Capítulo 74
Sabe aquela sensação estranha de que em meio a determinada felicidade algo ruim pode acontecer e estragar tudo? Era exatamente o que estava sentindo. Não conseguia parar de chorar, estava com raiva, medo... Levou a mão até os olhos tentando conter às lágrimas que caiam volumosas, como a chuva sobre o vidro embaçado a sua frente. Após sentir às lágrimas nublarem sua visão, por completo, ela fechou os olhos, pesadamente, querendo fugir daquela dor... Tudo acontecera tão rápido, e sem que pudesse ter o controle, tudo que vivera até aquele momento, fora apagado de sua memória, num curto espaço de tempo em que fechou os olhos...
Seria errado achar o fatídico ocorrido daquela noite a melhor coisa que lhe acontecera? Questionou-se encarando seu reflexo no grande espelho a frente, para logo, a escuridão dos olhos fechados lhe conduzir ao brilho esperançoso de duas lindas íris negras... Um negro brilhante foi a primeira coisa que viu ao abrir os olhos, a confusão do lugar a seu redor, as dores que sentia pelo corpo, e a dona daqueles olhos, indagando coisas que, não sabia responder a fizeram entrar em um choro de pânico no início. E, então, sentiu aquele amoroso e quente toque em sua mão, fora como se tudo, pelo menos naquele momento, estivesse bem. Estava em segurança, sentia-se assim, mediante ao olhar de carinho daquela estranha mulher... E embora ainda não soubesse disso, naquela época, o ato de abrir os olhos, representava, exatamente, o instante em que acordou para viver uma nova vida, esplendorosa e feliz.
-- No que pensava, meu amor? -- Lúcia chegou a tempo de vê-la refletindo, questionou após se aproximar por trás a encarando pelo espelho, enquanto lhe fazia um carinho sobre os ombros.
Amanda sorriu vendo a mãe em pé atrás dela, levou sua mão direita até a mão da senhora elegante.
-- Estava pensando no dia em que tudo começou. -- Amanda revelou olhando-a no espelho.
-- No seu acidente. -- Lúcia notou.
Amanda acenou a cabeça positivamente e, com calma, levantou-se da confortável cadeira, passou as mãos sobre o vestido em verificação do mesmo. Lúcia acompanhou-a em cada movimentação em deslumbrante admiração de sua filha.
A peça branca com acabamentos em rendas de flores, galhos e folhas era justa ao corpo até a altura do quadril, dali em diante ele seguia em caimento aberto até o chão. No colo acima dos seios estava visível devido a transparência da delicada renda floral que delineada aquela região, por cima do tecido mais grosso que cobria os seios em um decote estilo tomara que caia. O arranjo de cabelo lateral eram delicadas flores em pérolas e cristais de vidros, deixando os fios louros caírem ondulados por sobre o ombro direito, lado contrário ao arranjo. Estava divinamente bela, mais que isso, esplendorosamente feliz, observou a mãe da noiva.
-- Acha errado achar o meu acidente a melhor coisa que me aconteceu depois de Natelly? -- Amanda indagou a olhando de forma serena.
-- Não, pois por meio dele você está aqui. -- Lúcia caminhou até ela e sorriu lhe tocando o rosto em carinho, após isso pegou as mãos dela e continuou. -- Direta ou indiretamente, o que aconteceu aquela noite, mesmo que muito ruim, te trouxe a esta felicidade e tantas outras. Apenas seja grata por tudo, não importa se é errado ou certo, viva essa felicidade e cada uma que vier daqui para frente. -- A mulher declarou e sorriu vendo sua filha sorrir lindamente. O rosto dela estava em maquiagem serena, os olhos em leve sombra rosada e a boca em nude deixando os lábios quase ao natural.
-- Eu estou tão feliz, mãe. -- Amanda afirmou em um sorriso iluminado, verdade e emoções. Estava prestes a subir ao altar e casar-se com a mulher que amava e se entregava de todo coração. Tal pensamento a fez dá-se conta de sua realidade, despertando, assim, um incômodo na barriga e em propagação sua mão passou a suar num local totalmente refrigerado. Tal sentimento, terrivelmente, em péssima hora, lhe afligia os pelos mais profundos do corpo também em frio excitante. Era uma confusão de sensações que não sabia explicar, felicidade, nervosismo e ansiedade ao mesmo tempo.
-- E nervosa! -- Ela completou buscando alento nos braços da mãe á abraçando forte, tendo a mesma retribuição. -- Como ela está? -- Amanda indagou em sorriso terno se referindo a sua morena, sabia que Lúcia já tinha a visto.
* * * *
Nervosismo e felicidade eram os sentimentos presentes naquela mulher no momento, ambos em intensidade tão grande quanto a beleza da morena vestida de noiva. Ela fechou os olhos e puxou uma boa quantidade de ar para seus pulmões e a seguir o liberando devagar, se recordando da noite magnífica que tivera com a mulher que amava, sorriu. A constante ânsia em aplacar o tesão acumulado por, dias, era efeito suficiente para se amarem selvagemente feito loucas, no entanto, elas se amaram com uma calmaria nunca experimentado antes... todo desejo e excitação fora apreciado com toda delicadeza que o amor delas merecia, cada toque, cada carinho a cada beijo... E entre suspiros e gemidos elas se entregaram de forma plena e consciente do amor uma pela outra e do tão aguardado dia, no qual elas se tornariam esposas uma da outra. E ele havia chegado!
Samantha abriu os olhos deixando o sorriso largo e emocionado moldar seus lábios. Em um ato inquieto, ela deslizou mais uma vez ambas as mãos pelo vestido enxugando o suor que elas produziam sem parar, suspirou pela enésima vez tentando acalmar o coração que saltitava ansioso. Através da janela de vidro via o jardim lá embaixo, prontamente decorado para a cerimônia e logo depois, para a festa.
Aquele dia por si só já havia surgido tão lindo e aquela tarde estaria tão mais esplendorosa e agradável se não fosse o constante incômodo que sentia na barriga. Parecia que estava numa queda livre sem fim, mas o frio, ao mesmo tempo que era incômodo era excitantemente delicioso.
-- Você está incrivelmente linda, filha. -- Henrique alegou se aproximando dela e lhe tocando o ombro de forma reconfortantemente amorosa.
Samantha pôs-se de frente para o pai e o fitou sorrindo. -- Deixe-me vê-la. -- Ele sorriu pegando as mãos de sua filha e se afastando um pouco em apreciação da mesma.
Os famosos fios negros que sempre banhavam a costa em uma cascata calma, estavam agora em um coque moderno e elegante. A tiara brilhante dava a ele uma elegância magnífica.
Sob os ombros as alças do vestido eram rendadas com predarias que seguiam logo abaixo somente em tecido formando o singelo decote em V na região do busto. A parte de cima do vestido era de tecido mole com pregas transversais, ele estava em molde justo ao corpo até as predarias brilhantes que circundavam a cintura, e dali até topar o chão ele caia em forma solta e delicada.
Henrique a fez girar em torno de sua mão segura na dela e, assim, pode ver a parte maior do vestido que formava uma pequena calda. Os acessórios eram os brincos e nos pulsos os braceletes ambos de delicadas predas brilhantes. -- Linda! -- Ele acrescentou voltando ao rosto dela, a maquiagem era serena, deixando apenas em realce os olhos e em seguida a boca em nude rosado. Em felicidade e orgulho ele alargou o sorriso deixando sua mão acariciar o rosto de Samantha que, sorriu, encantada com tamanho amor.
-- Eu estou tão feliz e orgulhoso por ter a honra de levá-la até o altar. -- Ele declarou emocionado, evidente em uma lágrima que desceu por seu rosto.
-- Pai... -- Samantha proferiu, também em emoção, deveras aflorada aquele dia, não queria chorar, mas ao ver seu pai daquele jeito, estava quase impossível resistir, ergueu a cabeça tentando evitar que as lágrimas caíssem.
-- Tá bom, tá bom, vamos respirar fundo. -- Essa, era Regina que, já chorava da mesma forma que o marido mediante a cena. -- Dia feliz, lembram? -- Ela proferiu enxugando o canto dos olhos com um pequeno lenço. Os três riram em acordo.
-- Mas seu pai está certo, filha. -- Regina concordou estando agora em frente a Samantha, em admiração amorosa. -- Você está linda! Linda e feliz. -- Ela sorriu tocando em delicadeza os braços moreno em carinho, em seguida levou a mão ao queixo em um toque terno, para logo desviar o olhar cheio de lágrimas. -- Ah Deus, eu não consigo. -- A senhora elegante em seu vestido disse e se afastou da noiva pondo uma mão na própria boca.
-- Mãe... -- Samantha proferiu a vendo se afastar em choros contido, buscou o pai com o olhar, este, para seu alívio estava mais calmo, caso contrário, os três estariam em prantos.
-- Não criemos pânico Family, eu cheguei. -- Alexsandra proferiu em sorriso largo entrando no local. -- Meu Deus! Quem morreu? -- Ela indagou após ver a mãe chorar e o clima tenso entre os três.
