Assim que desci toda aquela multidão estava em silêncio. Encontrei  meu irmão e me aproximei. " O que está acontecendo?"

"As bruxas sentiram que algo entrou no centurião"

Fiquei pensativa, pois seria muita conhecidencia que o mesmo motivo estivesse a metros de mim algumas horas antes.

No  dia seguinte  não se falava em outra coisa além da festa na  fogueira, essa e uma tradição de volta as aulas, e o momento que o pessoal de todos os cursos  se reúnem, bom falam que e para trazer sorte, mas para mim e mais uma desculpa para se embebedar e pegar os calouros. 

No sábado, eu as meninas passamos o dia em compras, esse era o nosso ritual, toda festa nos arrumamos para marcar presença, literalmente eu me sentia mais empolgada para me produzir, porque?, bom vamos dizer que Erick confirmou a presença de Paola. Hoje será a oportunidade para caçar minha presa. 

Estávamos terminando de se arrumar na casa de Amanda " nossa Loren, assim você vai causar infarto nos garotos"

"Como se quisesse, dessa vez ela se arrumou para enfartar uma única pessoa"

"Não estou me arrumando para ninguém além de mim"- meu Deus  ainda bem que não sou Pinóquio

"Certo, encerramos aqui, já faz meia hora que começou, nossa hora de ir

"No carro o caminho parecia longo, a festa ficava em um terreno afastado  da cidade, após um tempo  vi o lago apontar, meu coração disparou no peito, e se ela já estiver la ou pior se ela não for. Calma Lorena, manter o controle e tudo no momento.

Amanda estacionou o carro, na parte alta do terreno junto com os demais. A musica se escutava ao longe misturado com um falatório alto, conforme nos aproximávamos  o som se aumentava .

O truque para chamar atenção e sempre chegar após o horario marcado, foi dito e feito, fomos nos misturando entre as pessoas que abriam passagem acompanhando nosso caminhar.

Toda festa e a mesma coisa, as mesmas pessoas apenas tirando alguns novatos, fora isso os mesmos caras babacas que acham conseguir ter você para trepar a noite, as mesmas garotas falsas com olhar de inveja outras de desejo ou ódio.

O meu ego costumava se inflar com tudo isso, agora e como se todo meu desejo se concentrasse em uma única pessoa, preciso perguntar a minha mãe se quando se transformou sentia a mesma coisa pois essa atração não  esta normal.

Achei por bem beber, além do mais na minha situação ajudaria a aproveitar o ambiente. As conversas sem nenhum nexo  já não era absorvidas por mim, passei procurar ela em cada rosto ali presente, eu sentia uma pontada de decepção aflorar mas ao mesmo tempo não queria admitir que ela não iria vir. Não se passaram muitos minutos para aquele roncar de motor tão recém  conhecido adentrar em meu ouvido, levando com ele todo desanimo  e dando lugar a esperança de recomeçar a noite.

*-*-pov Paola

Um ser deprimido e faminto que ao mesmo tempo adora e odeia essa casca imortal que se aprisiona em mim, me desculpem tanta angustia mas a cada dia e um fardo a carregar, nos últimos dias eu consegui observar os humanos mais de perto,  voltei a séculos atrás ainda com dezenove anos,  cavalgando pelos campos de Brasov,  o calor que fazia minhas bochechas corarem, a vida era leve, as únicas preocupações  eram com os estudos e aulas de etiqueta, com a linhagem da minha família tive os melhores tutores do pais. 

Agora quero alcançar algo que para mim, não é tão fácil de dominar, como jamais enfrentei, sou presa em meu próprio passado, as vezes me pego pensando pela manhã que pode haver um pouco de amor, uma ilusão da piedade entre minhas vítimas faria que eu me sentisse humana em meu ato de monstruosidade. Cada vez eu sentia, entreguei-me as visões inclinando em mais um pescoço alheio que a noite me oferecia afagando sua suave magoa.

Havia se passado uma semana  o que posso dizer é que esse contato estava me ferindo, passei a drenar mais corpos que o normal estava com medo de perder o controle e virar um animal compulsivo por sangue. Muitos dos nossos se rendem a fraqueza, e  a morte e o seu único final.

