, trêmulas, respiração ofegante, eu estava suando, a cabeça queimava. O que tá acontecendo?
- Está tudo bem. - Ele se levantou.
- Vou deixar tu no teu cantinho sem problema, não incomodo mais. - Como assim? O que eu fiz?
- Não, pode ficar está tranquilo. Eu só estou preocupada com umas provas. - Ele tornou a se sentar.
- Estudiosa é? - Eu sorri. Ai que idiota...
- Um pouco. - Ele colocou os braços no banco que estávamos sentados, como se quisesse pendurar-se sobre eles. E me fitava os olhos, como se fosse me arrebatar.
- Quando vão ser as provas? - As provas? Eu pensei.
- Que provas? - Idiota. - A sim, as provas. Ainda não sei.
- Mas tu disse que iam ter provas. - Eu disse, claro que disse, idiota.
- É e vão. Só não sei quando. - Idiota, meu coração corria mais acelerado. Ele parou de me olhar, movimentando a cabeça até o bolso da calça azul jeans. Colocou a mão sobre o bolso e retirou o celular. Pareceu ler algo, escreveu .
- Está bem então, preciso ir. - Ele falou.
- Não vai. - Respondi numa súbita loucura, sem pensamento algum. Eu não queria que ele fosse. Eu queria que ele me abraçasse. Que ele me beijasse. Idiota.
- Ora, quer vir junto? Preciso pegar um livro na biblioteca, um amigo acabou de dizer que chegou.
- Pode ser. - Pode ser? Meus Deuses. Ele se levantou e eu o segui. Mal podia caminhar. Preciso de apoio. Preciso de apoio. Ele diminuiu os passos, tornou a tocar os cabelos. Ficou bem do meu lado. Colocou as mãos sobre meus ombros, estavam tão quente. E entrelaçou meu pescoço.
- Você não esta sempre sozinha não é? - Sozinha eu? A vida toda.
- Não, as vezes ando com a Júlia.
- A Júlia, sim. E como ela é? - Como a Júlia é?
- Legal. - Ele se aproximou de mim com a boca, a camisa vermelha encostou nos meus braços.
- Legal. - Repetiu. Eu pude sentir o aroma de sua boca, como se ele tivesse mastigado mil chicletes de hortelã. Meu corpo se arrepiou por inteiro.
- É ela é bem divertida.
- E você?
- Eu o que? - Senhor, ele me olhava no fundo dos olhos, aqueles olhos castanhos. Ele estava tão próximo.
- É legal? - Se sou legal? Para você eu seria.
- As vezes. - Ele sorriu, retirou os braços do meu ombro, havíamos chegado à biblioteca.
- Espera aqui é rapidinho. - Ele entrou eu fiquei ali esperando. Não foi rápido nem devagar. O tempo era inconstante. Eu sentia seu cheiro ali ainda. Era um perfume tão bom. Fiquei parada olhando a porta. Até que ele saiu com o livro na mão. Eu olhei, pude reconhecer a capa.
- Crime e castigo? É para algum trabalho?
- Não, eu até que gosto de leituras assim. - Eu achei aquilo tão fofo. Sorri.
- Então o que vai fazer no fim de semana? - No fim de semana? Pensei. Bem vou deitar na cama, ver séries e me imaginar com você.
- Nada. - Respondi.
- Que acha de sairmos? - O que eu acho? O que eu acho? Desde que te vi a primeira vez é só isto que penso. Uns esbarrões e um beijo. Um lanche e um beijo.
- Que dia? - Até que enfim uma resposta boa.
- Acho que pode ser sábado mesmo, a noite. Está bom para você?
- Pode ser. Onde iremos? - Ele se aproximou de mim, como que se viesse me beijar.
- Podemos perguntar para a Júlia, que acha? - Júlia? Que Júlia?
- A Júlia vai?
- Sim e você vai convidar ela. Sabe o Gustavo, meu amigo? - Ufa. O Gustavo.
- Sei.
- Então ele tá super afim de você.
- De mim? O Gustavo?
- Sim. E eu estou afim da Júlia. Logo fica ótimo para os quatros. Que acha? - Meu Deus. Meu Deus. Eu não podia fazer nada. O mundo girava. Aquelas palavras remoinham na minha cabeça. Eu estou afim da Júlia. Eu estou afim da Júlia. Eu não sabia se tinha ouvido direito. Eu não entendia.
- Você ta afim da Júlia?
- Sim, acha que ela tá afim de mim? - Meu Deus, o que tá havendo? Se ela ta afim de você? Gente eu não sei. Acho que não. Eu to afim de você.
- Não sei. - Ele sorriu.
- Então tá combinado? - Se tá combinado? Como assim?
- Tá certo. Respondi sem saber o que dizer.
- Sábado dezenove horas, fala com a Júlia e depois marcamos um lugar certinho para eu pegar vocês. - Ele se aproximou beijou meu rosto. E se foi. Eu fiquei olhando ele caminhar até que ele virou. Sentei ali mesmo. E chorei. Júlia e Ricardo namoram há dois anos. Eu nunca beijei o Gustavo. E ainda estou sozinha.
Fim do capítulo
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