Samantha sorriu, literalmente dando graças à Deus ao ver a irmã mais nova ali, ela sim, saberia converter aquela situação. -- Oh mãe, a sua filha não vai para a forca não. -- Alexsandra advertiu em tom um tanto repreensivo. -- Bem, ela vai se amarrar, mas não é exatamente no lacinho da forca. -- A morena caçula declarou agora em tom de brincadeira o que arrancou risos francos de todos ali. -- Animação meu povo. -- Ela continuou batendo palmas. -- Eu não depilei as axilas e me enfiei neste vestido sexy para ver o chororô de ninguém não. -- Ela proferiu em gestos o que gerou risadas altas dos demais.
Samantha a fitou em um sorriso grato e amoroso, Alexsandra também estava linda, divinamente elegante no vestido de cor vermelho marsala longo, o mesmo continha um decote dadivoso em V e as alças do mesmo seguia do colo para a costa onde trançavam e se prendiam na barra de cintura do vestido, deixando a pele daquela região em boa amostra no detalhe simples, era um modelo único para todas as madrinhas, portanto, todas elas estariam no mesmo estilo.
-- Grandona, tu está de matar! -- Alexsandra finalmente se aproximou da irmã lhe dando a devida atenção. -- Até eu ia querer casar contigo olha!? -- Ela disse em sorriso cínico, mas com sincera admiração.
Samantha soltou uma gargalhada, com a chegada dela ali, tudo havia ficado mais leve, esquecera mais seu nervosismo e emoção de antes.
-- Você também está muito bonita, Alex. -- Samantha afirmou sorrindo.
-- Eu sou bonita grandona, neste momento eu estou divina. -- Alexsandra advertiu pondo uma mão sobre o queixo e a outra na cintura em pose diva. -- Até penteei o cabelo. -- Disse tocando os fios de leve. Eles estavam em um topete baixo, arrumado em estilo despojado e dali descia solto, no rosto a inseparável franja acompanhada de alguns fios mais longos de ambos os lados do rosto que, continha maquiagem leve.
-- Palhaça! -- Samantha proferiu rindo.
* * * *
-- Eloá quer parar de andar em círculos? -- Nádia questionou após tanto ver a irmã girar inquieta.
-- Ahrh! -- Amanda proferiu nervosa. -- Eu não consigo! -- Afirmou olhando Nádia que, sorriu em compreensão. -- Falta muito?
-- Vinte minutos. -- Nádia afirmou o tempo restante para que as noivas estivesse em direção ao altar.
-- Uma eternidade. -- Amanda proferiu e suspirou buscando um pouco de calma.
-- Calma, filha. -- Lúcia pediu fitando sua filha.
-- Mamãe, tem razão. -- Nádia andou até ela e lhe tocou as mãos, sorriu a olhando nos olhos. -- Está tão linda. -- Notou entre amor e felicidade pela irmã.
-- Obrigada. -- Amanda sorriu em terno agradecimento e felicidade. -- Você também está maravilhosa. -- Advertiu em sinceridade admirando a irmã e, madrinha no belo vestido de cor e modelo escolhido por todas as madrinhas.
-- Oiee. -- Felipe disse colocando a cabeça na porta do quarto e entrando.
-- Fecha a porta menino a Samantha está aí do lado. -- Lúcia disse em repreensão ao filho.
-- Ah quanto drama mãe. -- Felipe disse voltando e fechando a porta. -- Uau, que noiva mais linda. -- O rapaz observou se posicionando na frente da irmã a fazendo girar.
Amanda sorriu o fitando, ele estava em um terno preto e gravata na mesma cor do vestido das madrinhas. Estava divinamente formal e lindo aos olhos dela, era ele quem a levaria ao altar, lembrou da ausência do pai, coisa que a abatia um pouco.
-- Você está tão lindo também. -- Amanda disse observando-o e deixando de lado a sua tristeza, era um dia de muita felicidade em sua vida. O homem sorriu e a beijou no rosto com carinho, estava feliz por sua irmã.
-- Ai... -- Caroline foi ouvida ao se juntar a eles no ambiente, e junto a ela Marina, ambas lindamente produzidas. -- Está tudo tão lindo. -- Ela completou em verdadeira admiração.
-- Principalmente as noivas. -- Marina sorriu agora encarando a amiga noiva.
Amanda sorriu, estava tão feliz por tê-las ali, a todos que amava e que sabia que estavam compartilhando de sincera alegria.
-- Tudo bem por aqui? -- Carmem entrou se dirigindo até Amanda.
-- Tudo ótimo. -- Amanda sorriu olhando a mulher que organizara todos os preparativos para aquele dia. -- Exceto meu nervosismo. -- Amanda confessou em suspiro.
-- Compreensivo. -- A mulher sorriu. -- Querida, tem alguém aí fora querendo falar com você. -- Avisou.
-- Se for a Samantha não deixa, elas não podem se verem antes da hora, dá azar. -- Lúcia disse e todos riram.
-- Isso é bobagem, mãe. -- Felipe falou.
-- Pode ser, mas melhor não pagar pra ver. -- A senhora afirmou convicta.
-- Não, não é a sua noiva. -- Carmem sorriu olhando diretamente, Amanda.
-- Quem é? -- Amanda questionou curiosa.
-- Sou eu.
O sorriso de Amanda se desfizera em uma surpresa surpreendente ao ver de quem se tratava.
-- Pai!? -- Ela não acreditava no que seus olhos viam a alguns metros a sua frente.
Lúcia sorriu sentindo felicidade e orgulho pelo esposo está ali.
-- Será que podemos conversar? -- Carlos questionou ainda parado próximo a porta. Amanda o olhava de forma séria a seu ver, sentiu receio naquele momento.
-- Eu... -- Amanda tentou dizer algo. Mas a verdade era que seus sentimentos eram confusos, não soube o que falar, o que fazer e muito menos agir. Tanto que não moveu um músculo se quer, em para falar.
-- Vamos sair para conversarem, está bem!? -- Lúcia disse gesticulando com os braços e chamando os demais ali no quarto para saírem.
-- Qualquer coisa só chamar, Eloá. -- Marina advertiu a olhando de forma serena, a seguir fitou Carlos, de forma mais séria e saiu.
Carlos se aproximou lentamente sem tirar os olhos de sua filha, em seu mais íntimo sorria, deslumbrado, com toda a beleza da mulher a sua frente, toda de branco, e mesmo sem o sorriso no momento, ele notava a real felicidade dela, sorriu, finalmente, parando bem a sua frente. Ficou mais um momento apenas a olhando de cima a baixo, estava belíssima, ele julgava, ao mesmo tempo em que tentava organizar seus argumentos para iniciar uma conversa e, falar tudo que havia planejado, que achava de fato necessário de sua parte falar...
Amanda não estava muito diferente dele, seus pensamentos eram diversos e caóticos, o que seu pai estava fazendo ali? Era a pergunta que martelada aos gritos em sua mente. Não sabia distinguir se a presença dele ali era boa ou ruim. Não sabia o que pensar ou o que esperar daquela situação e muito menos do pai. Estava fazendo de tudo para não criar uma expectativa toda e na hora se decepcionar mais uma vez, então, sua única opção era esperar, e ela esperava, em um silêncio ensurdecedor e uma demora descomunal.
-- Você está divinamente linda. -- Foram as primeiras palavras dele, realmente sinceras, ele sorria.
-- Obrigada. -- Amanda desenhou um sorriso leve. -- O que faz aqui? -- Ela foi direta e sem desviar os olhos dele.
-- Eu... -- Ele enfiou uma mão no bolso da calça, aliás o traje dele era esporte fino, totalmente adequado a ocasião e Amanda notará aquilo, mas se policiava a todo momento, em não criar nenhuma expectativa. Ele levou a outra mão aos cabelos grisalhos em nervosismo. -- Por que tem Amanda no seu convite de casamento? -- Ele questionou sobre a única coisa que conseguiu lembrar de imediato.
-- Não acredito que veio aqui criticar sobre o meu nome? Sério, pai? -- Amanda disse em irritação, dando a costa à Carlos. -- Não! Claro que não, filha. -- Carlos negou pegando no braço de Amanda que, o fitou sem gostar daquilo, o que fez ele a soltar de imediato.
-- Olha só, eu estou realmente muito surpresa por estar aqui e querendo entender isso. -- Ela confessou de forma sincera. -- Mas eu vou me casar daqui a pouco e nada nem ninguém vai me impedir de fazer isso. -- Afirmou séria. -- Então faça um favor para nós dois, seja o que for, fale logo. -- Advertiu calma, porém passando exatamente o que que queria a Carlos, que notou sem demora a rispidez dela, a decisão, e a forma ainda magoada em que ela estava e sentia em relação ao seu comportamento para com ela, e Carlos sabia que seria muito difícil quebrar a barreira de proteção e raiva que Amanda havia erguido entre eles, barreira esta, causada por sua atitude e culpa.
* * * *
-- É o quê? -- Samantha praticamente gritou ao saber da presença de Carlos ali, automaticamente seus sentimentos foram felicidade e medo, respectivamente, felicidade porque sabia que embora Amanda negasse ela sentia a falta do pai naquele momento de sua vida, tê-lo ali seria sua completa felicidade, mas conhecendo Carlos, sentiu medo, por também saber que ele seria bem capaz de fazer Amanda sofrer de alguma forma, bem no dia em que era para ser um dos mais felizes de sua vida e não poderia permitir aquilo. -- Eu vou lá! -- A médica afirmou seguindo em direção a porta.
-- Grandona? -- Alexsandra tentou a deter.
