Patrícia

Frustrada. Completamente frustrada! É assim que eu me sinto! Agora eu sei como se sentem aquelas crianças que só comem doce na casa da avó porque os pais acham que açúcar faz mal. Eu sou uma dessas crianças, meus amigos! Só que o meu doce dorme comigo todas as noites e eu não posso nem dar uma lambidinha sequer.

Lorenza estava levando à risca as recomendações da médica. Na noite após eu deixar o hospital, eu preparei tudo! Levei Alfredo para dormir com vovó e tia Zefa. Tomei um longo banho e me perfumei. Levei o triplo do tempo para fazer isso porque eu tinha que usar apenas uma mão.

Nua e cheirosa, abri a sacola onde estavam as várias lingeries que eu comprei. Escolhi um conjunto vermelho de renda e quando eu coloquei quase chorei de decepção. A calcinha era minúscula e ficava atolada no bumbum, e os meus seios pareciam que iriam pular a qualquer momento porque estava apertado. Os coitadinhos encontravam-se esmagados e os mamilos pareciam querer furar o tecido. Eu estava me sentindo tão ridícula porque parecia que eu havia comprado de propósito dois números menores do que o meu. “Patrícia, você é uma anta mesmo! Foi comprar roupa pela internet! Puta merd*, mano! Fica feliz que não veio do tamanho infantil!”.

 Não sabia se ficava ou tirava os pequenos pedaços de pano que não cobriam nada. Quando Lô me ligou dizendo que ficaria em casa... meu... quase surtei. Falei tanto, mas tanto no ouvido da minha namorada que ela cansou e decidiu vir dormir comigo, acho que só para que eu parasse de falar.

 Fui até o espelho e me examinei detalhadamente. Talvez não tenha ficado tão ruim. Puta merd*, não... melhor trocar. Tô confusa! O que eu faço? Me lembrei da vez em que Mauricio riu de uma lingerie sedutora que eu comprei na Victoria Secrets, falando que eu ficava muito engraçada tentando ser sensual. “Para, Patrícia! Lô não é o Maurício!”.

Determinada a me arriscar, deitei na cama e ensaiei diversas poses. Nervosa, eu não sabia o que fazer, como ficar... Me pus em pé e andei pelo quarto todo pensando no melhor lugar para esperá-la, mas eu sempre me achava esquisita e desajeitada.

Escolhi esperar por ela sentada sensualmente numa poltrona, mas como ela iria demorar, deitei na cama de bruços e fui ler um livro que eu já havia começado. Fiquei tão entretida que nem vi quando ela entrou no quarto. PUTA MERDA! Tanta preparação por nada.

Notei que ela ficou excitada com a posição em que eu me encontrava, e aquilo foi me dando uma segurança tão grande..., mas que quase se esvaiu quando ela inventou um novo banho. Depois que ela me falou que o problema era o que a Dra. Natália tinha dito sobre todas as recomendações, eu relaxei. “Não tô levando muito em consideração o que essa médica aí falou. O neurologista não disse nada!”

Sem me dar conta eu estava novamente provocando-a. As coisas com a Lô eram tão fáceis, tão leves... as minhas ações não eram pensadas. Tudo fluía sem stress, sem neuras...

 Eu precisava dela, dos seus beijos, da sua boca... PUTAMERDA eu queria GOZAR! Mas não adiantou, minha Lô estava irredutível e morrendo de medo de que algo de ruim acontecesse comigo.

E os dias foram passando desse jeito. Eu sem fazer nada, só sonhando com a minha namorada. Nem na clínica, para ver o andamento da obra, me deixaram ir. Meu tédio era tão grande que eu via aquelas novelas da tarde com Nadir, e o pior, discutia a vida dos personagens com ela!

Todas as noites me perfumo para esperar a minha Lolo. Ela vem namorar, mas eu sempre consigo convencê-la a dormir comigo. E eu a provoco. Ahhh, e como! Tenho até pena dela às vezes, porque eu tenho usado todas as lingeries que eu comprei na internet e vieram com duas numerações a menos.

Aos poucos fui percebendo o que o meu corpo causava nela. O que certas PARTES específicas do meu corpo causavam nela. Lorenza tem um tesão gigantesco pela minha bunda e pelos meus seios. O olhar que ela dá para os meus seios, que quase saltam do sutiã, faz eu me sentir maravilhosa. A safada até apelidou-os de Montes Everests!  E estou aprendendo como provocá-la e o que deixa ela mais excitada.