O primeiro tempo tinha acabado, observei todos saírem aliviados. Erick de uma certa forma tentava estreitar o contato, coitado mal sabe ele que odiamos todo esse apego sentimental ainda mais por humanos. Não entendo essa necessidade de ter alguém para partilhar as coisas, eu não sou assim e jamais serei, nos vampiros somos unidos por um proposito, mas sem apego emocional prolongado, tudo se resume em sentimentos que se afloram momentaneamente,  resumindo, o que aconteceu hoje não terá peso amanhã, e não admitimos que alguém estranho ultrapasse nossa barreira, mas ele insistiu tanto para mim ir nessa tal festa que o tédio me venceu.

Antes da festa tomei um banho de ervas para evitar algum resquícios de odor vampirico, separei uma roupa de couro e justa na cor preta como de costume e encarei a vida real.

Como alguém antissocial não recusa um convite para uma festa, e estranho mas nem sempre foi assim, o tempo me moldou para ser uma criatura reclusa e a única maneira de ter contato com os humanos e de noite, e incrível como ficam tão vulneráveis,  aprecio observar eles em sua carne fraca ao entorpecente, vaguei meu olhar pela multidão.

Fui descendo calmamente, não demorou muito para Erick me encontrar e arrastar para um grupo de pessoas,  bom eu tenho que me enturmar de uma certa forma.  Foi oque fiz quando eu queria eu era legal. Estava curtindo aquele lugar estava me fazendo bem por incrível que pareça, engatamos em vários assuntos, quando menos espero sinto  uma mão gélida sobre meu braço. Virei me surpreendendo com a visão, era uma mulher loira tinha quase a minha altura seus cabelos iam ate os ombros e seu olhar possuía  segundas intenções, era um pacote atraente por sinal não vou negar.

"Ei  vamos pegar uma bebida"  segurando em meu braço saiu me puxando sem abrir espaço para protestos.  Quando estávamos bem afastadas ela parou lançando um sorriso enigmático. Encostei na arvore esperando sua próxima ação, ela entendeu como um convite e se aproximou de mim ficando a centímetros da minha boca, eu podia sentir sua respiração misturar com a minha, já conhecia aquela leitura corporal nós vampiros somos bons na arte de flertar. Me aproximei roçando meus lábios na sua orelha.

 "Eu sei oque você e"

"Ótimo, então achei a pessoa certa" 

"Se eu fosse você não teria tanta certeza assim, muitos não queriam estar no seu lugar"

"Aposto que se perguntar para metade dessas garotas elas iriam querer estar"  finalizou me beijando.

Não esperem muito de um ser sem alma, não salvamos o mundo nem pessoas,  matamos elas pelo simples prazer que o sangue oferece. Instintivamente minhas presas perfuraram seu lábio inferior.

"esta maluca"

"ninguém nunca lhe avisou para não beijar um vampiro faminto, oque faz aqui?"

"a condessa tem algo para você"

"o tempo passa, e ela ainda continua enviando pombo correio, ótimo diga a ela para vir pessoalmente"

"não vou voltar sem cumprir oque me foi passado"

"estranho ate alguns minutos você não parecia se importar com sua tarefa"

"se não fosse filha dela juro que adoraria destroçar esse pescoço lindo"

"ah, que linda voce faz reverência? Ou melhor beija os  pés quando ela manda, voce não passa de uma cadela para minha linhagem" .

Sua mão acertou em cheio meu rosto, quando eu disse que muitos não queriam estar no seu lugar eu estava falando a verdade. Dei um golpe fazendo a se afastar de mim, rapidamente se pôs de pé mostrando seu rosto modificado, seus olhos estavam negros e suas presas eram visíveis

Ela olhou atrás de mim, me virei e não tinha nada, voltei para ela e prontamente dissemos juntas "Varculs", me transformei e subi em uma árvore,  para observar melhor.

Não sei exatamente, como aconteceu mas em questão de segundos, quando tomou impulso para subir escuto pisar de folhas secas, viro e vejo um Varcolac se aproximando sombriamente, fiquei estática como plateia, ele rosnava para a vampira novata o seu golpe foi tão rápido acertando a jugular dela.


A respiração estava presa, após destroçar o pescoço o Varcolac simplesmente  saiu correndo se embrenhando na mata em seguida outro Varcul passa veloz seguindo o primeiro. Mesmo com toda tensão do momento tive que apagar qualquer vestígio  daquele ataque, não ia querer levantar suspeitas sobre vampiros, estava levando o corpo, quando escuto um estalar de folhas e o cheiro de vira lata tomou conta das minhas narinas.

A anos me preparo para o descanso eterno só não contava que fosse hoje.

Fim do capítulo