CapÃtulo 37
Luana e Bruna já estavam no carro, quando Luana fez uma pergunta, reparando a cara nada satisfeita da doutora:
_ Desculpe ter demorado a me arrumar.
Bruna não respondeu nada.
Luana continuou:
_ Olha, se você não quiser mais sair, é só me deixar em qualquer lugar que eu volto para casa, sem problemas.
Bruna então a olhou nos olhos.
Luana se calou porque era realmente o que ela não estava esperando o que ela via naqueles olhos. Ela viu desejo e paixão naqueles olhos. E não quis mais encarar Bruna.
Bruna estava dando voltas na cidade. Parecia nervosa, até meio pálida. Foi quando puxou papo com Luana:
_ Como foi lá na república?
_ Tudo ótimo, amanhã já começo a arrumar as minhas coisas. Não deve dar para levar tudo para a república, mas tem muita coisa pequena que vou mandar para o pai do Lucas, porque são do Lucas. Meu mesmo só a cama de solteiro, o sofázinho, a televisão, o aparelho de som e o fogão da cozinha.
_ E aonde você pretende deixar tudo isso?
_ Não sei, ainda preciso pensar.
_ Se quiser pode deixar na minha casa, lá tem espaço de sobra.
_ Nossa! Seria ótimo se não te atrapalhar.
_ Não atrapalha não. É só marcar o dia que peço um amigo meu para buscar na sua casa.
Bruna falava com um sorriso no rosto. Luana entendia, mas queria não entender nada:
_ Você teve um dia legal na clínica?
_ Sim, tive, mas a melhor parte foi quando lembrei que sairíamos juntas.
Aquilo soara estranho. Luana sabia. Bruna sabia.
Sem saber o que dizer e como dizer, mas não querendo deixar que o silêncio abafasse aquele momento, Bruna disse:
_ Que tal se comprássemos comida naquele restaurante ali e depois fóssemos para a minha casa?
_ Seria ótimo! _ respondeu Luana.
Bruna parou o carro e desceu caminhando lentamente até o restaurante. Luana ficou esperando no carro e observou o andar de Bruna. Ela era linda. Estava com um vestido preto, do tipo que quer matar a todos ao redor só de olhar e uma sandália de salto agulha. O cabelo preto e liso estava solto e batia na cintura.
Não demorou muito e Bruna voltou carregada de sacolas.
_ Eu não sou rica, mas gostaria de ajudar. Já é a segunda vez que saímos e você paga a conta.
_ Por favor, pare com isso. Eu convidei, eu pago e fim de papo.
Luana parou de reclamar. Deixou como estava apesar de não gostar daquela situação. Bruna era sistemática.
Bruna corria com o carro, parecia louca de fome ou sei lá do quê. Luana se assustou e pediu:
_ Bruna, vai mais devagar. Você nem está parando nos sinais nem nas esquinas. _ e apoiou sem maldade a mão sobre a coxa da morena.
Bruna olhou assustada para aquela mão. O toque de Luana a deixava louca! Podia sentir o calor daquele toque superficial até na camada mais profunda de sua pele.
Luana se assustou com o olhar e tirou a mão da coxa de Bruna.
_ Desculpe, não tive a intenção de te assustar.
Bruna reparou o quanto Luana estava sem graça e disse, desacelerando um pouco o carro:
_ Você não me assustou. Sei que você não apresenta perigo.
Bruna ainda sorriu e completou:
_ Infelizmente.
E gargalhou. Luana quis acreditar que aquilo era apenas uma brincadeira e riu também.
Chegaram até o apartamento e Luana não se impressionou com os três quartos, três banheiros, cozinha, três salas e uma área para fazer churrasco, fora a piscina, apesar das tentativas de Bruna de impressioná-la com tudo aquilo. O “pequeno” apartamento.
_ Você não liga muito para essas coisas, né?_ disse uma Bruna já morta de fome.
_ Não ligo, o importante é ter paz, se temos paz qualquer lugar é maravilhoso.
_ É, mas você não quer adquirir nada?
_ Quero, claro que quero. Quero ter minha casa própria, um carrinho velho e toda a liberdade e beleza que o mundo me oferecer, como você disse aquele dia.
_ E você não se esqueceu.
_ Não me esqueci mesmo!
Elas riram. Bruna e Luana foram para a sala de estar e arrumaram à mesa e depois se serviram da bela comida. Comeram e conversaram sem se dar conta da hora que já era. Luana levantou num pulo, mas Bruna a conteve:
_ Dorme aqui essa noite, amanhã te levo para o serviço. Já é uma hora da manhã!
_ Não se preocupe, não precisa me levar e também minhas coisa estão lá, a pasta e o uniforme do trabalho. Não quero incomodar mais do que já incomodei.
_ Você não me incomoda. Se for assim eu te levo para sua casa. É só que eu...
_ É só que você...
_ Se você ficar amanhã te ajudo a empacotar suas coisas. E olha que eu odeio empacotar qualquer coisa por mais pequenina que seja.
Luana achou aquilo tão fofo! Que “amiga” legal arrumara!!
_ Então está certo.
_ Ótimo!_ Bruna riu alegremente.
Luana pediu para usar o banheiro e Bruna disse para usar o banheiro do quarto dela porque o banheiro social estava com problemas. Apesar de achar estranho aquela casa impecável ter um defeito, fez o que Bruna disse e foi para o seu quarto. Usou o banheiro e quando saiu Bruna estava apenas de sutiã e calcinha e não pareceu nada intimidada quando notou que Luana a olhava.
_ Estou colocando a camisola. _ sorriu para Luana.
_ Estou percebendo. _ sorriu Luana brincalhona.
_ Não sou muito chegada em vestir roupas para dormir.
_ Tem gente que é assim mesmo. Normal.
_ Pois é.
_ Pois é.
Bruna tinha tudo arquitetado na cabeça, mas estava toda embaraçada em como colocar tudo em ação.
_ Senta aí, Luana. Já te mostro o quarto que você vai dormir. Quer uma roupa emprestada para dormir?
_ Não, obrigada. Eu sou uma adepta de sua “camisola”.
Elas riram.
Luana (enfim) começava a desconfiar que algo estivesse estranho. Podia sentir a energia e o suor exalando do corpo de Bruna. Sabia que ela estava trêmula, só não entendia o porquê. Ou será que um “milagre” acontecera e um mulherão desses estava a desejando?
Bruna vestiu uma camisola por cima das peças íntimas e se aproximou de Luana que estava sentada na sua cama. Tocou o rosto dela levemente. Luana não entendia. Não queria acreditar, não poderia ser!
Bruna a beijou. A beijou com sede, com vontade, nunca antes fora beijada assim, a não ser por...
“Lisa, saia da minha cabeça, não me atrapalha, me deixa em paz, você não me ama, nunca me amou! Lisa, me deixe aqui, nos braços de outra mulher, enquanto você vive uma vida sem mim. Você escolheu assim, Lisa, me deixe me paz.”
Apesar de lembrar de Lisa, Luana se entregou a Bruna e Bruna se entregou a ela. Após se beijarem, Bruna a deitou na cama aonde se amaram até adormecerem. Não se sabia a hora em que foram dormir e Luana não sabia como conseguira esquecer Lisa por tantas horas seguidas.
Fim do capítulo
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