-- Sam, não! -- Sheila se posicionou na porta a impedindo de sair. -- Se ele veio, deixa eles conversarem.
-- Sheila, sai. -- Samantha pediu, estava aflita.
-- Sam, ela está certa. -- Susan também se pôs entre Samantha e a porta. -- Sei que ele não é das pessoas mais fáceis de lidar, mas se veio é porque deve ser importante e mesmo que seja com más intenções eu tenho certeza que Amanda não permitirá que nada aconteça contra o casamento de vocês. -- Susan argumentou de forma calma realmente o que pensava.
-- Eu sei que ela não deixará, Su, minha preocupação é ele fazê-la sofrer de alguma forma. -- Samantha rebateu em agonia.
-- Filha... -- Henrique se manifestou a fazendo olhá-lo, sorriu buscando as mãos de Samantha. -- Como pai, entendo que ele precisa desse momento, e você como filha sabe que Amanda também precisa, não a prive disso. -- Ele falou a olhando nos olhos com um eterno carinho. -- Você estará lá se ela precisar, mas agora, seu dever é ter calma e aguardar. -- O homem finalizou lhe acariciando o rosto, sorriu a fazendo suspirar em compreensão daquilo, o pai estava certo. Só poderia torcer para que tudo ocorresse bem, enquanto seu consciente involuntariamente tentava adivinhar o que acontecia no quarto ao lado.
* * * *
-- Foi sua a ideia das flores no convite? -- Ele questionou a olhando quase que certo da resposta.
Amanda ficou o olhando em silêncio, seus pensamentos divagaram pelo passado e um sorriso se formou em seus lábios, adorava aquelas flores pequeninas e delicadas, mas com uma presença encantadora.
-- O que acha? -- Ela devolveu em pergunta.
-- Você adorava colhê-las quando era garotinha. -- Ele afirmou em lembranças um breve e tímido sorriso se formou no rosto experiente dele.
-- Sinto saudade quando lembro daquele lugar. -- Ela confessou olhando um canto qualquer, em lembranças da fazenda da família, o campo provavelmente ainda estivesse lá, se o pai ainda não tivesse mexido.
-- Ele ainda está lá. -- Ele assegurou como se ouvisse os pensamentos dela. -- É intocável, ele é seu, sempre foi. -- Ele falou ao obter o olhar surpreso de Amanda. Ela apenas sorriu fraco tentando não demonstrar o quão aquilo a abalava emocionalmente. Por que ele estava ali, afinal?
-- Por quê? -- Ela o questionou.
-- Porque você ama aquele lugar, não seria justo transformá-lo no que quer que fosse, não valeria a pena. -- Ele afirmou de forma sincera a olhando sempre em ternura, bastante culpa e nervosismo.
-- Não falo do lugar, falo do senhor aqui. -- Ela esclareceu controlada.
-- Ah sim, desculpa. -- Ele pediu entendendo.
Amanda o olhava, mas não o reconhecia, Carlos pedindo desculpas a ela? Parecia piada naquele momento.
-- Diga logo o que quer de uma vez, não vou me atrasar. -- Ela falou.
-- Claro. -- Ele disse tentando organizar os pensamentos que estavam a mil, nem ele próprio sabia a razão por estar ali, ou simplesmente não queria assumir, até isso era uma confusão em seu juízo. Desviou o olhar e então viu o buquê de Amanda em um pequeno vazo, novamente as flores do campo realçavam nos detalhes, soube ali o seu motivo, o seu real motivo, buscou os olhos claros de sua filha, e estes o levaram ao passado e lhe trouxeram ao presente e a realidade num instante.
-- Porque eu amo você minha pequena. -- Ele afirmou com todo o amor que conseguia sentir naquele momento, e estava sendo sincero mais consigo mesmo do que propriamente com a filha.
Amanda tivera o coração disparado ao ouvir a frase. Há quanto tempo Carlos não dizia aquilo a ela de forma tão genuína e terna? Não lembrava.
-- Está falando sério? -- Amanda indagou numa mistura de impaciência, aflição e amor. -- Porque se não tiver... -- Ela disse e se calou em pensamentos, amava tanto aquele homem a sua frente, mas não queria sofrer como antes, presa em um conceito de amor e respeito que só ela dava a ele, submissa em busca de um carinho e dedicação que havia acabado há muito tempo. E de repente, ali estava ele, dizendo que a amava, e, via sinceridade, mas não queria criar muita esperança num sentimento que a fez sofrer por não tê-lo da forma certa por tantos anos, só de pensar no quanto sofreu, sua vontade era de chorar.
-- Sempre que você queria ir naquele campo você vinha até mim e me puxava a calça. -- Ele disse olhando um canto da sala em lembranças o semblante era calmo e pensativo. Para Amanda não revelava muita coisa, então, apenas esperava atormentada ele narrar o que quer que fosse. -- Papai, papai... Você dizia com um sorrisinho brilhante. Me leva nas flores pequenininhas. -- Ele disse, sorriu fraco e a olhou. -- Eu não tinha descanso enquanto não fizesse isso. -- Lembrou. Amanda já tinha os olhos marejados pela lembrança. -- Até que um dia você pegou o seu cavalo, montou e simplesmente foi... Sozinha. -- Ele proferiu a olhando, parecia sentido com aquilo. -- Não precisou mais de mim. -- Ele lembrou e fitou o chão de forma triste.
Amanda que o observava em absoluto silêncio, ao ouvir aquilo, não suportou a pressão das lágrimas em seus olhos, as deixou caírem em comoção e lembranças. Tinha 14 anos quando fizera aquilo que o pai narrara, queria descobrir o mundo a seu modo, com seu olhos.
-- Eu não entendo. -- Amanda confessou o olhando em choro emocionado e bastante confuso. -- O que isso significa? -- Indagou o fitando.
-- Não poderia. -- Carlos proferiu a olhando, a seguir desviou o olhar também em franca emoção. -- Não deixei claro meus reais sentimentos e medos. -- Ele falou ficando em silêncio por um momento, mais um suspiro pesado foi proferido por ele. -- Ao invés disso eu preferi escondê-los embaixo de uma máscara de pai exigente e severo com tudo, achando que assim a teria ao meu lado sempre. -- Ele a olhou e sorriu fraco em lembranças. -- Quando eu a vi repetir a mesma ação no dia seguinte e no próximo e no próximo para aquilo e várias outras ocasiões... -- Ele confessou voltando a olhar agora através da janela perdido nos seus mais íntimos segredos e medos, segredos que só agora declarava para a filha e principalmente para si mesmo. -- Você ia ao Campo, a Cachoeira, adorava ir a todos os lugares, sozinha, nada te deteve de fazer o que queria, exceto minhas exigências.
Amanda lembrou que era exatamente como ele narrava, se sentia livre no lugar que adorava, e nisso um detalhe lhe veio à mente, se não fosse por interferência do pai ela quem provavelmente estaria cuidando de tudo ali, a fazenda era sua vida na adolescência, até que ele em insistência a fez cursar direito e tomar de conta da empresa, outro negócio da família, fora quando tudo começou, responsabilidades enormes lhe eram postas sobre os ombros pelo próprio pai, fechou os olhos em tristes lembranças e mais lágrimas lhe veio aos olhos e sem que pudessem detê-las, caíram.
-- E todos os dias vendo você cada vez mais independente, livre. -- Ele voltou a falar tendo os olhos de sua filha em atenção. -- Eu senti medo, Eloá. -- Afirmou para completa surpresa dela.
-- Medo? -- Amanda não o compreendia. -- Medo de que pai? -- Indagou em interesse.
-- De você me abandonar. -- Ele afirmou a deixando deveras surpresa com a resposta.
-- O quê? -- Amanda proferiu o encarando. -- Isso não faz o menor sentido, pai! -- Ela advertiu séria tentando enxugar as lágrimas.
-- Concordo. -- Ele afirmou, a seguir suspirou buscando seus argumentos para explicar-se. -- Mas fazia sentido para mim até hoje cedo... Não sei. -- Deu de ombros sem realmente se importar se fazia sentido ou não. -- Achei que se eu mesmo te colocasse nos lugares que queria que estivesse, caso nosso contato de pai e filha viesse a falhar de alguma forma, era por bons motivos. Você estaria bem casada, fazendo nossa empresa crescer, estaria cuidando de tudo como eu sempre quis, e com meu apoio e um pouco de liderança. -- Ele confessou voltando a olhar Amanda que o fitava com um olhar incrédulo, evidente tristeza e decepcionado, não a culpava. -- Eloá... -- Ele caminhou se pondo em frente à ela. -- Quanto ao passado e toda a minha conduta como seu pai, foi totalmente equivocada e errada, eu sei disso, mas agi conforme o que eu acreditava, não posso jamais mudar isso. -- Ele falou calmo e sério a olhando fixo nos olhos. -- Mas essa é a verdade, eu senti medo que você perdesse o carinho e amor por mim, eu temia o dia em que você montasse naquele cavalo e nunca mais voltasse, usei isso como metáfora para tudo que se referia a você. -- Ele confessou. -- Então erroneamente pensei que se fosse um homem de pulso firme e tivesse no controle, você jamais me escaparia por entre os dedos e nossa família sempre seria unida, próxima e feliz, entende? -- Ele indagou, de fato aquele era seu pensamento.