Mas tem aquele ditado: o feitiço vira contra o feiticeiro. Se eu a deixo excitada eu fico num estado muito pior. MUITO pior. O grande problema é que eu provei, experimentei e viciei nessa mulher. Viciei completamente na sua boca, no toque da sua pele... o seu gosto. PUTA MERDA!

Às vezes, em horas completamente inapropriadas, me pego pensando no que eu gostaria de fazer com ela. Geralmente quando estamos com outras pessoas meu pensamento vagueia e eu me imagino longe dali, só eu e ela.

Esses dias estávamos na mesa de jantar e Lorenza conversava seriamente com as minhas avós sobre o preço do boi gordo. Me peguei admirando a curva do seu maxilar e imaginando a minha língua passeando por ali, descendo até o seu pescoço... seu colo, apalpando os seios e passando a minha ppk em todo aquele lobo, como diria vovó: dando banho de ppk... Acho que gemi alto porque elas me olharam rapidamente e eu disse: Puta merd*, vó, esse mousse tá ótimo!

Claro que nós nos beijávamos e nos acariciávamos sempre que podiamos, mas era só a coisa esquentar que Lorenza se esquivava com a desculpa de que poderia fazer mal para a minha saúde.

—  Paty, Lorenza ligou lá no rádio. Pediu que você a esperasse às 7:30 pronta para vocês irem jantar. – Nadir me avisou assim que entrei na cozinha, quando voltei do passeio que eu fiz.

— Obrigada, Nadir. Você viu vovó?

—  No escritório.

Peguei uma maçã e sai em busca da minha avó. Quando cheguei na sua sala a vi ao telefone. E devido as suas expressões, ela não havia gostado do que tinha ouvido.

— Tudo bem, vó? – fiquei preocupada em ver a sua expressão.

— Tudo filha... nada que não se concerte. Sua mãe usou meu nome no banco para tentar arrumar um empréstimo.

—  E a mesada que você ainda manda a ela?

— Pois então, falei que não era para dar e que ela que viesse conversar comigo. Paty, eu acho que a sua mãe deve estar pagando as custas do advogado do bonequinho de cera...

— O que você vai fazer a respeito, vovó?

— Primeiro vou conversar com a Zefa. Não posso tomar nenhuma decisão sem ela. Mas a minha vontade é terminar com toda essa boa vida da dona Maria Luiza.

— Vó, sabe se precisar de mim eu tô aqui, né? – abracei a velha senhora.

—  Claro, meu amor. Eu só preciso pensar com calma e não fazer nada de cabeça quente. Mas mudando de assunto, vai sair hoje?

— Vou sim, vó. – sorri para ela. – Lô me convidou para ir num restaurante italiano com ela.

— Você sabe que isso nunca aconteceu, né?  Então se prepare para ser o centro das atenções, mais ou menos como foi lá na feira.

— Tá bom, vovó. – beijei a sua face e fui para o meu quarto me arrumar.

Fiquei em dúvida sobre o que vestir, até que escolhi um vestido branco floreado. Eu amava aquela peça, mas Maurício nunca me deixava usá-la porque ficava muito transparente e decotado. A lingerie que eu escolhi era uma branca de renda que eu já tinha. Fiz uma maquiagem leve e assim que terminei escutei o ronco do motor da caminhonete da Lorenza.

Quando eu a vi, ela me entregou rosas brancas e chocolate. Seu olhar era de desejo e admiração. Eu juro que tive que me segurar para não chorar ali na frente da Noca e da meninada. No caminho Lô colocou no rádio aquelas músicas que ela tanto adora, onde sempre tem alguém sofrendo de amor. Sua mão direita repousava sobre a minha. Ela elogiou a minha roupa dizendo o quanto eu estava linda e gostosa, e que ela seria invejada por estar comigo.

O restaurante era muito fofo e parecia mesmo uma cantina italiana. A nossa felicidade era evidente. Durante a conversa vi a médica que me deu alta de pé diante da nossa mesa.

— Atrapalho? – a doutora panicat chega e eu consigo examina-la com mais cuidado.

— Oi, Dra., claro que não.

— Como está se sentindo, Patrícia? Lorenza está cuidando de você direitinho? – ela diz e como quem não quer nada coloca as duas mãos nos ombros da minha namorada. “Ahhh, filha da puta!”

— Melhor impossível! – disse com toda a falsidade que eu consegui.

— Tenho cuidado direitinho dela, sim, doutora. Ponho ela para dormir todas as noites. – eu fiquei olhando aqueles dedos brancos nos ombros da minha namorada e me imaginei quebrando um a um. QUE ÓDIO!

