Letícia

Acordei por volta das 6 horas da manhã, hoje seria meu primeiro dia de aula na faculdade em que começaria a cursar medicina, a Universidade Federal de Minas Gerais, que era mais conhecida como UFMG. Fui até o banheiro e tomei um banho rápido, escolhi uma roupa simples: um vestido rodado acima dos joelhos, eu coloquei uma sapatilha e peguei minha bolsa. Como não achei nada descente na minha cozinha para um café da manhã, decidi que comeria na padaria no final do quarteirão.

Já totalmente alimentada e preparada para o dia que viria, parti com meu carro em direção à faculdade.

Ah, mas que cabeça a minha, deixem eu me apresentar... Eu me chamo Letícia Medeiros e sou naturalmente carioca, me mudei recentemente para Minas e até já fiz alguns amigos por aqui. Sou uma pessoa bem alegre e carismática, e bem, me considero bissexual.

Assim que cheguei ao campus da faculdade, pude observar vários estudantes no local. Alguns um pouco perdidos e outros com seus respectivos grupos de amigos.

Estacionei e caminhei em direção ao portão de entrada, percebi vários olhares sobre mim, mas como isso normalmente acontece não me incomodou e eu continuei andando calmamente. Na entrada da universidade havia um grupo de alunos conversando, cerca de quatro garotas e dois garotos, todos muito bonitos, principalmente uma garota de cabelos castanho claro e meio bagunçados, que batiam acima de seus ombros, ela possuía olhos verdes de um brilho intenso e um rosto de traços marcantes, meu gaydar apitou assim que bati meus olhos em sua figura. Um sorriso se formou no canto de seus lábios quando percebeu meu olhar sobre ela, logo desviei o olhar e passei rapidamente por eles, ouvindo alguns murmúrios que não consegui entender. Fui até a recepção e me informei sobre minha sala, assim que voltei para o corredor ouvi o sinal bater e me direcionei a sala 102.

Entrei e havia poucas pessoas lá, me sentei na terceira fileira e fiquei esperando o início da aula. Logo várias pessoas entraram na sala e sentaram-se aleatoriamente nos acentos.

– Bom dia alunos — disse um homem assim que entrou na sala, era alto e alguns cabelos grisalhos já começavam a aparecer. — Sou o Professor Arthur, irei ser o docente de vocês na matéria de Introdução à Medicina.

A aula foi bastante agradável, o professor Arthur explicava tudo com uma maestria admirável. Logo o sinal indicando o horário do intervalo tocou e a maioria dos alunos foi para a cantina, seguindo o fluxo, fiz o mesmo trajeto. Ao chegar à cantina, comprei um suco de laranja e me sentei em uma mesa no canto, peguei meu celular para responder algumas mensagens e acabei me distraindo, ao erguer os olhos me deparo com um lindo par de olhos verdes me encarando intensamente.

– Oi novata — disse ela se sentando à minha frente. — E aí, você está em qual curso?

– Medicina — respondi. — E você, o que faz aqui?

– Eu estudo jornalismo e... — A interrompi.

– Não perguntei aqui na faculdade, estou me referindo a você estar aqui na minha mesa — disse, ela demonstrou surpresa ao ouvir minha resposta.

– Ah — pareceu meio desconsertada. — Só queria conversar um pouco, desculpa — disse já se levantando da mesa, em um impulso segurei em seu braço fazendo-a me olhar em questionamento.

– Não quis ser rude, desculpe — eu disse. — Pode ficar, adoraria conversar com você.

– Tudo bem — disse ela, com um sorriso contido nos lábios. — Posso saber o seu nome?

– Eu me chamo Letícia, e você?

– Meu nome é Diana, muito prazer — disse galante, dei-lhe um sorriso de canto.

– O prazer é meu — respondi.

– Então, de onde você é? — Perguntou.

– Sou do Rio, me mudei para cá faz pouco tempo, e você é daqui mesmo? — Ela apenas assentiu e sorriu, retribui o gesto e continuamos nossa conversa.

Após a minha análise ao vê-la pela primeira vez, deduzi que era uma conquistadora barata que só queria sex* e diversão, sem sentimentos. Depois que a conheci um pouco mais durante a conversa que tivemos, não mudaria totalmente minha opinião, ainda acho que ela é do tipo cafajeste. Mas não vou negar que adoraria me aventurar com ela, e com todo aquele jeito galanteador é quase impossível resistir. Mas não era só isso, ela era extremamente inteligente, instigante, conseguia expressar sua opinião com propriedade, mas ao mesmo tempo sem impô-la. Tenho que admitir: fiquei impressionada.

O sinal tocou indicando o final do intervalo e ela fez questão de me levar até a minha sala, alegando que era próximo a sua. É claro que mais tarde eu descobri que não passou de uma desculpa esfarrapada para me acompanhar.

O segundo horário passou rapidamente e quando eu já estava saindo da sala, fui abordada por uma linda ruiva de olhos azuis acinzentados.

– Oi, você é nova por aqui, não é? — Perguntou.

– Sim, é meu primeiro dia — respondi.

– Sendo assim, quero te fazer um convite — disse e tirou um panfleto de sua mochila. — Vamos dar uma festa hoje à noite, se quiser dar uma passada lá... — disse e me entregou o panfleto.

– Vou tentar ir — respondi de forma simpática, poderia até ser uma boa ideia.

– Certo, até mais tarde então — disse e deu-me uma piscadela, logo depois caminhando em direção à saída da sala.

Fu até o estacionamento pegar meu carro e depois parti para a casa da Babi e da Clara, onde passei minha tarde inteira. Bárbara e Clara são casadas há dois anos e é visível o quanto se amam. Elas são amigas que fiz assim que cheguei a Minas, mais ou menos cinco meses atrás, desde então nos tornamos grandes amigas. No final da tarde resolvi ir embora, pois ainda passaria no mercado para comprar alguma coisa, me despedi das minhas melhores amigas e fui embora.

Depois de fazer as compras, passei em um restaurante de comida baiana que tem no centro da cidade e comprei meu jantar, fui para casa pensando se iria ou não à essa festa. Entrei em casa e fui até a cozinha guardar tudo, logo depois subi para meu quarto, eu estava exausta e precisava de um banho, joguei minha mochila em cima da cama e me despi no caminho até o banheiro, tomei um banho bem demorado e eu decidi que iria a tal festa, pode ser divertido. Saí do banheiro e vesti uma roupa simples para ficar em casa, prendi meu cabelo em um coque mal feito e fui até a cozinha arrumar meu jantar em um prato, levei tudo para sala e comi enquanto assistia Grey’s Anatomy.   

Fim do capítulo