Amanda o encarava sem acreditar naquilo, como o pai pode pensar e agir daquela forma por tantos anos sem simplesmente dizer tudo ela? Ao invés disso, preferiu se tornar um homem amargurado, um pai totalmente distante do qual estava habituada, inverso aos sentimentos que sempre demonstrou a ela quando era criança. Não conseguia entender o quanto ele fora capaz de mudar tão de repente por achar que ela o estava abandonando, que pensamentos mais ilógico, notou deixando seu corpo buscar a cadeira ali perto sentando nela.
-- Mas veja só como é a vida ou a ironia dela. -- Ele continuou andando até a janela de vidro e vendo o lindo local da cerimônia e completamente lotado de pessoas aguardando as noivas. -- Eu fiz tudo por medo de te perder e acabei sendo o provedor direto dessa perda. -- Ele observou ainda encarando o jardim lá embaixo. Seu semblante era a mistura de tristeza, arrependimento e alívio por estar tendo finalmente aquela conversar.
-- Eu ainda estou aqui. -- Amanda afirmou se pondo ao lado dele, no fundo era tudo que mais almejava naquele momento e dia.
Em reação ele a buscou com os olhos em sincera admiração, ele sorriu ao vê-la lhe sorrir tão entregue e amorosa. Automaticamente lágrimas lhe tomaram os olhos, como pudera ser tão tolo ao achar que pudesse perdê-la oferecendo amor? Invés disso ofereceu opressão, rancor e preconceito por longos anos e, ainda assim, sua pequena estava ali a seu lado.
-- Eu também estou. -- Ele confessou e rapidamente desviou o olhar disfarçando as lágrimas. Amanda o viu limpando o rosto, mas não disse nada, apenas sorriu o olhando com felicidade por estarem ali, juntos.
-- Pai? -- Amanda o chamou, ambos olhavam através do vidro. Amanda o buscou com os olhos cheio de esperança, afinal ele estava ali abrindo o coração como nunca fizera antes, e queria saber a verdade que ainda lhe pairava a mente. -- Vai ficar para o casamento? -- Questionou num fio de voz, estava com medo da resposta dele, no fundo ainda buscava uma espécie de aprovação da parte dele, talvez por ama-lo tanto, por ele ser acima de tudo, o seu pai.
-- Eloá, não confunda as coisas. -- Ele advertiu voltando a encará-la atinado. -- Eu ainda sou o mesmo Carlos, não consigo aceitar esse casamento. -- Ele confessou para ver sua filha dar dois passos assustados para trás com expressão de medo e irritação o que fez ele entrar em alerta rapidamente. -- Espera, me deixa falar. -- Ele lhe segurou o pulso, mas logo a soltou. -- Só me escuta. -- Pediu a olhando nos olhos em solicitação.
Amanda suspirou buscando forças, novamente sua expectativa a levara a uma grande decepção.
-- Filha?
-- Não adianta pai, não importa o quanto eu esteja feliz, o senhor nunca, nunca vai me aceitar como sou. -- Ela disse novamente tento as lágrimas presentes nos olhos. -- Mas jamais deixarei de ser feliz da forma que sou e acredito pra agradar ninguém, muito menos o senhor. -- Afirmou em sinceridade e convicção limpando as lágrimas não iria mais chorar, não tinha motivos para aquilo, o homem a sua frente não teria o prazer de vê-la sofrer mais uma vez com seu desprezo. -- Não sabe o quanto eu queria o senhor aqui nesse dia, e quando entrou aqui me encheu de uma esperança que antes eu tinha feito questão de esquecer, mas no fundo eu queria, queria... -- Ela abaixou os olhos em tristeza, mas voltou decidida. -- Mas se sua presença aqui é em busca da representação do status da família feliz que sempre fez questão de pregar, por medo de questionamentos dos outros, eu não quero, vá embora, por favor. -- Ela apontou a porta o encarando numa mistura de tristeza e decepção e raiva.
Mas para a surpresa de Amanda o senhor além de não mover nenhum músculo no intuído de se retirar dali, como ordenou, ele fizera o que jamais esperava dele naquele momento. Diferente de todas as outras vezes em que havia o encarando decidida ele não debatera de forma ignorante, pelo contrário, ele a olhou firme nos olhos e esboçou um sorriso bastante sincero para sua surpresa e confusão. A seguir se aproximou e lhe tocou o rosto em um singelo ato carinhoso, ainda com o sorriso nos lábios. Amanda ficará tão pasma com aquilo que não soube o que fazer, então apenas se deixou levar pelas emoções e pelo toque, não sabia mesmo como agir diante da ação do pai.
-- O meu pequeno botão desabrochou e se tornou uma flor linda. -- Foram as palavras do senhor que fizera questão de abrir mais ainda o sorriso. Amanda arregalou os olhos em um ar de perplexidade e emoção mediante aquela frase. Uma feliz lembrança lhe vieram a mente, quando criança ele sempre a chamava de "meu botão" e ali ele proferira tal frase acrescida de outras palavras que fizeram seus mais emotivos sentimentos aflorarem com força, lágrimas caíram junto à um sorriso dos lábios, seu coração acelerou em ação é a boca embora tentasse falar algo, não conseguia, embora aquilo significasse muito no momento, ainda queria compreender aquela observação feita por seu pai.
Carlos parecia compreender a filha como a tempos não conseguia, vendo a dúvida nos traços do belo rosto dela e nos olhos que sempre achara lindo ele deixou sua mão seguir para o queixo ainda no carinho lento em admiração e então continuou.
-- Depois de toda a sua mudança, eu tinha a certeza de que agiria de tal forma. -- Ele confessou e sorriu conformado e de certa forma orgulhoso da filha que tinha. Abaixou as mãos tomando as mãos de Amanda, esta, o acompanhava em completo silêncio, mas por dentro seu coração era tão acelerado quanto os pensamentos que viajavam entre o passado e o presente, surpresos com a atuação do pai ali, totalmente entregue aos sentimentos como a tempo não via nele. A calmaria, a compreensão, tentando agir racionalmente mediante ao sentimento maior, ou seja, o preconceito que sabia que ele ainda tinha e sentia, no entanto, tudo ele deixara de lado em prol de uma conversa que a tempos não tinham, na verdade não se recordava de nenhum momento deles, após ter toda a sua vida guiada por ele.
-- Talvez meu maior receio tenha sido essa sua preferência por... enfim. -- Ele disse baixo e gesticulou a mão no lugar da palavra. -- No fundo eu sempre soube... – Confessou receoso. -- Filha eu não sei como agir, o que dizer o que fazer. -- Deu as costa para Amanda e fitou lá embaixo. -- Eu sei que quando estiver lá vendo você e... aquela mulher. -- Ele voltou a encarar Amanda. -- Outra mulher. -- Ele enfatizou essa parte. -- Só de pensar eu... -- Ele sabia o que sentia, era mais forte que ele. Amanda o fitava também sabendo o que ele queria dizer com aquilo ou o que não teve coragem de dizer em voz alta.
-- Nojo, repugnância, preconceito... -- Amanda falou o que ele não disse, mas que sentia, pensou com dor no coração, desviando o olhar, mas ao menos ele estava ali e não escondia o que de fato sentia, talvez fosse um progresso ela pensou tendo esperança, de novo, riu em negação.
-- Querida, por favor, eu não disse isso. -- Ele argumentou.
-- De que adianta pai, se é o que sente? -- Ela indagou o fitando tristemente.
-- Nosso passado foi difícil por minha causa eu sei, mas embora eu não esteja aqui por inteiro, quero que minha parte sendo o seu pai esteja. -- Ele foi até ela é lhe tomou o rosto novamente. -- Eloá eu amo você, do meu jeito, mas te amo e é isso que quero que leve em consideração hoje. -- Ele afirmou com sinceridade, mas notava o receio e ressentimento de sua filha. -- Filha... -- Continuou com a maior doçura que pode -- Como eu disse não consigo ver sua relação com essa médica uma situação normal. Mas... -- Ele respirou fundo buscando forças e sinceridade. -- Mas eu sei que eu amo você e no fundo quero a sua felicidade, acredita em mim? -- Ele questionou a vendo chorar silenciosamente.
-- Sim, pai. -- Amanda falou em verdade o pai a amava e provou ao estar presente ali. -- Eu também amo o senhor. -- Ela afirmou deixando o seu melhor sorriso aparecer e o abraçou se rendendo ao desejo de ter o carinho dele, ao menos por um instante.
Carlos a recebeu a fazendo aninhar-se confortavelmente em seus braços, era uma sensação ótima tê-la daquela forma novamente, a amava acima de todo o seu orgulho e preconceito, amava sua filha e não queria perder o amor dela, embora não estivesse ali por inteiro, estaria ali pela dignidade de pai e pelo amor que sentia por sua filha, esta, merecia ser feliz. -- Me deixa participar desse seu dia, ao menos nesse primeiro momento. Pode me dá a alegria de te levar ao altar dessa vez? -- Ele indagou ainda no abraço. No entanto a pergunta fizera Amanda o deixar de forma brusca, devida a sua surpresa, o fitando em busca de comprovação daquela pergunta.
-- Sério? -- Ela perguntou ainda em dúvida, seu coração se precipitou em aguardo da resposta.
-- Sim. Se não houver problema, eu...
-- Claro! -- Amanda falou o abraçando novamente, agora de forma mais empolgada. -- Quer mesmo? -- O encarou sorrindo.