— Mas com os cuidados que eu disse, não é?

— Claro!

— Então ótimo. Patrícia, te espero na próxima semana para vermos a possibilidade de colocar a órtese. Creio que você poderá se movimentar melhor.

— Não vejo a hora disso! – fingi novamente, já estava pronta para me levantar e dar uns bons tapas na cara dessa loira siliconada...

— Coração, passa lá em casa uma hora para a gente tomar um café. – a filha da puta daquela boneca inflável metida a médica beijou a MINHA namorada quase na boca e a chamou de CORAÇÃO. E Lorenza fez o quê? NADA! Ah, mano, fiquei puta meu. PUTA. CORAÇÃO.

Caralh*. Que raiva. A mulher chega, tira casquinha da sua namorada e você não faz nada. PUTA MERDA. Senti ódio da Lorenza, da panicat e de mim mesma.

No caminho de volta fiquei pensando em quantas mais apareceriam e fariam a mesma coisa. E qual seria a minha reação? “Paty, você tem que tomar uma atitude, não pode deixar essa mulherada ficar bulinando a Lorenza.”

Enquanto escovava os meus dentes já estava mais calma e a ficha acabava de cair. Eu não tinha como me comparar com essas mulheres. Nem ao menos com as chiranhudas surubentas, quanto menos com a doutora Panicat. Elas são maravilhosas! Perto delas eu não sou nada. A imagem da boca da loira quase encostando nos lábios da minha Lô me veio à cabeça.

— Paty? O que houve, coração? – Lorenza chega de mansinho.

— Coração? CORAÇÃO? – ela teve a capacidade de me chamar de coração depois de eu descobrir que ela chamava eu e metade da torcida feminina do Palmeiras de CORAÇÃO!

— Oncinha, o que foi? Fala comigo.

— Lorenza, tem alguma mulher nessa cidade que você não comeu? Ou melhor, deixa eu reformular a pergunta. Existe nessa bendita cidade alguma mulher que você NÃO comeu e que NÃO chame de CORAÇÃO?

— Têm... claro que tem! – “Aham, Cláudia, senta lá!”

— Eu vou passar por essa situação quantas vezes mais? Dessas piranhas darem em cima de você na minha frente? Ficarem te chamando de CORAÇÃO e você não FAZER NADA!

Lô com toda calma do mundo, sem deixar de me abraçar e beijar, me disse que eu sou a única que tem o seu coração. Natália estava tentando criar intrigas. Eu retruquei falando que a doutora era muito mais bonita e gostosa que eu.

— Você é a mulher mais linda que eu já vi, Patrícia – ela diz ao meu ouvido passando as mãos pelo meu corpo – Eu que tenho a sorte de você me amar, pequena. Você é maravilhosa... Sim, você é perfeita! Eu amo todas as suas curvas, seus seios... como eles caem e são pesados, como eles são gostosos de apertar e de ch*par... – Ela apertou os meus mamilos e eu gemi fracamente, minhas pernas ficaram bambas e eu tive que me segurar nas suas coxas para eu não cair – Caralh*, Paty, eu amo a tua cintura, porque eu posso apertar, morder, ch*par... Tem o que pegar...

—  Lô... para...não é tudo isso...

—  É sim... olha essa bunda! Redonda, durinha... Nossa, Paty, a primeira coisa que eu notei em você foi sua bunda naquela calça branca apertadinha... – ela pega minha mão colocando dentro da sua cueca e sinto a sua ppk encharcada, quente... mordo os meus lábios sentindo que a minha também estava assim. – Só você me deixa assim tão fácil... eu te juro... só de estar perto de você eu fico assim. E essa bucet*, Paty... – ela apalpa o meu sex* e eu quase gozo só com isso devido ao estado de excitação em que eu me encontrava - ... Eu chego a sonhar que estou no meio das tuas pernas te ch*pando. Então, nunca... nunca pense que você é menos que qualquer uma delas, porque você é muito mais!

Meus dedos ganharam vida própria e eu comecei a movimentá-los por sua intimidade. Lorenza ficou de olhos fechados tentando de qualquer maneira se controlar.

—  Lô... por favor... me come... – pedi pressionando seu clit*ris enrijecido e ela dá um gemido sofrido.

—  Oncinha... para... por favor...

—  Então, deixa eu te dar prazer....

—  Paty... – ela segura a minha mão e a tira de dentro da sua cueca.

— AH! PUTA MERDA, LORENZA!

—  Coração...

— Tá, tá... – me enfiei embaixo das cobertas e tentei dormir.

Fim do capítulo