-- Sim filha, me dê essa honra, sei que não sou dos mais merecedores, mas é uma maneira de te provar que posso tentar... -- Ele disse sem conseguir achar palavras para continuar ele apenas parou.
Amanda sorriu, compreendendo a confusão do homem a sua frente, mas apesar de todos o pesares do passado ele estava ali, promessa de que o futuro poderia ser bem melhor, estava feliz e mais uma vez em uma expectativa com um fundo de verdade, embora pouquíssimas, elas existem e isso já era muito bom, o abraçou agradecida à Deus por mais uma felicidade aquele dia.
Eles foram despertando por batidas na porta.
-- Está na hora, filha. -- Lúcia avisou entrando e sorriu os vendo juntos, era uma cena linda, como sempre deveria ter sido.
-- Ah Meus Deus, mãe! Eu estou horrível, não posso entrar assim. -- Amanda entrou em uma exasperação ao lembrar de como estaria seu rosto. Correu ao espelho e constatou a vermelhidão, assim como, a maquiagem borrada. -- Chama a maquiadora, rápido. -- Ela gritou em verdadeiro desespero e seus pais riram.
Logo ali do lado havia outra mulher apreensiva também, mas com outras sensações de sentimentos.
-- Já chega! Eu vou lá agora. -- Samantha estava cansada e irritada de tanto esperar, já estava na hora do casamento e não havia tido nenhuma notícia de Amanda, desde que o pai dela havia chegado ali, seu medo de tudo dar errado estava cada vez mais aumentando, no fundo sabia que Amanda não seria capaz de mudar de ideia. Mas sua apreensão não ouvia sua razão, somente suas emoções e elas estavam uma verdadeira bagunça naquele momento. Ao abrir a porta do quarto para sair sob protestos de sua família e madrinhas, dera de cara com as amigas e irmã de sua noiva.
-- Cadê a Amanda? -- Indagou em interesse absoluto.
-- Calminha morena, entra aí vai. -- Caroline disse a fazendo voltar para o quarto.
-- Mas como calma? -- Samantha questionou irritada. -- Eu quero saber da minha mulher. -- Afirmou.
-- Mudança de planos. -- Marina disse em provocação.
-- Quê? -- Samantha disse num fio de voz.
-- Porr*, Marina! -- Caroline quem proferiu tais palavras e Marina riu.
-- Sam, está tudo bem. -- Nádia pegou na mão da cunhada e a puxou para um canto. -- Eloá está apenas retocando a maquiagem.
-- O que aconteceu? -- Samantha questionou preocupada.
-- Ela vai te contar depois, com calma. -- Avisou. -- Pelo que sei ela conversou com o papai, e agora ele quem vai leva-la ao altar.
-- Tá brincando!?
-- É o que eu também achei. -- Nádia disse rindo e Samantha também a seguiu. -- Terão um pequeno atraso, mas ela está bem, não se preocupe, tudo bem?
-- Acho que sim. -- Samantha disse respirando fundo sentindo-se mais calma. Nos pensamentos a ideia de que Carlos quem levaria Amanda ao altar, era intrigante. Estava curiosa para saber dos detalhes, mas acima de tudo estava feliz por sua noiva, sabia que aquilo era o sonho de Amanda, e agora ele seria realizado, sorriu encantada e feliz, sentindo seu coração se abrandar quanto aquela questão. No entanto, o fato de que em instantes estaria em direção ao altar voltara a lhe afligir os nervos, a ansiedade e aflição eram gigantes, só não maior que a sua felicidade, sorriu maravilhada.
-- Samantha querida, se prepare, logo entrará. -- Carmem afirmou abrindo e fechando a porta rapidamente.
-- Está na hora! -- Samantha se deu conta daquilo olhando os pais, irmã e madrinhas, sorriu recebendo um carinho do pai que estava ao seu lado, devidamente pronto para conduzi-la ao altar.
-- Sam?
A morena ouviu seu apelido dito da forma mais doce. Não via sua noiva, porém sabia que ela havia proferido tal nome junto a um sorriso, seu coração foi ao delírio e assim, correu até a porta, Amanda estava ali e não escondia o desejo de vê-la toca-la, no entanto, estava ciente de que não podia abrir a porta, fora o combinado delas, verem-se apenas no altar.
-- Oi meu amor? -- A médica respondeu encarando a porta enquanto a tocava com cuidado, como se a outra pudesse sentir seu toque e carinho através dela, sorria. -- Você está bem? -- Indagou.
-- Sim. -- Amanda entendia muito bem sobre o que aquela pergunta se tratava. -- Apenas ansiosa. -- Ela confessou tomada por aquele sentimento. -- Não demora. -- Ela sorriu em pedido.
-- Irei logo depois de você. -- A voz de Samantha era veladamente apaixonada e ansiosa. Amanda sorriu, elas não se viam, mas suas mãos tocavam a porta na mesma altura e local, somente a Madeira as impediam do contato físico, no entanto, a alma delas eram uma da outra, sorriram.
-- Te espero no altar. -- Amanda afirmou.
-- Eu estarei lá. -- Samantha sorriu.
-- Eu amo você. -- Elas proferiram ao mesmo tempo e sorriram fascinada, após isso apenas o silêncio se fez presente. Amanda saiu em um sorriso e em reciprocidade Samantha ficara em aguardo de sua vez.
E lá estava ela em frente ao portal florido rumo ao destino que tanto sonhara, felicidade era o seu mais devoto e puro sentimento. De olhos fechados Amanda experimentou o sabor do vento que tocava a sua pele com delicadeza, lhe refrescando o corpo e alma aquecida de amor, sorriu abrindo os olhos em um sorriso magnifico, podendo, assim, apreciar a beleza do lugar, por entre as arvores adiante o sol raiava majestoso em seu brilho alaranjado, era um fim de tarde diferente, com certeza um fim de tarde de realizações, constatou... E em presença daquela paisagem do campo, a marcha nupcial soou a despertando, preparou-se e, então, ouviu o quinteto de músicos iniciar a música “How long will i love you – Ellie Goulding” de sua entrada, estava na hora.
Amanda deu o primeiro passo ao lado do pai, o som suntuoso da música ecoava apenas em melodia e todo o corredor de percurso continha vasos floridos por rosas nos tons rosa, branca e amarela. O sorriso sempre presente em Amanda, enquanto ela buscava olhar a todos a sua volta naquele trajeto, algumas delas conhecia, outras ainda não, mas sabia que todos ali torciam por sua felicidade e de Samantha, no momento ela era o centro das atenções, rumo ao altar, olhou para lá... O tablado de madeira era quadrado e no centro dele estava a tenda amadeirada modelada pelos tecidos brancos, abaixo dela, a pequena mesa continha arranjos de flores de um lado e outro, atrás a Juíza de paz a olhava com um sorriso singelo. Ainda no altar, ao lado direto estava Lúcia e seu irmão, eles a assistiam em sorriso largo, sua mãe, claro, já deixava algumas gotas de lágrimas cair vez e outra, em emoção, ao lado deles, também estava Regina e Murilo, ambos em postura feliz e emocionada, sorriu mais ainda, os entendendo, estava feliz, muito feliz. Encarou o pai a seu lado, no fundo o queria ali, no entanto, depois de tudo, nunca pensou que o mesmo pudesse realizar tal façanha, passar por cima de seu orgulho ferido, sabia que aquele ato não mudaria muita coisa nos modos do pai ou sobre o que ele achava em relação ao seu casamento com outra mulher, mas ali, naquele momento, ele estava presente e seu coração enchia-se de alegria plena. De certa forma, foi um passo dado por ele de forma sincera e devido ao amor que sabia que ele tinha por ela, demonstrava aquilo estando ali, sorriu ao vê-lo olhá-la e sorrir fraco, porém terno, lhe tocando a mão entre seu braço e desviar o olhar para a frente. Amanda também o fez, para logo sorrir em cumprimento de pessoas amigas e, embora transparecesse calma, aquilo era um sentimento que não tinha no momento, suas mãos suavam frio, sensação que tinha na barriga e fazia o seu coração galopar feito louco em seu peito, suspirou tentando o acalmar, não queria ter um treco logo naquele momento, em momento nenhum naquele dia tão especial... Fechou os olhos por um instante, estava apenas a alguns passos do altar, e quando o abriu o fez junto com um deslumbrante sorriso nos lábios, para logo pisar com o pé direito no pequeno elevado assoalho de madeira.
-- Aqui estamos. -- Carlos disse se pondo em frente da filha, pegou ambas as mãos dela e beijou cada uma. -- Apesar de tudo... -- Ele disse a olhando nos olhos. -- Nunca esqueça que eu amo você. -- Ele assegurou e sorriu.
Em leve emoção Amanda apenas sorriu em afirmação, ganhou mais um beijo, agora em sua testa e o viu caminhar se pondo ao lado de Lúcia, esta, lhe sorriu emocionada.
-- Você está linda. -- Regina disse em sorriso se pondo na frente da nora e lhe beijando o rosto.
Amanda sorriu agradecendo, e entregando seu buquê para a sogra recebeu dela um microfone.
Amanda pegou aquele objeto e o apertou firme em nervosismo e emoção, pedindo a tudo de bom que existia no universo para que conseguisse realizar a façanha que treinara durante dias. Respirou fundo voltando a sua atenção para o final daquele corredor florido, ansiosa para ver Samantha caminhar para ela, tal ideia fez seu coração voltar a acelerar consideravelmente, maior ainda que a hipótese de cantar na entrada dela, em aflição ansiosa ela agarrou o objeto com ambas as mãos e o encostou no peito enquanto olhava na direção de onde partira e de onde a morena também sairia, a demora naquela espera já estava lhe causando um terrível incômodo nas pernas.
O som repentino dos instrumentos dos músicos posicionados ao lado do palco, a assustou, fazendo-a fechar os olhos, para logo o abrir, o som da segunda marcha nupcial como abertura significava que Samantha iria entrar. Constatou quando viu sua morena posicionada no rol de entrada ao lado de Henrique, Samantha Estava magnífica, sorriu perdida no sorriso, na beleza e em cada detalhe daquela mulher...
Estava tão embevecida em pensamentos e admiração que esquecera o que tinha que fazer, respirou fundo novamente aquele dia, achava sinceramente que usara mais ar da atmosfera em um único dia do que em um mês inteiro. O momento era delicado, encontrava-se na difícil situação de cantar nas mais solenes das ocasiões. Pensou em desistir, pois tamanha emoção já a tomava por inteira, o medo de não conseguir já a abalava. Porém não era mais possível desistir, perante o público exigente e ilustrado, a sua noiva, portanto, desejava cantar o melhor que lhe fosse possível.
Seus olhos encontravam-se estáticos sobre a morena cheio de esplendor e serenidade, ela estava simplesmente linda, sorriu, e seu peito que antes arfava revoltado, inexplicavelmente, se transformou em calmaria. Por coincidência as músicas que ambas escolheram foram as mesmas, assim como, haviam optado somente pelo toque instrumental dela, mas decidiu fazer uma surpresa para sua noiva, e havia chegada a hora, sua voz teria que entrar em conjunto com melodia da música, lembrou levando o objeto próximo a boca, Samantha era a sua melhor inspiração.
“How long will I love you? (Por quanto tempo vou te amar?)
As long as stars are above you (Enquanto as estrelas estiverem em cima de você)
And longer if I can (E por muito mais tempo, se eu puder) [...]”
Samantha custou a acreditar no que seus olhos viam e seus ouvidos ouviam. Sua noiva além de belíssima a esperando no altar, cantava a música que havia escolhido para aquele momento. Estava em total transe que, fora preciso o pai iniciar a caminhada a fazendo segui-lo, e assim, de olhos vidrados na mulher dona de seus mais íntimos sonhos, ela caminhou mergulhada naquela melodia cantarolada em voz pura e doce. Amava aquela música, e tê-la agora proferida com tanta verdade pela mulher que mais amava naquele mundo era a perfeição de emoção e felicidade. Amanda a olhava com tanto amor enquanto cantava de forma tão original e arrebatadora aquelas palavras... Os olhos negros não suportaram segurar as lágrimas diante daquele cenário de sentimentos e sensações. Seu coração parecia querer voar de tanto que batia, e os pensamentos, esses sim alçou voo, relembrando cada momento belo que haviam tido juntas até ali, seus olhos brilhavam em um sorriso emocionado ao ver sua linda mulher a encantando naquele altar.
Era possível alguém ser mais bela a cada segundo em que se olhava? Amanda se fizera aquela pergunta, mas já na certeza de que, sim, seus olhos pairavam sobre sua noiva com tamanha apreciação e amor que, chegou a achar que haviam sido transportadas para outro universo, um somente delas, não de corpos, pois sabia exatamente onde estavam, no entanto, nada mais existia ali a não ser a belíssima morena que caminha deslumbrante em sua direção. E a cada passada que ela dava, seu coração batia em explosão prazerosa e nervosa, seus lábios sorriam sem que pudesse ter o domínio, e sua voz? Essa era proferida sem que pudesse se dar conta do que fazia e de como fazia, se estava afinada o suficiente ou não. E ao mesmo tempo que parecia ter o controle de suas emoções e atos, não era exatamente isso que acontecia, eram eles que a guiavam no momento. Tudo que se disponibilizava a fazer era em apreciar a morena que vinha até ela em arrebatada felicidade e emoção e, quando vira aquelas lágrimas nos olhos da mulher que tanto amava, pensou desabar junto com ela em mesma entrega, mas não, um sorriso se desenhou em seus lábios, Samantha chorava de felicidade e isso era o que ela também sentia, resolveu ir de encontro a ela.
Samantha ouvia aquela voz suave, embriagando-a em cada palavra escoada perfeitamente, entranhando em seus ouvidos, despertando seu coração para um palpitar mais exaltado. “Por quanto tempo vou te amar?” Era a pergunta daquela música e não precisaria pensar muito para saber que, sempre, desde o primeiro momento em que a viu, em meio ao caos e depois em meio a calmaria precisaria dela para viver plena e feliz, a fazendo sempre sentir uma leveza na alma, mesmo que o batuque efusivo de seu coração dissesse o contrário, Amanda lhe provocava aquilo, ela era sua calmaria em meio a qualquer tempestade, sua perdição e sua perfeição, o seu amor perfeito.
Não conseguia conter as lágrimas e, assim como elas jorravam dos olhos o seus lábios estavam sempre emoldurados em um sorriso em demonstração de sua felicidade naquele percurso. Já estava bem próxima ao altar e, para sua surpresa, Amanda desceu o pequeno degrau e caminhou a seu encontro, ela sorria tão linda, aquela tarde estava torrencialmente especial, notou fitando os olhos mel, o seu céu de estrelas brilhantes, era ali que mergulhava sem reservas, sorriu... Sentiu o beijo de seu pai em seu rosto a despertando o fitou em sorriso e gratidão e voltou-se ainda deslumbrada a encarar a mulher que amava a fitá-la cantando e encantando, ela era de uma beleza inexplicavelmente encantadora. Amanda tomou sua mão e, sorriu, olhando fixa em seus olhos enquanto proferia as últimas palavras da música.
“How long will I love you? (Quanto tempo eu vou te amar?)
As long as stars are above you (Enquanto as estrelas estiverem acima de você)
And longer if I may (E mais, se eu puder)
We're all traveling through time together (Estamos todos viajando através do tempo juntos)
Every day of our lives (Todos os dias de nossas vidas)
All we can do is do our best (Tudo o que podemos fazer é fazer o nosso melhor)
To relish this remarkable ride (Para apreciar este passeio extraordinário)”
-- Para sempre... -- Amanda afirmou e como se todo aquele desenlace fosse constatado por ela somente naquele instante, suas emoções afloraram em forma de lágrimas em meio a um lindo sorriso.
-- Para sempre... -- Samantha a imitou e em súplica vontade avançou o curto espaço entre elas, tomando os lábios da outra em um beijo embriagante de emoção... Em contemplação da cena, palmas foram emanadas junto a sorrisos chorosos de algumas pessoas.
Após o beijo fora de hora, elas riram e, de mãos das subiram juntas para o altar, pois apreciariam a seguir a entrada de suas filhas e das madrinhas.
O som que embalou as próximas entradas foi um som brasileiro e, também, instrumental da Música “Trem bala – Ana Vilela”
Agatha estava linda em compassados passos, seu vestido era branco, sandálias delicadas de cor branca, nos cabelos a tiara branca que dava um toque delicado nos longos fios que caiam soltos, nas mãos as luvas brancas dava uma delicada formalidade segurando a pequena cesta decorada que continha as alianças, o contentamento era evidente no rostinho que sorria caminhando de encontro as mães.
Ao lado dela, Natelly, esta, também usava um vestido de cor branca, os fios claros estavam elegantemente presos em um coque, perfeitamente bela a seu modo ela sorria caminhando de mãos dadas com Agatha.
Do altar ambas as mulheres assistiam suas filhas com sentimentos deveras aflorados, as receberam com beijos para logo voltarem as atenções para a entrada das madrinhas. E uma a uma, de forma intercaladas, acontecera a entrada das seis mulheres amigas, cada uma entrou com um pequeno buquê em mãos e a alegria sempre descrita nos sorrisos de todas elas que, se posicionaram ao lado esquerdo do altar, alinhadas elas eram o alvo do casal, este sabia bem o quão aquelas seis belas mulheres foram e seriam essenciais na vida delas, nutriam uma gratidão e um amor ilimitado por cada uma delas, na verdade todos presentes ali, principalmente naquele altar...
-- Boa tarde a todos em especial as noivas. -- A Juíza que, provara ser muito simpática iniciou a cerimônia. Amanda sorriu buscando por Samantha que, já sorria, em contemplação de sua noiva, apertaram as mãos dadas em um carinho cheio de amor. -- Estamos aqui para celebrar a união e, creio que, acima de tudo o amor entre esse casal. -- A Juíza proferiu de forma calma e sintetizada. -- E pode-se dizer que todos aqui presentes são pessoas especiais, uma parte insubstituível na vida das noivas, portanto, convidados importantes para compartilhar deste momento sublime. -- Ela completou parecendo seguir um roteiro mental, mas cheia de carisma enquanto sorria algumas vezes. -- Samantha e Eloá, vocês escolheram uma a outra como família, e hoje estão celebrando mais um passo desse relacionamento, a união, união esta, que envolve abrir mão de se caminhar sozinha, em prol de uma caminhada em busca de tudo que possam alcançar juntas. -- Elas ouviam atentas as palavras da mulher e em sorrisos fáceis elas buscavam os olhares uma da outra, constatando todo amor e felicidade que eles irradiavam em brilhosa emoção. -- Fiquem de frente uma para a outra, por favor. -- Pediu e prontamente as noivas a atenderam, mais sorrisos emanaram dos lábios enquanto as mãos se tocavam em caricia amorosa. A juíza continuou. -- Samantha Christine Cooper, é de livre e espontânea vontade que você aceita Eloá Amanda Franco como sua esposa?
Samantha estava mergulhada no doce mel a sua frente, no peito, seu coração galopava selvagemente em uma alegria imensa, como se a cada batida sua felicidade fosse aumentada e, talvez fosse, sorriu encantada e emocionada.
-- Sim! -- Samantha afirmou tendo seus olhos marejados por leves águas, caindo apenas uma gota dela em evasão do apreciado sorriso que Amanda lhe dedicava.
-- Eloá Amanda Franco, é de livre e espontânea vontade que você aceita Samantha Christine Cooper, como sua esposa?
-- Sim! -- Amanda proferiu em voz altiva de emoção, assistindo os lábios e olhos negros lhe sorrirem com devoção amorosa, a cada minuto daquele dia só constatava o que já sabia, Samantha era parte insubstituível do hoje e de todos os seus amanhãs.
-- Assim sendo, fiquem à vontade para dar e receber os votos de amor. -- A Juíza informou em leve sorriso deixando-as à vontade.
Amanda sorriu, sabia que ela seria a primeira, por opção, respirou fundo tentando conter suas emocionadas lembranças e mentalmente tentando organizar as palavras de dedicaria ali a frente de todos e principalmente de Samantha, esta, a aguardava com ansiedade, no entanto, com todo amor que nutria por Amanda.
-- Sam, meu amor... -- Amanda deu início, seus olhos estavam de encontro aos da morena, sorriu arrebatada. -- Os seus olhos foram a primeira coisa que vi quando acordei daquele acidente, e agora vejo que você me olhava com a mesma doçura com que me olha agora. -- Amanda confessou e ambas sorriram em lembranças e deslumbre do amor e paixão. -- Sei que foi ali que me apaixonei perdidamente por você. -- Levou a mão ao rosto de sua noiva que, mantinha um sorriso emocionado nos lábios. -- E embora em meio ao caos eu ainda não soubesse disso, foi esse seu olhar, seu cuidado e seu amor que me fizeram notar tais sentimentos presentes em mim e saber que eles só cresciam em meu coração era tão bom. Você mudou a vida que eu sequer tinha conhecimento e foi a melhor coisa que me aconteceu no momento. Mas sabíamos que, embora, não lembrasse, essa vida existia, eu tinha uma história, porém você teve paciência e compreensão e me fez ter o mesmo, me ajudou em absolutamente tudo, a cada dia provando ser uma mulher maravilhosa, a minha mulher. -- Afirmou não em posse, mas sim, com o cuidado e amor que a morena merecia. -- Sou grata por ter sido você, aquela que, em meio ao esquecimento de toda uma vida, foi o meu porto seguro e felicidade e hoje estamos aqui, você me deu uma feliz e nova vida, que toda essa felicidade e amor nunca se acabe e mesmo que tenhamos dificuldades que possamos superá-las sempre. Eu te amo tanto Samantha Christine de Amélia e te amarei enquanto existir. -- Amanda finalizou em voz embargada e sorriu deixando mais lágrimas escorrerem dos olhos brilhantes de verdade. A médica não estava diferente, sorria no choro e deixando sua mão pousar no rosto de sua logo esposa, enxugou as emocionadas águas ali presente em carinho. Respirou, era a sua vez.
-- Eu confesso que fiquei horas tentando reunir palavras para descrever você, o quão és importante para mim, o quanto eu amo tudo em você... Mas não conseguir. -- Samantha respirou ao confessar rapidamente em sinceridade, o que ocasionou risos dos convidados, e ela continuou. -- A verdade é que não dá pra falar sobre essas coisas, ou de você, pois para mim nada descreve suficientemente bem, então, hoje falarei aqui, sobre mim. -- Samantha afirmou em franqueza comovida, o que já bastava para os olhos cor de mel se encherem de lágrimas mais uma vez, não conseguia e nem queria conter sua emocionada felicidade, portanto, se permitia a ouvir e a sentir todo amor que emanava da morena. -- Você mudou minha vida mudou a mim e, todas essas mudanças, foi para melhor, me fez rever conceitos e a viver coisas que nunca imaginei. -- Ela confessou e sorriu. -- Já não sou mais a mesma Samantha de um tempo atrás, aquela que tinha medos, expectativas diferente de seu futuro... Sim, claro, ainda tenho muitos sonhos futuros, mas em todos eles você está incluída, e sim eu tenho medos, mas todos eles podem-se resumir em não ter você ao meu lado. No entanto, logo após pensar em meus medos, sempre vem a sua imagem em minha mente, o seu sorriso, o teu olhar doce que mesmo sem dizer nada, eu sei que, no fundo, apesar de tudo que possamos vir a enfrentar, você vai está comigo, e tenha a certeza de que isso será recíproco. -- Samantha afirmou em confiança e acariciou o rosto de Amanda que chorava feliz. -- Estamos aqui hoje, juntas e felizes e que essa felicidade, nosso respeito, nossa compreensão e nosso amor pela outra cresça, para que o nosso presente e nosso futuro seja como sonhamos, e acima de tudo que ele prevaleça diante das dificuldades e dos problemas que sabemos que existem. Você é o meu amor hoje e assim será a cada dia que amanhecer. Eu amo você. -- Samantha encerrou e depositou um beijo na testa de Amanda que fechou os olhos em demasia do toque.
Ao final dos votos, uma grande parte do público ali presente tentava conter as salientes lágrimas que brotavam dos olhos, no altar, o único que se controlava de forma visível era Carlos.
-- As alianças, por favor. -- A Juíza informou, nem ela havia conseguido esconder sua emoção.
A pequena garotinha que portava as alianças se posicionou ao lado delas, e Amanda sorrindo pegou o objeto que pertencia à Samantha.
-- Samantha Christine de Amélia, eu te dou esta aliança como sinal de que escolhi você para ser minha esposa, receba-a com a certeza de que te serei fiel e de que te amarei todos os dias de minha vida. -- Amanda proferiu cada palavra com os olhos cor de mel fixos nos emocionados olhos negros de sua morena e por fim com toda delicadeza ela pôs a aliança e a seguir depositou um beijo terno sobre o objeto, elas sorriram.
Em sorriso, Samantha pegou a aliança que pertencia à Amanda e a segurou próxima do dedo anelar da mesma e mergulhada naquele olhar tão inebriante ela proferiu seu juramento.
-- Eloá Amanda... -- Samantha iniciou e sorriu. -- Eu te dou esta aliança como sinal de que escolhi você para ser minha esposa, receba-a com a certeza de que te serei fiel e de que te amarei todos os dias de minha vida. -- Disse e finalizou com um beijo na aliança, e quando voltou-se com o olhar amoroso e cheio de vontade, assim, levou sua mão ao rosto de Amanda e a puxou para um beijo sem resistência alguma, pelo contrário, Amanda a recebeu em um contato cheio de amor e prazer, saboreando cada detalhe daquele gosto de felicidade.
Foi entre palmas e sorrisos que a Juíza de paz as declarou casadas, e também se entregou ao momento dos demais que as assistiam entregue ao beijo, tanto que nem elas e ninguém além de Lúcia perceberam Carlos desviar o olhar para as mãos que batiam palmas contidas...
Após cumprirem algumas formalidades, elas caminharam de mãos dadas por todo o corredor aos sons de aplausos, sorrisos e uma chuva de pétalas de rosas coloridas, no dedo anelar delas, o singelo e dourado objeto, símbolo material de um sonho realizado e de um amor incondicional e forte, amor que as unia em mais uma alegria. E nesse sentimento elas pararam bem abaixo do portal de flores contrastante em rosas, brancas, lírios e flores do campo, ali os olhos mel e negros se encontrarem em puro amor e contentamento, sorriram maravilhadas e o beijo veio tranquilo e apreciativo, separaram-se em sorriso.
-- Eu amo você. -- Amanda sorriu cheia daquele sentimento.
-- Eu te amo muito mais. -- Samantha sorriu e beijou a testa de sua esposa.
A seguir veio os cumprimentos, familiares e amigos fizerem questão de desejar felicidades.
-- E ai galera. -- A voz de Alexsandra soou risonha ao microfone. Ela estava no palco em frente a pista de dança, espaço onde a noite seguiria com a festa. -- Bora beber até o sol nascer? -- Ela questionou e foi respondida com gritos e sorrisos, sorriu também. -- Olha só gente, ainda seguindo um cronograma desse casamento bem gay. -- Ela falou e todos riram. -- O casal ali, vai ter mais um momento nutella, elas dançaram agarradinhas o arrocha. -- Ela falou para logo escutar gargalhadas. -- Brincadeira. – Avisou rindo. -- Por favor, casal, a festa e de vocês. -- Alexsandra advertiu e logo a seguir Samantha e Amanda subiram à pista de dança em aplausos. -- Casal da porr*, né? -- Alexsandra proferiu sem cerimônia nenhuma e ouvira mais gargalhadas em acordo, inclusiva de Samantha e Amanda. -- Prontas? -- Ela se referia ao casal e recebeu a resposta positiva.
No palco estava o DJ e para aquele momento especial, o quinteto de músicos iniciaram a melodia em ritmo de valsa da música "Stand by me - Shayne ward"
-- Meu presente para vocês suas gatas. -- Alexsandra informou e sorriu feliz.
As mulheres posicionadas no centro da pista sorriram surpresas ao escutar a música escolhida por elas para aquela dança, soar doce na voz de Alexsandra. E assim, elas deram o primeiro passo de dança, curvando-se em cumprimento, o sorriso nos lábios estava sempre presente. Samantha estendeu a mão direita à Amanda que, a tomou posse, a seguir, sentiu Samantha lhe tocar a cintura a puxando para mais próximo dela e, assim, Amanda deixou a sua outra mão pousar sobre o ombro da morena para valsarem iniciando os passos para lá e para cá.
Elas giraram com leveza e, em troca de passos, giraram ao contrário e em meio ao bailado os olharem se fixavam em um sorriso brilhante... Pararam, Samantha sorriu guiando a mão de sua esposa até acima da cabeça da mesma e após ver o sorriso de sua esposa, Samantha a fez girar, em seguida trouxe a mão até seu ombro onde Amanda apoiou-se ao ser erguida pela morena para ambas rodopiarem seguidas vezes, sendo aplaudidas com entusiasmo pela plateia que via nelas e no ato muito amor, felicidade e emoção.
Agora ambas no chão e separadas, elas dançavam de forma sincronizada, braços abriam, subiam e desciam junto ao toque da música e cada passo articulado era sempre com delicadeza amorosa, giraram mais uma vez ainda separadas... Amanda estendeu sua mão à morena logo atrás, sentindo o toque dela a puxando para logo a seguir ser erguida pela morena que, tinha ambas as mãos em sua cintura, foi posta no chão, e girou ficando novamente de frente para a esposa.
-- Você pediu a Juíza de paz para acrescentar o Amanda no seu nome? -- Samantha indagou em sorriso bobo enquanto elas dançavam.
Amanda sorriu e como a coreografia exigia ela foi girada pela morena e logo puxada voltando a colar no corpo dela.
-- Não. -- Negou aumentando o sorriso ao ver a confusão da mulher a sua frente. Elas bailavam lentas e perfeitas na valsa ao som da voz amiga em música bela. -- Eloá Amanda, é o meu nome, meu amor. -- Amanda afirmou e em sorriso pendeu a cabeça, seguido Samantha no giro elegante da dança e melodia. Voltaram a bailar nos passos sincronizados dos pés uma de frente para a outra.
Samantha sorriu maravilhada diante de tão bela mulher, a sua mulher, sua tão amada esposa.
-- Eu sei que aderiu o Amanda como um segundo nome. -- Samantha disse branda. -- Mas de qualquer forma não tinha como a Juíza saber sem que você ou alguém pedisse. -- A morena argumentou apenas em observação, sorriu sendo agora o alvo do giro, o próximo passo era ela quem comandava, trouxe Amanda para colar em seu corpo, agora de costa para si, e assim elas ficaram em passos de um lado e outro andando à frente. Amanda sorriu e se afastou em giros ficando presa somente com a mão da morena na sua, elas se olharam e sorriram apaixonadas.
-- Eloá Amanda Franco Cooper Linhares. -- Amanda proferiu e foi puxada delicadamente na melodia voltando agora a ficar de frente para Samantha. -- Este é o meu nome, agora oficialmente o de casada. -- Confessou em sorriso encarando Samantha que, retribuía o olhar em enorme surpresa.
-- Você registrou Amanda como segundo nome? -- Samantha ainda custava a acreditar naquilo.
Amanda riu em divertimento e acenou a cabeça em sim, para vê-la sorrir de forma extasiada.
-- Como não percebi isso? -- Samantha questionou mais para si do que para Amanda.
-- Simples, eu cuidei de todo documento sobre o casamento lembra? E tive cuidado. -- Amanda advertiu sorrindo. -- Queria que fosse surpresa. -- Confessou. Elas estavam quase no fim da dança. -- Marina me ajudou, por isso insisti para ter os dois nomes no convite, pois oficialmente eles já eram meu nome. -- Declarou e diante do sorriso terno e amoroso de Samantha elas fizeram o movimento final, onde Samantha a segurava enquanto pendia o corpo para trás, e assim, elas ficaram até o som final da música, ambas mergulhadas nos olhares uma da outra, sem reservas. Em desejo mútuo os lábios se encontraram em um beijo calmo e avassalador, foram aplaudidas em entusiasmada prosperidade pelas famílias e amigos. Samantha a ergueu do chão as fazendo girar entre o beijo e sorrisos.
-- Eu te amo. -- Samantha disse a pondo no chão.
-- Eu também te amo. -- Amanda sorriu.
-- Minha esposa! -- A médica observou. Elas estavam de testas coladas e olhos fechados aproveitando o carinho uma da outra.
-- Sim, e você a minha. -- Amanda afirmou e a beijou com intenso amor e felicidade.
-- Hora da festa pessoal! -- Alexsandra disse ao microfone dando a largada inicial, assim que ela calou o som da música "Do seu lado - Jota Quest" ecoou em volume alto naquele Jardim onde o sol iniciava o seu rito de passagem no horizonte, dando lugar a noite sob luz das estrelas, cenário escolhido como palco daquela realização de sonho e amor. E em instantes a pista estava lotada com as pessoas amigas literalmente ao pulos dançantes ao redor do casal que, sorrindo gostosamente feliz, juntaram-se aos demais nos pulos e também na cantoria da música.
"O amoooorrr é o calooorrrr". -- O pessoal cantava com efusiva entrega. -- "Que aquece a alma. O amor tem sabor. Prá quem bebe a sua água..." -- E assim eles seguiram até o final da música, no momento nenhum deles estava ligando se estava afinado ou não, apenas a alegria os guiavam, principalmente a do casal.
Fim do capítulo
Olá amores,
Em primeiro lugar quero agradecer a presença de todas que ainda estão acompanhando Duas Vidas... Muito obrigada mesmo por todo carinho e paciência de vocês.
Em segundo, peço desculpas pela enorme demora nas atualizações, mas foi impossível postar antes, por vários motivos. Agradeço a compreensão de vocês e mais uma vez agradeço o carinho de sempre.
Por hoje esse foi o capítulo e eu espero que tenham gostado, como sempre fiz com todo carinho e dedicação. Ainda teremos a parte final do casamento no próximo capítulo, este, espero não demorar tanto quanto esse de hoje.
Se ainda estiverem ai, comentem, ficarei feliz em saber.
Grande beijo e até logo.
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Andreia
Em: 20/11/2020
Nossa sem palavras mais uma vez arrasou ficou lindo o capítulo do casamento.
Enny como pode Carlos ir lá falar que ama a filha mais não aceita ela, realmente não entendo o que faz um ser humano achar que tem que aceitar outro ou não eu acho que não tamos aqui para julgar o que pessoa quer ser ou não simplesmente aceitar e respeitar a decisão a opinião e se essa pessoa e feliz o restante e com ela. O que ela nós oferece como amizade p nós que vale pena.
Carlos ama a filha mais ele não precisa agir assim ela continua sendo a mesma pessoa a única diferença que é feliz e isto que deveria se importa para ele.
Acho que assim q ele souber q ela tá grávida vai voltar pior a homofobia dele.
Foi lindo o casamento delas, e mais lindo ainda a homenagem que Amanda fez para Samantha.
Foi lindo casamento.
Vc escreve divino ficamos muito envolvidas em cada palavra cada frase e cada linha e capítulo são perfeitos.
Bjsssss.....
Adriana Lemos
Em: 12/09/2020
Linda a descrição do casamento. Muita emoção!!! Também me senti como se estivesse lá...
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Manubella
Em: 07/07/2020
Gente esse é o capitulo tesourinha muito fofo, pura emoção gostaria muito de asistir esse casamento, Simplismente perfeito meu casal, amei a mudança de nome oficial. E a Alex essa menina é perfeita muito alto astral dou muitas risadas com elaðŸ‘ðŸ‘ðŸ‘ðŸ‘ðŸ‘ðŸ˜ðŸ˜ðŸ˜
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cidinhamanu
Em: 23/01/2019
E elas finalmente chegaram neste ponto em que o coração simplesmente sabe que são "Duas Vidas" Perfeitamente Perfeitas juntas.
Eu nem tenho palavras para descrever o meu amor por esta história!
Desde o primeiro segundo que comecei a ler eu amei logo de cara, consegui ficar presa de uma maneira, que tinha dificuldades em parar de ler, pois a sua forma de escrever e de cativar com as palavras é incrível!
Sou muito grata por ter começado a ler, por ter conhecido este casalzinho e tantos outros maravilhosos e espero ansiosamente por mais capítulos.
Já há muito tempo que eu procurava algo assim tão bom e que conseguisse me fazer envolver desta maneira, sentir como se eu estivesse mesmo lá.
Que maravilha! Superou minhas expectativas!
Obrigada mais uma vez ??
Você é como sua história, Perfeitamente Perfeita para escrever e alcançar a alma do leitor, esse privilégio é para poucos.
Cidinha.
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